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Manual Passo a Passo - Fundação Abrinq

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<strong>Manual</strong> <strong>Passo</strong> a <strong>Passo</strong>


Apresentação<br />

Você tem em mãos o documento que apresenta, em etapas, o modelo<br />

operacional usado para a montagem do Projeto Nossas Crianças da <strong>Fundação</strong><br />

<strong>Abrinq</strong> pelos Direitos da Criança.<br />

Nosso objetivo é - além de relatar de maneira simples a experiência do<br />

Projeto - ajudar esta experiência a se reproduzir aonde for possível e<br />

necessário.<br />

Para isso, encontram-se aqui algumas propostas de ação, da maneira<br />

como foram encaminhadas pela <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong>, no contexto da Região<br />

Metropolitana de São Paulo, a partir de 1993.<br />

Sabemos, porém, que os problemas das crianças em situação de risco são<br />

diferentes em cada caso. De região para região, de cidade para cidade, as<br />

soluções poderão até ser semelhantes, mas nunca iguais.<br />

Portanto, este documento não quer e não pode exprimir uma "verdade<br />

absoluta", mas só apontar algumas pistas que ajudem a disseminar ações como<br />

as do Projeto Nossas Crianças.<br />

Temos consciência também de que estas ações não são a única e<br />

definitiva resposta à grave questão da exclusão social de milhões de crianças e<br />

adolescentes brasileiros. Esta só virá quando acompanhada da transformação<br />

de profundos valores éticos e com a implantação de políticas públicas<br />

adequadas.


Mas acreditamos que, se nada for feito agora,<br />

nada mudara amanhã<br />

A necessidade deste <strong>Manual</strong> justifica-se também por um dado<br />

concreto: o Projeto Nossas Crianças foi bem sucedido. Ou seja: sua<br />

formulação, mesmo com adaptações, pode ser recomendada com<br />

tranqüilidade porque está baseada numa prática cuja eficácia foi<br />

provada.<br />

A primeira meta - mobilizar a sociedade de modo a permitir, em<br />

curto prazo, que milhares de crianças e adolescentes de baixa renda, que<br />

estavam sem qualquer atendimento, passassem a recebê-lo, como é de<br />

seu Direito - já foi amplamen te atingida, com a ressalva de que é preciso<br />

avançar ainda mais.<br />

A segunda - capacitar as entidades que prestam os atendimentos<br />

de modo a obter, a médio prazo, uma elevação dos padrões de qualidade<br />

deste serviço e, a longo prazo, sua autonomia administrativa, financeira e<br />

pedagógica - está em fase de adiantada realização.<br />

Pensamos, por isso, que este modelo será útil a todos os que, no<br />

Brasil, estão comprometidos com o sonho de uma infância e juventude<br />

sem miséria, doença, fome, ignorância e violência.<br />

E, acreditando que são muitos os que - como você - têm este<br />

compromisso, apresentamos agora esta nossa contribuição agradecendo,<br />

desde já, a gentileza da sua atenção.


1. O que a Sociedade Civil pode fazer<br />

No final da década de 80, notícias nos meios de comunicação<br />

chamaram a atenção para a dramática situação da nossa infância e<br />

adolescência. Uma série de episódios de violência contra crianças, fugas<br />

de instituições de menores e casos de extrema violação de direitos<br />

sensibilizaram a opinião pública para a dimensão deste problema.<br />

Alguns dados recentes dão uma idéia deste quadro trágico:<br />

· Apenas 39 % das crianças brasileiras matriculadas na 1 a série<br />

chegam à 5 a série 1.<br />

· Três milhões e meio de crianças e jovens entre 7 e 14 anos de<br />

idade estão fora das escolas 2.<br />

· Somente 18 de cada 100 crianças entre 4 e 6 anos de idade são<br />

atendidas em pré-escolas 3.<br />

· Nas áreas urbanas 12,8 % da população entre 0 e 17 anos de<br />

idade vive em domicílios cujos pais de família têm renda média<br />

mensal de até meio salário<br />

mínimo 4.<br />

· No início da década de 90 cerca de 2,3 milhões de crianças e 1,3<br />

milhões de adolescentes brasileiros não sabiam ler nem escrever e<br />

a maioria estava trabalhando 5<br />

Diante destes números, cresce a consciência de que não é possível<br />

apenas cruzar os braços e esperar que o governo resolva os problemas<br />

da maioria de nossa infância e juventude. O que se observa é uma<br />

quantidade crescente de lideranças, empresários, enfim, de atores<br />

sociais em cada comunidade, que desejam fazer alguma coisa concreta.


É fundamental que quem planeja partir para um trabalho<br />

conseqüente em favor das crianças e jovens de baixa renda perceba que<br />

reside nesta “vontade de fazer algo”, uma oportunidade real de<br />

MOBILIZAÇÃO SOCIAL.<br />

Esta percepção está na base do sucesso tanto da <strong>Fundação</strong><br />

<strong>Abrinq</strong>, quanto do Projeto Nossas Crianças. A <strong>Fundação</strong> foi constituída a<br />

partir das preocupações de empresários do setor de manufatura de<br />

brinquedos com todos estes indivíduos que, apesar de estarem na mesma<br />

faixa etária dos consumidores de seus produtos, não tinham acesso nem<br />

sequer às mínimas condições de qualidade de vida. Aquelas lideranças,<br />

reunidas na Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos - a<br />

<strong>Abrinq</strong> -, criaram, já em 1989, dentro da Associação, uma Diretoria pela<br />

Defesa dos Direitos das Crianças, núcleo da futura <strong>Fundação</strong>.<br />

O rápido crescimento deste trabalho de Defesa Política dos<br />

Direitos de Cidadania das Crianças levou, em 1990, à instituição da<br />

<strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> pelos Direitos da Criança.<br />

A existência da <strong>Fundação</strong> significou para um grande número de<br />

jovens e crianças, e para muitas instituições, um aporte real de recursos<br />

e condições de ampliação e melhora dos atendimentos. Ou seja, um<br />

avanço real.


PORTANTO,<br />

a primeira lição que tiramos desta experiência é que um trabalho<br />

consistente em prol de crianças e jovens carentes começa pela<br />

identificação dos parceiros potenciais da ação planejada:<br />

empresários comprometidos com mudanças sociais, lideranças da<br />

comunidade, profissionais, intelectuais, enfim, quem puder ser<br />

sensibilizado por um plano sério, competente e fundamentado.<br />

ESTA É UMA POSSIBILIDADE REAL DE MOBILIZAÇÃO<br />

SOCIAL.<br />

MOBILIZAÇÃO SOCIAL: A PRIMEIRA META E A PRIMEIRA<br />

ALAVANCA PARA UM TRABALHO BEM SUCEDIDO EM PROL<br />

DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇAO DE<br />

RISCO NO BRASIL


2. O Modelo da <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong><br />

A <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> nasce, portanto, da constatação de que era<br />

preciso e era possível fazer, de imediato, alguma coisa em defesa dos<br />

direitos de cidadania da infância e da juventude marginalizadas.<br />

Esta Defesa dos Direitos tem, como referência, três documentos:<br />

· a Constituição Brasileira, de 1988,<br />

· a Convenção Internacional dos Direitos da Criança<br />

da ONU, de 1989,<br />

· e o Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990 .<br />

A opção pela Defesa dos Direitos, por outro lado, leva,<br />

inevitavelmente, a uma caracterização muito clara do modelo de ação da<br />

<strong>Fundação</strong>: trata-se de Ação Política.<br />

Tanto assim, que as primeiras ações promovidas pela <strong>Fundação</strong><br />

foram:<br />

· a publicação da Declaração Universal dos Direitos da Criança,<br />

· a iniciativa de imprimir, nas embalagens dos fabricantes de<br />

brinquedos, frases em defesa dos Direitos Elementares das<br />

Crianças,<br />

· e o apoio à pesquisa do jornalista Gilberto Dimenstein que deu<br />

origem ao livro "A Guerra dos Meninos", sobre o extermínio de<br />

crianças no país, caso extremo de violação de direitos, cujo<br />

lançamento coincidiu com a apresentação pública da <strong>Fundação</strong>, em<br />

Abril de 1990.<br />

AÇÃO POLÍTICA É, ASSIM, A PRIMEIRA ÁREA DE<br />

ATUAÇÃO ESTRATÉGICA DA FUNDAÇÃO ABRINQ.


Para que esta Defesa dos Direitos possa ser eficiente porém, é<br />

absolutamente imprescindível que a voz da entidade se manifeste em<br />

defesa de tais direitos e seja ouvida claramente pelo maior número de<br />

pessoas possível. Portanto, a Ação Política pela Defesa dos Direitos<br />

pressupõe e depende de um trabalho de Comunicação que tenha a maior<br />

eficiência possível. Não basta denunciar. É preciso propor soluções e<br />

divulgar experiências bem sucedidas.<br />

COMUNICAÇÃO É, ASSIM, A SEGUNDA ÁREA<br />

ESTRATÉGICA PARA A FUNDAÇÃO ABRINQ.<br />

Entretanto, como já mostramos, a <strong>Fundação</strong> surgiu num momento<br />

muito dramático da luta em defesa das crianças e dos adolescentes de<br />

baixa renda. Somente o trabalho político e de comunicação,<br />

sensibilizando a sociedade, era insuficiente para dar uma resposta<br />

concreta a este problema. Sem ações concretas, a Defesa dos Direitos<br />

não se sustenta por muito tempo. É preciso, pois, juntar, à voz, a ação.<br />

Para ações mais diretas, porém, é preciso dispor de recursos bem<br />

maiores do que os que são consumidos nas ações políticas e de<br />

comunicação.<br />

Para financiar estas e aquelas, a <strong>Fundação</strong> teve, necessariamente,<br />

que desenvolver ações de levantamento de fundos, de Captação de<br />

Recursos, sem os quais as ações permaneceriam no nível de boas<br />

intenções.


CAPTAÇÃO DE RECURSOS É, POR ISSO, A TERCEIRA ÁREA<br />

ESTRATÉGICA DE AÇÃO DA FUNDAÇÃO ABRINQ.<br />

A disponibilidade destes fundos, enfim, capacitou a <strong>Fundação</strong> a<br />

exercer com plenas condições seu papel de Articuladora de Ações<br />

Sociais, repassando estes Recursos para benefício da atividade das<br />

entidades d e atendimento de crianças e adolescentes.<br />

Em outras palavras, a <strong>Fundação</strong>, embora tivesse a<br />

responsabilidade de levantar os recursos necessários, não se colocou<br />

como operadora direta dos atendimentos, mas como intermediadora<br />

entre quem precisava dos recursos e quem dispunha deles mas não tinha,<br />

até então, uma idéia clara de como empregá-los.<br />

A <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> se propôs a este papel de ponte. Mas uma<br />

ponte que precisava levar a objetivos palpáveis, isto é, que precisava<br />

apontar metas atingíveis. Portanto a <strong>Fundação</strong> precisou criar, montar e<br />

gerir Projetos de forma exemplar.<br />

OPERAÇÃO DE PROJETOS É, POR FIM, A QUARTA ÁREA<br />

ESTRATÉGICA DE AÇÃO DA FUNDAÇÃO ABRINQ.<br />

São estes quatro componentes -<br />

Ação Política,<br />

Comunicação,<br />

Captação de Recursos,<br />

Operação de Projetos<br />

- que, no entender da <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong>, somam as condições necessárias para<br />

uma ação bem sucedida e conseqüente de Sensibilização e Mobilização Social<br />

no campo da Defesa e Implementação dos Direitos de Cidadania das Crianças.


3. A Articulação na Prática: O Projeto Nossas Crianças<br />

Em 1993, mesmo com o Estatuto da Criança e do Adolescente<br />

promulgado há três anos, a situação das crianças e adolescentes nas ruas<br />

seguia sendo crítica. Existia uma situação emergencial de abandono e<br />

violência. Foi então que, na <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong>, surgiu esta questão:<br />

Se existem tantas pessoas e instituições necessitadas, de um<br />

lado; e tantos recursos e vontades buscando formas eficazes de investir<br />

na melhoria da qualidade de vida de crianças e adolescentes de baixa<br />

renda, do outro, não seria possível criar um elo entre estes dois pólos<br />

sociais E como fazer isso<br />

É nesta hora, para responder à questão, que foi desenhada a<br />

fórmula inicial do Projeto Nossas Crianças, plenamente de acordo com o<br />

papel de Articuladora que a <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> deseja representar no<br />

cenário social.<br />

A proposta do Projeto (seu objetivo inicial) era muito simples:<br />

empregar a capacidade da <strong>Fundação</strong> em Comunicação e Captação para<br />

obter Recursos - na forma de ADOÇÕES FINANCEIRAS - que seriam<br />

REPASSADOS INTEGRALMENTE a entidades capazes de atender ao<br />

maior número possível de crianças e jovens que, naquele momento, não<br />

recebiam nenhum tipo de Atendimento!<br />

Este Repasse Integral, entretanto, seria feito com a preocupação<br />

- explicitada - de não substituir o Estado em seus Deveres<br />

Constitucionais !<br />

Assim, em momento algum o Projeto Nossas Crianças pode ser<br />

usado como justificativa da eventual omissão dos poderes públicos !


A ADOÇÃO FINANCEIRA é apenas um modelo, prático e<br />

concreto, de prestar ajuda de forma mais eficaz do que o simples ato<br />

caridoso individual.<br />

É um dos pilares do Projeto Nossas Crianças. Por ela, cada<br />

contribuinte, colaborando mensalmente com uma quantia, "adota" - isto<br />

é, financia - o atendimento de uma criança ou jovem em entidades<br />

capazes de lhes fornecer educação e desenvolvimento saudável.<br />

Além disso, este tipo de Projeto responde a uma das indagações<br />

mais comuns de uma parte dos patrocinadores destas ações:<br />

Mas afinal, aonde estão as crianças<br />

As iniciativas de Defesa Política dos Direitos e de Comunicação,<br />

de fato, não atendem à expectativa de muitos que contribuem<br />

imaginando que, no fim do percurso, as quantias doadas vão beneficiar<br />

diretamente alguma criança.<br />

O Projeto Nossas Crianças e seu modelo de Adoção financeira<br />

atende a esta expectativa, na medida que possibilita o Repasse Integral<br />

de Recursos.<br />

RESUMINDO: O modelo de <strong>Fundação</strong> ou de Entidade do qual<br />

falamos define-se como de Mobilização Social e Articulação.<br />

Já o modelo de Operação de Projeto pode ser resumido assim: os<br />

contribuintes doam os recursos; a Entidade Articuladora, ou<br />

Intermediadora, repassa a quem precisa. Isto, porém, não é tão simples,<br />

como veremos a seguir.


4. Os Desafios da Captação e do Repasse<br />

A Adoção Financeira, como mostramos, supõe o Repasse dos<br />

Recursos.<br />

O Repasse dos Recursos e sua Utilização colocam dois desafios.<br />

Primeiro:<br />

a quem repassá-los<br />

Há centenas de entidades e iniciativas na Sociedade.<br />

Portanto: quais são os CRITÉRIOS para eleger esta ou aquela entidade <br />

Segundo:<br />

como pedir e quais são os recursos necessários<br />

Há várias modalidades de captação de recursos e muitas estimativas de<br />

custos.<br />

Portanto: qual a forma e o valor que asseguram os melhores resultados<br />

Para ambas as questões, a <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> encontrou uma primeira<br />

resposta solicitando a parceria, no Projeto Nossas Crianças, de um<br />

Conselho formado por especialistas com larga experiência e<br />

conhecimento no atendimento a crianças e jovens.<br />

Estes especialistas aceitaram o convite da <strong>Fundação</strong> e formaram o<br />

Conselho Consultivo do Projeto.<br />

O Conselho discutiu e definiu as orientações iniciais para operar o<br />

Projeto.<br />

Elas diziam respeito às entidades que seriam beneficiadas e ao tipo de<br />

atividades que deveriam ser prioritária mente apoiadas dentro da<br />

particular situação e contexto em que a <strong>Fundação</strong> se achava.<br />

A colaboração de especialistas reconhecidos, num Projeto como este, é<br />

uma primeira consideração para quem deseja credibilidade.<br />

Eles incorporam ao Projeto sua seriedade e prestígio profissionais.


5. Os Critérios de Seleção de Entidades<br />

A definição dos destinatários dos fundos conseguidos pelo Projeto<br />

Nossas Crianças precisava levar em conta os objetivos iniciais: novos<br />

Atendimentos para crianças e jovens até então desassistidos com um<br />

padrão mínimo de Qualidade<br />

É importante notar que a meta colocada para as Adoções<br />

Financeiras, isto é, beneficiar o maior número possível de crianças e<br />

jovens, foi quantificada.<br />

A intenção, no começo do Projeto, era viabilizar, no prazo de dois<br />

anos, 1000 novos atendimentos de Qualidade.<br />

Levando estes dados em conta, foram estabelecidos pelo Conselho,<br />

os seguintes critérios para repassar Recursos a uma entidade candidata:


A. A entidade não pode ser governamental e deve ter necessariamente<br />

condições de ampliar o número de atendimentos, sem entretanto fazê -lo às<br />

custas da sua qualidade, a qual deve ser preservada e, de preferência, elevada;<br />

B. O atendimento já oferecido na entidade deve ter caráter exemplar, com um<br />

padrão mínimo de qualidade nos serviços prestados<br />

C. O atendimento deve ser gratuito e beneficiar crianças e jovens de baixa<br />

renda<br />

D. As instituições be neficiadas devem estar comprometidas com o respeito<br />

ao Estatuto da Criança e do Adolescente<br />

E. As entidades de- vem se localizar na Região Metro- politana de São Paulo,<br />

parâmetro geográfico de pro ximidade imposto pela necessidade de manter um<br />

acompanhamento constante do trabalho de modo a assegurar a quali dade<br />

F. As instituições devem ser notoriamente idôneas e cadastradas no Conselho<br />

Municipal da Criança e do Adolescente<br />

G. O atendimento deve ser regular e sistemático, ou seja, com as mesmas<br />

crianças atendidas todos os dias, por no mínimo 4 horas, num projeto educativo<br />

estruturado, distinto do ensino regular de primeiro e segundo graus<br />

Estes critérios para credenciamento de ent idades com vistas ao<br />

Convênio que lhes dá acesso às verbas do Projeto Nossas Crianças<br />

seguem em pleno vigor e são, ao nosso ver, recomendáveis como os mais<br />

adequados para operações assemelhadas.


Além dos Critérios de Qualidade e Confiabilidade, o Conselho<br />

definiu também os tipos de atendimento e de entidades a serem<br />

financiadas a partir de uma avaliação de prioridades.<br />

Na situação e conjuntura do Projeto Nossas Crianças foram<br />

priorizados:<br />

O ATENDIMENTO EM CRECHES,<br />

destinado a crianças de 0 a 7 anos incompletos, em período integral;<br />

O ATENDIMENTO EM CENTROS DE JUVENTUDE<br />

para a faixa que vai de crianças com no mínimo 7 anos até jovens com 18<br />

anos incompletos, com atividades em meio período, complementares às da<br />

escola, recreativas, culturais ou profissionalizantes;<br />

O ATENDIMENTO EM ABRIGOS<br />

que recebem crianças e jovens impossibilitados de conviver com suas<br />

famílias, encaminhados a estas entidades legalmente pelas Varas da<br />

Infância e da Juventude e pelos Conselhos Tutelares, para ali<br />

permanecerem temporariamente em regime de internato


6. A Definição dos Valores de Custeio e Contribuição<br />

Uma vez determinados os critérios de seleção de entidades, os<br />

tipos e o número de atendimentos a serem financiados, torna-se<br />

necessário saber quanto dinheiro é preciso para sustentar estas metas.<br />

Para isso, é necessário fazer um levantamento das entidades:<br />

tanto para saber se atendem aos critérios definidos, quanto para saber<br />

o montante de gastos com cada atendimento, chamado de "custo per<br />

capita" ou "valor de custeio", essencial para a Adoção Financeira.<br />

É evidente que os custos são diferentes para cada tipo de<br />

atendimento. As despesas per capita de uma Creche diferem do custeio<br />

de um Centro de Juventude, ou são maiores no caso dos Abrigos, que<br />

incluem hospedagem, vestuário, etc. Além disso os custos diferem<br />

mesmo de Creche para Creche, de Abrigo para Abrigo, etc.<br />

Porém, não é sensato propôr aos contribuintes de um Projeto como<br />

esse vários valores possíveis de contribuição. Para o Projeto Nossas<br />

Crianças pareceu que o melhor seria padronizar um valor de custeio.<br />

Só que<br />

para chegar a este valor-padrão, é imprescindível realizar uma<br />

pesquisa junto as entidades, tendo por base um modelo de<br />

planilha de custos.


O MODELO DA PLANILHA DEVE LEVANTAR:<br />

A. A síntese dos dados (total de despesas/mês, número total de crianças<br />

atendidas, número total de crianças a serem atendidas através do convênio<br />

com o Projeto, custo real por criança)<br />

B. O regime de atendimento (com as opções de: 4 a 5 horas e meia,<br />

6 horas, 10 a 12 horas, 24 horas ou outro)<br />

Os custos por tipo de despesa, a saber:<br />

Recursos Humanos (salários, encargos, rescisões e benefícios),<br />

Alimentação (alimentos perecíveis e não perecíveis),<br />

Materiais de Consumo (de higiene, de limpeza, de escritório, utensílios),<br />

Materiais Pedagógicos (escolares, de artes, de oficinas, livros, brinquedos),<br />

Taxas (de água, luz, telefone, impostos, seguros),<br />

Saúde (consultas, internações, cirurgias, tratamentos, remédios)<br />

Manutenção do Imóvel (materiais e serviços de reparos),<br />

Transporte (passagens, táxis, combustível, manutenção e seguro de veículos),<br />

Vestuário (roupas, fraldas, roupa de cama e banho, sapatos e uniformes),<br />

Serviços de Terceiros (contadoria, assessorias pedagógica e administrativa),<br />

Lazer (teatro, cinema, revistas, passeios, viagens),<br />

Diversos (correios, xerox, carretos),<br />

Investimentos (compras de equipamentos, provisões de recursos),<br />

Aluguéis.


Para cada item é preciso levantar o custo realmente dispendido<br />

em um mês e somar o valor estimado em doações, isenções ou descontos.<br />

A soma dará o custo total do ítem no mês. A soma dos ítens dará o custo<br />

mensal da entidade.<br />

Neste elenco de custos, assim discriminado, é mais fácil separar o<br />

que é custo direto, ou seja, as despesas realizadas diretamente com as<br />

crianças e adolescentes, do que é custo da operação da entidade. A<br />

divisão do custo direto pelo número de crianças e jovens atendidos dá o<br />

custo per capita de cada atendimento na entidade pesquisada.<br />

Uma vez pesquisado o custo per capita de todas as entidades<br />

qualificadas conforme os Critérios é possível estabelecer um valor médio<br />

realista.<br />

Depois de fazer um levantamento como este (mesmo porque<br />

inexistiam estudos prévios), a <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong>, considerando a<br />

qualidade pretendida nos atendimentos, cotou, à época do início do<br />

Projeto Nossas Crianças, o custo individual de cada Adoção Financeira na<br />

região de São Paulo, em valor equivalente a U$ 50 (cinquenta dólares)<br />

mensais.<br />

Este valor é reatualizado de tempos em tempos, através do<br />

constante acompanhamento de custos conforme a planilha.<br />

O CONHECIMENTO DO CUSTO PER CAPITA DOS<br />

ATENDIMENTOS É UMA VARIÁVEL ESSENCIAL PARA TODA<br />

A GESTÃO FINANCEIRA DE PROJETOS SOCIAIS, SEJA<br />

PARA MEDIR DE ANTEMÃO AS DESPESAS QUE DEVERÃO<br />

SER ENFRENTADAS, SEJA PARA SABER EXATAMENTE<br />

QUANTO PEDIR AOS EVENTUAIS PATROCINADORES.<br />

Como no Brasil existem variações econômicas regionais, é<br />

essencial criar e usar modelos de levantamentos de custos, como o que<br />

foi acima exposto.


7. A Captação e Repasse de Recursos<br />

na Perspectiva das Parcerias<br />

Articulando a vontade social de modificar a situação vigente da<br />

infância e da adolescência com a necessidade concreta das entidades que<br />

prestam os atendimentos, o Projeto Nossas Crianças considera seus<br />

Parceiros tanto os contribuintes quanto as entidades.<br />

Os contribuintes viabilizam os recursos que beneficiarão crianças<br />

e jovens; as entidades, associando-se ao Projeto, fornecem os canais<br />

concretos através dos quais a contribuição chega aos beneficiados.<br />

Por isso, dizemos que para o Projeto Nossas Crianças,<br />

PARCERIA<br />

significa<br />

A UNIÃO DE ESFORÇOS PELA MELHORIA DA QUALIDADE<br />

DE VIDA DE CRIANÇAS E JOVENS DE BAIXA RENDA.<br />

Através das parcerias é que pessoas, empresas e entidades se<br />

relacionam somando forças em benefício da infância e juventude<br />

marginalizadas.<br />

Assim, no que se refere à Captação de Recursos, (uma vez<br />

definida a quantia necessária para cada Adoção Financeira), o Parceiro<br />

Contribuinte é quem adere ao Modelo de Contribuição.<br />

Este Modelo está assim esquematizado: cada um dos Parceiros do<br />

Projeto assegura, com sua contribuição regular, o atendimento de uma<br />

criança. Evidentemente, nada impede que pessoas jurídicas, ou físicas<br />

com maiores disponibilidades, adotem mais de uma criança.


A Parceria dos Contribuintes é consolidada com a assinatura d e<br />

uma Ficha de Adesão ao Projeto, pela qual o Contribuinte compromete-se<br />

a, mensalmente, realizar o aporte financeiro, em forma de depósito<br />

bancário, recebendo, em contrapartida, garantia da <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> de<br />

que estas verbas serão INTEGRALMENTE REPASSADAS para o<br />

custeio direto do atendimento de crianças e jovens, isto é, que nem um<br />

centavo será utilizado para Manutenção das entidades, do Projeto ou da<br />

<strong>Fundação</strong>, servindo única e exclusivamente para o atendimento de uma<br />

criança.<br />

O COMPROMISSO DE REPASSE INTEGRAL É<br />

ABSOLUTAMENTE ESSENCIAL PARA A CREDIBILIDADE DO<br />

PROJETO E PARA ASSEGURAR A CONTINUIDADE DAS<br />

CONTRIBUIÇOES.<br />

O Parceiro Contribuinte também passa a receber Informativos<br />

Bimestrais, Relatórios Semestrais e, no fim do ano, uma Mensagem de<br />

Boas Festas feita pelas próprias crianças atendidas, além de convites<br />

para Encontros com as Entidades e outras atividades, de modo a poder<br />

acompanhar o tempo todo a aplicação de sua contribuição.<br />

Manter os Parceiros atualizados e informados também é<br />

essencial para contar permanentemente com sua adesão ao<br />

Projeto.<br />

O Projeto também assume como sua responsabilidade fazer<br />

chegar a cada Parceiro Contribuinte, em tempo hábil, um boleto mensal<br />

de contribuição, de modo a facilitar ao máximo o pagamento e, com isso,<br />

a continuidade da parceria. Examinaremos estes dois últimos pontos em<br />

detalhes mais adiante.


Já a Parceria com as entidades é consolidada pela assinatura de<br />

um Convênio, firmado depois que a entidade passa pelo Processo de<br />

Seleção, ou seja, pelo crivo dos C ritérios para Creclenciamento no<br />

Projeto Nossas Crianças (ver cap. 5).<br />

Para ser credenciada, a entidade começa respondendo um<br />

questionário extremamente detalhado, conforme um modelo<br />

padronizado, com todas as características referentes a:<br />

· identificação, aspectos organizacionais, legais e institucionais,<br />

· condições fisicas,<br />

· recursos humanos,<br />

· projeto pedagógico-educacional,<br />

· saúde e alimentação,<br />

· integração entidade-criança-família-comunidade.<br />

A partir deste questionário, é feita uma checagem telefônica com<br />

o fim de eliminar dúvidas e esclarecer pontos relativos aos Critérios. Se<br />

a entidade passa por esta primeira triagem, recebe uma visita da equipe<br />

técnica do Projeto.<br />

Caso seja aprovada, assina o Convênio (que é simples, e<br />

desburocratizado).<br />

Através do Convênio, a entidade passa a receber mensalmente, da<br />

<strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong>, um Repasse de Recursos equivalente ao número de<br />

crianças conveniadas devendo, em contrapartida, apresentar, com a<br />

mesma periodicidade, relatórios detalhados de atividades, prestações de<br />

contas e comprovantes dos atendimentos realizados e da qualidade com<br />

que este serviço está sendo executado.<br />

COMO VIMOS NOS ÚLTIMOS CINCO CAPÍTULOS (3 A 7),<br />

A MECÂNICA, OU O MODELO DE OPERAÇÃO, DO PROJETO<br />

NOSSAS CRIANÇAS É MUITO SIMPLES.<br />

A questão é como colocar este modelo em movimento!


8. Como Sensibilizar e Mobilizar a Sociedade<br />

Não são poucos os que acreditam que, sendo a causa benemérita e<br />

sua necessidade evidente, isto é argumento suficiente que, de certo<br />

modo, "dá" aos gestores de projetos sociais, o "direito" de esperar que o<br />

Estado e a Sociedade contribuam, quase espontaneamente, com tão<br />

nobre missão.<br />

Embora a missão seja de fato nobre e a causa realmente digna,<br />

nossa experiência nos convenceu de que, infelizmente,<br />

ISSO NÃO É VERDADE!<br />

Nem sequer um Projeto bem montado, como pensamos ser o<br />

Nossas Crianças, dispensa seus articuladores da tarefa de divulgar a<br />

iniciativa e sensibilizar a sociedade de modo que esta se mobilize<br />

efetivamente.<br />

As FORMAS desta Sensibilização e Mobilização podem ser as<br />

mais variadas.<br />

No nosso modo de ver, todos os recursos do moderno Marketing<br />

são não apenas admissíveis, mas desejáveis na busca da ampliação do<br />

número de contribuintes do Projeto.


No que se refere aos Materiais de Divulgação, podem ser desde<br />

simples folders, que apresentam, por escrito e suscintamente, o Projeto<br />

e seus Objetivos e Mecânica, até Campanhas de Mídia, incluindo as<br />

Eletrônicas (Rádio e TV), passando por Faixas, Camisetas Temáticas,<br />

Cartões de Afinidade, Campanhas de Sócios, envolvimento de Jornais de<br />

Bairro, etc.<br />

O importante para nós é dar Visibilidade Social às Campanhas e,<br />

se para isto pudermos usar instrumental e conceitos modernos, tanto<br />

melhor.<br />

No que se refere aos Recursos Humanos, achamos que a<br />

contribuição dos Profissionais de Marketing, Propaganda e Comunicação,<br />

e dos especialistas em Captação de Recursos, é inestimável.<br />

Não há vergonha alguma em utilizar instrumentos e perfis<br />

profissionais dos quais a iniciativa privada há muito lançou mão para<br />

obter benefícios para as crianças e os adolescentes de baixa renda. Se<br />

tais instrumentos são tão usados é porque são eficientes. E Eficiência e<br />

Competência tem que estar, atualmente, na mira e no horizonte dos<br />

gestores de políticas sociais.<br />

É desta forma que o Projeto Nossas Crianças concretiza, na<br />

prática, os objetivos estratégicos de Ação Política e Comunicação.


Exemplo concreto:<br />

através de Parcerias Institucionais com Agências de<br />

Publicidade e Órgãos de Mídia a campanha de<br />

contribuições para o Projeto Nossas Crianças alcançou,<br />

em tempo recorde, um número de adesões que permitiu<br />

atender 2 000 crianças. Em dez meses foi dobrada a<br />

meta de dois anos!<br />

Surpreendentemente, o uso dos modernos recursos de<br />

Sensibilização e Mobilização provou que, ao contrário do que se poderia<br />

imaginar, foi muito mais fácil alcançar as Metas Financeiras do que<br />

cadastrar um número suficiente de Entidades que preenchessem os<br />

Critérios do Convênio. Esta, aliás, é uma das razões que leva o Projeto<br />

Nossas Crianças a trabalhar a Capacitação Técnico -Gerencial das<br />

Entidades, como veremos adiante.<br />

Com a Campanha de Mobilização, o Projeto entra em movimento,<br />

começa sua caminhada. Porém, o Nossas Crianças não funciona se<br />

simplesmente for colocado em ação e depois deixado por sua própria<br />

conta. Apenas o lançamento é insuficiente. O Acompanhamento e a<br />

Supervisão do trabalho são essenciais. Até aqui falamos da Implantação<br />

do Projeto. É hora de abordarmos sua Manutenção, sua Continuidade no<br />

Tempo.


9. Preservando o Engajamento Social<br />

A força da Campanha de Lançamento do Projeto Nossas Crianças,<br />

somada a um contexto favorável (à época, a Campanha da Cidadania<br />

contra a Fome estava no auge) deu grande visibilidade à <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong><br />

e trouxe um grande número de contribuintes e inúmeras outras ofertas<br />

de Parceria (ver adiante).<br />

Entretanto, Campanhas e grandes aparições públicas não<br />

garantem, pelo próprio fato de serem temporárias e esporádicas, a<br />

continuidade do engajamento dos Parceiros Contribuintes. É preciso um<br />

trabalho mais aprofundado que, pela nossa experiência, pode ser<br />

resumido assim:<br />

EM RELAÇÃO A QUEM CONTRIBUI É IMPRESCINDÍVEL:<br />

A Facilitar ao máximo a contribuição<br />

O que significa isso Em relação ao Contribuinte, que a Adesão<br />

deve ser fácil, a Ficha compreensível, e que o acesso ao Projeto possa<br />

ocorrer por várias vias, com um atendimento telefônico solícito e bem<br />

informado, enfim, com todos os caminhos desobstruídos para que este<br />

Contribuinte potencial torne-se, de fato, um mantenedor do Projeto.<br />

Também é essencial articular-se com uma Instituição Bancária, que<br />

facilite ao Contribuinte pagar em qualquer Banco da Rede de Compensa,<br />

e que ofereça ao Projeto um Sistema de Cobrança informatizado, que<br />

tanto garanta a chegada pontual e em tempo hábil do boleto ao endereço<br />

do contribuinte, como a rápida consolidação dos números ao fim do mês.


B Manter o contribuinte sempre bem informado<br />

Já falamos disso: são os Informes Periódicos (cuja periodicidade deve<br />

ser constante, e não variável). No caso do Projeto Nossas Crianças, o<br />

Informativo, atualmente, é bimestral. Além disso, Relatórios mais detalhados<br />

devem ser enviados a cada seis meses ou, no máximo, anualmente, dando conta<br />

dos progressos alcançados.<br />

C Promover o interesse do contribuinte pelo Projeto<br />

Isso se traduz em convites para que estas pessoas participem de<br />

Eventos promovidos pelas entidades que apóiam, ou para que façam Visitas<br />

agendadas às instituições. O envio de Cartões de Boas Festas feitos pelas<br />

próprias crianças é uma das idéias mais simpáticas do Projeto Nossas Crianças,<br />

que muito contribuiu para o envolvimento cada vez maior dos financiadores.<br />

D Fornecer dados que assegurem que as crianças existem de fato<br />

Ou seja, o contribuinte não deve ter a impressão que colabora apenas<br />

"estatisticamente". No caso do Nossas Crianças não se recomenda porém a<br />

individualização, para o contribuinte, da criança beneficiada por ele. O<br />

contribuinte deve ter ao seu dispor, isso sim, a lista de entidades parceiras, os<br />

números de crianças atendidas, enfim, as informações gerais que comprovem<br />

que o dinheiro que ele investe reverte em benefício direto para uma criança e,<br />

caso ele tenha interesse, informações sobre a entidade que a atende.<br />

TUDO ISSO, A NOSSO VER, ESTABELECE, CONSOLIDA E PRESERVA O<br />

COMPROMISSO MÚTUO ENTRE O PROJETO E SEUS PARCEIROS<br />

FINANCIADORES.


10. A Necessidade do Acompanhamento Técnico<br />

Apenas para atender aos requisitos de constante e precisa informação<br />

aos Contribuintes, já seria necessário manter um sistema de monitoração das<br />

atividades das entidades e instituições conveniadas. Mas essa necessidade tem<br />

razões mais profundas.<br />

Como o Projeto não visa apenas alcançar metas numéricas, mas também<br />

patamares de qualidade no atendimento, é necessário acompanhar de perto o<br />

trabalho de prestação destes serviços aos jovens e crianças de baixa renda.<br />

Para tanto acreditamos que seja preciso:<br />

A Equipe capacitada<br />

Necessitamos, para operar o Projeto Nossas Crianças, contar comum<br />

corpo de profissionais que, por formação experiência, sejam capazes de avaliar<br />

o trabalho de uma entidade de atendimento social. Descobrimos que é bom unir<br />

profissionais de diversas especialidades, um corpo técnico com aptidões e<br />

talentos multidisciplinares, de modo a iluminar as avaliações, por assim dizer,<br />

sob várias luzes.<br />

B Supervisão e Acompanhamento<br />

Isso significa dividir, com os gestores e educadores responsáveis pelos<br />

atendimentos, suas angústias, dúvidas, acertos e erros. Esta atitude é<br />

importante porque gera boa parte das informações destinadas aos<br />

contribuintes e nos traz, enquanto equipe, preciosos dados de avaliação. A<br />

supervisão e o acompanhamento devem ocorrer através de relatórios e visitas<br />

periódicas. Porém é preciso tomar cuidado para que esta atividade não se<br />

transforme ou pareça uma ingerência dentro das entidades. Ela é somente uma<br />

tarefa necessária para avaliar aquilo que tem relação com o Projeto. Esta<br />

distinção é sutil mas importante


C Reuniões de Avaliação Coletivas<br />

Na Mecânica do Projeto Nossas Crianças, uma vez por mês,<br />

necessariamente, as entidades reúnem-se com a Coordenação do Projeto para<br />

receberem o Repasse Mensal. Cremos ser a ocasião ideal para estabelecer<br />

discussões conjuntas sobre a totalidade do trabalho, identificar áreas críticas<br />

e buscar soluções.<br />

D Prestação de Contas<br />

Mensal, é o registro financeiro, acompanhado de notas e comprovantes,<br />

das despesas efetuadas para a manutenção dos atendimentos. O Repasse de<br />

Recursos para as instituições deve primar pela pontualidade e regularidade. É<br />

por isso que as contribuições devem também ser pontuais. No caso da operação<br />

do Projeto Nossas Crianças os boletos são pagos até o dia 20, os dados são<br />

consolidados aproximadamente até o dia 25, e no último dia útil do mês o<br />

Repasse, a Prestação de Contas e a Supervisão Coletiva têm lugar.


11. Organizando Parcerias Diferenciadas<br />

Se as etapas de montagem do Projeto, como mostradas até aqui, forem<br />

seguidas, achamos provável que este venha a obter o desejado Engajamento<br />

Social.<br />

Uma das conseqüências mais interessantes disso, ligada à questão da<br />

Mobilização Social, é que surgem ofertas de outros tipos de contribuições que<br />

não as Adoções Financeiras.<br />

Entretanto, estas contribuições outras também seguem o conceito de<br />

UNIR ESFORÇOS EM PROL DE CRIANÇAS E JOVENS.<br />

São oferecimentos de serviços ou produtos que, através da estrutura do<br />

Projeto, vão fortalecer as entidades e aumentar a qualidade do atendimento<br />

destinado a adolescentes e crianças de baixa renda. Ou seja, são Parcerias,<br />

mesmo que de outro tipo.<br />

Isso quer dizer que abre-se, num Projeto como esse, um leque de<br />

Parcerias diferenciadas. É preciso aproveitá-las e, para isso, é preciso<br />

organizá-las. A grosso modo eis alguns exemplos, além dos Parceiros<br />

Contribuintes que, como já sabemos, são os financiadores diretos do Projeto


Existem Parceiros que repassam Serviços e Produtos às entidades. Às<br />

vezes são serviços especializados, como - por exemplo - no caso de Institutos e<br />

Associações de oftalmologistas que ofereceram tratamentos de moléstias<br />

oculares, inclusive cirurgias, às crianças beneficiadas pelo Projeto. Outra<br />

iniciativa deste gênero foi a oferta de uma escola de informática de mais de<br />

150 bolsas de estudo para adolescentes de baixa renda. Incluem-se nesta<br />

categoria, ofertas de produtos diferenciados, que vão de ingressos para<br />

espetáculos a aviamentos de receitas de óculos e planos de saúde. Todos estes<br />

exemplos ocorreram de fato no Projeto Nossas Crianças.<br />

Existem Parceiros que criam em suas empresas e associações<br />

departamentos ou setores para agir em favor das crianças e jovens. Não<br />

oferecem produtos ou serviços, mas criam novas atividades. Estes Parceiros<br />

em Projetos em favor da infância podem, por exemplo, destinar parte dos<br />

lucros que obtêm para o Projeto, ou incluir em seus produtos ou merchandising<br />

mensagens de apoio, ou unir seus funcionários em Grupos, Fundações ou Clubes<br />

voltados para apoiar estas iniciativas.<br />

Existem Parceiros Financiadores de projetos das entidades<br />

conveniadas: oferecem recursos para construções, reformas, treinamentos,<br />

iniciação ao trabalho, implantação de processos de captação de renda, etc.,<br />

seja por subsídio direto, seja por porcentagens em vendas ou lucros. Assim, o<br />

Projeto Nossas Crianças viabilizou, por exemplo, a construção de um novo<br />

edifício para uma das suas creches conveniadas através do financiamento de<br />

um banco. E a contratação de especialistas na avaliação de resultados em<br />

educação, necessária ao Projeto, só ocorreu com o financiamento de uma<br />

<strong>Fundação</strong> Privada.


Não devemos esquecer também os Parceiros Doadores, que colaboram<br />

com doações materiais para entidades indicadas pelos técnicos do Projeto. As<br />

doações são de todo tipo e podemos citar, a título de exemplos, alimentos;<br />

vestuários; produtos de higiene e limpeza; móveis; computadores e<br />

eletrodomésticos; materiais pedagógicos, lúdicos, de construção e de<br />

escritório; papéis e latas para reciclagem; discos e livros; brinquedos e<br />

bicicletas.<br />

Finalmente existem os chamados Parceiros Voluntários, pessoas físicas que<br />

oferecem horas de seu trabalho, gratuitamente, para uso do Projeto Nossas<br />

Crianças ou das entidades conveniadas. A lista de exemplos, aqui, vai d e<br />

enfermeiras a dentistas, de professores de idiomas a arquitetos e<br />

engenheiros, de terapeutas a advogados. Por ser um tipo de Parceria mais<br />

delicada vamos examiná-la mais de perto, a seguir.


12. Organizando o Voluntariado<br />

Em relação ao último tipo de Parceiros de que falamos, é necessário<br />

dizer que Projetos nos moldes do Nossas Crianças recebem alto número de<br />

ofertas de trabalho voluntário. As ofertas variam de profissionais liberais que,<br />

com mais clareza, doam parte de seu tempo para trabalhos nas áreas em que<br />

são especializados (médicos, dentistas, advogados, engenheiros, arquitetos,<br />

músicos, etc.) até candidatos que não sabem bem o que desejam e como querem<br />

contribuir.<br />

Os primeiros têm mais chances de não se frustrarem: sabem o que<br />

querem e o que podem fazer. Os segundos podem acabar decepcionados: o<br />

trabalho voluntário não é pago, MAS É TRABALHO. Ou seja, deve ter hora,<br />

compromisso, metas.<br />

Para tentar organizar essa oferta e evitar futuras decepções, o Projeto<br />

Nossas Crianças realiza, a cada dois meses, uma reunião com os candidatos a<br />

voluntários. Nela apresenta-se a <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> e o Projeto, e discute-se o<br />

Voluntariado.


Para aproveitamento dos voluntários acreditamos ser preciso:<br />

· Atender os candidatos.<br />

· Cadastrar os candidatos por especialidades, disponibilidade, etc.<br />

· Ter cadastradas e atualizadas as necessidades das entidades.<br />

· Cruzar os dados dos candidatos com as necessidades das entidades.<br />

· Capacitar tanto o voluntário para a ação a ser desenvolvida, quanto a<br />

entidade que irá rec ebê-lo.<br />

· Encaminhar os candidatos que têm aproveitamento.<br />

· Dar satisfação aos que não forem aproveitados.<br />

PORTANTO, É NECESSÁRIO AVALIAR COM PONDERAÇÃO E<br />

REALISMO O VOLUNTARIADO. ELE DEMANDA UM<br />

CONSIDERÁVEL GRAU DE ORGANIZAÇÃO E EXIGE O<br />

ACOMPANHAMENTO DO TRABALHO DOS VOLUNTÁRIOS E DE<br />

SEU COMPROMISSO COM AS TAREFAS ASSUMIDAS, CASO<br />

CONTRÁRIO DE NADA ADIANTARÁ.


13. Capacitar as Entidades<br />

Desde o Capítulo 9 (Preservando o Engajamento Social) estamos falando<br />

das tarefas relativas à Manutenção do Projeto Nossas Crianças.<br />

Este trabalho de "manter acesa a chama", nas condições que nós do<br />

Projeto Nossas Crianças encontramos na Grande São Paulo, ou seja, na nossa<br />

realidade, apontou com naturalidade para a conclusão de que era necessário<br />

DAR CONDIÇÕES DE QUALIDADE ÀS INSTITUIÇÕES, ou seja, capacitálas.<br />

A única forma de assegurar a manutenção de uma excelência no<br />

atendimento, inerente à filosofia do Projeto e fundamental para manter o<br />

compromisso, é - para nós, e dentro deste Diagnóstico - implementar a<br />

Capacitação Técnico-Gerencial das entidades.<br />

Este plano deve atender às necessidades de melhoria da Qualidade da<br />

Gestão, da Operação Técnica e da Atividade Pedagógica e Educacional.<br />

A Qualidade Pedagógico-educativa das entidades deve ser suficiente<br />

para gerar projetos educacionais claros, de caráter formativo, adequados às<br />

necessidades das crianças e adolescentes, tendo em vista seu pleno<br />

desenvolvimento, com planejamento de longo prazo, superando a mera<br />

"ocupação do tempo"


A Qualidade Técnica deve situar-se num nível que permita integração<br />

interna, através da compreensão clara das metas finais da entidade pelos<br />

técnicos. Estes devem ter treinamento e formação adequada à especificidade<br />

dos diversos tipos de atendimento nas áreas de saúde, alimentação, assistência<br />

social, educação, esportes e cultura.<br />

A Qualidade Gerencial deve avançar na busca da Competência e de<br />

Conhecimentos, tornando-se mais moderna e democrática, incorporando<br />

conceitos de Marketing, Captação de Recursos e Administração de Empresas,<br />

como custo-benefício, planejamento estratégico, etc.<br />

PARA EXECUTAR ESTE PLANO DE CAPACITAÇÃO O PROJETO<br />

NOSSAS CRIANÇAS PROPÕE UM TRABALHO DE DOIS ANOS,<br />

COMPOSTO, NO PRIMEIRO ANO, POR UM PROCESSO DE<br />

SENSIBILIZAÇÃO E, NO ANO SEGUINTE, PELA CAPACITAÇÃO<br />

TÉCNICA PROPRIAMENTE DITA.<br />

Sensibilização é dividida em Seminários para Gerentes e Encontros de<br />

Educadores. Estas reuniões abordam temas relacionados ao trabalho das<br />

entidades, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, Formação de uma<br />

Rede de Entidades, Qualidade de Serviços na instituição social, Marketing<br />

Social e Captação de Recursos, etc.


O objetivo da Sensibilização é abrir novos horizontes e dar início a uma<br />

discussão inédita entre as instituições. Esse debate diz respeito às concepções<br />

que nortearam a criação do próprio Projeto Nossas Crianças, dentro de seu<br />

contexto e situação específica, e que em nosso entender são:<br />

QUE a Iniciativa Privada tem interesse em apoiar idéias bem desenvolvidas,<br />

QUE é preciso aproveitar a experiência empresarial que visa o sucesso do<br />

negócio para adaptá-la às necessidades da ação social,<br />

QUE a junção de empresários de visão social com técnicos capacitados produz<br />

resultados de grande originalidade e repercussão,<br />

QUE o gerente de uma instituição deve ter na ponta da língua quantos reais<br />

arrecada para cada real investido,<br />

QUE deve conhecer o custo mensal de cada atendimento, etc<br />

É importante notar que a Capacitação, tal como proposta no Projeto,<br />

estrutura as instituições no rumo da sua AUTONOMIA administrativa,<br />

pedagógica, técnica e financeira<br />

Atenção: sublinhamos mais uma vez que o objetivo NÃO É substituir o Estado e<br />

seus deveres constitucionais mas, pelo contrário, fortalecer as Entidades para<br />

que tenham mais força e fundamento para exigir que o Estado cumpra sua<br />

parte, para que possam formar uma Rede que lhes dará inédita força política na<br />

Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.


No caso específico do Projeto Nossas Crianças, ainda se conta com a<br />

parceria de psicanalistas para a montagem de Grupos de Escuta, aonde os<br />

profissionais das entidades encontram um espaço para externar dúvidas<br />

pessoais e sobre as transformações trazidas pelo Projeto. No segundo ano<br />

deste processo o Projeto vai envolver gerentes, educadores e técnicos em<br />

Cursos, Seminários, Treinamentos, Oficinas e Laboratórios Práticos que<br />

constituem a Capacitação propriamente dita.<br />

O objetivo desta segunda parte do trabalho é consolidar, entre os<br />

profissionais das entidades conveniadas, uma atitude diferenciada e uma ação<br />

objetiva que altere fundamentalmente o modelo assistencialista dentro de<br />

cujos limites muitas instituições ainda permanecem, instrumentando<br />

efetivamente para a aplicação dos conceitos abordados na Sensibilização.<br />

Os efeitos positivos do conjunto do processo de Capacitaçã o poderão<br />

ser sentidos em todos os campos de atividade das entidades. A título de<br />

exemplo, abordaremos agora a Captação de Recursos e a Comunicação Social<br />

sob estes critérios.


14. Princípios de Captação de Recursos<br />

Conforme os conceitos expostos acima, e observando o próprio modelo<br />

de Captação do Projeto Nossas Crianças, que tem profissionais de Captação de<br />

Recursos e Marketing Social para isso, acreditamos na validade de alguns<br />

princípios:<br />

A A postura para um levantamento eficaz de fundos não pode ser mais a<br />

de um pedido de apoio financeiro feito simplesmente em bases emotivas,<br />

que existem e tem relevância, com certeza, mas que precisam ser<br />

consideradas como outros elementos justificadoresde um<br />

INVESTIMENTO SOCIAL.<br />

O que se oferece aos financiadores não é apenas a oportunidade de uma<br />

ação benemérita, louvável, generosa, etc. É, sim, a oportunidade de<br />

INVESTIR num bom produto.<br />

B O trabalho das entidades sociais,obtendo Qualidade, constitui um<br />

SERVIÇO DE VALOR, passível de um processo de VENDA (em sentido<br />

amplo). Não é mais possível ter vergonha de afirmar que tal serviço é<br />

também um PRODUTO, embora produto social. É preciso falar a<br />

linguagem do mercado e da sociedade em que se vive.<br />

C Para isso é necessário contar com uma IMAGEM POSITIVA, que não é<br />

mero fruto de uma ação de Marketing "esperta" ou de uma Campanha de<br />

Arrecadação "estrondosa" (que tem seu mérito), mas sim da<br />

CONSTRUÇÃO DE UMA CREDIBILIDADE, da qual a Transparência, o<br />

Fluxo Constante de Informações, a Competência, a Seriedade, o Repasse<br />

Integral e outros pontos que abordamos acima são os pilares de<br />

sustentação.


D A adoção desta postura contemporânea na Captação de Recursos não<br />

equivale ao abandono de PRECEITOS ÉTICOS ESSENCIAIS. Ou seja,<br />

não é indicado que o Projeto tenha sua imagem pública associada a<br />

Empresas cujos produtos são impróprios para crianças, embora nada<br />

deva impedir suas eventuais contribuições.<br />

E A variável da LOCALIZAÇAO e da regionalização da contribuição é<br />

importante. Os parceiros financiadores, físicos ou Jurídicos, sempre vão<br />

preferir investir seus recursos junto às comunidades onde estão<br />

presentes.<br />

Nota: é também em função da manutenção desta credibilidade que JAMAIS,<br />

em hipótese alguma, as Contribuições devem ser empregadas para a<br />

manutenção ou operação técnica das próprias entidades, fundações ou<br />

instituições. Esta atitude é totalmente contraproducente. O Repasse Integral<br />

das contribuições exclusivamente para cobrir os custos diretos é na verdade<br />

um dos trunfos mais importantes do Projeto Nossas Crianças.


15. Princípios de Comunicação e Credibilidade<br />

O fluxo constante, preciso e atualizado de informações enviadas<br />

diretamente aos contribuintes precisa ser complementado por um tipo de<br />

divulgação cujo alvo é mais generalizado, socialmente falando, mas que tem a<br />

vantagem de oferecer um grande potencial de credibilidade: o trabalho com a<br />

Imprensa.<br />

ESTE TEMA RELACIONA-SE AO DA BOA GERÊNCIA.<br />

Pela nossa experiência, um gestor social atualizado precisa saber porque<br />

a Mídia Jornalística tem particular importância.<br />

O termo "Mídia", de fato, incorpora tanto inserções pagas ou doadas<br />

(espaços publicitários, comerciais de TV, spots de rádio, campanhas) quanto a<br />

Imprensa como um todo.<br />

Entretanto, apesar do impacto que pode ser atingido numa campanha, a<br />

divulgação que fornece a maior credibilidade é a que ocupa o chamado ESPAÇO<br />

EDITORIAL.<br />

Espaço Editorial é todo o tempo em rádio e telejornalismo, e toda<br />

matéria, artigo, reportagem ou foto não publicitária de jornais, revistas<br />

e outras publicações de informação diária, semanal, mensal, etc.<br />

A impressão mais comum de quem lê, assiste ou ouve uma notícia, na<br />

imprensa, de uma entidade ou Projeto, é que o jornalista foi ao local, viu<br />

do que se tratava e achou bom, tanto assim que publicou.


Para conquistar este espaço, entretanto, é preciso atentar para alguns<br />

pontos:<br />

Profissionalizar a relação entre a entidade e a imprensa, ou seja, contar<br />

com um serviço de Assessoria de Imprensa a cargo de gente do ramo. Isso não<br />

significa necessariamente um custo elevado. Em primeiro lugar é possível<br />

contar com voluntários para isso. Numa situação um pouco melhor pode-se<br />

trabalhar com estagiários de jornalismo, ou até com um serviço terceirizado.<br />

Uma Assessoria de Imprensa própria deve ser uma opção reservada apenas<br />

para o momento em que o volume de informações for muito grande.<br />

Manter o fluxo de informação de forma constante, através de releases,<br />

entrevistas coletivas e contatos pessoais, de forma honesta, transparente e<br />

sem preconceitos. Nem o jornalista deve ser visto como um "bicho papão", nem<br />

a entidade deve ter complexos de inferioridade ou vergonha do que faz. Em<br />

caso de erro, é preciso imediatamente assumir que se errou. Com o tempo esta<br />

postura conquista espaço, credibilidade e amigos na imprensa.<br />

Constrói-se uma relação de confiança<br />

É preciso ter consciência dos limites desta ação, que só é bem sucedida<br />

se tem uma verdade, um serviço realmente bom por detrás. A mídia, sozinha,<br />

não será capaz de manter e conquistar uma reputação positiva para o trabalho<br />

se este não tiver consistência.<br />

Trata-se de fazer um trabalho profissional, e não milagres.


Não esquecer que mesmo este trabalho precisa, num Projeto como o<br />

Nossas Crianças, fazer o papel de articulador. Ou seja, geralmente é preciso,<br />

para atender à imprensa, não apenas passar a informação, mas dar ao jornalista<br />

a oportunidade de verificar in loco a veracidade dos dados. Portanto, será<br />

necessário agendar entrevistas e reportagens tanto internamente, no âmbito<br />

do próprio Projeto, como externamente, junto às entidades beneficiadas.<br />

Seguindo estas poucas e simples normas, o relacionamento com a<br />

imprensa tende a trazer grandes benefícios para a instituição, ampliando<br />

sobremaneira seu espaço de influência e o alcance de sua voz.<br />

TUDO ISSO MOSTRA QUE O TRABALHO SOCIAL PELA DEFESA E<br />

IMPLEMENTAÇÃO DOS DIREITOS DE CRIANÇAS E<br />

ADOLESCENTES ALIMENTA-SE TAMBÉM DO QUE PODERÍAMOS<br />

CHAMAR DE UM "CÍRCULO VIRTUOSO":<br />

Quanto mais Transparência, Pontualidade e Integralidade de Repasse,<br />

mais Credibilidade. Quanto mais Credibilidade, melhor a Imagem Pública.<br />

Quanto melhor for a Imagem Pública, mais fácil a Captação de Recursos.<br />

Quanto maior a Captação, mais Repasses Integrais, Pontuais, Transparentes,<br />

etc. No Projeto Nossas Crianças, cada ponto programático reforça os demais,<br />

integrando, no cotidiano, Política, Comunicação, Captação e Operação de<br />

Projeto.


16. Avaliando o Impacto<br />

O Projeto Nossas Crianças tem uma preocupação "de berço" que é a de<br />

estar constantemente acompanhando e avaliando os efeitos das próprias ações.<br />

No processo de Capacitação não é diferente.<br />

A Avaliação do Impacto é parte integrante do processo.<br />

Para isso é necessário contar com a participação, voluntária ou<br />

contratada, de profissionais especializados, pesquisadores e pós-graduandos,<br />

capazes de realizar esta tarefa.<br />

A Avaliação começa por um diagnóstico inicial das entidades, feito antes<br />

de passarem pelo processo, que levanta todas as informações existentes,<br />

inclusive os dados históricos - onde transparece sua dinâmica evolutiva - e<br />

parte, ao mesmo tempo, para a pesquisa direta.<br />

Todos os aspectos do atendimento - a qualidade do gerenciamento, a<br />

captação de fundos, a estrutura física e organizacional, o preparo do corpo<br />

técnico - são investigados.<br />

A seguir, parte-se para o acompanhamento, passo a passo, das evoluções<br />

internas nas entidades à medida que elas são submetidas ao processo de<br />

Capacitação.<br />

Esta etapa da avaliação deve necessariamente promover entrevistas<br />

diretas e pessoais com os diretores ou gestores de cada entidade e no mínimo<br />

três funcionários: um da área administrativa, outro da pedagógica e, se<br />

possível, um profissional que exerça funções básicas ou de apoio técnico ao<br />

trabalho.<br />

O diagnóstico final, individual para cada entidade, deve apresentar<br />

conclusões sobre o impacto da Capacitação nos níveis técnico -operativo; na<br />

coordenação educacional, social e psicológica; e na gestão e direção das<br />

instituições.


Este acompanhamento, executado simultaneamente à Capacitação, dá o<br />

retorno técnico à equipe do Projeto, permitindo saber se a condução do<br />

processo como um todo é bem sucedida ou se necessita de correções.<br />

As conclusões iniciais da nossa Avaliação de Impacto, que ainda está<br />

ocorrendo, até agora são:<br />

É essencial que a frequência às atividades da Capacitação seja regular,<br />

não só quanto à entidade conveniada, mas quanto ao comparecimento da mesma<br />

pessoa, caso contrário a apropriação interna dos novos conhecimentos fica<br />

truncada e difícil de ser multiplicada;<br />

A equipe de supervisão do Projeto deve fazer a ponte entre o que está<br />

sendo dito e a atividade prática, cotidiana, das entidades, sem o que o discurso<br />

fica de difícil entendimento por não haver elo claro entre a teoria e as<br />

questões diárias das instituições;<br />

Finalmente, durante a Capacitação, o acompanhamento das atividades nas<br />

entidades conveniadas precisa ser mais sistemático, estar mais próximo, de<br />

modo a orientar a aplicação real dos conteúdos dos Encontros e Seminários<br />

O importante, porém, é entender que a Avaliação é parte<br />

Integrante do Projeto desde o seu começo. Ou seja, deve estar<br />

prevista, tanto em termos técnicos quanto financeiros, desde o início<br />

do planejamento.<br />

Só com uma avaliação permanente, atuante em cada etapa da ação,<br />

é possível garantir o funcionamento do Projeto como proposto e que<br />

seus resultados sejam efetivos e eficazes.


Conclusão<br />

Desenhamos, em linhas gerais, os valores, estrutura e mecânica do<br />

Projeto Nossas Crianças, conforme nossa experiência nos últimos quatro anos.<br />

Não pretendemos, porém, possuir alguma "fórmula pronta", a única e<br />

definitiva solução do imenso problema de garantir dignidade e cidadania a<br />

nossas crianças e adolescentes. Nas condições que enfrentamos, estas foram<br />

as soluções que achamos. Apenas isto.<br />

Oferecemos este documento, entretanto, na esperança que ele possa<br />

fornecer "pontos de baliza" para auxiliar indivíduos e empresas na montagem<br />

de propostas bem estruturadas e com chances de sucesso no apoio a crianças e<br />

jovens de famílias empobrecidas.<br />

Quem sabe o Projeto Nossas Crianças, com outros nomes e novas e até<br />

melhores características, possa se reproduzir Brasil afora, uma, dez, mil vezes.<br />

Isso seria, para nós, uma grande alegria.<br />

Temos também consciência que a simples leitura de um <strong>Manual</strong>, por<br />

melhor que seja, não é suficiente para a plena implementação do Projeto ou de<br />

iniciativa semelhante. A prática é fundamental.<br />

E sabemos que o fim deste drama passa pela mudança de valores sociais<br />

arraigados.<br />

Mas continuamos a crer que, se nada fizermos agora,<br />

nada vai mudar no futuro.<br />

E esperamos que você, que nos acompanhou até aqui, pense o mesmo.


AGRADECIMENTOS<br />

Na oportunidade da edição deste <strong>Manual</strong> a <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> pelos Direitos da<br />

Criança deseja externar de público seu reconhecimento a todos que através de<br />

financiamento e apoio, possibilitaram o sucesso do Projeto Nossas Crianças.<br />

Mencionamos, com especial gratidão, a <strong>Fundação</strong> W K. Kellogg que, desde o<br />

início do Projeto, acreditou em nossa capacidade de realização e que traduziu<br />

esta crença na imprescindível sustentação material de que todo sonho<br />

necessita.<br />

Igualmente fundamentais foram os suportes que recebemos de Vitae - Apoio<br />

à Cultura, Educação e Promoção Social e do Serviço Nacional de<br />

Aprendizagem Comercial - SENAC/SP que demonstraram, concretamente,<br />

que nunca estivemos sós nessa luta.<br />

Nem foi outra a postura de Cisele Ortiz, Helda de Oliveira Abamanssur Marisa<br />

Candido Ferreira, Sara Cristófaro e Tatiana de Fiori Não queremos, porém,<br />

deixar de citar todas as pessoas, empresas, entidades parceiras, associações e<br />

profissionais voluntários que, ao longo do tempo, se engajaram no grande<br />

esforço que tornou o Projeto Nossas Crianças o que ele é hoje:


A Nossa Casa - Pastoral dos Cortiços, A Nossa Casa da Criança, Ação Social<br />

Franciscana do Brasil - Núcleo Nossa Senhora Aparecida, ACOESP -<br />

Associação das Clínicas Ortopédicas do Estado de São Paulo, Adidas do Brasil,<br />

Aldaísa Sposati, Alessandra Scurti, Antonio Carlos Gomes da Costa, Aron<br />

Fildman, Arrastão - Movimento de Promoção Humana, Assistência Social Santo<br />

Antônio, Associação Beneficente Lar Benjamin, Associação Comunitária Monte<br />

Azul, Associação Cristã de Casais Vila Acalanto, Associação Cultural Recreativa<br />

e Social Turma da Touca, Associação de Promoção Social e Educação Popular,<br />

Associação dos Cavaleiros da Soberana Ordem Militar de Malta de São Paulo e<br />

Brasil Meridional, Associação Maria Helen Drexel, Associação Santa<br />

Terezinha, Boehringer De Angeli Química e Farmacêutica, CardSystem, Celso<br />

Ferreti, Cenise Monte Vicente, Centro Comunitário Casa Mateus, Centro<br />

Comunitário da Criança e do Adolescente, Centro Comunitário Nossa Senhora<br />

Aparecida, Centro de Educação Popular da Comunidade Nossa Senhora<br />

Aparecida, Centro de Promoção Social Bororé, Centro de Promoção Social S.<br />

Caetano de Thiene, Centro de Recuperação e Educação Nutricional, Centro<br />

Educacional Comunitário 9 de Julho, Centro Educacional Comunitário da Criança<br />

e do Adolescente Ademir de Almeida Lemos", Centro Educacional Comunitário<br />

Santa Ângela, Centro Educacional Comunitário S. Francisco de Assis, Centro<br />

Educacional Comunitário S.José Operário, Centro Educacional Comunitário S.<br />

Paulo Apóstolo, Centro Educacional Comunitário Tabor, Centro Educacional<br />

Pingo D'Água, Centro Espírita Irmã Nice - Lar de Infância de Nice, Centro São<br />

Camílo de Convivência infantil, Centro Social de Parelheiros, Centro Social<br />

Santa Rita de Cássia - Comunidade Kolping de Vila Dirce, Colégio Equipe,<br />

Comitê Ação da Cidadania, contra a Miséria, pela Vida dos funcionários do<br />

BANESPA, Comunidade Eciesial de Base do Sítio Pinheirinho, Comunidade<br />

Inamar - Educação e Assistência Social, Creche Lar Jane Suzana, Credicard,<br />

Dako do Brasil, Diário Poular, Divisão Feminina do Fundo Comunitário do Estado<br />

de São Paulo, DOC - Documentação Radiológica, Edisa - Hewlett Packard,<br />

Editora Duna, Educandário Dom Duarte, ElizabethTrovão, Escola de<br />

Administração de Empresa de SP - FGV, Fanny Dombrowski, Fantasy Place - Rio<br />

Pinheiros Diversões, Fátima Belo, Fábio Bibancos de Rosa, Federação lsraelita<br />

do Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Fotoptica, <strong>Fundação</strong> Casa do<br />

Pequeno Trabalhador, <strong>Fundação</strong> Filantrópica Safra, Fundacentro, Gazeta<br />

Mercantil, HospItal São Paulo, IMO - Instituto de Moléstias Oculares<br />

Dr.Virgilio Centurion, Ind. Química e Farmacêutica Schering Plough, Instituto<br />

C&A de Desenvolvimento Social, Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de


Diadema, Ismar Lissner, JB Duarte, Jornal da Tarde, Lar Dom Orione das<br />

Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade, Lar Plantio do Amor, Lew Lara<br />

Propeg, Luiz Carlos Merege, Maria Cecília Ziliotto, Maria Malta Campos,<br />

Mariangela Nicoieilis, McCann Erickson Publicidade, Melanie Farkas, Moriz<br />

Blinkstein, Multidata Escola de Informática, Natlhan Back, Natura Cosméticos,<br />

0 Estado de São Paulo, Obra Social São Francisco Xavier, Produtora<br />

Associados, Rachei Gevertz, Rádio Eldorado, Renato Soffiati Mesquita de<br />

Oliveira, Revista Exame, Revista Isto É, Revista Pequenas Empresas Grandes<br />

Negócios, Revista Veja São Paulo, Rosa A. Moysés, Saúde Assistência Médica<br />

Internacional, SBT - Sistema Brasileiro de Televisão, Sérgio Miletto, Silvia<br />

Gomara Daffre, Sociedade Beneficente Gotas de Amor, Sociedade<br />

Beneficente Vivenda da Criança, Sociedade do Cantinho da Esperança,<br />

Sociedade Brasileira de Psicanálise, Telemídia, TV Bandeirantes, TV Gazeta,<br />

TV Globo, TV Manchete, TV Record, TVA<br />

Finalmente, agradecemos aos mais de dois mil contribuintes - pessoas físicas<br />

e jurídicas - que, até agora, nos deram mensalmente o respaldo de sua<br />

generosidade mantendo diretamente os convênios através dos quais este<br />

Projeto busca garantir uma vida e um futuro melhor para nossas crianças e<br />

adolescentes. Em nome de todos eles, nosso muito obrigado.<br />

__________________________________________________________<br />

ESTE MANUAL FOI realizado por iniciativa da FUNDAÇÃO ABRINQ PELOS<br />

DIREITOS DA CRIANÇA, sob coordenação da Equipe do Projeto Nossas<br />

Crianças. Redação de Fabio Malavoglia. Revisão de Helena Terra. Projeto<br />

gráfico e design de Waldernar Zaidier. Editoração eletrônica de Ruy Rubio<br />

Rocha. Coordenação técnica e produção gráfica de Planeta Terra Criação e<br />

Produção Ltda.<br />

São Paulo - 1996

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