19.11.2014 Views

Jan - Mar - Spcctv.pt

Jan - Mar - Spcctv.pt

Jan - Mar - Spcctv.pt

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

REVISTA PORTUGUESA DE CIRURGIA CARDIO-TORáCICA E VASCULAR<br />

Figuras<br />

7 e 8<br />

Angio-TC realizada 3 semanas após a operação, mostrando o procedimento de revascularização a funcionar em excelente condição.<br />

Na imagem da esquerda é bem visível a hipoplasia, filiforme, da aorta nativa.<br />

associados, a que se podem acrescentar, muito raramente,<br />

17<br />

manifestações de angina abdominal .<br />

No exame físico, para além da hipertensão arterial, em<br />

indivíduos jovens, são muito sugestivos alguns sinais, como<br />

assimetria ou ausência de pulsos periféricos palpáveis, e a<br />

existência, à auscultação, de sopros abdominais, dorsais ou<br />

lombares, tal como se registou nos nossos dois doentes.<br />

O quadro clínico acima descrito confunde-se na<br />

clínica com a coartação ístmica da aorta e por isso torna-se<br />

mandatório proceder a estudos angiográficos, para o<br />

reconhecimento de ambas as situações.<br />

A angiografia convencional, realizado pela técnica de<br />

Seldinger, constitui o exame mais completo e esclarecedor, no<br />

que refere ao diagnóstico e à existência de lesões vasculares<br />

associadas, mas os progressos crescentes da angio-TAC e<br />

angio-RM poderão vir a substituí-la integralmente, num<br />

futuro já não muito distante.<br />

O diagnóstico diferencial morfológico da hipoplasia<br />

da aorta, torácica ou abdominal, deve ser feito com as<br />

designadas “coartações adquiridas”, que incluem as vasculites<br />

dos grandes vasos (doença de Takayasu e arterite de<br />

18 19<br />

células gigantes) , a aortite tuberculosa , a neurofibroma-<br />

5 20 21<br />

tose , a fibrodisplasia ou a aortite induzida pelas radiações ,<br />

em que a história clínica, os exames laboratoriais e os estudos<br />

patológicos podem desempenhar um papel relevante no seu<br />

diagnóstico. Todavia, é a inexistência de manifestações<br />

inflamatórias, sistémicas ou histopatológicas das zonas de<br />

constrição, que permite a documentação real e efectiva do<br />

carácter congénito da coartação.<br />

A história natural desta afecção, descrita em algumas<br />

2-4<br />

séries de casos não tratados , antes da era cirúrgica, mostra<br />

que muitos doentes vêm a falecer entre os 30 e os 40 anos de<br />

idade, em consequência das complicações cardiovasculares<br />

resultantes da hipertensão arterial, um facto que incentivou o<br />

desenvolvimento do seu tratamento cirúrgico.<br />

As primeiras tentativas de correcção cirúrgica datam<br />

22,23<br />

do início dos anos 50 do século passado , e mercê dos<br />

bons resultados obtidos, o seu campo de aplicação foi-se alargando,<br />

sobretudo após a introdução e desenvolvimento das<br />

24<br />

próteses vasculares, nos anos 60 , em que sobressai a série de<br />

25<br />

DeBakey e cols. , publicada em 1966, que engloba 16 casos<br />

de coartação da aorta abdominal associada a estenose das<br />

artérias renais, com excelentes e prolongados resultados.<br />

O método cirúrgico prevalecente até à actualidade<br />

consiste na revascularização por meio de bypass aorto-aórtico<br />

simples, ultrapassando a lesão, como sucedeu com o<br />

nosso segundo caso, ou pode ser complementado com<br />

revascularização renal ou mesentérica, quando existem lesões<br />

que o justifiquem, como se documentou exemplarmente com<br />

o nosso primeiro doente. Ocasionalmente e sobretudo em<br />

crianças, ou indivíduos muitos jovens, torna-se preferível<br />

5,25<br />

recorrer à angioplastia com patch , em vez de se utilizarem<br />

condutos protésicos, por razões que se prendem com o<br />

ulterior crescimento e desenvolvimento físico do doente.<br />

O carácter jovem e a inexistência de doenças ou<br />

situações co-mórbidas na maior parte dos casos permite a<br />

Volume XV - N.º 1<br />

47

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!