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REVISTA PORTUGUESA DE CIRURGIA CARDIO-TORáCICA E VASCULAR<br />
Relacionamento e respeito para com os doentes,<br />
colegas, enfermeiros, pessoal administrativo e auxiliar;<br />
Espírito de equipa, respeito institucional e hierárquico;<br />
Cumprimento das obrigações assistenciais e normas<br />
de procedimento (qualidade das histórias e diários clínicos,<br />
notas de alta);<br />
Capacidades de comunicação e relacionamento interdisciplinar.<br />
Para além destes atributos, outros há que devem ser<br />
tomados em consideração em todas as circunstâncias, mas<br />
sobretudo em ambiente académico e universitário, e que são:<br />
Capacidades de investigação clínica;<br />
Comunicações científicas e trabalhos publicados na<br />
imprensa médica;<br />
Participação e envolvimento no ensino médico pré e<br />
pós graduado.<br />
Ao contrário do que sucede para com a produção<br />
quantitativa, que pode ser apreciada pelos administradores<br />
hospitalares, só um médico, colocado em categoria hierárquica<br />
superior, está em condições de valorizar e classificar aqueles<br />
atributos qualitativos e esse é, será e não pode deixar de ser a<br />
figura do Director do Serviço.<br />
Qual o valor relativo que esta avaliação qualitativa deve<br />
ocupar na apreciação do desempenho médico é questão que<br />
não se encontra esclarecida e carece de discussão e aprofundamento.<br />
Sou da opinião porém que os valores qualitativos<br />
devem prevalecer sobre os quantitativos, pelas razões aduzidas<br />
e pelas limitações que se reconhecem à avaliação quantitativa,<br />
muitas vezes da responsabilidade e dependencia institucional.<br />
A avaliação exclusivamente quantitativa, vigente nos<br />
actuais modelos de contratação dos profissionais médicos é<br />
por mor destas razões insuficiente, incompleta e mitigada. Ela<br />
omite e ignora a carga enorme de valores espirituais que<br />
gravitam em torno da actividade médica e que são inalienáveis,<br />
onde quer que se exerça a medicina e enquanto ela simbolizar<br />
o ponto de encontro entre duas individualidades, uma que<br />
carece de ajuda e que procura a outra, vocacionada para ajudar,<br />
depositando nela um valor inestimável que é a confiança.<br />
Todas as doenças que afectam o corpo atingem<br />
igualmente o espírito e vice-versa. Os doentes não são<br />
exclusivamente números e a assistência decorrendo em regime<br />
hospitalar não deve ser dedicada unicamente ao tratamento<br />
do corpo, negligenciando o valor inestimável da “doença de<br />
espírito”, para a qual só o médico se encontra habilitado e em<br />
condições de compreender e ajudar.<br />
Por isso, diz a voz do povo e com inteira razão que isso<br />
corresponde, frequentemente a “meia cura”…<br />
O Director | A. Dinis da Gama<br />
8 Volume XV - N.º 1