GOMES, Agenor Pinto Garcia. Leilão de Eficiência ... - PPE - UFRJ
GOMES, Agenor Pinto Garcia. Leilão de Eficiência ... - PPE - UFRJ
GOMES, Agenor Pinto Garcia. Leilão de Eficiência ... - PPE - UFRJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
7<br />
Em 1989 é eleito presi<strong>de</strong>nte Fernando Collor <strong>de</strong> Mello, com uma proposta <strong>de</strong> maior liberalização<br />
<strong>de</strong> mercado, que então predominava no mundo após o fim da União Soviética. Na<br />
década <strong>de</strong> 90, portanto, uma série <strong>de</strong> mudanças atingiu o setor elétrico, com a retirada gradual<br />
do Estado e o estabelecimento <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> privatização. Isto, porém, não foi feito <strong>de</strong><br />
forma sistemática, causando uma série <strong>de</strong> problemas que culminaram com o déficit <strong>de</strong> energia<br />
elétrica <strong>de</strong> 2001 e o racionamento, o que será discutido no item 1.3. Esta reforma representou<br />
uma alteração profunda no setor, como comenta Chacapuz (2006, p. 454-455):<br />
1.2 A Reforma da Década <strong>de</strong> 1990<br />
1.2.1 Situação do Setor antes da Reforma<br />
A economia brasileira sofreu importantes transformações na década <strong>de</strong> 1990 em <strong>de</strong>corrência<br />
das reformas que promoveram a abertura comercial, a liberalização do fluxo<br />
<strong>de</strong> capitais e a redução da presença do Estado como produtor <strong>de</strong> bens e serviços.<br />
Tais reformas ganharam suporte político mais sólido e impulso adicional com a estabilização<br />
monetária alcançada em 1994 que encerrou um longo período <strong>de</strong> alta inflação.<br />
A opção pelas reformas liberais representou uma mudança completa em relação às<br />
políticas <strong>de</strong>senvolvimentistas que fomentaram o processo <strong>de</strong> industrialização do país<br />
durante quase meio século, mediante gran<strong>de</strong>s investimentos públicos na indústria <strong>de</strong><br />
base e na infra-estrutura.<br />
Ao seguir o caminho da liberalização, a exemplo da maioria dos países latinoamericanos,<br />
o Brasil buscou ajustar sua economia ao novo cenário internacional, caracterizado<br />
pelo movimento cada vez mais intenso <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> capitais e outros fenômenos<br />
associados ao chamado processo <strong>de</strong> globalização, como o acirramento da<br />
concorrência e a maior integração dos mercados nacionais.<br />
[...]<br />
A privatização reduziu em muito o papel do setor produtivo estatal, um dos principais<br />
suportes do tripé <strong>de</strong>senvolvimentista mo<strong>de</strong>lado na década <strong>de</strong> 1950 e consolidado<br />
no regime militar.<br />
Em resumo, a situação do setor no início das reformas está apresentada abaixo.<br />
1.2.1.1 Problemas econômicos<br />
• Alto investimento: como se viu, a crise financeira do setor não permitiu que os investimentos<br />
necessários em geração e transmissão fossem feitos. Tolmasquim et al.<br />
(2002, p. 65) mostram que, <strong>de</strong> 1985 a 2000, a capacida<strong>de</strong> instalada cresceu 160%<br />
enquanto o consumo o fez à taxa <strong>de</strong> 190% (o que resulta um déficit <strong>de</strong> 19%). Leite<br />
(1997, p. 325), comentando a situação atual (em 1996) da energia no Brasil, previa<br />
que “na eletricida<strong>de</strong> a crise financeira específica levou à paralisação das obras <strong>de</strong> u-<br />
sinas geradoras e à insuficiência dos sistemas <strong>de</strong> transmissão e distribuição, o que<br />
aponta para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crise <strong>de</strong> abastecimento a curto prazo”.<br />
• Estatais endividadas: conseqüência do uso pelo Estado das empresas como política<br />
econômica, como foi mostrado (item 1.1).<br />
• Tarifas baixas: i<strong>de</strong>m, para controle da inflação. Em setembro <strong>de</strong> 1989, o Banco<br />
Mundial (1990, apud ROSA (org.), 2001, p. 31) calculou que a tarifa média paga<br />
pela indústria representava apenas 80% do seu custo marginal.<br />
• Difícil captação <strong>de</strong> recursos: como conseqüência do endividamento e do baixo faturamento.