impugnação jbs - pregão 09-09 - retificado - Prefeitura de Cajamar
impugnação jbs - pregão 09-09 - retificado - Prefeitura de Cajamar
impugnação jbs - pregão 09-09 - retificado - Prefeitura de Cajamar
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Prefeitura</strong> do Município <strong>de</strong> <strong>Cajamar</strong><br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />
EDITAL DE PREGÃO PRESENCIAL Nº <strong>09</strong>/<strong>09</strong><br />
PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 290/<strong>09</strong><br />
IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA Nº 01<br />
Empresa: “JBS S/A”<br />
Em 20 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2.0<strong>09</strong><br />
Prezados Senhores:<br />
Através do expediente supramencionado, V. Sas. ofertaram a presente<br />
Impugnação Administrativa contra os termos do instrumento convocatório referenciado,<br />
consubstanciando-a nas seguintes razões <strong>de</strong> fato e <strong>de</strong> direito:<br />
1. DO PEDIDO DE IMPUGNAÇÃO<br />
A empresa JBS S/A, contesta o agrupamento dos itens que compõe o lote 01 – Carne e<br />
Derivados, pois são incompatíveis com a carne bovina. Alega, que a composição do lote fere<br />
expressamente o art. 3º, § 1º e o art. 7º, § 5º da Lei 8.666/93, bem como “restringe o<br />
número <strong>de</strong> participantes <strong>de</strong>ste <strong>pregão</strong>”.<br />
2. DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL<br />
Dada a tempestivida<strong>de</strong> da <strong>impugnação</strong>, esta Pregoeira, analisando as razões apresentadas<br />
pela impugnante, passa ao mérito.<br />
Em face do exposto, pela leitura dos termos convocatórios, po<strong>de</strong>-se concluir que esta<br />
Administração Municipal, por intermédio da Pregoeira, buscou confeccionar um edital com base<br />
no termo <strong>de</strong> referência elaborado pela Divisão <strong>de</strong> Alimentação Escolar - DAE, a qual <strong>de</strong>finiu <strong>de</strong><br />
maneira precisa o que realmente contempla o interesse público e <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com os<br />
ditames legais, buscando a proposta mais vantajosa e evitando a redução do universo <strong>de</strong><br />
participantes do procedimento licitatório, preservado portanto, o referido interesse<br />
público.<br />
Acontece que, se por um lado, a Administração Pública, não po<strong>de</strong> restringir em <strong>de</strong>masia o<br />
objeto do contrato sob pena <strong>de</strong> frustar a competitivida<strong>de</strong>. Por outro, ela não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o<br />
objeto <strong>de</strong> forma excessivamente ampla, haja vista que, nesse caso, os critérios para<br />
julgamento das propostas falecem, em virtu<strong>de</strong> da própria administração admitir propostas<br />
díspares, inclusive as que não satisfazem ao interesse público. Portanto, a <strong>de</strong>finição do objeto<br />
da licitação pública e as suas especificida<strong>de</strong>s são eminentemente discricionárias, a qual<br />
compete ao agente administrativo avaliar o que o interesse público <strong>de</strong>manda obter mediante<br />
contrato para <strong>de</strong>senvolver satisfatoriamente as suas ativida<strong>de</strong>s administrativas.<br />
Preten<strong>de</strong> a impugnante ver singularizada proposta que atenda especificamente a sua ativida<strong>de</strong><br />
fim. Diferentemente do que <strong>de</strong>ve a Administração Pública, on<strong>de</strong> o interesse público pautado<br />
nos princípios da proporcionalida<strong>de</strong>, economicida<strong>de</strong>, discricionarieda<strong>de</strong>, eficiência, etc, <strong>de</strong>vem<br />
atuar em supremacia aos interesses e metas individuais.<br />
Ao contrário do mencionado no fundamento das razões do seu recurso, o Tribunal <strong>de</strong> Contras<br />
do Estado <strong>de</strong> São Paulo admitiu o critério <strong>de</strong> julgamento por preço global através dos<br />
repertórios jurispru<strong>de</strong>nciais n ºs TC 020682/026/08, TC 00<strong>09</strong>42/008/08 e TC 000703/010/<strong>09</strong>.
<strong>Prefeitura</strong> do Município <strong>de</strong> <strong>Cajamar</strong><br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />
O fato da impugnante mencionar violação às regras e ao caráter competitivo do certame, não<br />
<strong>de</strong>vem prosperar pois, a nominada “restrição a competição”, caso seja acolhida, acarretará<br />
também prejuízo aos <strong>de</strong>mais participantes que já indicaram interesse no certame.<br />
Cumpre pon<strong>de</strong>rar que, ao <strong>de</strong>cidir pelo procedimento do julgamento das propostas em<br />
licitações, cujos objetos constituem-se bens divisíveis, que po<strong>de</strong>m ser apartados em categorias<br />
ou grupos <strong>de</strong>nominados comumente <strong>de</strong> “lotes”, o fez lançando-se do po<strong>de</strong>r discricionário que<br />
tem. Quem sabe se o só fato <strong>de</strong> fracionar a adjudicação, prejudicará ou não, o conjunto ou o<br />
complexo <strong>de</strong> objeto é sempre, necessária e inarredavelmente, a entida<strong>de</strong> pública licitadora!<br />
Quem conhece o objeto necessário é a entida<strong>de</strong> que licita, e a princípio, ninguém além <strong>de</strong>la<br />
(...). 1<br />
A<strong>de</strong>mais, garantimos com a forma adotada a aquisição <strong>de</strong> todos os produtos necessários para<br />
elaboração dos cardápios, sem correr o risco <strong>de</strong> haver item fracassado, como já ocorreu em<br />
licitações anteriores (menor preço por item), além do que, licitações por item, dão origem a<br />
vários contratos e, processos <strong>de</strong>ssa natureza, geram transtornos que se acumulam e<br />
tumultuam durante todo o ano letivo, como, por exemplo, o lote <strong>de</strong> carnes que tem tecnologia<br />
<strong>de</strong> produção e armazenamento diferente. As especificações contidas nos folhetos <strong>de</strong>scritivos<br />
são <strong>de</strong>finidas tentando abranger o maior número possível <strong>de</strong> fornecedores <strong>de</strong> um mesmo<br />
produto. Obviamente tem-se o cuidado <strong>de</strong> não conduzir para a<strong>de</strong>quação específica <strong>de</strong> uma<br />
<strong>de</strong>terminada marca, <strong>de</strong> forma a não haver direcionamento da licitação para favorecimento <strong>de</strong><br />
um <strong>de</strong>terminado fornecedor, condição imprescindível para aten<strong>de</strong>r a lei 8666/93, que rege as<br />
Licitações Públicas. Assim, consi<strong>de</strong>ra-se para a elaboração das especificações do produto a ser<br />
licitado, além <strong>de</strong> suas características nutritivas, físico-químicas, microbiológicas, microscópicas<br />
e <strong>de</strong> embalagens, a oferta do produto pelo maior número <strong>de</strong> fornecedores encontrados no<br />
mercado.<br />
Ressaltamos que o presente edital, mas precisamente Anexo I já foi objeto <strong>de</strong> realinhamento<br />
<strong>de</strong> lotes, pautado sempre na livre participação dos concorrentes e dos princípios que regem a<br />
Administração Pública.<br />
A<strong>de</strong>mais, ainda que se consi<strong>de</strong>rasse a exigência ora impugnada como ofensa ao princípio da<br />
isonomia, segundo exegese fundada na utilização dos princípios da razoabilida<strong>de</strong> e da<br />
proporcionalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>veriam prevalecer o princípio da eficiência e sobretudo o do atendimento<br />
ao interesse público, que é o corolário máximo da Administração Pública. Nessa linha, leciona<br />
o i. Ministro Gilmar Men<strong>de</strong>s, pon<strong>de</strong>rando acerca da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se verificar a<br />
proporcionalida<strong>de</strong> dos atos legislativos: “(...) a doutrina constitucional mais mo<strong>de</strong>rna enfatiza<br />
que, em se tratando <strong>de</strong> imposição <strong>de</strong> restrições a <strong>de</strong>terminados direitos, <strong>de</strong>ve-se indagar não<br />
apenas sobre a admissibilida<strong>de</strong> constitucional da restrição eventualmente fixada (reserva<br />
legal), mas também sobre a compatibilida<strong>de</strong> das restrições estabelecidas com o princípio da<br />
proporcionalida<strong>de</strong> 2 ...”.<br />
Não se po<strong>de</strong> interpretar apenas literalmente e <strong>de</strong> forma restritiva as normas insculpidas nos<br />
arts. 3º, §1º, I da Lei nº 8.666/93 e 37, XXI da CF/88. A garantia <strong>de</strong> isonomia e a abertura da<br />
licitação ao maior número possível <strong>de</strong> interessados não constitui norma absoluta. Ao contrário,<br />
<strong>de</strong>ve-se a<strong>de</strong>quar ao interesse público da Administração. Nesse sentido, já <strong>de</strong>cidiu o c. STJ:<br />
Processo RMS 13607 / RJ. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA<br />
2001/0101029-7. Relator(a) Ministro JOSÉ DELGADO (1105). Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA<br />
TURMA. Data do Julgamento 02/05/2002. Data da Publicação/Fonte DJ 10/06/2002 p. 144.<br />
Ementa RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. CONCORRÊNCIA<br />
PÚBLICA. SERVIÇOS DE CONFECÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E CONTROLE DE SELOS DE<br />
FISCALIZAÇÃO DE ATOS NOTARIAIS E REGISTRAIS. IMPUGNAÇÃO DE EDITAL.<br />
INOCORRÊNCIA DE NULIDADE. PRESERVAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, IGUALDADE<br />
¹RIGOLIN, Ivan Barbosa. Comentando as Licitações Públicas. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Temas e Idéias, 2001. p. 73-74.<br />
2 MENDES, Gilmar Ferreira. Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais. Brasília: Brasília Jurídica, 2000, p.<br />
248
<strong>Prefeitura</strong> do Município <strong>de</strong> <strong>Cajamar</strong><br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />
E COMPETITIVIDADE. INTERPRETAÇÃO MENDES, Gilmar Ferreira. Hermenêutica Constitucional<br />
e Diretos Fundamentais. Brasília. Brasília Jurídica, 2000, p.248.<br />
Na doutrina, Marçal Justen Filho 3 , em Comentários à Lei <strong>de</strong> Licitações e Contratos<br />
Administrativos, bem pon<strong>de</strong>ra sobre o tema:<br />
“No inciso I, arrolam-se os casos em que as condições impostas pelo ato convocatório<br />
distorcem o procedimento licitatório. O ato convocatório, ao estabelecer tais requisitos, já<br />
pre<strong>de</strong>termina o(s) provável(eis) vencedor(es).<br />
O disposto não significa, porém, vedação a cláusulas restritivas da participação. Não<br />
impe<strong>de</strong> a previsão <strong>de</strong> exigências rigorosas nem impossibilita exigências que apenas<br />
possam ser cumpridas por específicas pessoas. Veda-se cláusula <strong>de</strong>snecessária ou<br />
ina<strong>de</strong>quada, cuja previsão seja orientada não a selecionar a proposta mais vantajosa, mas a<br />
beneficiar alguns particulares. Se a restrição for necessária para aten<strong>de</strong>r ao interesse<br />
público, nenhuma irregularida<strong>de</strong> existirá em sua previsão. Terão <strong>de</strong> ser analisados<br />
conjugadamente a cláusula restritiva e o objeto da licitação. A invalida<strong>de</strong> não resi<strong>de</strong> na<br />
restrição em si mesma, mas na incompatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa restrição com o objeto da licitação.<br />
Aliás, essa interpretação é ratificada pelo previsto no art. 37, inc. XXI, da CF (“...o qual<br />
somente permitirá as exigências <strong>de</strong> qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia<br />
do cumprimento das obrigações”).(...)<br />
O ato convocatório tem <strong>de</strong> estabelecer as regras necessárias para a seleção da proposta mais<br />
vantajosa. Se essas exigências serão ou não rigorosas, isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do tipo <strong>de</strong> prestação<br />
que o particular <strong>de</strong>verá assumir. Respeitadas as exigências necessárias para assegurar<br />
a seleção da proposta mais vantajosa, serão inválidas todas as cláusulas que, ainda<br />
indiretamente, prejudiquem o caráter ‘competitivo’ da licitação.<br />
Assegura-se tratamento igualitário aos interessados que apresentem condições<br />
necessárias para contratar com a Administração. A vitória <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong><br />
seus próprios méritos. A regra não exige que o benefício in<strong>de</strong>vido seja <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> uma<br />
intenção reprovável. Ou seja, não é necessário sequer a intenção <strong>de</strong> beneficiar um ou mais<br />
competidores.”<br />
3. DA DECISÃO<br />
Desse modo, recebemos a <strong>impugnação</strong> apresentada, em face <strong>de</strong> sua tempestivida<strong>de</strong> e no<br />
mérito, julgar IMPROCEDENTE a <strong>impugnação</strong> apresentada pela empresa “JBS S/A”<br />
enten<strong>de</strong>ndo pela legalida<strong>de</strong> do instrumento convocatório, mantendo inalteradas todas as<br />
exigências do edital do Pregão Presencial <strong>de</strong> nº <strong>09</strong>/<strong>09</strong>, bem como o dia e horário <strong>de</strong> sua<br />
abertura.<br />
<strong>Prefeitura</strong> do Município <strong>de</strong> <strong>Cajamar</strong>, 21 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2.0<strong>09</strong><br />
Celiane Rocha Leite<br />
Pregoeira<br />
3 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei <strong>de</strong> Licitações e Contratos Administrativos. 9ª ed., São Paulo: Dialética,<br />
2002, p. 77/78.