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Jan - Mar - Spcctv.pt

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REVISTA PORTUGUESA DE CIRURGIA CARDIO-TORáCICA E VASCULAR<br />

Relacionamento e respeito para com os doentes,<br />

colegas, enfermeiros, pessoal administrativo e auxiliar;<br />

Espírito de equipa, respeito institucional e hierárquico;<br />

Cumprimento das obrigações assistenciais e normas<br />

de procedimento (qualidade das histórias e diários clínicos,<br />

notas de alta);<br />

Capacidades de comunicação e relacionamento interdisciplinar.<br />

Para além destes atributos, outros há que devem ser<br />

tomados em consideração em todas as circunstâncias, mas<br />

sobretudo em ambiente académico e universitário, e que são:<br />

Capacidades de investigação clínica;<br />

Comunicações científicas e trabalhos publicados na<br />

imprensa médica;<br />

Participação e envolvimento no ensino médico pré e<br />

pós graduado.<br />

Ao contrário do que sucede para com a produção<br />

quantitativa, que pode ser apreciada pelos administradores<br />

hospitalares, só um médico, colocado em categoria hierárquica<br />

superior, está em condições de valorizar e classificar aqueles<br />

atributos qualitativos e esse é, será e não pode deixar de ser a<br />

figura do Director do Serviço.<br />

Qual o valor relativo que esta avaliação qualitativa deve<br />

ocupar na apreciação do desempenho médico é questão que<br />

não se encontra esclarecida e carece de discussão e aprofundamento.<br />

Sou da opinião porém que os valores qualitativos<br />

devem prevalecer sobre os quantitativos, pelas razões aduzidas<br />

e pelas limitações que se reconhecem à avaliação quantitativa,<br />

muitas vezes da responsabilidade e dependencia institucional.<br />

A avaliação exclusivamente quantitativa, vigente nos<br />

actuais modelos de contratação dos profissionais médicos é<br />

por mor destas razões insuficiente, incompleta e mitigada. Ela<br />

omite e ignora a carga enorme de valores espirituais que<br />

gravitam em torno da actividade médica e que são inalienáveis,<br />

onde quer que se exerça a medicina e enquanto ela simbolizar<br />

o ponto de encontro entre duas individualidades, uma que<br />

carece de ajuda e que procura a outra, vocacionada para ajudar,<br />

depositando nela um valor inestimável que é a confiança.<br />

Todas as doenças que afectam o corpo atingem<br />

igualmente o espírito e vice-versa. Os doentes não são<br />

exclusivamente números e a assistência decorrendo em regime<br />

hospitalar não deve ser dedicada unicamente ao tratamento<br />

do corpo, negligenciando o valor inestimável da “doença de<br />

espírito”, para a qual só o médico se encontra habilitado e em<br />

condições de compreender e ajudar.<br />

Por isso, diz a voz do povo e com inteira razão que isso<br />

corresponde, frequentemente a “meia cura”…<br />

O Director | A. Dinis da Gama<br />

8 Volume XV - N.º 1

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