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N.º - Ordem dos Enfermeiros

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SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO<br />

Consigo pela Sua Saúde<br />

Quando o calor aperta…<br />

Fe r n a n d o d e Se a b r a<br />

Especialista em Enfermagem de Reabilitação<br />

O verão está à porta. Embora este ano o calor tenha chegado<br />

um pouco mais tarde, as temperaturas altas e o prolongamento<br />

da luz solar indiciam já uma estação que se prevê quente. Os<br />

dias frios e chuvosos que caracterizaram um longo inverno, dão<br />

agora lugar a outros mais secos e quentes.<br />

A generalidade das pessoas saúda a chegada do verão. De<br />

resto, é por excelência o período de férias <strong>dos</strong> portugueses. No<br />

entanto, o aumento da temperatura, a diminuição da humidade<br />

relativa e a maior exposição à radiação solar acarretam<br />

alguns riscos para os quais importa alertar, nomeadamente a<br />

desidratação. Esta, manifesta-se pela insuficiência de água no<br />

organismo para a realização das suas normais funções fisiológicas.<br />

As pessoas mais vulneráveis ao calor e com maior risco de<br />

desidratação são as crianças mais pequenas e os i<strong>dos</strong>os. No entanto,<br />

tende a ser mais incidente nas pessoas i<strong>dos</strong>as, razão pela<br />

qual o presente artigo incidirá neste grupo populacional.<br />

Como sabemos, devido às alterações fisiológicas do envelhecimento,<br />

os i<strong>dos</strong>os podem sentir menos sede e consequentemente,<br />

ingerem menos líqui<strong>dos</strong>. No verão, esta situação aliada<br />

à abundante perda de água pela transpiração, resulta numa<br />

diminuição do volume da mesma no organismo. Por outro<br />

lado, a menor capacidade sensorial aumenta a apetência para<br />

alimentos doces e/ou salga<strong>dos</strong>, cujo consumo potencia os riscos<br />

de desidratação. Há também i<strong>dos</strong>os que por motivos clínicos,<br />

estão sujeitos a dietas com restrição de sal e/ou líqui<strong>dos</strong> e que<br />

devem por esse motivo ter aconselhamento e supervisão mais<br />

frequente por parte da equipa de saúde.<br />

As doenças crónicas, nomeadamente cardiovasculares, respiratórias<br />

e renais, a diabetes e o alcoolismo, constituem também<br />

um factor agravante do risco de desidratação. Até porque<br />

estas patologias implicam necessariamente a toma de medicamentos<br />

que por si só representam também um risco acrescido.<br />

Sejam exemplo os anti-hipertensores e os diuréticos, tão utiliza<strong>dos</strong><br />

entre a população i<strong>dos</strong>a.<br />

Não posso deixar de referir alguns aspectos psicológicos<br />

e sociais do envelhecimento, que condicionam também a sua<br />

capacidade de resposta física à desidratação. A perda de autonomia<br />

funcional do i<strong>dos</strong>o é psicologicamente devastadora.<br />

Alguns i<strong>dos</strong>os recusam-se a admitir a sua condição de dependência,<br />

tendo vergonha ou receio de pedir ajuda. Muitos vivem<br />

apenas com o cônjuge ou sozinhos, o que provoca algum<br />

isolamento social. É portanto essencial a vigilância periódica<br />

destas pessoas por parte <strong>dos</strong> familiares e vizinhos, de forma a<br />

averiguar o seu estado de saúde e as suas necessidades.<br />

Identifica<strong>dos</strong> os riscos, importa então avançar algumas estratégias<br />

de prevenção da desidratação no i<strong>dos</strong>o.<br />

A primeira e mais importante, passa naturalmente pelo aumento<br />

da ingestão de água ou sumos naturais (cerca de 2 litros<br />

por dia), mesmo que não haja sensação de sede. É vital que as<br />

bebidas ingeridas não tenham açúcar, cafeína, gás ou álcool. As<br />

refeições devem ser mais leves e frequentes.<br />

Um precioso indicador do estado de hidratação é a quantidade<br />

de urina excretada e o seu aspecto. Assim, a diminuição de<br />

urina eliminada, o aumento da sua concentração e a presença<br />

de odor, são sinais de alerta.<br />

A exposição solar deve ser restringida nos perío<strong>dos</strong> de maior<br />

calor. Particularmente entre as 11 e as 17h, é recomendável a<br />

permanência em ambientes frescos. O i<strong>dos</strong>o deve utilizar um<br />

protector solar, com factor de protecção preferencialmente superior<br />

a 20, usar chapéu e óculos de sol, bem como roupa larga<br />

de algodão e cores claras.<br />

A actividade física deverá ser restringida nos perío<strong>dos</strong> de<br />

mais calor. É importante diminuir os esforços físicos para evitar<br />

a sobrecarga cardíaca e aumentar os perío<strong>dos</strong> de repouso em<br />

locais com sombra e areja<strong>dos</strong>.<br />

Fica então o alerta. A desidratação assume especial gravidade<br />

nas pessoas i<strong>dos</strong>as. Esteja desperto para o problema e procure<br />

informação adicional junto <strong>dos</strong> profissionais de saúde.<br />

Enfermagem e o Cidadão | 9

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