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REVISTA PORTUGUESA DE CIRURGIA CARDIO-TORáCICA E VASCULAR<br />
Quadro III<br />
Gordon Murray - Obra Científica<br />
Utilização clínica da heparina<br />
“Heparin and the thrombosis of veins following injury”, 1937<br />
“The use of heparin in thrombosis”, 1938<br />
“Heparin in thrombosis and embolism”, 1940<br />
“Heparin in surgical treatment of blood vessesls”, 1940<br />
Surgeons of England em 1939 e o American College of<br />
Surgeons em 1940 e publicados nas revistas mais prestigiadas<br />
da época:<br />
“The use of heparin in thrombosis”, Ann Surg,<br />
1938<br />
“Heparin in thrombosis and embolism”, Br J Surg,<br />
1940<br />
“Heparin in surgical treatment of blood vessels”,<br />
Arch Surg, 1940<br />
Lenta e paulatinamente foi-se abrindo à heparina um<br />
vasto campo de aplicação clínica, que esteve posteriormente<br />
na base do desenvolvimento da cirurgia arterial directa, da<br />
cirurgia do coração e da circulação extracorporal, da<br />
hemodiálise e da cirurgia de transplante de orgãos, que são<br />
paradigmas da qualificação e diferenciação da medicina<br />
contemporânea.<br />
EPÍLOGO<br />
Mas afinal, o que sucedeu a Jay McLean?<br />
Retomemos o seu percurso de vida (Fig.6). Deixou<br />
Baltimore em 1916, rumou a Philadelphia para prosseguir os<br />
estudos médicos, foi mobilizado para participar na I Guerra<br />
Mundial, esteve em França, regressou aos EUA e concluíu a<br />
sua licenciatura em Medicina, em 1919. Trabalhou posteriormente<br />
com Halsted como cirurgião-residente e obteve uma<br />
bolsa de estudos que lhe permitiu estagiar em Leipzig e Paris.<br />
Volta aos EUA , fixa-se em Nova York e dedica-se à clínica<br />
privada. Entre 1928 e 1931 tenta realizar investigações,<br />
nunca completadas, sobre o efeito da heparina na prevenção<br />
da hepatização pulmonar e de bridas cirúrgicas. Em 1932 -33<br />
adoece gravemente e é hospitalizado, recupera e começa a<br />
dedicar-se à radioterapia do cancro no Memorial Hospital for<br />
Cancer de Nova York. Em 1940 muda-se para a Universidade<br />
de Ohio e enceta uma verdadeira luta para o reconhecimento<br />
da sua participação na descoberta da heparina, o que teve<br />
muito pouca rece<strong>pt</strong>ividade na comunidade científica da<br />
época. Tentou publicar uma monografia sobre a heparina,<br />
mas a falta de colaboração dos seus pares e convidados<br />
refreou o seu entusiasmo. Em 1947, muda-se uma vez mais,<br />
desta vez para Columbus, onde assumiu as funções de<br />
director do Departamento de Controlo do Cancro do Distrito<br />
de Columbia. Começa então a organizar o seu espólio<br />
bibliográfico, com a intenção de o doar a uma Universidade,<br />
provavelmente a Johns Hopkins, constituido por cerca de<br />
1300 separatas, revistas, resumos e referências transcritas na<br />
literatura e dedicadas à heparina. Este espólio acabou por ser<br />
enviado para Toronto e integrado na biblioteca de Charles<br />
Best. Em 1949, muda-se finalmente para Savannah, Georgia,<br />
Figura 6<br />
assumiu o cargo de Director de um Serviço de Radioterapia,<br />
onde permaneceu durante sete anos, até à sua morte, em 14<br />
de Novembro de 1957, os 67 anos de idade.<br />
A campanha que moveu para o reconhecimento do<br />
seu envolvimento na descoberta da heparina não teve<br />
qualquer resultado. Após a sua morte, a sua viúva tentou<br />
organizar um movimento com vista a congregar influências e<br />
personalidades médica da época, com o objectivo da atribuição<br />
do Prémio Nobel à descoberta do seu marido, que não<br />
foi, igualmente, bem sucedida.<br />
Seis anos após o seu falecimento, a firma Upjohn<br />
decidiu atribuir um prémio pecuniário de 6.000 dollares à sua<br />
viúva, que se encontrava em dificuldades financeiras e por<br />
iniciativa da New York Academy of Sciences foi descerrada<br />
uma lápide de bronze na Faculdade de Medicina de Johns<br />
Hopkins, à entrada do Departamento de Fisiologia, com os<br />
seguintes dizeres (Quadro IV):<br />
Quadro IV<br />
Jay McLean, aos 60 anos de idade<br />
Volume XV - N.º 1<br />
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