07.01.2015 Views

Versão PDF - correio de venezuela

Versão PDF - correio de venezuela

Versão PDF - correio de venezuela

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

22<br />

opiniÃo <strong>correio</strong> <strong>de</strong> <strong>venezuela</strong> • 05 a 11 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011<br />

alta tribuna ›<br />

Dois minutos<br />

“O tempo é ouro,<br />

mas só para quem o<br />

aproveita”<br />

Antonio López Villegas<br />

O<br />

tempo é um “recurso<br />

natural não<br />

renovável” pelo<br />

que <strong>de</strong>vemos utilizá-lo<br />

racionalmente. Tenho<br />

utilizado esta expressão, sistematicamente,<br />

nas minhas conferências<br />

acerca da “Gestão do<br />

tempo”: “O tempo é ouro, mas<br />

só para quem o aproveita”. Certamente,<br />

se nos <strong>de</strong>scuidamos,<br />

o tempo voa e escapa-nos. Por<br />

esta mesma razão, é necessário<br />

viver o momento presente<br />

que nos ensina e nos motiva<br />

a cuidar do tempo. É um costume<br />

quase generalizado que<br />

marquemos compromissos<br />

para uma hora e os encontros<br />

se materializem meia hora<br />

<strong>de</strong>pois. E isto acontece como<br />

algo normal. Tal ocorre com<br />

o canalizador, com o carpinteiro,<br />

o mecânico, o médico e,<br />

entre outros, com quase todo<br />

o mundo. Ou seja, o <strong>de</strong>srespeito<br />

pelo tempo do outro é<br />

quase natural. De tal maneira<br />

que quando conseguimos estar<br />

com alguém que respeita o<br />

nosso tempo, o menos que <strong>de</strong>vemos<br />

fazer é ren<strong>de</strong>r-nos ante<br />

tamanha cortesia e, na minha<br />

maneira <strong>de</strong> ver, há que reconhecer-lhe<br />

esta tão “estranha” e<br />

meritória conduta. "<br />

”Para conhecer o valor <strong>de</strong><br />

um minuto, pergunte a alguém<br />

que acaba <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o<br />

seu comboio, o seu avião ou<br />

o autocarro, e para conhecer<br />

o valor <strong>de</strong> um milésima <strong>de</strong> segundo,<br />

pergunte a alguém que<br />

acaba <strong>de</strong> ganhar uma medalha<br />

nas Olimpíadas”. É uma frase<br />

que já temos lido antes em<br />

alguma meditação reflexiva.<br />

No entanto, no quotidiano da<br />

nossa caótica cida<strong>de</strong>, cair nos<br />

extremos e ser-se exigente por<br />

causa <strong>de</strong> dois minutos <strong>de</strong> atraso<br />

é algo como “procurar as<br />

cinco patas do gato”.<br />

Creio que o respeito começa<br />

por respeitar o tempo<br />

do outro. Mas, por outro lado,<br />

nem sequer nos quartéis se<br />

castigam dois minutos <strong>de</strong> atraso.<br />

Se o que queremos é “lixarlhes<br />

a vida” às outras pessoas,<br />

dois minutos <strong>de</strong> atraso são<br />

suficientes para fazê-lo. Mas<br />

encontrarmos alguém que só<br />

se atrasa dois minutos num<br />

compromisso, é um privilégio<br />

e a essa pessoa <strong>de</strong>vemos tê-la<br />

presente para fazer negócios<br />

porque são uma espécie em<br />

extinção.<br />

crónica ›<br />

Portugal não po<strong>de</strong> parar !<br />

Luis Barreira<br />

A actual situação política<br />

portuguesa, com um governo<br />

<strong>de</strong>missionário e resumido a<br />

exercer apenas actos <strong>de</strong> gestão,<br />

no centro <strong>de</strong> uma grave crise<br />

financeira, que arrasta o País<br />

para uma recessão económica,<br />

não po<strong>de</strong> paralisar os seus<br />

agentes económicos. Situação<br />

que parece estar a acontecer em<br />

alguns sectores!<br />

As empresas e respectivos<br />

empresários, se querem ter responsabilida<strong>de</strong>s<br />

acrescidas no<br />

futuro da socieda<strong>de</strong> portuguesa,<br />

terão <strong>de</strong> ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

resistir às circunstâncias temporais<br />

dos po<strong>de</strong>res políticos e gerirem<br />

os seus negócios, <strong>de</strong> acordo<br />

com as suas próprias forças<br />

e organizações. Em Portugal,<br />

por factores que a nossa história<br />

económica po<strong>de</strong> explicar, o<br />

tecido empresarial viveu, quase<br />

sempre, na <strong>de</strong>pendência do Estado<br />

ou em estreita colaboração<br />

com ele. O 25 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1974,<br />

com a nacionalização dos bancos<br />

e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da nossa<br />

indústria, embora a situação<br />

tivesse sido entretanto alterada<br />

ao longo dos anos, com a sua<br />

privatização, as gran<strong>de</strong>s em-<br />

"O tecido empresarial<br />

viveu, quase sempre,<br />

na <strong>de</strong>pendência do<br />

Estado ou em estreita<br />

colaboração com ele"<br />

presas mantiveram no entanto<br />

“laços <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong>” com o<br />

po<strong>de</strong>r político, que condicionam<br />

o exercício dos seus negócios<br />

e produzem efeitos perversos<br />

junto das instituições.<br />

Naturalmente que, as empresas<br />

e a activida<strong>de</strong> económica<br />

em geral, não estão imunes<br />

à influência das políticas económicas<br />

e financeiras no seu<br />

<strong>de</strong>sempenho, nomeadamente<br />

quando estão profundamente<br />

<strong>de</strong>scapitalizadas ou em <strong>de</strong>pendência<br />

exclusiva do “mercado”<br />

Estado.<br />

Mas hoje, em Portugal, está<br />

criado um conjunto diversificado<br />

e profissional <strong>de</strong> associações<br />

empresariais, a abranger todas<br />

as activida<strong>de</strong>s económicas, que<br />

<strong>de</strong>vem cumprir por si, os objectivos<br />

para que foram criadas,<br />

actuando junto dos seus<br />

associados, facilitando-lhe o<br />

seu <strong>de</strong>senvolvimento, quer na<br />

procura <strong>de</strong> mercados <strong>de</strong> escoamento<br />

dos seus produtos<br />

e serviços, quer na sua relação<br />

com as instituições financeiras<br />

existentes. Portugal está hoje<br />

inserido numa re<strong>de</strong> planetária<br />

<strong>de</strong> negócios e, os seus empresários,<br />

não po<strong>de</strong>m (e não <strong>de</strong>vem)<br />

esperar por uma mudança governamental<br />

para reagirem.<br />

Além disso, no caso da actual<br />

situação económica e financeira<br />

do País, nenhum novo governo<br />

po<strong>de</strong>rá resolver os problemas<br />

mais graves, com que muitas<br />

das empresas portuguesas se<br />

<strong>de</strong>batem. Quando muito, po<strong>de</strong>rá<br />

atenuar alguns custos <strong>de</strong><br />

produção, <strong>de</strong> fiscalida<strong>de</strong> ou<br />

ainda actuar noutros sectores<br />

da socieda<strong>de</strong>, alargando a área<br />

<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s económicas para<br />

as empresas, mas não po<strong>de</strong>rá<br />

salvaguardá-las para o choque<br />

<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>, tão exigente<br />

nos mercados externos<br />

e no próprio mercado interno,<br />

sujeito à concorrência vinda do<br />

exterior. Na activida<strong>de</strong> empresarial<br />

é preciso criativida<strong>de</strong>, organização<br />

e capacida<strong>de</strong> para assumir<br />

riscos, sem esperar pelo<br />

“chapéu” protector do Estado. É<br />

essencial “<strong>de</strong>spertar”<br />

a nossa comunida<strong>de</strong> empresarial<br />

para uma realida<strong>de</strong> bem<br />

diferente daquela que se vivia há<br />

30 anos atrás, incentivando-a a<br />

não <strong>de</strong>ixar cair os braços, com a<br />

queda <strong>de</strong> qualquer governo.<br />

O País po<strong>de</strong> sobreviver algum<br />

tempo sem governo, como<br />

outros países organizados o têm<br />

<strong>de</strong>monstrado, mas não po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixar parar as suas activida<strong>de</strong>s<br />

económicas, sob pena <strong>de</strong> nos<br />

“afundarmos” todos: empresas,<br />

Estado e famílias!<br />

Por estranho que possa parecer,<br />

em situações <strong>de</strong> crise, as socieda<strong>de</strong>s<br />

tomam melhor consciência<br />

dos erros praticados e<br />

estimulam o aparecimento <strong>de</strong><br />

novas fórmulas <strong>de</strong> vivência.<br />

No mundo empresarial,<br />

enquanto parte integrante da<br />

socieda<strong>de</strong>, acontece a mesma<br />

coisa, entre os empresários que<br />

não cruzam os braços. As empresas<br />

reveem as suas estratégias,<br />

organização e capacida<strong>de</strong>s<br />

para atingir os objectivos. Elas<br />

repensam os seus processos<br />

<strong>de</strong> produção, analisam os seus<br />

mercados, alargam os horizontes<br />

<strong>de</strong> apoio, mobilizam os seus<br />

colaboradores e enfrentam o<br />

futuro. Não há investimento<br />

sem risco para os empresários,<br />

sejam eles pequenos, médios<br />

ou gran<strong>de</strong>s. No caso português,<br />

com a generalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um tecido<br />

empresarial <strong>de</strong> PME, é preciso<br />

não aspirar precipitadamente<br />

para além das próprias forças<br />

e reter uma gran<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>: “É<br />

melhor uma boa pequena empresa,<br />

do que uma má gran<strong>de</strong><br />

empresa”!

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!