GOMES, Agenor Pinto Garcia. Leilão de Eficiência ... - PPE - UFRJ
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tema hídrico, e não das regras do mercado. Este acerto é feito posteriormente, através do<br />
MRE.<br />
O preço MAE reflete o custo <strong>de</strong> déficit e é, portanto, bastante volátil em função do regime<br />
hidrológico. Esta foi uma dificulda<strong>de</strong> para viabilizar o investimento em termoelétricas.<br />
1.2.2.5 O Operador do Sistema<br />
1.2.3 Problemas do Mo<strong>de</strong>lo<br />
O ONS foi criado em 1998, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operar o Sistema Interligado Nacional<br />
(SIN) e administrar a re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> energia em nosso país. A sua<br />
missão institucional é assegurar aos usuários do SIN a continuida<strong>de</strong>, a qualida<strong>de</strong> e a<br />
economicida<strong>de</strong> do suprimento <strong>de</strong> energia elétrica. Cabe ao ONS garantir a manutenção<br />
dos ganhos sinérgicos da operação coor<strong>de</strong>nada – criando condições para a justa<br />
competição entre os agentes do setor (ONS, 2004).<br />
Este mo<strong>de</strong>lo acabou apresentando os seguintes problemas, após sua implementação:<br />
• Ausência <strong>de</strong> investimentos privados: a mudança do planejamento <strong>de</strong>terminativo<br />
para indicativo, aliada ao compromisso <strong>de</strong> superávit primário, impediu o Estado <strong>de</strong><br />
assumir os investimentos necessários, ao passo que a falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>finições quanto ao<br />
aparato regulatório e o risco cambial em relação ao gás natural (já que se buscava<br />
incentivar as termoelétricas com este combustível) causaram um ambiente não propício<br />
aos investimentos privados.<br />
• Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto: o cálculo do custo <strong>de</strong> energia elétrica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> atualização<br />
do capital, estipulada para as hidroelétricas entre 10 e 12% (ROSA, 2001, p.<br />
42). O setor privado trabalhava com taxas próximas a 20%. A elevação <strong>de</strong>stas taxas<br />
sinalizaria para o mercado a escassez <strong>de</strong> capital e tornaria as termoelétricas mais<br />
competitivas.<br />
• Gestão <strong>de</strong> recursos hídricos: embora haja ainda um gran<strong>de</strong> potencial hídrico <strong>de</strong> geração<br />
<strong>de</strong> energia elétrica, principalmente na região Norte, há o problema das áreas<br />
alagadas e outros impactos ambientais que dificultam o seu aproveitamento elétrico.<br />
• Mo<strong>de</strong>lo inglês: o relatório da Coopers & Lybrand seguiu o mo<strong>de</strong>lo inglês, <strong>de</strong> geração<br />
quase exclusivamente termoelétrica, e várias correções tiveram que ser feitas para<br />
a<strong>de</strong>quá-lo à nossa realida<strong>de</strong>, incluindo a operação interligada, a manutenção da<br />
idéia do planejamento e a preservação da Eletrobrás como agente financiador para<br />
viabilizar o potencial hidroelétrico não aproveitado. Também questionava-se uma<br />
<strong>de</strong>sverticalização radical do setor num parque predominantemente hídrico.<br />
• Quadros técnicos: além da falta <strong>de</strong> tradição do Brasil em ativida<strong>de</strong>s reguladoras, a<br />
formação do quadro técnico da ANEEL enfrentou sérios problemas porque a legislação<br />
não permite a inclusão <strong>de</strong> ex-funcionários das empresas elétricas (ROSA et al.,<br />
1998, p. 147).<br />
• Desigualda<strong>de</strong>s sociais e regionais: o mercado brasileiro, além <strong>de</strong> assimétrico (o<br />
sub-sistema S–SE–CO engloba 73% dos consumidores e consome 33 GW médios<br />
contra 8 do sistema N–NE – dados do ONS para 2003), envolve diferenças regionais,<br />
como o índice <strong>de</strong> atendimento resi<strong>de</strong>ncial, bem maior na meta<strong>de</strong> sul do país.