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Versão PDF - correio de venezuela

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Autorida<strong>de</strong>s"apertam"<br />

Muitos dos locais fiscalizados<br />

têm infracções Pá gina 3<br />

« Camões <strong>de</strong>sconhecido»<br />

Daniel Morais lamenta<br />

<strong>de</strong>sinteresse Pá gina 4<br />

www.<strong>correio</strong><strong>de</strong>caracas.net<br />

O jornal da comunida<strong>de</strong> luso-<strong>venezuela</strong>na<br />

ano 06 - n.º 110- DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL<br />

caracas, 9 De junho De 2005 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL: 1,00<br />

Maracaibo <strong>de</strong>nuncia<br />

esquecimento<br />

Hospitalida<strong>de</strong><br />

em Rio Chico<br />

Mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z famí lias portuguesas misturam-se<br />

entre as diversas famí lias europeias. Página 10<br />

Jesuino Brito,<br />

cônsul honorário,<br />

aponta o <strong>de</strong>do às<br />

autorida<strong>de</strong>s<br />

portugueses ,<br />

a quem acusa<br />

<strong>de</strong> ignorar<br />

a comunida<strong>de</strong><br />

em Maracaibo. Pá gina 11<br />

Erika Nornny<br />

coroada<br />

em Caracas<br />

Centro Português <strong>de</strong> Caracas<br />

já escolheu a sua Miss. Pá gina 16<br />

Feira do comércio<br />

ultrapassa<br />

as expectativas.<br />

Pá ginas 24-25<br />

Portugal em vias<br />

<strong>de</strong> conseguir<br />

apuramento<br />

para o Mundial<br />

<strong>de</strong> 2006. Pá gina 31


2 EDITORIAL CORREIO DE CARACAS - 9 DE MAIO DE 2005<br />

Director:<br />

Aleixo Vieira<br />

Subdirector<br />

Agostinho Silva<br />

Coor<strong>de</strong>nação em Caracas<br />

Délia Meneses<br />

Coor<strong>de</strong>nação na Ma<strong>de</strong>ira<br />

Sónia Gonçalves<br />

Jornalistas:<br />

António da Silva, Carlos Orellana<br />

Jean Carlos <strong>de</strong> Abreu, Liliana da Silva<br />

Nathali Gómez e Noélia <strong>de</strong> Abreu<br />

Correspon<strong>de</strong>ntes:<br />

Ana Pita Andra<strong>de</strong> (Maracay)<br />

Bernar<strong>de</strong>te <strong>de</strong> Quintal (Curaçau)<br />

Briceida Yepez (Valencia)<br />

Carlos Balaguera (Maracay e Valencia)<br />

Carlos Marques (Mérida)<br />

Sandra Rodriguez (La Victoria)<br />

Trinidad Macedo (Barquisimeto)<br />

Colaborações:<br />

António <strong>de</strong> Abreu, Arelys Gonçalves<br />

Janette Da Silva, Luís Barreira<br />

e Miguel Rodrigues<br />

Publicida<strong>de</strong> e Marketing:<br />

Carla Vieira<br />

Preparação Gráfica:<br />

Olga <strong>de</strong> Canha (DN-Ma<strong>de</strong>ira)<br />

Produção:<br />

Franklin Lares<br />

Secretariado:<br />

Glória Cadavid<br />

Distribuição:Juan Fernan<strong>de</strong>z<br />

Impressão: Editorial Melvin C. A<br />

Calle el rio con Av. Las Palmas<br />

Boleita Sur - Caracas<br />

Venezuela<br />

En<strong>de</strong>reço:<br />

Av. Los Jabillos 905,<br />

com Av. Francisco Solano,<br />

Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C,<br />

Sabana Gran<strong>de</strong> - 1050 Caracas.<br />

En<strong>de</strong>reço Postal:<br />

Editorial Correio C.A.<br />

Sabana Gran<strong>de</strong><br />

Caracas - Venezuela<br />

Telefones: (0212) 761.41.45<br />

Telefax: (0212) 761.12.69<br />

E-mail: <strong>correio</strong>@cantv.net<br />

URL: www.<strong>correio</strong><strong>de</strong>caracas.net<br />

Tiragem <strong>de</strong>ste número:<br />

10.000 exemplares<br />

Fontes <strong>de</strong> Informação:<br />

DIÁRIO <strong>de</strong> Notícias da Ma <strong>de</strong>ira<br />

Jornal <strong>de</strong> Notícias<br />

Agência <strong>de</strong> Notícias LUSA<br />

O Correio <strong>de</strong> Caracas não se res pon sabiliza<br />

por qualquer opinião mani fes tada pelos colaboradores<br />

ou assi nan tes nos artigos publi -<br />

ca dos, garan tindo-se, <strong>de</strong> acordo com a lei<br />

do jor na lismo, o direito à res posta, sempre<br />

que a mesma seja recebida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 60 dias.<br />

El Correio <strong>de</strong> Caracas, no se hace responsable<br />

por las opiniones manifestadas por los colaboradores<br />

o firmantes, garantizando, <strong>de</strong> acuer -<br />

do a la Ley, el <strong>de</strong>recho a res pues ta, siempre<br />

que la misma sea recibida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 60 días.<br />

Centros e clubes: a semana<br />

– que futuro<br />

Festival Infantil <strong>de</strong> Folclore<br />

Des<strong>de</strong> há muito que o<br />

dinamismo da nossa<br />

Comunida<strong>de</strong> se equipara<br />

ao espírito empreen<strong>de</strong>dor<br />

dos centros e clubes.<br />

No entanto, há por aí uns sinais<br />

<strong>de</strong> claro <strong>de</strong>sgaste que po<strong>de</strong>rão<br />

implicar, num futuro não muito<br />

longíquo, o encerramento ou total<br />

abandono <strong>de</strong> algumas colectivida<strong>de</strong>s<br />

que muito já fizeram<br />

pelos portugueses na Venezuela.<br />

Os alertas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smobilização<br />

vêm <strong>de</strong> zonas distintas como<br />

Puerto la Cruz, La Victoria, Maracaibo,<br />

Punto Fijo ou Turumo,<br />

em Caracas, embora esta ultima<br />

não seja por falta <strong>de</strong> empenho <strong>de</strong><br />

seus directivos. São instituições<br />

que, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra,<br />

o CaRToon Da semana<br />

Parece que<br />

os conselheiros<br />

da Comunida<strong>de</strong><br />

começaram<br />

a trabalhar...<br />

ostentam um futuro incerto. Tudo<br />

porque não houve o cuidado<br />

<strong>de</strong> adoptar esquemas credíveis<br />

<strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>. Há incentivos<br />

que <strong>de</strong>sapareceram, há pessoas<br />

que baixaram os braços, <strong>de</strong>ixando-se<br />

vencer pela inércia.<br />

Neste oportunida<strong>de</strong>, têm<br />

mais responsabilida<strong>de</strong>s os conselheiros<br />

daa Comunida<strong>de</strong>, os<br />

cô nsules honorários, Fe<strong>de</strong>ração<br />

<strong>de</strong> Centros e autorida<strong>de</strong>s portuguesas.<br />

É inadmissível que assistam,<br />

calmos e serenos, a este<br />

“ ruir do castelo” , como se <strong>de</strong><br />

uma fatalida<strong>de</strong> se tratasse.<br />

Não! Pensamos que em nenhum<br />

dos casos, a inércia <strong>de</strong>ve<br />

vencer. Mãos à obra!<br />

Já não era<br />

sem tempo!<br />

Apó s cinco anos<br />

a posar para as<br />

fotografias...<br />

O Festival Infantil <strong>de</strong> Folclore que <strong>de</strong>correu no último fim-<strong>de</strong>semana<br />

no Centro Português <strong>de</strong> Caracas é uma iniciativa <strong>de</strong><br />

louvar. Foram centenas <strong>de</strong> jovens luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes e não<br />

só. Sabemos que não é uma tarefa fácil organizar<br />

actualmente um evento como este, sobretudo porque é<br />

preciso disponibilizar tempo, vestir e ensaiar crianças para<br />

bailar folclore. Todos estão <strong>de</strong> parabéns, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a organização<br />

do festival, aos jovens e aos clubes a que pertencem estes<br />

grupos infantis.<br />

Feira do Comé rcio<br />

A Câmara <strong>de</strong> Comércio Luso-<strong>venezuela</strong>na, pela iniciativa <strong>de</strong> organizar<br />

por primeira vez nos últimos vinte anos uma feira comercial, está <strong>de</strong><br />

parabéns. A a<strong>de</strong>são superou as expectativas dos organizadores. As<br />

empresas ali presentes representam a presença empresarial lusitana<br />

na Venezuela. Setenta empresas se fizeram representar durante quatro<br />

dias, confraternizando e intercambiando conhecimentos. Um êxito<br />

garantido. O Centro Português que, pela primeira vez acolheu este tipo<br />

<strong>de</strong> evento comercial, provou que tem instalações apropriadas para tal.<br />

Falta planeamento<br />

Uma vez mais ficou <strong>de</strong>monstrado que as organizações – <strong>de</strong><br />

todo o tipo – andam às avessas na comunida<strong>de</strong>. Em<br />

oportunida<strong>de</strong>s anteriores, <strong>de</strong>stacamos sempre a<br />

disponibilida<strong>de</strong> e a boa-vonta<strong>de</strong> das juntas directivas do<br />

Centro Português <strong>de</strong> Caracas. No entanto, não enten<strong>de</strong>mos<br />

este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nação entre associações, entre clubes,<br />

e entre organizações da comunida<strong>de</strong> Portuguesa.<br />

Por exemplo, no Centro Português <strong>de</strong> Caracas, realizaram-se<br />

uma série <strong>de</strong> eventos, na sexta feira, no sábado e no domingo.<br />

Tudo excelentes iniciativas que aplaudimos, mas o que não<br />

percebemos é a falta <strong>de</strong> agenda do clube, pois por falta <strong>de</strong><br />

planeamento foram muitos os sócios que não pu<strong>de</strong>ram<br />

ace<strong>de</strong>r ao clube por falta <strong>de</strong> espaço.<br />

ICEP transferido para o Mé xico<br />

Várias vezes já nos referimos ao ICEP (Instituto Comercial<br />

Exterior <strong>de</strong> Portugal) na Venezuela e sempre <strong>de</strong> forma negativa.<br />

Já marcaram presença neste país, mas sem nenhuma utilida<strong>de</strong><br />

para além <strong>de</strong> passarem férias à custa do Estado.Também<br />

criticamos a <strong>de</strong>cisão do Estado, que transferiu a organização<br />

para o México, julgamos que também para férias! Um assunto<br />

que também se <strong>de</strong>bate constantemente é que esta feira<br />

comercial organizada pela câmara <strong>de</strong> comércio e presenciada<br />

pelo novo embaixador <strong>de</strong> Portugal, po<strong>de</strong>rá sensibilizar as<br />

autorida<strong>de</strong>s para que se volte a abrir uma representação do<br />

ICEP, mas com gente capaz e interessada.<br />

Para todos los<br />

gustos<br />

El mejor Bo<strong>de</strong>gón <strong>de</strong> Caracas con la mayor variedad en vinos Nacionales e Importados<br />

C.C.C.T. P.B. (cerca al Banco Provincial) Telfs.: (0212) 959.73.77, 959.67.28 - Caracas - <strong>venezuela</strong>


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 VenezuelA 3<br />

96% das empresas<br />

inspeccionadas são infractoras<br />

No fim-<strong>de</strong>-semana passado, o Seniat multou 42 estabelecimentos nocturnos na zona Este <strong>de</strong> Caracas.<br />

A medida resulta no encerramento dos espaços comerciais durante três dias e o pagamento <strong>de</strong> uma multa.<br />

Delia Meneses<br />

<strong>de</strong>lia_jornalista@yahoo.com<br />

O<br />

Seniat, organismo tributário<br />

e fiscalizador, continua<br />

a “ apertar” todos os dias.<br />

No fim-<strong>de</strong>-semana passado,<br />

um total <strong>de</strong> 42 locais nocturnos, localizados<br />

no Este <strong>de</strong> Caracas, foram<br />

apanhados numa operação conjunta<br />

feita pela inspecção e pelos Bombeiros<br />

Metropolitanos.<br />

O encerramento dos restaurantes, discotecas,<br />

bingos e bares <strong>de</strong>veu-se a irregularida<strong>de</strong>s<br />

apresentadas em matéria <strong>de</strong> pagamentos<br />

<strong>de</strong> impostos, obrigações com os<br />

trabalhadores e o respeito das normas <strong>de</strong><br />

segurança.<br />

O chefe da Divisão <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong><br />

Seniat, José Caraballo, explicou ao CO-<br />

RREIO que as sanções oscilam entre um<br />

ou três dias <strong>de</strong> obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> encerramento<br />

e uma multa quando os funcionários<br />

<strong>de</strong>scobrem irregularida<strong>de</strong>s nos livros<br />

<strong>de</strong> compra e venda dos negó cios.<br />

A média <strong>de</strong> empresas que incumpre as<br />

normas tributárias é alarmante. Segundo<br />

dados fornecidos pelo Seniat, em média,<br />

entre cada cem empresas inspeccionadas,<br />

96 % fecham por irregularida<strong>de</strong>s.<br />

Através do nú mero 800 - Seniat, são<br />

muitas as <strong>de</strong>nú ncias que fazem os consumidores,<br />

especificando locais comerciais<br />

que não emitem facturas. "Aproximadamente,<br />

90% dos negó cios (restaurantes,<br />

padarias, centros nocturnos) não entregam<br />

facturas ou emitem recibos falsos", precisa<br />

Caraballo.<br />

"Nas diferentes visitas aos comércios,<br />

<strong>de</strong>scobrimos que a subfacturação é uma<br />

prática nacional. As máquinas não registam<br />

o verda<strong>de</strong>iro valor da compra do cliente,<br />

mas apenas 0,1% a 10%. Se a compra é<br />

por um montante <strong>de</strong> 12 mil bolívares a factura<br />

registada é <strong>de</strong> apenas 120 bolívares ou<br />

1,2".<br />

Escassa cultura tributária<br />

Conforme informa o Seniat, um sector<br />

importante das padarias não entrega factura<br />

ao cliente, quando na verda<strong>de</strong> ficar<br />

com o ticket é um direito do cliente. Caraballo<br />

fez um apelo ao sector da panificação,<br />

que é constituído essencialmente por<br />

portugueses, para que não se <strong>de</strong>ixem manipular<br />

por contadores sem escrú pulos<br />

que muitas vezes optam por fugir dos impostos.<br />

"A maioria dos pa<strong>de</strong>iros não tem conhecimentos<br />

sobre a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pagar<br />

impostos. Por isso, eles pagam a empresas<br />

<strong>de</strong> contabilistas para que os apoiem.<br />

Mas são estas mesmas que muitas vezes os<br />

enganam. Apesar dos donos das empresas<br />

não terem a intenção <strong>de</strong> actuar mal frente<br />

ao fisco, há contadores irresponsáveis e<br />

pouco qualificados que os estafam", <strong>de</strong>nuncia.<br />

Para o organismo fiscalizador, o problema<br />

continua a ser que a socieda<strong>de</strong> <strong>venezuela</strong>na<br />

tem uma escassa cultura tributária<br />

e está acostumada a que o fisco não<br />

actue. "Mas agora os empresários têm <strong>de</strong> se<br />

habituar à actuação permanente do Seniat.<br />

Não existe uma disposição que nos obrigue<br />

a anunciar previamente o que vamos fazer",<br />

diz.<br />

Contudo, Caraballo esclarece que a i<strong>de</strong>ia<br />

do Seniat não é arruinar os comerciantes.<br />

"Nunca vamos fiscalizar com a intenção <strong>de</strong><br />

fechar porque nos convém que elas tenham<br />

sucesso e paguem impostos, mas também<br />

<strong>de</strong>vemos multar as irregularida<strong>de</strong>s".<br />

O chefe da Divisão <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong><br />

Seniat <strong>de</strong>clarou que estão dispostos a oferecer<br />

conversas <strong>de</strong> indução para orientar<br />

os comerciantes, pois <strong>de</strong>finitivamente "somos<br />

potenciais só cios", diz.<br />

Manuel Antó nio Correia com programa preenchido<br />

Agostinho Silva<br />

asilva@dnoticias.pt<br />

O secretário regional do Ambiente<br />

e dos Recursos Naturais,<br />

da Ma<strong>de</strong>ira, chega a Caracas na<br />

quarta-feira, dia 29 <strong>de</strong> Junho, permanecendo<br />

em terras <strong>de</strong> Simon<br />

Bolívar até 6 <strong>de</strong> Julho.<br />

Manuel Antó nio Correia, que<br />

se faz acompanhar da sua mulher,<br />

Angela Correia, será recebido pelo<br />

presi<strong>de</strong>nte da Comissão da Pró -<br />

Celebração do Dia da Ma<strong>de</strong>ira,<br />

Agostinho Gomes Lucas. O governante<br />

janta com a comissão no<br />

dia da chegada a Caracas.<br />

Na quinta-feira, ú ltimo dia <strong>de</strong><br />

Junho, Manuel Antó nio Correia<br />

terá encontroas oficiais com o Embaixador<br />

<strong>de</strong> Portugal, José Manuel<br />

Costa Arsénio, e com o<br />

Cô nsul <strong>de</strong> Portugal, Fernando<br />

Teles Fazen<strong>de</strong>iro. Curiosamente,<br />

este ú ltimo encontro será uma<br />

reedição da reunião que ambos tiveram<br />

há uns anos em New Bedford,<br />

nos Estados Unidos, quando<br />

Teles Fazen<strong>de</strong>iro era cô nsul ali<br />

e o governante ma<strong>de</strong>irense visitava<br />

a comunida<strong>de</strong> local em representação<br />

do Governo Regional<br />

da Ma<strong>de</strong>ira. O segundo dia da visita<br />

será marcado ainda com uma<br />

visita ao Lar da Terceira Ida<strong>de</strong> "Pe.<br />

Joaquim Ferreira", em Los Anaucos,<br />

on<strong>de</strong> o secretário regional almoça<br />

com o presi<strong>de</strong>nte da instituição<br />

Maurílio dos Santos. À noite,<br />

o governante é obsequiado<br />

com um jantar promovido pela<br />

Fundação Central Ma<strong>de</strong>irense,<br />

presidida por Agostinho Macedo.<br />

No Dia da Região Autó noma da<br />

Ma<strong>de</strong>ira, 1 <strong>de</strong> Julho, a Comissão<br />

Pró -Celebração do Dia da Ma<strong>de</strong>ira<br />

almoça com Manuel Antó<br />

nio Correia no "Lee Hamilton",<br />

antes das cerimó nias no Centro<br />

Português, em Macaracuay. Ali<br />

há uma homenagem ao "libertador"<br />

Simó n Bolívar e ao poeta<br />

português Luís <strong>de</strong> Camões, com<br />

hinos interpretados pelo Grupo<br />

Coral do CP, e uma missa na Capela<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>de</strong> Fátima,<br />

presidida pelo padre Alexandre<br />

Mendonça.<br />

À noite, há o jantar no Salão<br />

Nobre do Centro Português, on<strong>de</strong><br />

se aguarda a intervenção do governante<br />

ma<strong>de</strong>irense e do embaixador<br />

português. Um repasto animado<br />

pelo agrupamento "Banda<br />

d'Além". No sábado é tempo <strong>de</strong><br />

Manuel Antó nio Correia conhecer<br />

outras paragens. Na <strong>de</strong>slocação<br />

para Valencia, o governante<br />

passa na Casa Portuguesa do Estado<br />

<strong>de</strong> Arágua e visita o "Geriátrico"<br />

<strong>de</strong> Maracay. À noite o jantar<br />

é com a comunida<strong>de</strong> no Centro<br />

Social Ma<strong>de</strong>irense <strong>de</strong> Valencia.<br />

Nos restantes dias, o representante<br />

do Governo Regional aproveitará<br />

para conhecer outros lados<br />

da comunida<strong>de</strong>, com visitas<br />

informais a localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Caracas<br />

e não só .


4 Venezuela CORREIO DE CARACAS - 9 DE MAIO DE 2005<br />

todos falam <strong>de</strong> camões,<br />

mas quase ninguém sabe quem é<br />

Daniel Morais, director do Instituto Português da Cultura, faz um balanço sobre a evolução das comemorações<br />

do Dia <strong>de</strong> Portugal e da importância da visa e obra do poeta luso por excelência, Luí s <strong>de</strong> Camões.<br />

Nathali Gómez<br />

O10 <strong>de</strong> Junho é uma data importante<br />

para qualquer<br />

português que esteja <strong>de</strong>ntro<br />

ou fora do país. Neste<br />

dia, comemora-se o Dia <strong>de</strong> Portugal, o<br />

do poeta Camões e o das comunida<strong>de</strong>s<br />

portuguesas. Contudo, nem sempre foi<br />

assim, pois as comemorações tiveram<br />

outro significado consoante a etapa histó<br />

rica que atravessou a Nação lusa.<br />

antes do 25 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1974, data<br />

em que caiu a ditadura <strong>de</strong> antó nio <strong>de</strong><br />

Oliveira Salazar, o 10 <strong>de</strong> Junho era chamado<br />

<strong>de</strong> "Dia da raça". Este comemorou-se<br />

pela primeira vez em 1944, durante<br />

o período conhecido como o Estado<br />

Novo, na cerimó nia <strong>de</strong><br />

inauguração do Estádio nacional, sendo<br />

o principal objectivo exaltar o orgulho<br />

<strong>de</strong> um povo com uma suposta<br />

ascendência comum.<br />

a partir <strong>de</strong> 1960, tempo marcado pelo<br />

colonialismo e pela crise, tentou-se<br />

juntar a comemoração com as con<strong>de</strong>corações<br />

feitas aos mortos e feridos das<br />

guerras <strong>de</strong> Ultramar. finalmente, a partir<br />

<strong>de</strong> 1974, a conotação que tem actualmente<br />

é a <strong>de</strong> uma homenagem a<br />

todos os emigrantes portugueses que<br />

tiveram que sair do seu país, tanto por<br />

razões econó micas como por motivos<br />

políticos ou <strong>de</strong> guerra.<br />

Como nos explica Daniel morais, director<br />

do instituto Português <strong>de</strong> Cultura<br />

(iPC), a partir da revolução <strong>de</strong> 25<br />

<strong>de</strong> abril, os governantes manipularam<br />

a data para que fosse a ocasião perfeita<br />

para pensar e procurar a integração daquela<br />

parte <strong>de</strong> cidadãos que estavam fora<br />

<strong>de</strong> Portugal e que actualmente são<br />

40% da população total.<br />

"O conceito que conduzem os governantes<br />

da comemoração do 10 <strong>de</strong><br />

Junho é correctíssimo porque tentamos<br />

essencialmente que os portugueses que<br />

estão espalhados pelo mundo se i<strong>de</strong>ntifiquem<br />

com o seu país <strong>de</strong> origem", opina<br />

morais.<br />

Da mesma forma, segundo o director<br />

do iPC, na data se presta tributo às<br />

personalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stacas <strong>de</strong>ntro e fora<br />

do país através <strong>de</strong> imposição <strong>de</strong> con<strong>de</strong>corações.<br />

a pesar dos reconhecimentos,<br />

na Venezuela "não há sensibilização suficiente<br />

para um acto que <strong>de</strong>ve reunir<br />

todos os portugueses. Contudo, alguns<br />

meios associativos estão conscientes do<br />

Uma figUra<br />

Não se po<strong>de</strong> falar do aniversário do iPC sem esquecer uma referência a<br />

Daniel morais, que tem sido ao longo <strong>de</strong>stes 14 anos o seu principal pilar.<br />

Talvez em 1948, quando chegou a Caracas pela primeira vez na companhia<br />

<strong>de</strong> sua esposa, não imaginava que seria responsável neste país pela cultura<br />

portuguesa.<br />

No começo da sua estadia, Daniel morais <strong>de</strong>dicou-se primeiro ao ramo<br />

mobiliário. Depois à publicida<strong>de</strong>, ramo em que montou a empresa "Ecos<br />

<strong>de</strong> Portugal", cuja finalida<strong>de</strong> era divulgar a cultura e o associativismo <strong>de</strong>ntro<br />

da comunida<strong>de</strong> lusitana. Paralelamente realizava programas <strong>de</strong> rádio e escrevia<br />

artigos numa publicação que tinha o nome da sua organização. Dez<br />

anos <strong>de</strong>pois da sua chegada, em 1958, fundou com um grupo <strong>de</strong> amigos o<br />

Centro português <strong>de</strong> Caracas, a cuja primeira se<strong>de</strong> esteve situada em El<br />

Paraíso, para <strong>de</strong>pois instalar-se em Sebucan. anos mais tar<strong>de</strong> constituiu<br />

uma comissão pró - -se<strong>de</strong> do Centro português tendo como objectivo a<br />

construção <strong>de</strong> instalações pró prias.<br />

Em 1960 pertenceu à "asociació n Pro-Venezuela" e participou em campanhas<br />

a favor das colô nias estrangeiras no país. Em 1975, colaborou na<br />

constituição da Câ mara <strong>de</strong> Comércio, indú stria e Turismo Luso-Venezuelana,<br />

da qual foi fundador e vice-presi<strong>de</strong>nte durante um ano.<br />

Em 1985 integrou a comissão que organizou na Venezuela os actos comemorativos<br />

da morte do poeta português fernando Pessoa. Em 1990 fundou<br />

o instituto Português <strong>de</strong> Cultura, ó rgão para o <strong>de</strong>senvolvimento e difusão<br />

da cultura lusitana, que se instalou no Centro Português <strong>de</strong> Caracas.<br />

Pelo seu largo trabalho em prol da cultura e do associativismo português,<br />

Daniel morais recebeu diversas distinções do Estado Português e Venezuelano.<br />

significado real da data", expressa.<br />

O caso do Centro Português <strong>de</strong> Caracas<br />

(CPC), para morais, é muito importante<br />

porque se fundou um 10 <strong>de</strong><br />

Junho <strong>de</strong> 1958, dia que coinci<strong>de</strong> com o<br />

aniversário da morte <strong>de</strong> Luís <strong>de</strong> Camões,<br />

autor <strong>de</strong> "Os Lusíadas" que é consi<strong>de</strong>rado<br />

o maior poeta da língua portuguesa.<br />

Poeta conhecido<br />

e <strong>de</strong>sconhecido<br />

"Todos falamos <strong>de</strong> Camões, mas quase<br />

ninguém o conhece, nem sequer sabemos<br />

<strong>de</strong> pormenores da sua visa", afirma<br />

morais. apesar do autor ter exaltado<br />

na sua obra o valor universal da<br />

virtu<strong>de</strong>, o seu legado literário não tem<br />

estado ao alcance <strong>de</strong> muitas pessoas ou<br />

pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong><br />

certo nível <strong>de</strong> estudos, ou por <strong>de</strong>sinteresse<br />

ou <strong>de</strong>vido a simples <strong>de</strong>sconhecimento.<br />

a saída <strong>de</strong> muitos emigrantes portugueses<br />

por razões econó micas ou políticas<br />

fez com que estes não tivessem<br />

conhecimento suficiente da sua pró -<br />

pria cultura. "Não por culpa <strong>de</strong>les, mas<br />

porque não lhes <strong>de</strong>ram acesso", refere.<br />

Não obstante, actualmente tentamos<br />

aproveitar este potencial cultural <strong>de</strong>ntro<br />

das comunida<strong>de</strong>s e tentar captar o<br />

interesse <strong>de</strong> toda a camada jovem que a<br />

constitui.<br />

Para morais, Camões faz parte <strong>de</strong> um<br />

patrimó nio e uma riqueza que nalgumas<br />

ocasiões não é o suficientemente<br />

apreciada. Perante esta realida<strong>de</strong>, o iPC<br />

tem abordado o tema repetidas vezes<br />

e tem procurado forma <strong>de</strong> fazer nas comemorações<br />

do dia da pátria se faça<br />

mais divulgação da obra do poeta, tornando-a<br />

assim mais acessível a todos.<br />

"Os Lusíadas", a obra mais conhecida<br />

<strong>de</strong> Camões, é um poema épico (<strong>de</strong><br />

leitura e compreensão não muito fácil)<br />

que tenta contar <strong>de</strong> uma forma poética<br />

e mitoló gica a histó ria do povo português.<br />

Dai a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tornar a<br />

obra acessível a todos.<br />

Como parte das comemorações do<br />

10 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong>ste ano, o iPC tinha previsto<br />

trazer antó nio Victorino <strong>de</strong> almeida.<br />

Contudo, por diferentes razões,<br />

não foi possível. Por isso, a instituição<br />

vai se juntar às comemorações feitas no<br />

CPC, que vai fazer um pequeno recital<br />

dirigido pelo maestro <strong>venezuela</strong>no<br />

Jesú s ignacio Pérez Perazzo.


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 PUBLICIDADE 5


6 VenezueLa CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

Luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte assassinada<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sequestrada<br />

Jean Carlos De Abreu<br />

<strong>de</strong>abreujean@yahoo.com<br />

Depois <strong>de</strong> ter sido refém<br />

<strong>de</strong> três sequestradores,<br />

a luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />

Lour<strong>de</strong>s Katerine<br />

Fernan<strong>de</strong>s Bustamante foi<br />

encontrada morta em Maracay<br />

pelo Corpo <strong>de</strong> Investigações Científicas,<br />

Penais e Criminais.<br />

A jovem, que vivia em Charallave,<br />

Estado Miranda, frequentava<br />

o nono ano e foi raptada a 19<br />

<strong>de</strong> Maio, a trezentos metros afastados<br />

da sua casa, quando ia para<br />

o colégio. Na tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse dia, os<br />

<strong>de</strong>linquentes comunicaram com<br />

os familiares para avisá-los do sequestro<br />

da menor e pediram um<br />

resgate <strong>de</strong> 200 mil euros.<br />

Dez dias <strong>de</strong> tensão passaramse<br />

na família Fernán<strong>de</strong>z, natural<br />

<strong>de</strong> Santa Cruz, que não sabia em<br />

que condições estava Lour<strong>de</strong>s Katerine.<br />

Um dos sequestradores ligou<br />

para Luís Fernán<strong>de</strong>z, pai da<br />

vítima, para ameaçá-los, alertando<br />

que se não pagassem o montante<br />

exigido ou se avisassem a polícia<br />

matavam a estudante <strong>de</strong> 15 anos.<br />

A ú ltima chamada feita pelos<br />

criminosos foi na segunda-feira<br />

30 <strong>de</strong> Maio, para avisá-los que iam<br />

baixar o montante <strong>de</strong> cem milhões<br />

<strong>de</strong> bolívares. Disseram que voltavam<br />

a ligar na terça-feira <strong>de</strong><br />

manhã para verificar o lugar on<strong>de</strong><br />

o intercâ mbio iria ser feito.<br />

Paralelamente, a Divisão Antiextorsão<br />

e Sequestro do CICPC<br />

trabalhou com as pistas obtidas<br />

para localizar os sequestradores e<br />

<strong>de</strong>ram com o seu para<strong>de</strong>iro. Mas a<br />

operação <strong>de</strong> resgate <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s<br />

Fernán<strong>de</strong>z não teve um final feliz.<br />

Durante a perseguição, a polícia<br />

foi até a zona sul <strong>de</strong> Maracay.<br />

Ai, um dos <strong>de</strong>linquentes, ao sentir-se<br />

encurralado pelos funcionários,<br />

matou a jovem e, logo <strong>de</strong><br />

seguida, suicidou-se, O indivíduo<br />

já tinha antece<strong>de</strong>ntes por roubo<br />

e furto.<br />

Os outros dois sequestradores<br />

que estavam com ela puseram-se<br />

em fuga e agora são procurados<br />

pela CICPC <strong>de</strong> Maracay nas al<strong>de</strong>ias<br />

vizinhas. A família Fernán<strong>de</strong>z<br />

transferiu-se para Maracay<br />

para i<strong>de</strong>ntificar o corpo que repousava<br />

na morgue do Estado<br />

Aragua.<br />

O tio da vítima, Luís Fernán<strong>de</strong>z,<br />

é um emigrante português<br />

<strong>de</strong> Santa Cruz, Ma<strong>de</strong>ira, que se<br />

<strong>de</strong>dica à distribuição <strong>de</strong> jornais da<br />

zona <strong>de</strong> Los Valles <strong>de</strong>l Tuy e Charallave.<br />

Segundo Fernán<strong>de</strong>z, o seu<br />

irmão não é um homem com dinheiro,<br />

pelo que não se explica as<br />

razões que motivaram este sequestro.<br />

Acrescentou, ainda, que a<br />

situação econó mica <strong>de</strong>sta família<br />

é precária, ao ponto <strong>de</strong> nem sequer<br />

terem dinheiro para pagar<br />

as <strong>de</strong>spesas com o funeral.<br />

Joel Rengifo coordina a Divisão Anti-extorsão e Sequestro do CICPC


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 VEnEzuEla 7<br />

Portugal: um sonho inalcansável para alguns<br />

Jean Carlos De Abreu<br />

<strong>de</strong>abreujean@yahoo.com<br />

P<br />

ara alguns emigrantes que vivem<br />

na Venezuela, ir a Portugal<br />

é algo normal que já faz<br />

parte da rotina, pois visitam<br />

este país regularmente, pois tê possibilida<strong>de</strong>s<br />

econó micas para tal. Outros, no entanto,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que chegaram ao país há mais<br />

<strong>de</strong> trinta ou quarenta anos, não conseguiram<br />

regressar à sua pátria por falta <strong>de</strong> recursos.<br />

Cecília <strong>de</strong> Barros é uma portuguesa natural<br />

<strong>de</strong> Câ mara <strong>de</strong> Lobos que emigrou<br />

há 31 anos para a Venezuela juntamente<br />

com o seu marido, já falecido, para melhorar<br />

a sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e sair da miséria<br />

que tinha no país ibérico na altura.<br />

Uma vez na Venezuela, fixaram-se em<br />

El Hallito, on<strong>de</strong> constituem uma família<br />

formada por três filhos. Entre penú rias e<br />

alegrias, está a fazer agora quinze anos que<br />

Cecília conseguiu viajar até Portugal graças<br />

ao esforço do seu esposo que quis visitar a<br />

sua família, que não via <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que emigrou.<br />

Da sua infâ ncia, esta nativa <strong>de</strong> Câ -<br />

mara <strong>de</strong> Lobos recorda que os caminhos<br />

que ro<strong>de</strong>avam a ilha eram em pedra e muito<br />

íngremes, não ti nha uma via rápida mo<strong>de</strong>rna<br />

e tudo era diferente. Já há quinze<br />

anos se surpreen<strong>de</strong>u ao ver as mudanças,<br />

mas agora a surpresa seria maior. Os filhos<br />

<strong>de</strong>sta emigrante também não voltaram<br />

a visitar Portugal porque não têm possibilida<strong>de</strong>s<br />

econó micas.<br />

As transformações que se têm registado<br />

na ilha têm sido significativas. A mo<strong>de</strong>rnização<br />

e a construção <strong>de</strong> vias alternativas<br />

melhoraram a circulação e o relacionamento<br />

entre as pessoas e as localida<strong>de</strong>s.<br />

Cecília soube através dos amigos e por imagens<br />

que a ilha tem-se <strong>de</strong>senvolvido muito<br />

tanto ao nível turístico como arquitectó -<br />

nico e tem imensa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> visitar o seu<br />

país, sobretudo à Ma<strong>de</strong>ira, para ver as mudanças<br />

com os seus pró prios olhos e visitar<br />

a sua família e assistir à missa <strong>de</strong> "Nossa<br />

Senhora da Graças".<br />

A situação econó mica do país actualmente<br />

e o facto <strong>de</strong> estar viú va impe<strong>de</strong>mna<br />

<strong>de</strong> viajar, mas confessa que se pu<strong>de</strong>sse<br />

fazê-lo ficava em Portugal com a sua família.<br />

EntrE PrEciPícios E PEdras<br />

Maria Figueira é outra portuguesa <strong>de</strong><br />

Câ mara <strong>de</strong> Lobos que saiu da Ma<strong>de</strong>ira, a<br />

sua terra natal, há 35 anos, com o seu pai.<br />

Na altura, vigorava o regime <strong>de</strong> Salazar e<br />

teve que <strong>de</strong>ixar oito filhos para procurar<br />

um futuro melhor para eles em terras mais<br />

quentes.<br />

Maria chegou ao porto <strong>de</strong> La Guaira<br />

no barco "Santa Maria", on<strong>de</strong> a esperava<br />

o seu pai com outros familiares. O tempo<br />

Cecília <strong>de</strong> Barros<br />

Maria Figueira<br />

passou, caiu a ditadura e assim pô <strong>de</strong> mandar<br />

buscar os seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, que ainda<br />

estavam em Portugal. Lembra que a ilha<br />

tinha praticamente todas as estradas pequenas<br />

e em pedra, as casas estavam espalhadas<br />

por diferentes lugares. Para chegar<br />

ao outro lado, tinha que fazer um longo<br />

percurso entre curvas e contra-curvas,<br />

no meio da serra ou junto à costa. Agora, a<br />

evolução que a Ma<strong>de</strong>ira tem tido é radical,<br />

pois as vias perigosas por on<strong>de</strong> passavam<br />

os caroos <strong>de</strong>sapareceram para dar lugar<br />

aos percursos vertiginosos.<br />

Por causa da morte do seu esposo, os<br />

seus ingressos nunca foram suficientes para<br />

regressar a Portugal, que não visita há<br />

14 anos. Não obstante, as tradições gastronó<br />

micas portuguesas mantêm-se intactas<br />

na sua casa. Apesar dos seus quase 80 anos,<br />

Maria continua sempre no activo: cozinha<br />

para a família toda e trabalha em casa<br />

para manter tudo em or<strong>de</strong>m.


8 venezUela CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

"isto é um hotel <strong>de</strong> cinco estrelas"<br />

No próximo dia 26 <strong>de</strong> Junho, o Lar <strong>de</strong> Idosos Padre Joaquim Ferreira chega oficialmente ao seu primeiro<br />

ano <strong>de</strong> funcionamento. A sua nova directora Fernanda da Costa fala-nos sobre a filosofia <strong>de</strong>sta casa<br />

Liliana da Silva<br />

lilianadasilva19@hotmail.com<br />

H<br />

á mais <strong>de</strong> trinta anos, a comunida<strong>de</strong><br />

portuguesa que<br />

resi<strong>de</strong> na Venezuela teve<br />

um gran<strong>de</strong> sonho, cujo<br />

principal propulsionador foi o padre Joaquim<br />

Ferreira. Esta i<strong>de</strong>ia consistia na<br />

criação <strong>de</strong> um lar que servisse <strong>de</strong> casa para<br />

todas as pessoas da terceira ida<strong>de</strong> que<br />

tinham falta <strong>de</strong> uma família. Este sonho<br />

tornou-se uma realida<strong>de</strong> a 16 <strong>de</strong> Fevereiro<br />

<strong>de</strong> 2004, quando o lar <strong>de</strong> idosos "Padre<br />

Joaquim Ferreira" foi inaugurado. Hoje,<br />

um ano <strong>de</strong>pois da sua entrada em funcionamento,<br />

esta casa-lar dá os seus primeiros<br />

frutos.<br />

Uma nova visão <strong>de</strong> gerência<br />

Há um mês e meio, o Lar Padre Joaquim<br />

Ferreira tem uma nova directora.<br />

Fernanda da Costa começou uma gestão<br />

focada numa gerência empresarial do que<br />

ela <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> "hotel cinco estrelas".<br />

Esta filosofia <strong>de</strong> trabalho surge da necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> administrar cada um dos recursos<br />

que lhe são concedidos na resposta ao<br />

trabalho <strong>de</strong> angariação <strong>de</strong> fundos do grupo<br />

<strong>de</strong> trinta damas <strong>de</strong> beneficência, que<br />

trabalham diariamente para oferecer mais<br />

comodida<strong>de</strong> e benefícios a estes 34 idosos.<br />

"O lar é uma mistura entre hotel e<br />

clínica. É com este sentido que dirijo e administro<br />

o lar, pois o nosso principal objectivo<br />

é po<strong>de</strong>r oferecer a estas pessoas o<br />

amor e o carinho que lhes faz falta".<br />

Da Costa tem como aval a experiência<br />

<strong>de</strong> ter trabalhado mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos no<br />

Hospital Vargas, pelo que conhece profundamente<br />

o funcionamento <strong>de</strong>ste tipo<br />

<strong>de</strong> instituições. Estes conhecimentos a fizeram<br />

fomentar algumas mudanças que<br />

tentam optimizar a qualida<strong>de</strong> no tratamento<br />

que se lhes oferece aos "hó spe<strong>de</strong>s"<br />

da instituição.<br />

Neste mês e meio, a administração contratou<br />

um engenheiro <strong>de</strong> sistema para<br />

que <strong>de</strong>senhasse uns programas informáticos<br />

para facilitar o controlo individual<br />

<strong>de</strong> cada um dos velhinhos. Estes programas<br />

especificaria a medicação e a alimentação<br />

que cada um tem <strong>de</strong> ter, pois temos<br />

três grupos básicos <strong>de</strong> pessoas idosas: os<br />

hipertensos, os diabéticos e os normais.<br />

Cada um <strong>de</strong>les requer uma atenção personalizada",<br />

explica-nos Fernanda Costa.<br />

Actualmente, o lar conta com um total<br />

<strong>de</strong> sete enfermeiros, quatro cozinheiras,<br />

uma ama <strong>de</strong> chaves, um chofer, um jardineiro,<br />

um assistente administrativo, um<br />

encarregue pela limpeza do condomínio.<br />

"Isto é um hotel <strong>de</strong> cinco estrelas e o pessoal<br />

trabalha para comprazer os nossos<br />

hó spe<strong>de</strong>s. Eu sempre digo aos velhinhos<br />

que eles são os nossos patrões. Graças a<br />

eles temos trabalho e isto dá-lhes o direito<br />

<strong>de</strong> nos exigir tudo o que precisarem",<br />

diz.<br />

As freiras que se iniciaram neste projecto<br />

hoje já não estão no lar. Fernanda da<br />

Costa, juntamente com as Damas Portuguesas<br />

<strong>de</strong> Beneficência, estão à procura<br />

<strong>de</strong> alguma or<strong>de</strong>m que domine o português<br />

ou tenha alguma idiossincrasia parecida<br />

com a lusa. "A maioria dos 34 idosos<br />

só fala português, pelo que é necessário<br />

que as freiras que trabalham com<br />

eles falem a língua, principalmente porque<br />

elas prestam-lhe ajuda religiosa e espiritual<br />

a cada um <strong>de</strong>les, explicou-nos Da Costa.<br />

"Uma gran<strong>de</strong> casa"<br />

Embora a filosofia administrativa tenha<br />

mudado, a missão fundamental <strong>de</strong>sta<br />

casa-lar mantém-se intacta: acolher e dar<br />

condições aos portugueses necessitados.<br />

"As pessoas pensam que só temos velhinhos,<br />

mas não é verda<strong>de</strong>. Temos pessoa<br />

<strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>. Obviamente, os idosos<br />

abandonados são em maior nú mero, mas<br />

agora temos hó spe<strong>de</strong>s jovens, um <strong>de</strong> 45 e<br />

outro <strong>de</strong> 77.<br />

O pessoal do Lar Joaquín Ferreira está<br />

preparado para fazer sentir na sua casa os<br />

nossos avó s, que são atendidos pelos seus<br />

filhos, mas tratando-os como adultos e<br />

não como bebés".<br />

Fernanda da Costa <strong>de</strong>staca que o lar<br />

não é um hospital. "Muitas pessoas pensam<br />

que isto é uma clínica on<strong>de</strong> se internam<br />

doentes, mas não é assim. Nó s temos<br />

os mesmos recursos <strong>de</strong> um hospital,<br />

mas não funcionamos como tal", afirma a<br />

directora.<br />

A 26 <strong>de</strong> Junho, vai haver uma festa<br />

para comemorar o primeiro ano <strong>de</strong> funcionamento<br />

<strong>de</strong>sta instituição. O evento<br />

vai contar com a participação <strong>de</strong> diferentes<br />

grupos folcló ricos. O êxito <strong>de</strong>ste projecto<br />

reflecte-se na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>stes<br />

portugueses. Contudo, ainda há muito<br />

para fazer, tal como reconhece Fernanda<br />

da Costa. "Isto é um trabalho para pessoas<br />

fortes", conclui.


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 publicida<strong>de</strong> 9


10 VeNezuela CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

Avelino Ferreira<br />

Joao Fernan<strong>de</strong>z<br />

portugueses iniciaram<br />

a activida<strong>de</strong> comercial em rio chico<br />

Nesta zona costeira, habitam mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z famí lias lusitanas que <strong>de</strong>cidiram viver<br />

numa área tranquila e cheia <strong>de</strong> harmonia.<br />

Jean Carlos De Abreu<br />

<strong>de</strong>abreujean@yahoo.com<br />

Río Chico, povo costeiro do Estado<br />

Miranda que está localizado<br />

a 130 quiló metros <strong>de</strong> Caracas,<br />

<strong>de</strong>staca-se pela mistura <strong>de</strong><br />

raças e pela hospitalida<strong>de</strong> da sua população.<br />

A influência europeia marcou a importâ<br />

ncia econó mica da região para o ano<br />

<strong>de</strong> 1800, pois na zona se concentraram os<br />

gran<strong>de</strong>s comerciantes <strong>de</strong> origem espanhola.<br />

Depois da chegada dos italianos, franceses,<br />

alemães, árabes e marroquinos espanhó<br />

is, Rio Chico converteu-se num centro<br />

comercial e econó mico muito importante.<br />

Mas o <strong>de</strong>scuido dos gran<strong>de</strong>s<br />

empresários <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> várias décadas <strong>de</strong><br />

trabalho <strong>de</strong>veu-se ao esquecimento da região<br />

na histó ria.<br />

A <strong>de</strong>scoberta do petró leo e a nacionalização<br />

do mesmo também contribuiu para<br />

que o local e as activida<strong>de</strong>s agropecuárias<br />

que ali se realizavam per<strong>de</strong>ssem força.<br />

Para a década <strong>de</strong> 80, sente-se mais uma<br />

vez a emigração neste sector do país. E é<br />

nesta altura que os emigrantes portugueses,<br />

a procura <strong>de</strong> tranquilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> uma melhoria<br />

da sua estabilida<strong>de</strong> econó mica, se<br />

implantam e forma os seus "impérios" comerciais<br />

neste povo.<br />

Em gran<strong>de</strong> parte graças ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>mográfico da coló nia portuguesa,<br />

abriram-se oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego<br />

para os nativos da zona, pois não havia no<br />

local o intercâ mbio comercial industrializado.<br />

A vida em Río Chico é agradável e,<br />

muitas vezes, monó tona, conforme nos<br />

comentam alguns habitantes locais. Para<br />

além <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar da praia, que fica a vinte<br />

minutos do povo, há pouca oferta <strong>de</strong><br />

activida<strong>de</strong>s recreativas.<br />

Em Río Chico, há quase 90 mil pessoas,<br />

que constituem todo o Município Páez<br />

do Estado Miranda. A activida<strong>de</strong> econó -<br />

mica mais importante do sector é o cultivo<br />

do cacau como fruto primordial para a realização<br />

do chocolate <strong>venezuela</strong>no.<br />

Trabalhar e Trabalhar<br />

Juan Fernán<strong>de</strong>z é um português que<br />

chegou à zona há 25 anos. É natural da Ribeira<br />

Brava, Ma<strong>de</strong>ira, e chegou à Venezuela<br />

há 31 anos. Diz que a vida do emigrante<br />

luso é trabalhar <strong>de</strong> sol a sol, sem<br />

horário estabelecido.<br />

A activida<strong>de</strong> económica mais importante do sector é o cultivo do cacau<br />

Os momentos <strong>de</strong> distracção, passa-os<br />

na companhia dos amigos ou familiares,<br />

mas a maior parte do tempo fica no seu<br />

estabelecimento a aten<strong>de</strong>r o pú blico e os<br />

fornecedores.<br />

Chegou a esta zona, povoada maioritariamente<br />

por árabes e zambros, para ter<br />

uma vida mais tranquila e sem tanto frenesim.<br />

Gosta do lugar porque as pessoas<br />

são amistosas e conhecem-se todas umas às<br />

outras.<br />

A relação entre o português e o <strong>venezuela</strong>no<br />

é <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>, lealda<strong>de</strong> e gratidão,<br />

pois os lusitanos têm dado emprego nos<br />

seus negó cios a centenas <strong>de</strong> habitantes da<br />

zona.<br />

As festas e as tradições portuguesas<br />

mantêm-se na família, mas não no povo.<br />

A ú nica expressão festiva que comemoram<br />

com os nativos é a da Nossa Senhora<br />

<strong>de</strong> Fátima.<br />

"A comunida<strong>de</strong> portuguesa é unida,<br />

mas cada um está nas suas activida<strong>de</strong>s e<br />

quando nos vemos falamos e mantemos a<br />

amiza<strong>de</strong> que nos une como nação e como<br />

amigos", <strong>de</strong>stacou Juan.<br />

Há trinta anos que não viaja a Portugal<br />

porque a rotina do trabalho o tem impedido.<br />

Mas aceita que se <strong>de</strong>cidisse ir para Portugal<br />

não regressaria por questões econó -<br />

micas ou até políticas".<br />

"Não hásíTios para espairecer<br />

Nem um clube"<br />

Avelino Ferreira é um português natural<br />

<strong>de</strong> Câ mara <strong>de</strong> Lobos, Ma<strong>de</strong>ira, que<br />

chegou a Río Chico há 38 anos. Concorda<br />

com Juan quando <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a vida quotidiana<br />

na zona consiste em trabalhar e <strong>de</strong>dicar-se<br />

aos seus negó cios.<br />

Os portugueses que resi<strong>de</strong>m no povo<br />

já tentaram abrir um Centro Português<br />

numa casa, mas o plano falhou porque nem<br />

todos estavam entusiasmados com a i<strong>de</strong>ia.<br />

Chegaram a reunir-se no local durante alguns<br />

meses, "mas estes encontros <strong>de</strong>sapareceram<br />

logo <strong>de</strong> seguida".<br />

A comunida<strong>de</strong> mostra sinais <strong>de</strong> união,<br />

mas ao mesmo tempo cada um está na sua,<br />

pois têm que tratar dos seus negó cios.<br />

"Quando nos encontramos na rua ao domingo<br />

nos reunimos em família para jogar<br />

cartas ou falar", comenta-nos Avelino.<br />

A maioria dos negó cios que há em Río<br />

Chico é padarias, vendas e lojas <strong>de</strong> álcool<br />

que são normalmente geridas por portugueses.<br />

Também há comércios <strong>de</strong> roupa<br />

<strong>de</strong> árabes e <strong>de</strong> outros emigrantes.


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 VEnEzuEla 11<br />

"Estamos abandonados"<br />

Aleixo Vieira<br />

aleixo5151@cantv.net<br />

Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maracaibo, vivem<br />

cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil portugueses.<br />

Jesuino Brito, cô nsul honorário,<br />

fala-nos da comunida<strong>de</strong><br />

e queixa-se do esquecimento constante<br />

das autorida<strong>de</strong>s Portuguesas.<br />

Com uma superfície territorial <strong>de</strong><br />

63.100 Km2 o Estado Zulia esten<strong>de</strong>-se ao<br />

largo do lago <strong>de</strong> Maracaibo, entre a cordilheira<br />

<strong>de</strong> Perijá e a <strong>de</strong> Mérida. Parte consi<strong>de</strong>rável<br />

do territó rio está ocupado pelo<br />

lago (13.280 km2) e o clima ao longo do<br />

ano é <strong>de</strong> 30º , em média.<br />

Não obstante as excelentes qualida<strong>de</strong>s<br />

do solo <strong>de</strong> alto potencial agrícola, que permite<br />

o cultivo da cana-<strong>de</strong>-açú car, do cacau,<br />

do milho, das "caraotas", da banana<br />

e do plátano. Este Estado <strong>venezuela</strong>no é<br />

constituído por gran<strong>de</strong>s zonas produtivas<br />

<strong>de</strong> gado, embora a sua principal activida<strong>de</strong><br />

econó mica <strong>de</strong>penda da exploração petroleira,<br />

que é o mais importante motor<br />

econó mico da zona.<br />

Segundo o ú ltimo censo, feito em<br />

1995, a povoação do Estado oscila entre os<br />

três milhões <strong>de</strong> habitantes. Maracaibo geograficamente<br />

está situado a 830 km da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caracas.<br />

A comunida<strong>de</strong> portuguesa não é excepção<br />

e também naquela localida<strong>de</strong> da<br />

Venezuela, comparativamente a outras cida<strong>de</strong>s<br />

do país, está estabelecida há mais<br />

<strong>de</strong> 50 anos.<br />

No consulado (honorário) local, estão<br />

<strong>de</strong>vidamente inscritos cerca <strong>de</strong> cinco mil<br />

portugueses. No entanto, segundo o responsável<br />

consular Jesuino Brito, emigrante<br />

há mais <strong>de</strong> 45 anos na Venezuela, a presença<br />

lusitana naquela localida<strong>de</strong> supera os<br />

oito mil lusitanos.<br />

A <strong>de</strong>dicação profissional dos mesmos<br />

também não e muito diferente à dos lusos<br />

que estão noutras localida<strong>de</strong>s do País.<br />

Padarias, restaurantes, lojas <strong>de</strong> ferragens,<br />

supermercados e construção são as áreas<br />

mais frequentes, para além <strong>de</strong> outras com<br />

menos significado.<br />

É preciso <strong>de</strong>stacar ainda que, nesta localida<strong>de</strong>,<br />

existe um clube social português<br />

<strong>de</strong>nominado "Casa <strong>de</strong> Portugal", que foi<br />

fundado há mais <strong>de</strong> trinta anos, mas que<br />

atravessa agora um momento menos bom<br />

no que respeita à dinamização interna.<br />

Jesuino Brito, cô nsul honorário natural<br />

do Algarve, região <strong>de</strong> on<strong>de</strong> emigrou<br />

com apenas nove anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, é um profundo<br />

conhecedor das activida<strong>de</strong>s dos portugueses<br />

naquela localida<strong>de</strong>.<br />

BUROCRACIA PORTUGUESA<br />

O Dia <strong>de</strong> Portugal é celebrado religiosamente<br />

todos os anos com a tradicional<br />

oferenda floral à estátua <strong>de</strong> Luís <strong>de</strong><br />

Camões na principal praça da cida<strong>de</strong>.<br />

Este tipo <strong>de</strong> iniciativa tem partido sempre<br />

<strong>de</strong> maneira individual da comunida<strong>de</strong><br />

ali presente, que se queixa da falta <strong>de</strong> interesse<br />

das autorida<strong>de</strong>s portuguesas. "Estamos<br />

abandonados", vinca Jesuino Brito.<br />

A burocracia portuguesa, no que diz<br />

respeito à legalização <strong>de</strong> documentos, revalidações<br />

<strong>de</strong> títulos, etc, é outro dos alvos<br />

<strong>de</strong> críticas que Jesuino Brito, que faz<br />

questão <strong>de</strong> dizer em nome dos portugueses<br />

daquela localida<strong>de</strong> que "muitos <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m<br />

estabelecer-se <strong>de</strong>finitivamente em Portugal,<br />

mas ficam fartos <strong>de</strong> tanto esperar documentos,<br />

revalidação <strong>de</strong> títulos, etc. Mesmo<br />

estando em Portugal, <strong>de</strong>pois optam<br />

por regressar à Venezuela e reiniciar a sua<br />

vida". No entanto, <strong>de</strong>staca, o trabalho feito<br />

pelo consulado geral, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

os seus serviços em Valencia.<br />

A insegurança pessoal também não é<br />

um problema alheio à comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />

zona. Ultimamente, verificam-se alguns<br />

casos <strong>de</strong> sequestros, on<strong>de</strong> Jesuino Brito<br />

como cô nsul honorário <strong>de</strong> Portugal tem<br />

exercido um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na intervenção<br />

com a polícia local.<br />

Maracaibo parece ser excepção no que<br />

se refere a casos <strong>de</strong> pobreza extrema.<br />

Acrescenta que "felizmente aqui a necessida<strong>de</strong><br />

extrema é pouca e não temos verificado<br />

esse tipo <strong>de</strong> casos, como em Caracas,<br />

por exemplo".


12 Venezuela CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

Vargas ganha II Festival<br />

<strong>de</strong> Folclore Infantil<br />

O grupo folclórico do Centro Português <strong>de</strong> Catia La Mar ganhou a segunda edição do Festival Infantil.<br />

A distinção para o melhor traje tí pico foi para o grupo "A nossa Mocida<strong>de</strong>", <strong>de</strong> La Victoria.<br />

Liliana da Silva<br />

Num evento que se caracterizou pela doçura<br />

e picardia dos dançarinos, sete<br />

grupos infantis apresentaram a 5 <strong>de</strong><br />

Junho o melhor do folclore e da mú -<br />

sica portuguesa. Cada uma das crianças mostrou<br />

talento e doçura, enquanto se passeavam pelas<br />

tradições da terra que viu os seus pais crescerem.<br />

Mas teve apenas um vencedor e foi o grupo folcló<br />

rico do Centro Português <strong>de</strong> Catia La Mar.<br />

O salão nobre do Centro Português <strong>de</strong> Caracas<br />

foi o cenário que recebeu os grupos que participaram<br />

no II Festival <strong>de</strong> Folclore Infantil. O<br />

grupo Danças e Cantares, que pertencem ao CPC,<br />

foi o vencedor da primeira edição <strong>de</strong>ste festival.<br />

Por isso organizou a segunda.<br />

Cada um dos grupos dançou três peças musicais<br />

que foram escolhidos livremente e não podiam<br />

actuar por mais <strong>de</strong> quinze minutos. Os bailes<br />

reflectiram basicamente a cultura <strong>de</strong> cada um dos<br />

sete clubes que vieram <strong>de</strong> diferentes cida<strong>de</strong>s do<br />

país para mostrar a sua arte.<br />

Durante o espectáculo, foi apresentado um grupo<br />

<strong>de</strong> danças <strong>venezuela</strong>nas do Estado Aragua que<br />

surpreen<strong>de</strong>u o pú blico pela ingenuida<strong>de</strong> e inexperiência<br />

<strong>de</strong> uns meninos que, apesar <strong>de</strong> pequeninos,<br />

conseguiu dançar "joropo" e mú sica "llanera".<br />

Uma vez concluída a participação dos grupos<br />

concorrentes, o grupo anfitrião, Danças e Cantares,<br />

apresentou os três bailes que lhes permitiu ganhar<br />

no ano passado, na Casa Portuguesa <strong>de</strong> Maracay.<br />

No fim das actuações, o jú ri, constituído por<br />

sete pessoas conhecedoras do folclore luso, elegeu<br />

o Grupo Folcló rico do Centro Português <strong>de</strong><br />

Catia La Mar como vencedor <strong>de</strong>ste II Festival Infantil.<br />

A distinção para o melhor traje típico foi<br />

para o grupo "Nossa Mocida<strong>de</strong>", <strong>de</strong> La Victoria.


Monaca<br />

abre concurso<br />

Alemanha 2006<br />

CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 EVENTOS 13<br />

Unicasa <strong>de</strong> La Casona<br />

com nova cara<br />

Molinos Nacionales (Monaca) <strong>de</strong>u início ao<br />

concurso Monaca-Gruma, com a Copa<br />

Mundial Alemanha 2006. A iniciativa <strong>de</strong>stina-se<br />

a reconhecer a lealda<strong>de</strong> e o esforço<br />

dos seus clientes da área industrial e conta com a participação<br />

das prestigiadas marcas Robin Hood e Polar.<br />

O concurso vai vigorar <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong>ste ano a 31 <strong>de</strong><br />

Janeiro <strong>de</strong> 2006. Consiste em coleccionar cromos que cada<br />

cliente recebe consoante as compras a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

montantes.<br />

A primeira etapa do concurso acaba a 31 <strong>de</strong> Agosto<br />

pró ximo e quem consiga completar as colecções vai estar<br />

automaticamente a participar no sorteio <strong>de</strong> dois pacotes<br />

com todas as <strong>de</strong>spesas<br />

pagas para viajar ao<br />

Brasil e assistir ao jogo<br />

da selecção nacional<br />

<strong>de</strong>ste país com a Vinotinto<br />

da Venezuela, um jogo integrado nas eliminató rias<br />

<strong>de</strong> Alemanha 2006, que se realiza a 11 <strong>de</strong> Outubro.A ú l-<br />

tima etapa do concurso vai acabar a 31 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong><br />

2006 e os clientes que até à altura tenham completado as<br />

colecções vão optar por <strong>de</strong>z pacotes com todos os gastos<br />

pagos para uma viagem à Alemanha, po<strong>de</strong>ndo assistir a<br />

vários jogos da Copa Mundial <strong>de</strong> Futebol, assim como<br />

conhecer <strong>de</strong> perto os melhores jogadores e apreciar atractivos<br />

turísticos do país germâ nico. Como prémios complementares,<br />

vão ser sorteadas, também, câ maras digitais,<br />

ví<strong>de</strong>o-câ maras e malas <strong>de</strong> viagem.<br />

No passado dia 28 <strong>de</strong><br />

Maio, Supermercados<br />

Unicasa reinaugurou a<br />

sucursal que está localizada no<br />

Centro Comercial La Casona. O<br />

objectivo é oferecer a todos os<br />

resi<strong>de</strong>ntes da Urbanização La Rosa<strong>de</strong>la,<br />

em San Antó nio <strong>de</strong> los<br />

Altos e arredores, um novo conceito,<br />

com melhores serviços,<br />

maior varieda<strong>de</strong> e ofertas.<br />

O Unicasa do Centro Comercial<br />

La Casona foi totalmente<br />

remo<strong>de</strong>lado e automatizado.<br />

Tem já <strong>de</strong>zassete caixas e amplas<br />

áreas <strong>de</strong> charcutaria, pescaria,<br />

frutas e verduras. Tem sistemas<br />

<strong>de</strong> refrigeração e congelado que<br />

cuidam do ambiente e amplos<br />

corredores, assim como uma barra<br />

que permite aos utilizadores<br />

solicitar o corte das carnes à sua<br />

escolha.<br />

Está, também, à disposição dos<br />

clientes a nova secção <strong>de</strong> comidas<br />

preparadas Unicasa Express,<br />

com pratos caseiros para levar<br />

ou comer no momento.<br />

Unicasa La Casona é outra<br />

mostra do viável plano <strong>de</strong> crescimento<br />

e consolidação que os<br />

supermercados Unicasa têm concretizado<br />

nos ú ltimos meses.<br />

Nesse sentido, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> breve<br />

a ca<strong>de</strong>ia vai fazer outra reinauguração<br />

em Montalban III e vai,<br />

também, inaugurar uma nova<br />

sucursal na zona <strong>de</strong> Caricuao<br />

(Caracas).


14 PERFIL CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

Vivências que se transformam em poesia<br />

A sauda<strong>de</strong> foi o principal motivo que levou Manuelita Ferreira a escrever poemas<br />

e pensamentos que hoje estão compilados em seis publicações<br />

Noelia <strong>de</strong> Abreu<br />

noelia<strong>de</strong>abreu@gmail.com<br />

Aprimeira guerra mundial, as necessida<strong>de</strong>s<br />

e as carências pó s-guerra e as belas<br />

paisagens <strong>de</strong> um Portugal rural marcaram<br />

a vida <strong>de</strong> uma mulher que continua<br />

a preservar, através dos tempos, não só as lembranças<br />

mais subtis como também a sua primeira<br />

ida à praia, quando tinha apenas dois anos, e as recordações<br />

mais crus da guerra. "Lembro-me perfeitamente<br />

<strong>de</strong> como os soldados faziam as trincheiras<br />

com arame farpado e se escondiam em buracos que<br />

cavavam", conta-nos.<br />

Hoje, com 66 anos, as obras da poetiza <strong>de</strong> traços<br />

<strong>de</strong>lgados e olhar doce são provas da sua maturida<strong>de</strong><br />

literária. As pegadas inapagáveis<br />

que <strong>de</strong>ixou do seu passado converteram-na<br />

num ser insensível e<br />

apaixonado que procurou encontrar<br />

na prosa e no verso um<br />

<strong>de</strong>sabafo. E é precisamente em<br />

"Mis Hojas <strong>de</strong> Plata" (as suas<br />

memó rias) que plasma todas<br />

as suas vivências, as boas e as<br />

más, conseguindo mostrar o<br />

que a fez ser uma mulher mais<br />

optimista que <strong>de</strong>dicou vinte anos<br />

da sua vida ao aconselhamento a mulheres jovens,<br />

falando-lhes sobre como <strong>de</strong>vem tratar os seus filhos<br />

e dar-lhes amor.<br />

Apesar <strong>de</strong> ter pensado várias vezes queimar as<br />

suas memó rias, sobretudo por serem relatos tristes<br />

que abordam a sua infâ ncia vivida em Portugal<br />

e a sua fase adulta já na Venezuela, <strong>de</strong>cidiu publicálas<br />

para "<strong>de</strong>monstrar a muitas pessoas que têm problemas<br />

que as quedas que damos na vida servem<br />

para apren<strong>de</strong>rmos a nos levantar. E eu sou exemplo<br />

disso", afirma com convicção.<br />

"A sAbEdoRIA Está<br />

Em cAdA um dE nós"<br />

Esta mulher, mãe, poetiza, escritora em português<br />

e em espanhol, nasceu em Maxieira,<br />

Fátima, e chegou à Venezuela<br />

a 14 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1955,<br />

com <strong>de</strong>zasseis anos e muitas<br />

ilusões. Contudo, as restrições<br />

do seu pai não lhe permitiram<br />

prosseguir os estudos<br />

e, por isso, nunca<br />

passou da segunda classe.<br />

"Estive separada dos meus<br />

pais quando me mandaram<br />

ir morar com a minha<br />

madrinha em Leiria.<br />

Ela prometeu ao meu pai que me punha na escola,<br />

mas nunca o fez. Às vezes custa-me acreditar como<br />

é que uma campó nia qualquer - que é o que eu era<br />

- conseguiu chegar até on<strong>de</strong> eu já cheguei. A ú nica<br />

explicação que tenho é que a sabedoria está <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> cada um".<br />

Quando o pai <strong>de</strong> Manuelita, que tinha emigrado<br />

em 1946, a mandou buscar, a escritora viu neste país<br />

do Caribe a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retomar os seus escassos<br />

estudos. "O meu pai dizia que a mulher tinha<br />

que saber lavar, cozinhar e ser uma boa ama <strong>de</strong> casa.<br />

Por isso, nunca me <strong>de</strong>ixou estudar. Contudo, o<br />

meu pai, na sua ignorâ ncia, foi um professor para<br />

mim, pois graças a ele lutei para ser o que sou hoje",<br />

recorda.<br />

PouPAndo PARA PAgAR um sonho<br />

Muitas vezes não comprou medicamentos, sapatos<br />

ou roupa só para po<strong>de</strong>r suportar as <strong>de</strong>spesas que<br />

se tem ao publicar um livro. As suas cinco primeiras<br />

obras - "Cosechas", em 1984; "Poemas y pensamientos",<br />

em 1986; "Otra mujer", em 1989, "Siete<br />

Colores en un Zafiro", em 1990; e "Burbujas oníricas",<br />

em 2004 - foram publicadas com os seus pró -<br />

prios meios, excepto o seu livro "Abanico <strong>de</strong> frases",<br />

que foi publicado em Janeiro <strong>de</strong>ste ano com<br />

o patrocínio <strong>de</strong> UNICASA.<br />

Manuelita Ferreira explica-nos que publicar o<br />

livro não é suficiente. A publicida<strong>de</strong> é um elemento<br />

essencial para um escritor ou poeta. "Ser escritor<br />

não é tão fácil como ser pintor. Uma pintura vê-se a<br />

olho nu e as pessoas <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m logo se a compram<br />

ou não. Com um livro é diferente", diz.<br />

Os seus dois ú ltimos livros foram "Lo blanco en<br />

el vuelo" e "Mis hojas <strong>de</strong> Plata". "Procuro o apoio <strong>de</strong><br />

alguma empresa que esteja interessada porque hoje<br />

em dia é muito caro publicar um livro", <strong>de</strong>staca.<br />

Quem <strong>de</strong>seje contactar Manuelita po<strong>de</strong> fazê-lo através<br />

do telefone 0212-870.91.92 ou o e-mail ventas@manuelita.com.ve.


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 CultuRA 15<br />

O professor do interior da Venezuela<br />

Uma biblioteca já tem o seu nome, "Jorge Amorim", uma forma <strong>de</strong> lhe prestar homenagem em vida pela sua<br />

<strong>de</strong>dicação. Este emigrante durante mais <strong>de</strong> quinze anos <strong>de</strong>u aulas <strong>de</strong> português em diferentes regiões do paí s.<br />

Noelia <strong>de</strong> Abreu<br />

noelia<strong>de</strong>abreu@gmail.com<br />

Chama-se Manuel Alves <strong>de</strong> Oliveira,<br />

mas é mais conhecido<br />

por todos como Jorge Amorim.<br />

O seu trajecto como professor<br />

<strong>de</strong> línguas é amplo, pois percorreu várias<br />

regiões do interior da Venezuela. Chegou<br />

ao país há 39 anos e <strong>de</strong>dicou quinze <strong>de</strong>ste<br />

ao ensino <strong>de</strong> português, francês e outras<br />

línguas em regiões com Barquisimeto, Villa<br />

Cura, Puerto Cabello, Acarigua e La<br />

Victoria.<br />

Actualmente, dá aulas <strong>de</strong> português<br />

na Igreja San Antó nio <strong>de</strong>l Trébol, em<br />

Valência, paró quia da comunida<strong>de</strong> portuguesa<br />

e italiana; na Câ mara Portuguesa<br />

Venezuelana (CAPORVEN); no<br />

Centro Social Ma<strong>de</strong>irense <strong>de</strong> Valência;<br />

em Tinaquillo, Estado Coje<strong>de</strong>s, em Punto<br />

Fijo, Estado Falcó n; e na Casa Portuguesa<br />

<strong>de</strong> Aragua, on<strong>de</strong> ensina também francês,<br />

ambos há <strong>de</strong>z anos.<br />

Para honrá-lo em vida, a biblioteca da<br />

Câ mara Portuguesa Venezuelana foi<br />

baptizada como Jorge <strong>de</strong> Amorim iniciativa<br />

foi <strong>de</strong> Carlos Balaguera, director da<br />

mencionada organização, que quis reconhecer<br />

o trabalho <strong>de</strong>ste professor que durante<br />

mais <strong>de</strong> três anos leccionou cursos<br />

<strong>de</strong> português na se<strong>de</strong> <strong>de</strong> CAPORVEN,<br />

em Valência, e por ser um <strong>de</strong>stacado erudito<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zasseis línguas.<br />

As viagens aos diferentes Estados da<br />

Venezuela são pagos por diferentes instituições<br />

e clubes on<strong>de</strong> dá aulas. "Se contabilizarmos<br />

as <strong>de</strong>spesas, os aci<strong>de</strong>ntes pelo<br />

caminho e inclusive os roubos seria fácil<br />

<strong>de</strong>sanimar-se, mas isso eu evito fazer, pois<br />

não gosto <strong>de</strong> me focar nos pontos negativos.<br />

O que eu gosto mesmo, a minha paixão<br />

é dar aulas", confessa.<br />

Sobre os cursos <strong>de</strong> português, comenta<br />

que há muita gente interessada em<br />

apren<strong>de</strong>r português, embora não há tanta<br />

gente como <strong>de</strong>via haver. "Contudo, nas<br />

minhas aulas tenho muitos engenheiros,<br />

médicos, arquitectos e pessoas que ainda<br />

não profissionais", diz. Também faz referência<br />

ao facto <strong>de</strong> que 50% dos que assistem<br />

aos seus cursos serem portugueses<br />

ou luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Os outros 50% são<br />

<strong>venezuela</strong>nos, na sua gran<strong>de</strong> maioria. Mas<br />

também tem alunos colombianos ou das<br />

Ilhas das Antilhas, mas são poucos.<br />

POesiA dA lí nguA<br />

gAnhA-se COm estudO<br />

A sua preocupação pela falta <strong>de</strong> docentes<br />

da língua portuguesa no interior<br />

do país é crescente, pois ainda que haja<br />

pessoas interessadas em apren<strong>de</strong>r não há<br />

docentes na sua comunida<strong>de</strong> para cobrir<br />

essa procura. Conforme nos garante, ele é<br />

"o ú nico professor licenciado que há fora<br />

<strong>de</strong> Caracas e na fronteira da Colô m-<br />

bia".<br />

Porto foi a terra que o viu nascer em<br />

1928 e foi precisamente no seu país natal<br />

que tirou o ensino básico, o secundário e<br />

a sua carreira como professor <strong>de</strong> português.<br />

Mas os seus <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> ampliar os<br />

seus conhecimentos levaram-no a fazer<br />

um Curso Superior <strong>de</strong> Teologia e Filosofia<br />

em Espanha e um Curso <strong>de</strong> Línguas<br />

Mo<strong>de</strong>rnas, na Inglaterra e na Irlanda. Ainda<br />

insatisfeito, pousou o seu olhar na Venezuela.<br />

"Queria conhecer o Novo Mundo.<br />

A Europa já era territó rio conhecido<br />

para mim. Também fugi <strong>de</strong> Portugal<br />

por causa dos problemas políticos que me<br />

assediavam", conta-nos.<br />

A Venezuela foi o país que lhe abriu as<br />

portas e on<strong>de</strong> fez estudos especializados<br />

em Castelhano e em Literatura. "A gramática<br />

po<strong>de</strong>mos encontrá-la num computador,<br />

mas a capacida<strong>de</strong> poética que<br />

têm as palavras é uma coisa que tem <strong>de</strong><br />

ser estudado. Por isso, sempre digo aos<br />

meus alunos que uma língua vai muito<br />

mais além <strong>de</strong> todos os tecnicismos", <strong>de</strong>clara.<br />

Até à data, Manuel Alves oliveira já<br />

publicou <strong>de</strong>z livros, um <strong>de</strong>les em espanhol<br />

e o resto em português. A sua obra intitulada<br />

"Tierra <strong>de</strong> Nadie" foi seleccionada<br />

pela biblioteca do Congresso dos Estados<br />

Unidos, no Canadá, para ser traduzido.<br />

Actualmente, tem mais cinco obras<br />

prontas a serrem publicadas. Em 2004,<br />

publicou "Os Oráculos".<br />

Aproximar Camões<br />

à comunida<strong>de</strong><br />

A 18 <strong>de</strong> Julho realiza-se a sétima tertúlia organizada pelo Instituto Português<br />

<strong>de</strong> Cultura no Centro Português <strong>de</strong> Caracas.<br />

Agostinho Silva<br />

asilva@dnoticias.pt<br />

OInstituto Português <strong>de</strong> Cultura<br />

(IPC) tem vindo a realizar<br />

nos ú ltimos dois anos uma série<br />

<strong>de</strong> tertú lias que têm como principal<br />

objectivo aproximar a comunida<strong>de</strong><br />

lusa às activida<strong>de</strong>s culturais. Esta iniciativa<br />

procura con seguir mais envolvimento<br />

dos portugueses que não costumam<br />

assistir às conferências ou fó -<br />

runs, mas que po<strong>de</strong>m ver nas tertú lias<br />

um espaço on<strong>de</strong> se juntam i<strong>de</strong>ias, mú -<br />

sica, poemas e alegria.<br />

A pró xima tertú lia realiza-se no<br />

Centro Português <strong>de</strong> Caracas, no restaurante<br />

O Navegante, a partir das<br />

21h00. O evento vai ser em honra <strong>de</strong><br />

Luís <strong>de</strong> Camões e serve para comemorar<br />

o Dia <strong>de</strong> Portugal e das Comunida<strong>de</strong>s<br />

Portuguesas. É, ainda, uma oportunida<strong>de</strong><br />

para festejar o quadragésimo<br />

sétimo aniversário do CPC.<br />

No encontro, vão-se refrescar os dados<br />

mais significativos da biografia do<br />

escritor e poeta português, ler alguns<br />

dos seus poemas e ouvir alguma mú -<br />

sica.<br />

Estes encontros culturais começaram<br />

a realizar-se a 16 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2003<br />

e converteram-se numa alternativa para<br />

divulgar o melhor da cultura lusa.<br />

Betty Rodrigues, directora do IPC,<br />

diz que a assistência da comunida<strong>de</strong><br />

tem sido bastante positiva e, <strong>de</strong>staca,<br />

cada vez mais pessoas frequentam estas<br />

reuniões culturais. "À ú ltima tertú lia,<br />

assistiram 150 pessoas. Para esta que se<br />

vai realizar agora esperamos mais ou<br />

menos o mesmo nú mero <strong>de</strong> assistentes".<br />

Isto só é possível porque a Direcção<br />

do CPC permitiu a entrada livre,<br />

mesmo <strong>de</strong> pessoas que não sejam<br />

só cias do clube.


16 LAZER CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

Vinte anos a reunir o folclore<br />

A Casa Portuguesa Venezuelana <strong>de</strong> Valencia é palco do XX Festival Folclórico Português,<br />

que vai juntar 22 grupos <strong>de</strong> toda a Venezuela.<br />

Noelia <strong>de</strong> Abreu<br />

noelia<strong>de</strong>abreu@gmail.com<br />

No pró ximo dia 3 <strong>de</strong> Junho, tem lugar o XX Festival<br />

Folcló rico na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Valência, estado Carabobo.<br />

Danças da Ma<strong>de</strong>ira, o grupo vencedor do festival feito<br />

em Guayana em 2004, organiza todas as activida<strong>de</strong>s<br />

que se vão realizar na Casa Portuguesa Venezuelana <strong>de</strong> Valencia.<br />

José Humberto Rodrigues do Nascimento, director-geral do<br />

grupo, informou-nos que este festival se vai realizar em honra da<br />

Região <strong>de</strong> Miranda, uma região do Norte <strong>de</strong> Portugal. E isto porque,<br />

graças aos bailes "pauliteros" <strong>de</strong> Miranda, conseguiram obter o<br />

primeiro lugar no festival anterior, levando também o prémio <strong>de</strong><br />

melhor traje típico.<br />

Este ano, os organizadores querem dar um ar <strong>de</strong> novo a este<br />

evento cultural e, para isso, vão introduzir uma mascote do festival.<br />

Rodrigues diz que "esta novida<strong>de</strong> tenta oferecer uma alternativa diferente<br />

aos que assistem ao evento. Para além disso, a comunida<strong>de</strong><br />

lusa e <strong>venezuela</strong>na que vá até à Casa Portuguesa Venezuelana <strong>de</strong><br />

Valencia vai po<strong>de</strong>r partilhar com os seus familiares e amigos comida<br />

típica e vinho português.<br />

Rodrigues convidou toda a comunida<strong>de</strong> a assistir, a partir das<br />

duas da tar<strong>de</strong>, ao espectáculo que vai contar com a participação<br />

<strong>de</strong> 22 grupos folcló ricos, entre os quais se po<strong>de</strong>m enumerar o<br />

Grupo Folcló rico do Centro Social Ma<strong>de</strong>irense <strong>de</strong> Valencia, o <strong>de</strong><br />

Os Lusíadas <strong>de</strong> Caracas, o do Centro Português <strong>de</strong> Puerto Ordaz,<br />

o grupo A Ma<strong>de</strong>ira é um Jardim <strong>de</strong> Los Teques, o Centro Luso<br />

Venezuelano <strong>de</strong> Turumo e o grupo do Centro Português <strong>de</strong> La<br />

Victoria.<br />

Outro dos pontos na agenda do festival é a típica eleição da<br />

madrinha, um acto que premeia a beleza e que permite o reconhecimento<br />

<strong>de</strong> outros atractivos dos grupos folcló ricos, não só pela<br />

melhor dança, mas também pelo melhor traje típico.<br />

Erika Nornny é a nova rainha do CPC<br />

Carlos Orellana<br />

corellana<strong>correio</strong>@hotmail.com<br />

OCentro Português <strong>de</strong> Caracas<br />

já tem quem o represente<br />

este ano em termos<br />

<strong>de</strong> beleza. Embora inicialmente<br />

havia pouco interesse por parte<br />

das jovens só cias do clube, finalmente<br />

houve quem manifestasse interesse<br />

em participar no evento. A três <strong>de</strong> Junho<br />

Carmen Irene <strong>de</strong> Lisa (rainha <strong>de</strong>stronada)<br />

entregou a coroa a Erika<br />

Nornny, uma jovem <strong>de</strong> signo Sagitário<br />

<strong>de</strong> 17 anos, <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ncia italiana,<br />

facto que causou algumas criticas entre<br />

o auditorio.<br />

Fátima <strong>de</strong> Gonçalves, Presi<strong>de</strong>nta do<br />

Comité Feminino do CPC, aclarou ao<br />

CORREIO que "nao existe nenhuma<br />

cláusula que proíba a participaçao <strong>de</strong><br />

jovens <strong>de</strong> outras nacionalida<strong>de</strong>s, sempre<br />

que sejam só cias activas do clube” .<br />

A animação do evento esteve a cargo<br />

<strong>de</strong> Daniel Somaró e Sandra <strong>de</strong> Abreu,<br />

que <strong>de</strong>ram a conhecer aos presentes a<br />

rainha e as suas finalistas, Jessica <strong>de</strong><br />

Freitas, em primeiro lugar, e Daniela<br />

Marques, em segundo.<br />

O show começou com um opening<br />

baseado na série <strong>de</strong> BATMAN, quando<br />

um grupo <strong>de</strong> jovens disfarçadas <strong>de</strong> "gatubela"<br />

<strong>de</strong>sceu do tecto do salão nobre<br />

do CPC.<br />

O ritmo da noite ficou a cargo <strong>de</strong><br />

Juan Carlos Luces, um jovem que está a<br />

iniciar-se no canto. Também brilhou<br />

com luz pró pria "Imagen Latina", um<br />

grupo <strong>de</strong> jovens que dançou e animou a<br />

noite com o melhor estilo da "salsa brava".<br />

O reinado <strong>de</strong>ste ano contou com a<br />

participação <strong>de</strong> oito jovens com ida<strong>de</strong>s<br />

compreendidas entre os 16 e os 20 anos.<br />

As concorrentes foram: Daniela Márques<br />

(Miss Fotogenia e segunda finalista);<br />

Karina Teixeira (Miss Amiza<strong>de</strong>);<br />

Graciela Márquez, Erika Nornny (Miss<br />

Centro Portugués 2005), Jessica De Freitas<br />

(Miss Elegâ ncia e primeira finalista),<br />

Andreína Farías, María Eugenia da<br />

Costa e Vanesa Farías.


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 LAZER 17<br />

"La Nueva Calle" pela mão<br />

<strong>de</strong> um luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />

Norberto Nunes representa o grupo juvenil <strong>venezuela</strong>no, cujas músicas<br />

actualmente estão entre as <strong>de</strong>z mais ouvidas no "record report".<br />

Carlos Orellana<br />

corellana<strong>correio</strong>@hotmail.com<br />

Com 32 anos, Norberto Nunes<br />

sente nas costas o peso<br />

da responsabilida<strong>de</strong>. Trabalha<br />

no negó cio <strong>de</strong> produção<br />

e <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, é só cio <strong>de</strong> "A<br />

Comunida<strong>de</strong>" e, mais recentemente,<br />

tornou-se no representante artístico<br />

"La Nueva Calle", o grupo juvenil <strong>venezuela</strong>no<br />

que se passeia pelos ritmos<br />

do "hip hop" e o "regueton".<br />

Filho <strong>de</strong> Mário Nunes, natural do<br />

Porto, e <strong>de</strong> Maria Jú lia Aguiar, nascida<br />

em Aveiro, este luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />

conta-nos que a sua vida esteve sempre<br />

ligada à comunida<strong>de</strong> portuguesa. "Formei-me<br />

em colégios portugueses e estu<strong>de</strong>i<br />

Artes Gráficas e Produções Escritas<br />

em Portugal", disse-nos.<br />

Sobre o seu trabalho com o quarteto<br />

musical, comentou-nos que os<br />

conheceu num dos seus eventos. Conversou<br />

com eles e soube que não tinham<br />

uma representação. Des<strong>de</strong> esse<br />

dia, surgiu a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> se ajudarem mutuamente<br />

e começaram, assim, a dar-se<br />

as negociações. Já têm sete meses a trabalhar<br />

arduamente e actualmente "La<br />

Nueva Calle" está entre os <strong>de</strong>z grupos<br />

mais ouvidos no "record report".<br />

Des<strong>de</strong> criança, este luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />

se tem <strong>de</strong>dicado a trabalhar no<br />

sector da construção. Logo <strong>de</strong> seguida<br />

se vinculou à política, on<strong>de</strong> ficou até<br />

ter pegado nos negó cios da família,<br />

on<strong>de</strong> ainda está. A sua vida passa-se<br />

entre ir e vir <strong>de</strong> um Estado a outro da<br />

Venezuela, pois os projectos com o<br />

grupo estão focalizados este ano para<br />

dar vários concertos em diferentes zonas<br />

do país.<br />

Nunes comentou que estão a negociar<br />

com a produtora internacional<br />

SONY MUSIC para lançar o grupo<br />

para o exterior. Entre as viagens que<br />

vão ser feitas, adiantou-nos que vai a<br />

Espanha no pró ximo mês <strong>de</strong> Agosto.<br />

E Nunes não <strong>de</strong>scartou a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> visitar Portugal, on<strong>de</strong> espera ter as<br />

portas abertas para receber os jovens<br />

talentos.<br />

Actualmente "La Nueva Calle"<br />

cumpre uma agenda bastante apertada<br />

que inclui, para além <strong>de</strong> várias tournées<br />

em diferentes cida<strong>de</strong>s da Venezuela,<br />

inú meros convites para participar<br />

em diversos programas da televisão<br />

<strong>venezuela</strong>na. Para Nunes, a<br />

dinâ mica <strong>de</strong> trabalho com o grupo<br />

é forte, mas - disse - "a <strong>de</strong>dicação, constâ<br />

ncia e esforço é vital para conseguir<br />

qualquer coisa".<br />

Para conhecer mais sobre este grupo<br />

musical galardoado como "Gruppo<br />

Impacto 2005" nos Prémios Mar <strong>de</strong><br />

Prata, os interessados po<strong>de</strong>m fazê-lo<br />

através do site www.lanuevacalle.com.<br />

Para contratações, ligar 0412.260.09.95 /<br />

0414.325.0492.


18 PUBLIREPORTAGEM CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

De mãos dadas<br />

com a Distribuidora Giorgio<br />

A empresa que representa as marcas exclusivas <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> café Rancilio e Faema reconhece<br />

o trabalho dos seus principais distribuidores que pertencem à comunida<strong>de</strong> portuguesa<br />

MAX RODRIGUEZ, aliado estratégico<br />

do sector alimentício<br />

Max Rodrigues nasce como empresa<br />

há trinta anos e foi precisamente a partir<br />

<strong>de</strong> 1981 que assumem as rendas da empresa<br />

os cunhados ma<strong>de</strong>irenses Juan Alberto<br />

dos Santos, José Rodrigues Figueira<br />

e Evangelio Teles, primeiros só cios da<br />

empresa.<br />

A empresa oferece aos seus clientes<br />

uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamentos<br />

para o sector alimentício, tais como fontes<br />

<strong>de</strong> soda, areperas, restaurantes, frigoríficos,<br />

supermercados e padarias, entre outros,<br />

complementando com serviço técnico,<br />

assessoria e projectos <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação.<br />

Os seus produtos vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cozinhas,<br />

frigoríficos, lavagens industriais, moinhos<br />

<strong>de</strong> carne e queijo, máquinas <strong>de</strong> café e até<br />

qualquer utensílio <strong>de</strong> cozinha que o cliente<br />

<strong>de</strong>seje, assim como a elaboração <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s<br />

para os doces confeccionados em aço<br />

inoxidável para a confeitaria.<br />

Aproximadamente uns 70% dos seus<br />

clientes pertencem à coló nia portuguesa.<br />

"Temos levado a cabo a montagem das<br />

maiores areperas <strong>de</strong> Caracas: El Granjero<br />

<strong>de</strong>l Este, Los Pilones <strong>de</strong>l Este, Budare<br />

<strong>de</strong>l Este, La Casa <strong>de</strong>l Llano e la Ahumada<br />

<strong>de</strong> Catia". Actualmente, estão equipadas<br />

duas areperas que <strong>de</strong>vem abrir em breve,<br />

funcionando 24 horas por dia, uma<br />

em Altamira e outra na Avenida Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, em Las Merce<strong>de</strong>s.<br />

Em 1985, percebeu-se que havia uma<br />

necessida<strong>de</strong> latente nos seus clientes e<br />

criou-se uma fábrica com o nome <strong>de</strong> "FA-<br />

MACERO", que se <strong>de</strong>dica à elaboração <strong>de</strong><br />

equipamentos em aço inoxidável.<br />

A relação que os une à Distribuidora<br />

Giorgio está marcada pela venda <strong>de</strong> máquinas<br />

<strong>de</strong> café Rancillo e Faema. "O senhor<br />

Stefano chegou aqui um dia e colocou<br />

uma máquina <strong>de</strong> café à consignação para<br />

que a exibíssemos. Disse que só a pagaríamos<br />

quando a vendêssemos". Foi assim<br />

que começaram a trabalhar juntos, como<br />

nos lembra José Figueira.<br />

Assinalam que a relação com Giorgio é<br />

muito boa, graças aos seus produtos serem<br />

<strong>de</strong> marcas reconhecidas. "Rancillo é<br />

hoje a marca mais vendida na Veenzuela",<br />

nota Alberto dos Santos.<br />

Mas Rodrigues elogia o Departamento<br />

<strong>de</strong> Serviço e Suporte Técnico ao Cliente<br />

<strong>de</strong> Giorgio. "Têm tudo o que é preciso<br />

ter em stock, mas com um serviço rápido<br />

e efectivo. Se alguma coisa não estiver disponível,<br />

em 24 horas se encarregam <strong>de</strong><br />

consegui-lo. Outras empresas não conseguem<br />

fazer isto".<br />

Conforme estima Alberto dos Santos,<br />

as máquinas <strong>de</strong> café Rancilio duram uma<br />

média <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, fazendo-se a respectiva<br />

manutenção. "Há máquinas que trabalham<br />

24 horas seguidas sem parar, com<br />

um rendimento ó ptimo".<br />

"DURECA" DE REFRIGERAÇÃO,<br />

constituindo a melhor equipa"<br />

"Dureca" é uma empresa familiar <strong>venezuela</strong>na<br />

que foi fundada em 1982 por<br />

Nicolás Fernán<strong>de</strong>z (1946-1994), natural da<br />

Ma<strong>de</strong>ira, que se iniciou a trabalhar num<br />

talho e numa empresa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong><br />

leite. Mas logo se iniciou na distribuição <strong>de</strong><br />

equipamentos <strong>de</strong> refrigeração como ven<strong>de</strong>dor,<br />

até criar a "Distribuidores Unidos<br />

<strong>de</strong> Refrigeració n C.A.".<br />

Em 1994, a direcção da empresa ficou a<br />

cargo <strong>de</strong> José Freitas, que fazia parte <strong>de</strong>la<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1985. Inicialmente, se <strong>de</strong>dicavam à<br />

distribuição <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> refrigeração<br />

industrial e comercial, mas com o<br />

passar do tempo i<strong>de</strong>ntificaram a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cobrir o mercado <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação<br />

e instalação <strong>de</strong> padarias, supermercados,<br />

cafés e afins.<br />

Actualmente, comercializam projectos<br />

<strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação e instalação <strong>de</strong> locais comerciais,<br />

com uma linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração integral.<br />

"Não há razões para limitar o cliente.<br />

Por isso tentamos fazer com que os<br />

equipamentos se adaptem ao local e não ao<br />

contrário. Esta é a nossa principal vantagem<br />

competitiva porque nos permite estar<br />

na vanguarda da <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> padarias",<br />

comentou Carolina Fernán<strong>de</strong>z.<br />

A sua carteira <strong>de</strong> clientes está constituída<br />

por padarias e pastelarias e 70% <strong>de</strong>stas<br />

pertencem à coló nia portuguesa. Desenvolvem<br />

o conceito "Chave na Mão".<br />

"Procuramos poupar tempo e esforços aos<br />

nossos clientes, oferecendo a comodida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> receber a chave do seu estabelecimento,<br />

que está já em condições <strong>de</strong> começar<br />

a prestar serviços imediatamente",<br />

aponta Fernan<strong>de</strong>s.<br />

Nesta tarefa <strong>de</strong> oferecer um conceito<br />

<strong>de</strong> equipamento integral, surgem alianças<br />

como a existente na Distribuidora<br />

Giorgio e as suas marcas Rancilio e Faema,<br />

em matéria <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> café, moinhos<br />

e outras.<br />

Recém iniciada, a empresa começou<br />

a trabalhar com a Distribuidora Giorgio. E<br />

esta relação se manteve até hoje. Assinalam<br />

que o seu principal valor é o serviço<br />

pó s-venda. "Rancilio é uma marca reconhecida<br />

ao nível internacional que tem<br />

qualida<strong>de</strong>, confiança e conta com um serviço<br />

técnico, distribuição e suporte <strong>de</strong><br />

efectivos em qualquer situação, tanto <strong>de</strong><br />

solicitação <strong>de</strong> repostos como <strong>de</strong> assessoria".<br />

COMERCIAL FRIO MADEIRENSE<br />

Nasce da associação entre Luís Márquez,<br />

José Marquez e José Carvalho. "Frio<br />

Ma<strong>de</strong>irense" <strong>de</strong>dica-se à venda <strong>de</strong> equipamentos<br />

<strong>de</strong> refrigeração comercial e<br />

equipamentos <strong>de</strong> supermercados, frigoríficos,<br />

e padarias. Também oferece um serviço<br />

integral <strong>de</strong> equipamento e <strong>de</strong> assessoria<br />

aos seus clientes.<br />

Cobrem as zonas representadas pelos<br />

Estados Aragua, Carabobo e Portuguesa,<br />

para além <strong>de</strong> Guárico e Coje<strong>de</strong>s. A maior<br />

parte das suas operações comerciais são<br />

feitas com a comunida<strong>de</strong> luso-<strong>venezuela</strong>na.<br />

A sua relação comercial com a Distribuidora<br />

Giorgio começa em 1993 e<br />

mantém-se até hoje.<br />

Como parte das activida<strong>de</strong>s empreendidas<br />

pela Distribuidora Giorgio, estão os<br />

cursos <strong>de</strong> treino técnico gratuitos, dados<br />

nalguns casos por representantes <strong>de</strong> Rancilio<br />

que vêm exclusivamente para este<br />

fim.<br />

Giorgio reconhece a importâ ncia da<br />

comunida<strong>de</strong> portuguesa na activida<strong>de</strong> comercial<br />

que <strong>de</strong>sempenha, essencialmente<br />

porque esta li<strong>de</strong>ra o comércio do nosso<br />

país, como comenta Alessandra Tauchini,<br />

gerente <strong>de</strong> Mercado. "Esta é uma relação<br />

que com os anos fomos cultivando<br />

com diversas empresas através da realização<br />

<strong>de</strong> diferentes activida<strong>de</strong>s e experiências.<br />

Isto permitiu-nos estreitar ainda<br />

mais os laços com esta comunida<strong>de</strong>,<br />

assim como conhecê-la mais", conclui.


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 PORTUGAL 19<br />

Indústrias perigosas na Ma<strong>de</strong>ira<br />

Indústria transformadora e agro-indústrias são os maiores inimigos do ambiente<br />

Sónia Gonçalves/Sí lvia Ornelas<br />

(DN-Ma<strong>de</strong>ira)<br />

No Dia Mundial do Ambiente (4<br />

<strong>de</strong> Junho), o director regional<br />

que tem esta pasta na Região<br />

Autó noma da Ma<strong>de</strong>ira mostrou-se<br />

preocupado com a insistência <strong>de</strong> alguns<br />

investidores, que não querem adaptarse<br />

à nova realida<strong>de</strong> e teimam em não mudar<br />

a mentalida<strong>de</strong> retró grada que vê o ambiente<br />

como "um capricho e um aborrecimento".<br />

Domingos Abreu lamenta que haja uma<br />

geração <strong>de</strong> investidores que, em termos <strong>de</strong><br />

conhecimento dos problemas e da importâ<br />

ncia da salvaguarda do ambiente, <strong>de</strong>monstre<br />

falta <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>, essencialmente<br />

por ausência <strong>de</strong> formação ambiental.<br />

O responsável aponta os sectores da indú stria<br />

transformadora e da agro-indú stria como os mais<br />

insensíveis nesta matéria e aponta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

haver uma mudança <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong>, "sobretudo<br />

porque vêem o ambiente como os empatadores",<br />

refere.<br />

O problema resi<strong>de</strong> no facto <strong>de</strong> estes investidores<br />

ainda não terem percebido que<br />

não basta ter em conta os aspectos sociais e<br />

econó micos para ser bem sucedido. A área<br />

ambiental revela-se, também, fundamental<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento, assegura Domingos<br />

Abreu.<br />

Mas se estes sectores ainda se mostram<br />

"estagnados", outros há que já se aperceberam<br />

da importâ ncia do ambiente. E o responsável<br />

da tutela do Ambiente na Ma<strong>de</strong>ira<br />

exemplifica com o caso do sector hoteleiro.<br />

Conforme nos explica, este era também<br />

um sector on<strong>de</strong> não havia respeito pelo ambiente.<br />

Contudo, actualmente, as coisas inverteram-se<br />

<strong>de</strong> tal forma que os pró prios<br />

hoteleiros zelam pelas questões ambientais e<br />

procuram reconhecimento junto <strong>de</strong> empresas<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do ambiente.<br />

No passado, as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento<br />

quase sem limites favoreceram o<br />

crescimento no sector da hotelaria, e houve<br />

uma fase em que havia também um <strong>de</strong>srespeito<br />

quase total pelas questões ambientais,<br />

estando os factores econó micos e sociais<br />

acima dos ambientais.<br />

Esta fase crítica foi, no entanto, ultrapassada<br />

e, hoje, urge que os sectores da indú<br />

stria transformadora e da agro-indú s-<br />

tria sigam o exemplo da hotelaria.<br />

Até porque, <strong>de</strong>termina o responsável,<br />

"ou interiorizam as questões ambientais e<br />

passam a ser competitivas ou este tipo <strong>de</strong><br />

investimentos <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser viável <strong>de</strong> todo,<br />

pois os clientes não os querem e o mercado<br />

vai penalizá-las. E <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser sustentáveis",<br />

avisa.<br />

Hormona <strong>de</strong> crescimento para 15 a 20 crianças<br />

Tratamentos custam ao erário público cerca <strong>de</strong> 20 mil euros anuais, por cada criança<br />

Ana Luí sa Correia<br />

(DN-Ma<strong>de</strong>ira)<br />

No Hospital Central do<br />

Funchal (Ma<strong>de</strong>ira), entre<br />

15 e 20 crianças estão actualmente<br />

a fazer tratamento com<br />

hormonas <strong>de</strong> crescimento.<br />

Silvestre Abreu, director do<br />

Serviço <strong>de</strong> Endocrinologia, afirmou,<br />

ao DIÁRIO, que este é um<br />

nú mero que tem vindo a manter-se<br />

ao longo dos anos e que está<br />

<strong>de</strong>ntro da média mundial. Esta<br />

aponta para que a prevalência <strong>de</strong><br />

casos <strong>de</strong> défice <strong>de</strong> hormona <strong>de</strong><br />

crescimento, ao nível da população<br />

infantil em geral, seja <strong>de</strong> 1 para<br />

4 mil crianças e 1 para cada 10<br />

mil crianças.<br />

O especialista sublinhou ainda<br />

que, "<strong>de</strong> um modo geral, algumas<br />

crianças têm realmente uma<br />

estatura inferior ao normal". Porém,<br />

acrescentou, "isso nem sempre<br />

significa um défice <strong>de</strong> hormona<br />

<strong>de</strong> crescimento", principalmente<br />

porque esses casos<br />

correspon<strong>de</strong>m apenas a 1 ou 2%<br />

dos casos dos atrasos <strong>de</strong> crescimento.<br />

O endocrinologista alertou para<br />

que, quando os pais ou educadores<br />

suspeitarem <strong>de</strong> um qualquer<br />

atraso do crescimento da criança<br />

(principalmente quando notarem<br />

estaturas mais baixas em comparação<br />

com outras crianças da mesma<br />

ida<strong>de</strong>), <strong>de</strong>vem se dirigir ao pediatra,<br />

por forma a diagnosticar o<br />

porquê <strong>de</strong>sse atraso.<br />

Quando é <strong>de</strong>tectado um défice<br />

das hormonas <strong>de</strong> crescimento,<br />

ou então défices genéticos ou situações<br />

<strong>de</strong> insuficiência renal (um<br />

caso existente na Região), as crianças<br />

são encaminhadas para o Hospital<br />

Central do Funchal, por forma<br />

a iniciarem o tratamento hormonal.<br />

Segundo Silvestre Abreu, esta<br />

"é uma situação extremamente<br />

complexa, <strong>de</strong> difícil diagnó stico,<br />

que exige, além dos critérios <strong>de</strong><br />

verificação do crescimento, a efectivação<br />

<strong>de</strong> testes farmacoló gicos".<br />

Há que ter, porém, em atenção<br />

que estes tratamentos com<br />

hormonas <strong>de</strong> crescimento são<br />

"muito caros". O director do serviço<br />

<strong>de</strong> Endocrinologia sublinhou<br />

que, para cada criança, o tratamento<br />

anual "custa ao erário pú -<br />

blico cerca <strong>de</strong> 20 mil euros". Este<br />

valor inclui as ampolas <strong>de</strong> hormonas<br />

(cerca <strong>de</strong> 50 euros cada),<br />

que são administradas diariamente,<br />

consultas e acompanhamento<br />

hospitalar.<br />

Além disso, estes tratamentos<br />

têm uma duração muito variável,<br />

po<strong>de</strong>ndo-se prolongar até por<br />

uma década. Silvestre Abreu afirma<br />

que, i<strong>de</strong>almente, a administração<br />

das hormonas <strong>de</strong> crescimento<br />

<strong>de</strong>ve começar bem cedo.<br />

"Às vezes começamos a tratar uma<br />

criança com 2, 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>",<br />

salienta. Acrescentando que, normalmente,<br />

o critério para paragem<br />

do tratamento é o da paragem<br />

do crescimento, algo que se<br />

dá um a dois anos apó s a puberda<strong>de</strong>.<br />

Sobre os resultados <strong>de</strong>sta terapêutica,<br />

o especialista refere que<br />

"quando há défice <strong>de</strong> hormona<br />

<strong>de</strong> crescimento, a criança po<strong>de</strong><br />

crescer entre 14 e 14 centímetros<br />

no primeiro ano e uma média<br />

anual <strong>de</strong> seis centímetros nos anos<br />

seguintes. Quando o crescimento<br />

é inferior a isso, significa que<br />

o tratamento não está a resultar".<br />

Portugal não aprovou<br />

aplicação nos adultos<br />

A utilização da hormona <strong>de</strong><br />

crescimento na ida<strong>de</strong> adulta ainda<br />

não está aprovada em Portugal,<br />

embora o mesmo não se possa dizer<br />

<strong>de</strong> outros países do Mundo.<br />

Silvestre Abreu referiu que, ao<br />

nível internacional, já surgiram alguns<br />

trabalhos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a<br />

continuida<strong>de</strong> do tratamento com<br />

hormona <strong>de</strong> crescimento na ida<strong>de</strong><br />

adulta, com a aplicação <strong>de</strong> duas ou<br />

três doses semanais. Porém, em<br />

Portugal, ainda não foi aprovado<br />

tal tratamento nos adultos.


20 PoRTuGAl CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

estagiários sem turmas <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser pagos<br />

Fernando Basto<br />

(JN Portugal)<br />

Os professores-estagiários dos<br />

cursos do ramo educacional<br />

das universida<strong>de</strong>s portuguesas<br />

vão <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter turmas<br />

atribuídas, per<strong>de</strong>ndo, assim, também,<br />

o direito a qualquer retribuição.<br />

A medida, <strong>de</strong>cidida no ú ltimo Conselho<br />

<strong>de</strong> Ministros (CM), foi contestada<br />

pela Fe<strong>de</strong>ração Nacional dos Professores<br />

(Fenprof), que a classifica como um retrocesso<br />

na alegada aposta na melhoria<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino.<br />

Aquela resolução enquadra-se no<br />

â mbito da terceira alteração ao Estatuto<br />

da Carreira Docente (ECD) dos<br />

Educadores <strong>de</strong> Infâ ncia e dos Professores<br />

dos Ensinos Básico e Secundário.<br />

O <strong>de</strong>creto-lei que estabelece as alterações<br />

foi aprovado na generalida<strong>de</strong> pelo<br />

Governo.<br />

Alunos dos ramos<br />

educacionais per<strong>de</strong>m<br />

prática lectiva. Professores<br />

inaptos para a docência por<br />

doença vão ser<br />

reconvertidos<br />

Regresso das regências<br />

Trata-se - <strong>de</strong> acordo com o comunicado<br />

do CM - <strong>de</strong> medidas "<strong>de</strong> carácter<br />

excepcional e temporário, <strong>de</strong>stinadas a<br />

enquadrar alguns aspectos estatutários<br />

ligados ao exercício da função docente".<br />

A passagem dos estágios pedagó -<br />

gicos do ramo educacional e das licenciaturas<br />

em ensino à modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

"prática pedagó gica supervisionada"<br />

foi criticada pela FENPROF.<br />

Anabela Delgado, dirigente daquela<br />

organização sindical, disse ao JN que<br />

o Governo transferiu para aqueles estágios<br />

o mesmo mo<strong>de</strong>lo já existente nas<br />

Escolas Superiores <strong>de</strong> Educação.<br />

"Esta medida vai, sem dú vida, diminuir<br />

a qualida<strong>de</strong> dos estágios. Passam<br />

a ser regências, em que os estagiários<br />

assistem às aulas do professor orientador<br />

e, <strong>de</strong> vez em quando, ministram<br />

as suas pró prias aulas", esclareceu. No<br />

seu enten<strong>de</strong>r, trata-se <strong>de</strong> "uma diferença<br />

abismal em relação aos estágios<br />

que existiam até aqui, com os estagiários<br />

colocados muito mais à margem da<br />

escola", salientou.<br />

Outra das medidas aprovadas pelo<br />

Governo diz respeito ao reenquadramento<br />

funcional do docente dispensado<br />

da componente lectiva por motivo<br />

<strong>de</strong> doença. A medida já estava prevista<br />

no ECD, embora ainda não estivesse<br />

regulada. De acordo com o legislado,<br />

apó s 18 meses (e não 24 como até agora)<br />

na situação <strong>de</strong> dispensa da componente<br />

lectiva, o docente <strong>de</strong>verá ser sujeito<br />

a uma junta médica. Caso fique<br />

provado que o professor está inapto para<br />

as funções docentes, será submetido<br />

a um processo <strong>de</strong> reclassificação ou reconversão<br />

profissional. Caso estes não<br />

possam ser concretizados por causas<br />

imputáveis ao docente, este passa à situação<br />

<strong>de</strong> licença sem vencimento <strong>de</strong><br />

longa duração.<br />

Outra das medidas aprovadas diz<br />

respeito à redução da componente lectiva<br />

pelo exercício <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />

ao nível da escola. O legislado<br />

estabelece que os professores que<br />

já beneficiem <strong>de</strong> redução lectiva por<br />

força da antiguida<strong>de</strong> ou ida<strong>de</strong> fiquem<br />

condicionados a outra redução para<br />

efeitos <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação.<br />

As alterações foram contestadas pelo<br />

secretário-geral da Fe<strong>de</strong>ração Nacional<br />

<strong>de</strong> Educação, João Dias da Silva, que,<br />

em <strong>de</strong>clarações à Lusa, classificou as medidas<br />

como "mais um ataque à dignida<strong>de</strong><br />

dos docentes", admitindo manifestações<br />

e greves para <strong>de</strong>monstrar o<br />

<strong>de</strong>scontentamento que diz existir na<br />

classe.<br />

estado poupa 90 milhões<br />

com medicamentos mais baratos<br />

Lucí lia Tiago<br />

(JN Portugal)<br />

O preço dos medicamentos<br />

comparticipados vai baixar 6%<br />

para ajudar a combater o défice<br />

das contas pú blicas, mas ainda<br />

não se sabe quando. Esta e outras<br />

medidas na área da Saú <strong>de</strong><br />

serão alvo <strong>de</strong> iniciativas legislativas,<br />

algumas "<strong>de</strong> impacto imediato"<br />

- "dois, três, quatro meses"<br />

- , outras atiradas para 2006.<br />

As novida<strong>de</strong>s quanto a medicamentos<br />

são, sem dú vida, as <strong>de</strong><br />

maior relevâ ncia, por implicar<br />

directamente com o bolso dos<br />

utentes. E do Estado. Como fez<br />

questão <strong>de</strong> dizer o ministro das<br />

Finanças, Luís Campos e Cunha,<br />

"entre o primeiro trimestre<br />

<strong>de</strong> 2004 e o primeiro trimestre<br />

<strong>de</strong>ste ano as <strong>de</strong>spesas com medicamentos<br />

cresceram 20%".<br />

Reduções nos lucRos<br />

De acordo com o secretário<br />

<strong>de</strong> Estado da Saú <strong>de</strong>, Francisco<br />

Ramos, a redução <strong>de</strong> 6% nos preços<br />

<strong>de</strong> fármacos comparticipados<br />

vai permitir uma poupança<br />

<strong>de</strong> 90 milhões <strong>de</strong> euros anuais aos<br />

cofres do Estado (através da diminuição<br />

do valor comparticipado)<br />

e <strong>de</strong> 60 a 70 milhões para<br />

os doentes. Uma poupança que<br />

será suportada em partes iguais<br />

pela indú stria farmacêutica (3%)<br />

e nas margens dos distribuidores<br />

(os grossistas dispõem <strong>de</strong><br />

7,62% <strong>de</strong> margem e as farmácias<br />

19%). Recor<strong>de</strong>-se que o preço<br />

dos medicamentos comparticipados<br />

é fixado em função do<br />

preço <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> produção<br />

ou importação em três países<br />

europeus (França, Itália e Espanha),<br />

com margens <strong>de</strong> actualização<br />

fixadas anualmente por<br />

portaria.<br />

A falta <strong>de</strong> pormenores com<br />

que estas medidas foram "comunicadas"<br />

- e não "negociadas",<br />

como frisam todos os parceiros<br />

convocados ao Ministério da Saú<br />

<strong>de</strong> - gera uma reacção <strong>de</strong> expectativa<br />

entre a maioria dos intervenientes<br />

na Saú <strong>de</strong>. As tomadas<br />

<strong>de</strong> posição ficam marcadas<br />

para <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> "clarificado"<br />

aquilo que, para já, é visto como<br />

"uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> intenções".<br />

O bastonário dos farmacêuticos,<br />

Aranda da Silva, diz mesmo ter<br />

"percepção <strong>de</strong> que há pouca sustentabilida<strong>de</strong><br />

em termos <strong>de</strong> estudos<br />

nestas medidas".<br />

Outra reforma <strong>de</strong> "impacto<br />

imediato" é a eliminação da majoração<br />

<strong>de</strong> 10% na comparticipação<br />

<strong>de</strong> genéricos (medida que visava<br />

estimular o recurso a medicamentos<br />

sem marca, mais<br />

baratos), justificada pelo facto<br />

<strong>de</strong> o mercado já estar "suficientemente<br />

lançado". Francisco Ramos<br />

acrescentou ainda a este pacote<br />

mais premente a revisão da<br />

tabela <strong>de</strong> preços das convenções,<br />

reduzindo em áreas on<strong>de</strong> a<br />

evolução tecnoló gica tornou os<br />

custos mais baixos do que na altura<br />

da negociação dos protocolos.<br />

Mais poupança é esperada<br />

da já anunciada cativação <strong>de</strong> 5%<br />

das verbas orçamentadas para os<br />

hospitais.


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 PUBLICIDADE 21


22 OPINIÃO CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

Perfil <strong>de</strong> um presi<strong>de</strong>nte<br />

para um centro português<br />

Cândido Andra<strong>de</strong><br />

Olá Zé Paulo!<br />

António <strong>de</strong> Abreu Xavier<br />

Historiador<br />

Éinteressante ver como os Estados e as Nações<br />

po<strong>de</strong>m ser representadas pela caricatura. Se a<br />

pessoa que lê é um leitor atento dá-se conta<br />

logo <strong>de</strong> que há uma diferença: uma coisa é<br />

uma caricatura <strong>de</strong> Estado e outra <strong>de</strong> Nação. Entre as<br />

primeiras contam-se as imagens <strong>de</strong> John Bull e do<br />

tio Sam. O primeiro representa a diplomacia comercial<br />

britâ nica, o segundo os Estados Unidos.<br />

Nas segundas, temos as figuras do Zé-povinho e do<br />

Juan Bimba.<br />

O John era o estereó tipo clássico do povo inglês.<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o livro <strong>de</strong> John Arbuthnot<br />

em 1712, passou a ser a imagem da política<br />

imperialista britâ nica. Ele é um homem <strong>de</strong> negó<br />

cios, muito simples e franco. Quando <strong>de</strong> trata <strong>de</strong><br />

negó cios, respon<strong>de</strong> sempre com gran<strong>de</strong> sentido<br />

que "bussines is bussines". Sabe muito bem o que<br />

quer e faz o que tem <strong>de</strong> ser feito, sem importar<br />

mais nada. Ele é um gordo corpulento, usa chapéu<br />

tipo cartola, casaca azul ou preto sob um colete<br />

que mostra as cores e a forma <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira britâ -<br />

nica. Sempre vai <strong>de</strong> botas e bordão, acompanhado<br />

do seu bulldog.<br />

O tio Sam é a figura política dos Estados Unidos<br />

e é muito parecido com o John. Quem sabe se até<br />

por efeitos histó ricos é filho <strong>de</strong>ste, da altura em<br />

Aépoca actual, com os seus mo<strong>de</strong>rnismos,<br />

circunstâ ncias e dinâ mica, exige que<br />

o presi<strong>de</strong>nte e os restantes membros da<br />

direcção <strong>de</strong> um Centro Português reú -<br />

nam um mínimo <strong>de</strong> condições básicas, essenciais<br />

para que a instituição acompanhe o passo acelerado<br />

da vida quotidiana, sem se distanciar do que é<br />

i<strong>de</strong>alizado pelos seus fundadores.<br />

Essencialmente o presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>veria, entre outras<br />

coisas, reunir as seguintes características:<br />

- Amor e <strong>de</strong>dicação às pessoas e em especial ao<br />

português.<br />

- Orgulho pela sua terra natal<br />

- Tempo disponível para se <strong>de</strong>dicar à instituição<br />

- Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão<br />

- Capacida<strong>de</strong> associativa<br />

O presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma instituição portuguesa <strong>de</strong>ve<br />

começar a ter o cuidado <strong>de</strong> formar futuros directores,<br />

que serão os jovens luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

Deve proporcionar-lhes oportunida<strong>de</strong>s para participar<br />

e cativá-los com as suas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer<br />

<strong>de</strong>ntro da instituição, sobretudo nas iniciativas<br />

que contribuam para o enriquecimento da língua e<br />

da cultura geral portuguesa (usos e costumes, folclore,<br />

gastronomia, etc.). Assim aproveita a sua preparação<br />

intelectual, sem dú vida superior à nossa,<br />

contando com o mais jovem para representar e<br />

gerir o centro português <strong>de</strong> amanhã.<br />

Deve também o presi<strong>de</strong>nte, com os seus actos e<br />

procedimentos, cultivar a união entre todos os seus<br />

associados, criando espaços para todos, sem se esquecer,<br />

inclusive, dos que por uma razão ou por<br />

outra não frequentam assiduamente a instituição. Estas<br />

situações <strong>de</strong>vem merecer uma especial análise<br />

por parte da direcção.<br />

Deve velar para que todos os associados se sintam<br />

bem <strong>de</strong>ntro da instituição e plenamente integrados,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do seu lugar <strong>de</strong> nascimento<br />

ou da sua condição social ou intelectual.<br />

Deve manter vivas e divulgar ao máximo as<br />

tradições, os usos e os costumes portugueses.<br />

Deve tentar fazer com que os associados participem<br />

na vida activa da associação, motivando-os a<br />

participar nas gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>cisões, assembleias, etc.<br />

Deve estabelecer um sistema <strong>de</strong> informação<br />

mensal com tudo o que tenha a ver com activida<strong>de</strong>s<br />

e gerência.<br />

Deve evitar a formação <strong>de</strong> associações <strong>de</strong>ntro<br />

da associação.<br />

Finalmente, <strong>de</strong>ve ter a humilda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecer<br />

o trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelas direcções anteriores,<br />

que também ofereceram o melhor que pu<strong>de</strong>ram<br />

e souberam.<br />

que os ingleses tinham coló nias lá no Norte. Só<br />

que este velhote intrigante é magro, mas veste como<br />

o John: com as cores e as fitas da sua ban<strong>de</strong>ira.<br />

Visita todos os anos o povo entre o primeiro <strong>de</strong><br />

Fevereiro e o 15 <strong>de</strong> Abril para cobrar os impostos.<br />

Muitos dizem que o credor é Samuel Wilson, um<br />

homem <strong>de</strong> negó cios <strong>de</strong> Nova Iorque encarregado<br />

<strong>de</strong> abastecer o exército dos Estados Unidos com<br />

carne salgada nos tempos da guerra <strong>de</strong> 1812.<br />

Zé Povinho é uma criação <strong>de</strong> Rafael Bordalo<br />

Pinheiro, que começou a fazer caricatura e brinca<strong>de</strong>ira<br />

teve êxito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1870. As características do<br />

Zé são a inocência, a mansidão e a credulida<strong>de</strong> numa<br />

vida pacata. Vemo-lo com a barba por fazer,<br />

<strong>de</strong> calças remendadas, sapatos rotos e trocados. A<br />

Maria da Paciência, uma velha alfacinha alcoviteira,<br />

é sua amiga inseparável. O Juan Bimba é o<br />

compadre <strong>venezuela</strong>no do Zé. No ano 1860, Juan<br />

Vicente González <strong>de</strong>screve-o como um humil<strong>de</strong><br />

homem do povo. Na revista Fantoches, o poeta<br />

Andrés Eloy Blanco imortaliza a imagem do magro<br />

tontalhão vestido com calças encolhidas, chapéu<br />

<strong>de</strong> palha e chinelos. Muito…<br />

Ao contrário do John Bull e do Tío Sam, o Zé e<br />

o Juan ficaram ultrapassados pelo tempo. Gostemos<br />

ou não, o Zé e o Juan são figuras on<strong>de</strong> todos<br />

ainda nos reconhecemos mais como referências<br />

histó ricas. As socieda<strong>de</strong>s portuguesas e as <strong>venezuela</strong>nas<br />

têm evoluído muito. O contacto permanente<br />

entre culturas diferentes tem-lhes modificado<br />

muito a idiossincrasia e fixado um matiz cosmopolita<br />

no carácter. Só quem não nos conhece não<br />

sabe que mesmo na vida profissional e no contacto<br />

entre pessoas iguais é que se nota a diferença.<br />

Dia <strong>de</strong> Portugal, <strong>de</strong> Camões<br />

e das novas gerações<br />

Sem duvida o 10 <strong>de</strong><br />

junho é dia <strong>de</strong> festa<br />

nacional para os portugueses,<br />

é a ocasião<br />

i<strong>de</strong>al para fazer inú meras comemorações,<br />

ativida<strong>de</strong>s solenes<br />

e protocolares <strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong><br />

Portugal. Em cada recanto do<br />

mundo as comunida<strong>de</strong>s lusas e<br />

em especial às <strong>de</strong> mais <strong>de</strong>staque<br />

na vida econô mica e social<br />

participam nas homenagens feitas<br />

a suas pró prias origens para<br />

lembrar o orgulho <strong>de</strong> pertencer<br />

à terra <strong>de</strong> Camões, o mais importante<br />

ídolo da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional.<br />

No entanto, por vezes, tais<br />

celebrações ficam no ar e têm<br />

uma vida muito corta na memó<br />

ria dos espectadores, dolorosamente<br />

voltam-se experiências<br />

<strong>de</strong> fotografia que não têm<br />

uma transcendência só lida nas<br />

novas gerações e que se repetem<br />

<strong>de</strong> ano em ano. A pesar do<br />

valor patrió tico e até poético<br />

que tem a data não só como<br />

"Dia <strong>de</strong> Portugal" senão como<br />

dia "<strong>de</strong> Camões e das comunida<strong>de</strong>s<br />

portuguesas", as promessas<br />

<strong>de</strong> unificação e <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong><br />

entre Portugal e suas comunida<strong>de</strong>s<br />

ficam no olvido. Os<br />

discursos presi<strong>de</strong>nciais per<strong>de</strong>mse<br />

nas expressões <strong>de</strong> <strong>de</strong>silusão <strong>de</strong><br />

quem já ouviu aqueles projetos<br />

inalcançáveis e alimentam as<br />

esperanças dos incautos. No<br />

entanto, não tudo está perdido,<br />

além das celebrações oficiais <strong>de</strong><br />

costume, o 10 <strong>de</strong> junho po<strong>de</strong>ria<br />

ser também uma oportunida<strong>de</strong><br />

para enriquecer o amor e o orgulho<br />

<strong>de</strong> se sentir português, a<br />

través <strong>de</strong> ações mais ilustrativas,<br />

mais concretas e mais possíveis.<br />

Sem animo <strong>de</strong> restar importâ<br />

ncia ao protocolo e à diplomacia,<br />

nestas celebrações o futuro<br />

<strong>de</strong> Portugal e das comunida<strong>de</strong>s,<br />

é dizer, os jovens, ficam<br />

excluídos do que acontece.<br />

Além da exclusão feita <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Portugal com insuficientes programas<br />

para o ensino da língua<br />

e com o ineficiente orçamento<br />

para as comunida<strong>de</strong>s no estrangeiro,<br />

nos países <strong>de</strong> acolhimento<br />

também existem algumas<br />

formas <strong>de</strong> exclusão. Muitos<br />

agra<strong>de</strong>ceriam conhecer mais <strong>de</strong><br />

perto o verda<strong>de</strong>iro valor do nacionalismo,<br />

saber, por exemplo,<br />

o facto <strong>de</strong> que o dia nacional <strong>de</strong><br />

seus pais também é o seu e que<br />

Arelys Goncalves<br />

arelys<strong>correio</strong>@hotmail.com<br />

tem uma conotação ú nica e especial<br />

que o distingue <strong>de</strong> outras<br />

festas nacionais marcadas por<br />

batalhas e acontecimentos similares.<br />

Deixando as precisões para<br />

os historiadores, uma das referencias<br />

mais importantes <strong>de</strong>sta<br />

data é a comemoração da morte<br />

do dramaturgo mais transcen<strong>de</strong>ntal<br />

da historia portuguesa,<br />

Luis Vaz <strong>de</strong> Camões, poeta boêmio<br />

e aventureiro, que projetou<br />

a língua portuguesa além<br />

do mar. Outro valor que agra<strong>de</strong>ceriam<br />

conhecer os luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

é que o dia <strong>de</strong> Portugal<br />

é atribuído também à importante<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

emigrantes portugueses repartidos<br />

pelo mundo. É o dia <strong>de</strong><br />

todas as gerações, é assim uma<br />

homenagem aos que ficaram<br />

para construir o país e aos que<br />

partiram pelo mundo e com sua<br />

contribuição têm acrescentado o<br />

tamanho <strong>de</strong> Portugal não em kiló<br />

metros, mas sem em historia,<br />

em cultura e por que não, em<br />

força econô mica. Para os que<br />

nasceram fora das fronteiras <strong>de</strong><br />

Portugal é satisfató rio <strong>de</strong>scobrir<br />

que longe do nacionalismo<br />

exacerbado, existe pelo menos a<br />

idéia <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong> com o reconhecimento<br />

aos criadores da<br />

mo<strong>de</strong>rna expansão portuguesa<br />

e às suas gerações. É uma ocasião<br />

também para conhecer a responsabilida<strong>de</strong><br />

que o conceito<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> outorga aos luso<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

Tudo isso <strong>de</strong>fine o 10 <strong>de</strong> junho<br />

e a essência da dignida<strong>de</strong> e<br />

da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os portugueses,<br />

sem distinção. Como<br />

bem diz o hino "A portuguesa",<br />

os portugueses são "heró is do<br />

mar, nobre Povo, Nação valente,<br />

imortal...". Na geografia,<br />

Portugal aparece como um país<br />

pequeno mas na realida<strong>de</strong> sua<br />

gran<strong>de</strong>za está no capital humano<br />

espalhado pelos cinco continentes.<br />

Por isso, não po<strong>de</strong> viver<br />

às costas da comunida<strong>de</strong><br />

que constitui a povoação lusitana;<br />

a exclusão não tem razão <strong>de</strong><br />

ser. É inevitável, os anos passam<br />

e o relevo é iminente, <strong>de</strong>ntro<br />

e fora do país os jovens<br />

constituem o produto do passado<br />

que encoraja o futuro e se<br />

não estão preparadas as novas<br />

gerações para enfrentar os <strong>de</strong>safios<br />

para quem será imperativo<br />

o clamor do hino: "...levantai


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 OPINIÃO 23<br />

caRTas dOs leITORes<br />

Praia <strong>de</strong> areia na Ma<strong>de</strong>ira <br />

Sou filha <strong>de</strong> Portugueses naturais da<br />

ilha da Ma<strong>de</strong>ira e escrevo esta carta porque<br />

sou leitora do jornal EL NACIONAL<br />

e, para meu espanto, agora acompanho às<br />

sextas feiras as publicações do vosso suplemento.<br />

Foi um espanto e confesso que não sabia<br />

da existência da ilha do Porto Santo<br />

e muito menos <strong>de</strong> uma praia <strong>de</strong> areia daquelas<br />

dimensões. Por acaso falei em casa<br />

com os meus pais <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter feito uma<br />

enorme publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Portugal entre os<br />

meus colegas <strong>de</strong> trabalho, no Banco Mercantil,<br />

em Caracas. Falando novamente<br />

em casa, a minha confusão foi gran<strong>de</strong> porque<br />

os meus pais também não sabiam da<br />

existência <strong>de</strong> uma praia <strong>de</strong> areia no Porto<br />

Santo. Reflecti um pouco <strong>de</strong>pois da tremenda<br />

baralhada que fiz ao consultar em<br />

casa sobre este pormenor geográfico.<br />

Os meus pais chegaram aqui (ambos)<br />

nos anos 60 e até hoje nunca regressaram<br />

à sua terra, nem sequer <strong>de</strong> passeio. Da<br />

mesma forma, o contacto com os portugueses<br />

tem sido pouco e a família realmente<br />

também é pouca na Venezuela.<br />

Para mim, o mais importante <strong>de</strong> tudo<br />

isto é tentar transmitir a importâ ncia<br />

Fartei-me <strong>de</strong> rir com a carta que li sobre<br />

os brinquedos da infâ ncia do passado.<br />

Sou também natural da Ma<strong>de</strong>ira e, ao<br />

contrário da infâ ncia do Sr. Valter, que<br />

apesar <strong>de</strong> pobre pareceu-me que foi feliz, da<br />

minha parte a minha infâ ncia também<br />

foi muito pobre mas nada feliz <strong>de</strong>vido às<br />

dificulda<strong>de</strong>s financeiras que passámos em<br />

casa. A alimentação era o que dava a<br />

fazenda, os brinquedos eram a foice, a<br />

podoa e a enxada. O dia mais feliz era<br />

quando o nosso pai não tomava uma<br />

bebe<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> fazer estragos em<br />

casa.<br />

Foi triste e seria motivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate, hoje<br />

em dia, tentar saber ao certo até que ponto<br />

viveram as crianças do nosso tempo a sua<br />

infâ ncia na Ma<strong>de</strong>ira, sobretudo nas zonas<br />

do campo.<br />

<strong>de</strong> mostrar um pouco <strong>de</strong> Portugal aos filhos<br />

<strong>de</strong> emigrantes e a todos os <strong>venezuela</strong>nos<br />

porque somos muitos que não sabemos<br />

nada <strong>de</strong> Portugal .<br />

Espero que continuem a mostrar Portugal<br />

e também espero um dia ler alguma<br />

coisa sobre a freguesia da minha mãe: o<br />

Campanário, na ilha da Ma<strong>de</strong>ira.<br />

Yolimar M. Pereira<br />

Podoa, foice e enxada como brinquedos<br />

À minha memó ria vêm-me aqueles dias<br />

<strong>de</strong> chuva em que íamos para a escola com<br />

uma "mulheilha" <strong>de</strong> saca às costas, tipo<br />

"capuchinho vermelho". E esta também<br />

ajudava no frio.<br />

Foram dias realmente tristes e, portanto,<br />

a infâ ncia no meu caso e dos meus irmãos<br />

não foi realmente nada feliz. No entanto,<br />

aqui estamos com saú <strong>de</strong>, o que já é muito<br />

bom.<br />

Sobre os jogos tradicionais, só me vem<br />

à memó ria a foice e a podoa, que era o que<br />

usávamos para trabalhar na fazenda.<br />

A nossa alegria nesse sentido era quando<br />

o meu avô e o meu pai nos compravam<br />

uma podoa nova para po<strong>de</strong>r seguir<br />

trabalhando na fazenda.<br />

Sidónio Gonçalves<br />

Emigrante há 51 anos na Venezuela.<br />

Gosto pela cultura nasce em cada um<br />

Sou luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte e costumo ler<br />

o vosso semanário. Tenho notado que,<br />

<strong>de</strong> uma forma reiterada, referem-se à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se apoiar o ensino da<br />

língua portuguesa. Para mim, como<br />

luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, é estritamente<br />

necessário apren<strong>de</strong>r muito bem a língua<br />

portuguesa. Para além <strong>de</strong> na minha<br />

casa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequenos, nos terem<br />

ensinado a falar português, na Casa<br />

Portuguesa do estado Aragua, clube ao<br />

qual hoje estou associada, temos o<br />

privilégio <strong>de</strong> nos oferecerem a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r esta línguas<br />

em três níveis, com um professor que<br />

está disposto a ensinar-nos tanto a<br />

língua como os cotumes, a mú sica, a<br />

histó ria e cultura geral: o professor<br />

Manuel <strong>de</strong> Oliveira, mais conhecido<br />

como o poeta Jorge <strong>de</strong> Amorim.<br />

Escola <strong>de</strong> formação para dirigentes<br />

Senhores, o problema da pouca<br />

afluência <strong>de</strong> gente aos cursos é<br />

abismador. Não basta dizer que<br />

precisamos <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, o problema<br />

está nas pessoas, pela minha<br />

experiência pró pria. Neste curso,<br />

quando comecei, as ca<strong>de</strong>iras da sala não<br />

chegavam tantas pessoas queriam<br />

apren<strong>de</strong>r português. No entanto, agora,<br />

quando já estamos a acabar o terceiro<br />

nível, só restam cinco pessoas.<br />

O interesse em apren<strong>de</strong>r português<br />

<strong>de</strong>be residir em cada um, fazer<br />

simplesmente publicida<strong>de</strong> dos cursos<br />

não chega. O gosto pela cultura e pelas<br />

tradições portuguesas nasce com cada<br />

um!!!!<br />

Jeniffer Ferreira Pontes<br />

Acompanho as publicações do vosso<br />

jornal e acho-o <strong>de</strong> uma extrema importâ<br />

ncia para a comunida<strong>de</strong> portuguesa,<br />

não só na Venezuela como no Mundo.<br />

De facto, as comunida<strong>de</strong>s lusas <strong>de</strong>veriam<br />

ser motivo <strong>de</strong> análise dos políticos <strong>de</strong><br />

Portugal.<br />

Coitados, pouco sabem que existem<br />

mais <strong>de</strong> seis milhões <strong>de</strong> portugueses a viverem<br />

fora <strong>de</strong> Portugal. Alguns até nem<br />

sabem o que é a Venezuela, on<strong>de</strong> fica e<br />

muito menos se vivem cá portugueses.<br />

Enfim...<br />

Antes <strong>de</strong> haja alguma confusão, quero<br />

dizer que sou portuguesa <strong>de</strong> nascimento<br />

e vivo em Portugal, embora viaje contentemente<br />

à Venezuela e tenha familiares<br />

e gran<strong>de</strong>s amigos neste belo País.<br />

Também conheço alguns clubes portugueses<br />

na Venezuela.<br />

Escrevo esta carta para comentar o<br />

vosso editorial da ultima edição, que se<br />

refere à forma <strong>de</strong> dirigir os clubes sociais<br />

portugueses.<br />

Da minha parte, honestamente confesso<br />

que admiro tudo o que fizeram e o<br />

que fazem para manter essa chama viva<br />

<strong>de</strong> Portugal em todos os lugares da Venezuela.<br />

No entanto, penso que muitas<br />

vezes as diligências têm que ser <strong>de</strong>vidamente<br />

tomadas para se assumir uma função<br />

<strong>de</strong> membro directivo importante <strong>de</strong><br />

um clube.<br />

De facto, <strong>de</strong>veria existir uma escola<br />

<strong>de</strong> formação para presi<strong>de</strong>ntes. E talvez a<br />

Embaixada <strong>de</strong> Portugal po<strong>de</strong>ria ajudar<br />

nesse sentido. Da mesma forma, penso<br />

que é muito importante preparar estes<br />

membros directivos para quando <strong>de</strong>ixem<br />

<strong>de</strong> exercer funções <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança na comunida<strong>de</strong>,<br />

pois o maior problema é que<br />

se acostumam ao protagonismo que têm<br />

e <strong>de</strong>pois não conseguem viver sem ele.<br />

Quanto às muitas criticas e pedidos<br />

que geralmente se fazem em relação às<br />

autorida<strong>de</strong>s portuguesas, não criem falsas<br />

ilusões.<br />

Os políticos portugueses nem sabem<br />

que vocês existem, da mesma forma que<br />

os diplomatas <strong>de</strong>signados por Portugal<br />

no Mundo só estão on<strong>de</strong> estão as comunida<strong>de</strong>s<br />

porque são praticamente obrigados<br />

e são bem pagos, para estarem nos<br />

países a representar o Estado português.<br />

Leitor <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificado<br />

INQUéRITO<br />

Acha que os portugueses que resi<strong>de</strong>m em Rio Chico têm contribuí do para o crescimento comercial da zona Organizam iniciativas culturais própias do seu Paí s<br />

Urimar Palasos Raiza Pérez Geyser Betancourt Omaira Contreras<br />

"Aqui, a maioria dos negócios são <strong>de</strong><br />

portugueses e eles têm nos ajudado,<br />

arranjando emprego para o nosso povo. As<br />

expressões culturais dos lusitanos não são<br />

muitas. Só comemoram a Festa <strong>de</strong> Fátima.<br />

Entre os dois povos, há muito<br />

companheirismo e nunca os vi serem<br />

inconvenientes entre eles".<br />

"Os portugueses que vivem em Rio Chico têm<br />

ajudado muito os <strong>venezuela</strong>nos porque<br />

graças aos seus negócios existe intercâmbio<br />

comercial e há uma fonte <strong>de</strong> trabalho para a<br />

população local. São fiéis crentes da sua<br />

virgem e todos os anos fazem festas<br />

padroeiras das suas terras. Existe integração<br />

porque muitos <strong>de</strong>les se casaram com<br />

pessoas nativas <strong>de</strong> Rio Chico e esta é a<br />

melhor forma <strong>de</strong> mostrar que estão<br />

integrados".<br />

"Há uma elevada percentagem <strong>de</strong><br />

comerciantes que são <strong>de</strong> origem europeia e<br />

que têm criado fontes <strong>de</strong> trabalho para os<br />

habitantes daqui. Os portugueses <strong>de</strong> Rio<br />

Chico são fiéis às suas tradições, mas ao<br />

nível <strong>de</strong> comemorações folclóricas não são<br />

muito fraquinhos. Só veneram a virgem <strong>de</strong><br />

Fátima. De resto, não fazem mais nada.<br />

Entre portugueses e <strong>venezuela</strong>nos, há uma<br />

fiel relação <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e familiarida<strong>de</strong> pois<br />

ficaram amigos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro momento<br />

em que chegaram emigrantes à zona".<br />

"Os portugueses que estão aqui são os que<br />

têm aberto as portas laborais aos habitantes<br />

<strong>de</strong> Rio Chico que vivem na zona.<br />

Contribuem com a comercialização e são<br />

fontes <strong>de</strong> trabalho para o povo. Não têm<br />

muitas festas, só fazem uma anualmente,<br />

que é a <strong>de</strong> Fátima. De resto, não<br />

comemoram mais nada. O português e o<br />

<strong>venezuela</strong>no são amigos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre.<br />

Aqui todos são conhecidos e amigos da<br />

casa".


24 ECONOMIA CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

II Feira <strong>de</strong> Comércio<br />

luso-<strong>venezuela</strong>no<br />

acaba em gran<strong>de</strong><br />

O evento reuniu o melhor do que produzem<br />

as empresas lusas na Venezuela<br />

Liliana da Silva<br />

Oestacionamento do Centro<br />

Português <strong>de</strong> Caracas<br />

converteu-se numa verda<strong>de</strong>ira<br />

vitrine comercial<br />

para axibir, nos dias 4, 5 e 6 <strong>de</strong> Junho,<br />

os produtos e os serviç os das<br />

empresas portuguesas que fazem<br />

parte da economia veenzuelana. A<br />

iniciativa promovida e organizada<br />

pela Câ mara <strong>de</strong> Comércio Luso<strong>venezuela</strong>na<br />

conseguiu reunir quase<br />

setenta comercios, que promoveram,<br />

nesta feira, o melhor dos seus<br />

artigos entre o pú blico assistente.<br />

O evento, a segunda iniciativa<br />

<strong>de</strong>ste tipo promovida pela Câ mara<br />

<strong>de</strong> Comércio, contou com a presença<br />

<strong>de</strong> importante empresários portugueses<br />

e <strong>de</strong> potenciais clientes<br />

que encontraram nesta feira uma<br />

boa oferta paraos seus negó cios.<br />

De bancos a hotéis, produtos alimentares<br />

e transformados, <strong>de</strong> mó -<br />

veis a sapatos, foi uma pequena<br />

mostra <strong>de</strong> que as centenas <strong>de</strong> pessoas<br />

que <strong>de</strong>slocaram a Macaracuay<br />

gostaram, o que é exemplo da diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s econó micas<br />

em que os portugueses participam<br />

Foi visível a satisfação dos organizadores<br />

e promotores, que prometem<br />

mais iniciativas do género,<br />

sobretudo porque constitui uma boa<br />

alternativa <strong>de</strong> promoção para os comércios<br />

que estão há pouco tempo<br />

no mercado.<br />

Centro Portugues <strong>de</strong> Caracas<br />

PROGRAMA DO MES DE JUnHO-JUlHiO 2005<br />

Sábado 25<br />

Festa <strong>de</strong> Fim <strong>de</strong> Curso,<br />

alunos <strong>de</strong> Português.<br />

Lugar: Salão Nobre<br />

Hora: 20:00<br />

Domingo 26<br />

Crismas<br />

Lugar: Salão Nobre<br />

Hora: 13.00<br />

Sexta-Feira 01<br />

Día da Ma<strong>de</strong>ira<br />

Lugar: Salão Nobre<br />

Hora: 20:00<br />

Missa:<br />

Comemoracão do Día da Ma<strong>de</strong>ira<br />

Lugar:<br />

Capela do Centro Portugues<br />

Hora: 18:00<br />

Domingo 03<br />

Arraial Día da Ma<strong>de</strong>ira<br />

Lugar: Fuente <strong>de</strong> Soda<br />

Hora: 12:00<br />

Orquesta Sinfonica da Venezuela<br />

Lugar: Salão Nobre<br />

Hora: 18:00


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 ECONOMIA 25<br />

BREVEs<br />

Acordo cancelado<br />

com a Portugália<br />

A TAP enviou ontem uma carta à PGA -<br />

Portugália Airlines, informando-a da sua<br />

<strong>de</strong>cisão unilateral <strong>de</strong> terminar com todos os<br />

voos em código compartilhado (vulgarmente<br />

<strong>de</strong>signados por "co<strong>de</strong>-share") entre as<br />

duas companhias. Apenas se manterão os<br />

voos <strong>de</strong> ligação para o Porto e Faro. De<br />

fora estão já os voos da linha da Ma<strong>de</strong>ira,<br />

para on<strong>de</strong> a PGA já tinha negociado a troca<br />

do "co<strong>de</strong>-share" para a Air Luxor. A PGA<br />

nunca teve voos regulares para a Ma<strong>de</strong>ira.<br />

Quando a companhia foi criada, há 14 anos,<br />

chegou a ter, durante vários meses, voos<br />

charters entre Lisboa e a Ma<strong>de</strong>ira, sem que<br />

esses voos passassem a regulares.<br />

"Cintra" conquista<br />

mercado do Brasil<br />

A cervejeira portuguesa Cintra lançou uma<br />

cerveja escura no mercado brasileiro, com o<br />

objectivo <strong>de</strong> conquistar 10 por cento do<br />

mercado daquele tipo <strong>de</strong> bebida na região<br />

su<strong>de</strong>ste do Brasil.<br />

O lançamento da Cintra Escura faz parte da<br />

estratégia da cervejeira portuguesa <strong>de</strong> alargar<br />

a lista <strong>de</strong> produtos oferecidos ao mercado<br />

brasileiro, que já inclui cervejas e refrigerantes.<br />

No ano passado, a Cintra iniciou a<br />

sua actuação no mercado <strong>de</strong> águas minerais<br />

no Brasil, com a marca "Claris", com<br />

garrafas <strong>de</strong> 510 ml e 1,5 litros.


26 PUBLICIDADE CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

BREVES<br />

Novas refeições<br />

na Classe<br />

Executiva<br />

Os passageiros da Classe<br />

Top Executive da TAP têm<br />

agora ao seu dispor, entre<br />

outras iguarias preparadas<br />

pelo Chefe Vítor Sobral,<br />

"perdiz <strong>de</strong> escabeche com<br />

alecrim", "bacalhau com<br />

ver<strong>de</strong>s em crosta <strong>de</strong> pão<br />

alentejano" e "lombinho <strong>de</strong><br />

porco caramelizado com<br />

mel", que reflectem os<br />

sabores da cozinha<br />

tradicional portuguesa,<br />

conferindo-lhes assim uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> única e distintiva<br />

das <strong>de</strong>mais.<br />

No domínio das sobremesas,<br />

as novida<strong>de</strong>s são: "sericá <strong>de</strong><br />

maçã e canela", "mousse <strong>de</strong><br />

chocolate com figos<br />

macerados em Vinho do<br />

Porto" ou"creme queimado<br />

com açúcar <strong>de</strong> cana".<br />

A "Melhor<br />

Companhia Aérea"<br />

Os leitores do "Publituris",<br />

um dos principais jornais do<br />

tra<strong>de</strong> em Portugal, votaram a<br />

TAP como a "melhor<br />

companhia aérea", no âmbito<br />

dos prémios atribuídos<br />

anualmente pela publicação,<br />

os quais foram ontem<br />

divulgados e distribuídos em<br />

sessão realizada no Hotel<br />

Pestana Palace, em Lisboa,<br />

que contou com a presença<br />

<strong>de</strong> algumas centenas <strong>de</strong><br />

profissionais ligados ao<br />

turismo.<br />

Promoções na<br />

Suí ca<br />

e em Espanha<br />

No quadro da sua estratégia<br />

<strong>de</strong> promoção do <strong>de</strong>stino<br />

Portugal, a TAP continua a<br />

<strong>de</strong>senvolver iniciativas com o<br />

objectivo <strong>de</strong> fomentar o<br />

TAP sobe na Ma<strong>de</strong>ira<br />

A<br />

Intertours Travel Consulting,<br />

seguida da Bravatour e da<br />

TOP Atlâ ntico, foram as<br />

agências <strong>de</strong> viagens da Ma<strong>de</strong>ira vencedoras<br />

dos TOP TAP. Na Carga, o primeiro<br />

lugar foi para a Abreu, seguida da<br />

Interma<strong>de</strong>ira. Os prémios foram entregues<br />

em cerimó nia efectuada, ontem à<br />

noite, no Funchal, com a presença dos<br />

Directores <strong>de</strong> Vendas para Portugal, Carlos<br />

Paneiro, e <strong>de</strong> Carga, Américo Costa,<br />

além <strong>de</strong> Dina Cravo, representante da<br />

TAP na Região Autó noma da Ma<strong>de</strong>ira.<br />

As vendas da TAP na Ma<strong>de</strong>ira atingiram<br />

36 mi lhões <strong>de</strong> Euros em 2004, que<br />

traduzem uma variação positiva <strong>de</strong> 15%<br />

face ao ano anterior e apresentam um<br />

crescimento médio superior ao verificado<br />

a nível nacional. Em termos <strong>de</strong> quota <strong>de</strong><br />

mercado, a TAP atingiu os 81%, com um<br />

aumento <strong>de</strong> 10 pontos percentuais, que<br />

correspon<strong>de</strong>m ao melhor resultado alcançado<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser a ú nica<br />

companhia a operar neste mercado.<br />

Como salientou Carlos Paneiro, "este<br />

ano, completamos 45 anos <strong>de</strong> serviços<br />

para a Ma<strong>de</strong>ira. Sentimos, com orgulho,<br />

que somos a companhia aérea que melhor<br />

serve a Ma<strong>de</strong>ira e os ma<strong>de</strong>irenses.<br />

Somos amigos e parceiros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há muito<br />

tempo. Temos a noção <strong>de</strong> que a Ma<strong>de</strong>ira<br />

e os ma<strong>de</strong>irenses continuam a exigir<br />

cada vez mais <strong>de</strong> nó s, mas também a<br />

convicção <strong>de</strong> que acreditam e reconhecem<br />

cada vez mais a sua TAP".<br />

A Companhia aproveitou também a<br />

ocasião para anunciar os esforços que tem<br />

efectuado no sentido <strong>de</strong> melhorar os níveis<br />

<strong>de</strong> pontualida<strong>de</strong> da sua operação na<br />

Ma<strong>de</strong>ira, com tradução, nos primeiros cinco<br />

primeiros meses do ano, numa melhoria<br />

<strong>de</strong> sete pontos percentuais, registando<br />

uma pontualida<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m dos<br />

75 por cento. Se forem ainda consi<strong>de</strong>rados<br />

os voos com atraso até meia hora, a pontualida<strong>de</strong><br />

global ascen<strong>de</strong> a 88 por cento, o<br />

que constitui, nos voos <strong>de</strong> e para a Ma<strong>de</strong>ira,<br />

um bom nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho.


Noite mágica em Santa Cruz<br />

consagra <strong>de</strong>sporto ma<strong>de</strong>irense<br />

CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 DESPORTO 27<br />

Filipe Sousa<br />

(DN-Ma<strong>de</strong>ira)<br />

Os melhores <strong>de</strong>sportistas<br />

<strong>de</strong> 2005 foram<br />

ontem justamente<br />

homenageados numa<br />

grandiosa festa cheia <strong>de</strong> cor e<br />

brilho<br />

A festa dos "Prémios Desporto-2005",<br />

iniciativa do DIÁ-<br />

RIO e da RTP-Ma<strong>de</strong>ira, foi um<br />

êxito assinalável. Os melhores<br />

<strong>de</strong>sportistas ma<strong>de</strong>irenses, aqueles<br />

que tão brilhantemente têm sabido<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, acima <strong>de</strong> tudo, a<br />

ban<strong>de</strong>ira da Ma<strong>de</strong>ira, foram ontem<br />

homenageados numa festa à<br />

beira-mar, em pleno cais <strong>de</strong> Santa<br />

Cruz, recheada <strong>de</strong> brilho e<br />

magia.<br />

Os galardoados foram subindo<br />

ao palco para a justa consagração,<br />

com natural regozijo e<br />

satisfação, entre os muitos aplausos<br />

dos presentes, principalmente<br />

<strong>de</strong> familiares e amigos que não<br />

quiseram <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> estar presentes<br />

na consagração <strong>de</strong> 46 <strong>de</strong>sportistas<br />

ma<strong>de</strong>irenses. Havia motivos<br />

para estarem orgulhosos,<br />

pois o árduo trabalho <strong>de</strong>senvolvido<br />

ao longo <strong>de</strong> anos tinha sido<br />

(novamente) reconhecido.<br />

Pela primeira vez na histó -<br />

ria do <strong>de</strong>sporto ma<strong>de</strong>irense foi<br />

reunido nú mero tão significativo<br />

<strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s, contudo, isso<br />

não mereceu a presença <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s<br />

do sector. O secretário<br />

regional da Educação, Francisco<br />

Fernan<strong>de</strong>s, e o presi<strong>de</strong>nte do<br />

IDRAM, Catanho José, apesar<br />

<strong>de</strong> convidados, optaram por informar<br />

atempadamente que não<br />

estariam presentes. O que se lamenta!<br />

Refira-se que a festa prolongou-se<br />

noite <strong>de</strong>ntro, com animação<br />

musical, preparada pela<br />

Gap, empresa promotora <strong>de</strong> espectáculos,<br />

com a actuação <strong>de</strong><br />

vários dj's para gáudio dos mais<br />

novos.


28 DESPORTO CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

38 anos <strong>de</strong>pois o recor<strong>de</strong><br />

continua a ser "português"<br />

Este ano, o recor<strong>de</strong> imbatí vel do futebol profissional<br />

<strong>venezuela</strong>no "tremeu" mas não "caiu".<br />

António Carlos da Silva<br />

axedrezado@hotmail.com<br />

Oano <strong>de</strong> 2005 ficará<br />

na histó ria como o<br />

ano da primeira "estrela"<br />

(ícone com<br />

que se <strong>de</strong>signa na Venezuela a<br />

conquista <strong>de</strong> um campeonato)<br />

da formação "marabina" do<br />

Unió n Atlético Maracaibo. Este<br />

nobre clube tem o apoio <strong>de</strong><br />

importantes forças políticas e<br />

econó micas da região zuliana<br />

e, num curto espaço <strong>de</strong> tempo,<br />

tem conseguido um estatuto <strong>de</strong><br />

força temível no futebol local,<br />

conquistando agora o campeonato<br />

nacional <strong>de</strong> forma autoritária,<br />

pois ganhou tanto o torneio<br />

da "Abertura" como o da<br />

"Clausura" (ambas fases em que<br />

se divi<strong>de</strong> o campeonato <strong>venezuela</strong>no).<br />

As primeiras prestações da<br />

equipa no campeonato já finalizado<br />

foram tão ferozes que o<br />

conjunto "azulgrana" caiu rapidamente<br />

na zona da <strong>de</strong>spromoção<br />

e tanto o corpo técnico, como<br />

o treinador principal e os<br />

adjuntos, assim como vários elementos<br />

da gerência, foram empurrados<br />

para a rua, caindo o<br />

clube numa crise <strong>de</strong>sportiva assustadora.<br />

Para tentar arrumar a casa,<br />

foi contratado um jovem treinador<br />

<strong>venezuela</strong>no: Carlos Maldonado.<br />

Com ele no comando,<br />

a equipa não só <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> estar<br />

na cauda da tabela como<br />

conquistou o "Torneio Abertura".<br />

E o clube manteve-se invicto<br />

por 27 jogos consecutivos,<br />

até cair <strong>de</strong>rrotado no estádio<br />

"Comanche Bottini" da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Maturín aos pés da equipa<br />

local, o Monagas S.C.<br />

Embora impressionante, ao<br />

cair <strong>de</strong>rrotado em Maturín, o<br />

actual campeão <strong>venezuela</strong>no <strong>de</strong><br />

futebol foi incapaz <strong>de</strong> fazer cair<br />

o recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> imbatível do futebol<br />

profissional <strong>venezuela</strong>no,<br />

que continua nas mãos do <strong>de</strong>saparecido<br />

e saudoso Deportivo<br />

Portugués, que em 1967 conseguiu<br />

estar 28 jogos sem per<strong>de</strong>r e<br />

que, pelos vistos, continuará vigente<br />

por muito tempo mais.<br />

Um clube com muita histó -<br />

ria<br />

O Deportivo Portugués foi<br />

o primeiro clube que representou<br />

a coló nia lusitana no futebol<br />

profissional <strong>venezuela</strong>no e<br />

conseguiu muitos feitos histó -<br />

ricos no seu transitar pelos campos<br />

da bola no nosso país.<br />

Gran<strong>de</strong>s jogadores <strong>venezuela</strong>nos<br />

e estrangeiros vestiram a<br />

sua camisola, <strong>de</strong> entre os quais<br />

po<strong>de</strong>mos lembrar o "Rafa" Santana,<br />

um dos maiores treinadores<br />

da histó ria do futebol<br />

crioulo, e o guarda-re<strong>de</strong>s brasileiro<br />

Pompeia, chamado no Brasil<br />

"Constellation", pela forma<br />

como "voava" para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a<br />

baliza.<br />

Foi o primeiro clube a conseguir<br />

o troféu do famoso "Torneio<br />

Ibérico", competição histó<br />

rica do futebol amador<br />

crioulo, ao ganhar o tri-campeonato<br />

nos anos 55, 56 e 57, feito<br />

inédito até então.<br />

Este começo avassalador<br />

impulsionou-o a passar ao futebol<br />

profissional, <strong>de</strong>butando<br />

na primeira divisão (então chamada<br />

"Liga Mayor"), num domingo<br />

17 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1958<br />

frente ao também <strong>de</strong>saparecido<br />

Danubio. Consagrou-se<br />

campeão <strong>venezuela</strong>no pela primeira<br />

vez justamente no ano da<br />

sua estreia no máximo escalão<br />

- uma autêntica façanha - num<br />

torneio que lhe permitiu levar o<br />

nome <strong>de</strong> "Copa Junta <strong>de</strong> Gobierno",<br />

símbolo da situação política<br />

que vivia o país naquela<br />

altura.<br />

O "Portugués", como era<br />

conhecida a equipa, voltou a<br />

conquistar a taça <strong>de</strong> Campeão<br />

da Venezuela em 1960 e em<br />

1963, mas é da época <strong>de</strong> 1967<br />

que os a<strong>de</strong>ptos do clube não se<br />

esquecem, pois ergueu com orgulho<br />

e altivez as cores ver<strong>de</strong> e<br />

vermelha da ban<strong>de</strong>ira lusitana.<br />

Dirigidos por um "mágico"<br />

do futebol local, José "Pepito"<br />

Hernán<strong>de</strong>z e numa equipa on<strong>de</strong><br />

pontificavam vários jogadores<br />

brasileiros <strong>de</strong> muita craveira,<br />

Formação campeã da Venezuela invicta <strong>de</strong> 1967.<br />

conseguiram permanecer invictos<br />

durante 28 jogos consecutivos,<br />

<strong>de</strong>ixando esta marca recor<strong>de</strong><br />

que nenhuma outra equipa<br />

<strong>venezuela</strong>na conseguiu<br />

sequer igualar até hoje.<br />

Essa equipa que conquistou<br />

o campeonato com sete pontos<br />

<strong>de</strong> avanço sobre o seu velho rival<br />

do Deportivo Galicia era integrada<br />

por gran<strong>de</strong>s futebolistas<br />

como Valencia, Pedrito, Fagun<strong>de</strong>s,<br />

Ratto, Eddy e o goleador<br />

João Ramos, que apontou 28<br />

tiros certeiros nas balizas adversárias<br />

e conquistou também<br />

o título <strong>de</strong> melhor marcador do<br />

ano.<br />

O domínio do Deportivo<br />

Portugués na competição <strong>de</strong><br />

1967 foi, como se vê, absoluto,<br />

embora este seria o ú ltimo<br />

campeonato ganho pela formação<br />

lusa até ao seu triste <strong>de</strong>saparecimento,<br />

em 1984, afogado<br />

por dívidas e longe dos primeiros<br />

postos da classificação.<br />

Todo o patrimó nio <strong>de</strong> tantas<br />

façanhas <strong>de</strong>sportivas, todos<br />

os troféus, taças e lembranças<br />

do clube <strong>de</strong>sapareceram totalmente.<br />

Não existe um testemunho<br />

físico que faça lembrar<br />

as novas gerações <strong>de</strong> luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

e os amantes do futebol<br />

em geral. Apesar <strong>de</strong> todas<br />

as conquistas do clube lusitano,<br />

a memó ria do DEPORTIVO<br />

PORTUGUÉS parece estar con<strong>de</strong>nada<br />

ao <strong>de</strong>saparecimento<br />

pouco a pouco. Uma verda<strong>de</strong>ira<br />

tristeza...


Terceiro projecto do Benfica<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos só cios<br />

Presi<strong>de</strong>nte Luí s Filipe Vieira insiste na fasquia dos 300 mil sócios<br />

OBenfica planeia um terceiro<br />

gran<strong>de</strong> projecto, que po<strong>de</strong>rá<br />

seguir-se ao novo Estádio<br />

da Luz e ao Centro <strong>de</strong><br />

Estádio no Seixal, mas o presi<strong>de</strong>nte "encarnado",<br />

Luís Filipe Vieira, prefere esperar<br />

pela actual campanha <strong>de</strong> angariação<br />

<strong>de</strong> só cios.<br />

O presi<strong>de</strong>nte do Benfica já fez <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />

a sua continuida<strong>de</strong> no cargo do<br />

sucesso da actual campanha, que po<strong>de</strong>rá<br />

ter sofrido um impulso <strong>de</strong>cisivo com<br />

a conquista do título nacional <strong>de</strong> futebol,<br />

apó s 11 anos <strong>de</strong> "jejum", mas colocou<br />

a fasquia alta: chegar aos 300.000<br />

só cios até Outubro.<br />

O nú mero não assusta Luís Filipe<br />

Vieira, que acredita inclusivamente que<br />

o Benfica po<strong>de</strong>rá contar com meio milhão<br />

<strong>de</strong> associados se forem para a frente<br />

os projectos que a Direcção da Luz<br />

está a <strong>de</strong>linear.<br />

"Façam lá os 300.000 só cios que eu<br />

<strong>de</strong>pois dou-lhes uma gran<strong>de</strong> surpresa",<br />

voltou a prometer Luís Filipe Vieira,<br />

que garante que os novos associados<br />

ainda vão "lucrar" com o investimento.<br />

CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 DESPORTO 29<br />

No â mbito da visita guiada ao<br />

Centro <strong>de</strong> Estágio no Seixal, que estará<br />

concluído em <strong>de</strong>finitivo no final do ano,<br />

o presi<strong>de</strong>nte do Benfica não quis revelar<br />

pormenores sobre esse terceiro gran<strong>de</strong><br />

projecto, que só avançará se a primeira<br />

fase da campanha chegar aos<br />

nú meros <strong>de</strong>sejados.<br />

"Do que prometemos, já tudo foi<br />

cumprido. Os a<strong>de</strong>ptos têm agora uma<br />

oportunida<strong>de</strong> histó rica para dizer presente.<br />

Há quatro anos era impensável<br />

isto suce<strong>de</strong>r. Se atingirmos os 300.000<br />

só cios, po<strong>de</strong>mos passar a meio milhão<br />

com outros projectos que temos em<br />

mente", explicou Luís Filipe Vieira.<br />

O presi<strong>de</strong>nte do Benfica tem, porém,<br />

consciência <strong>de</strong> que o objectivo da<br />

campanha "é difícil" e voltou a <strong>de</strong>ixar<br />

uma mensagem aos a<strong>de</strong>ptos do clube<br />

da Luz: "Se não querem, logicamente<br />

temos <strong>de</strong> parar".<br />

Para além do título nacional <strong>de</strong> futebol,<br />

Luís Filipe Vieira tem para mostrar<br />

o novo Estádio da Luz, orçado em<br />

165 milhões <strong>de</strong> euros, e o prometido<br />

Centro <strong>de</strong> Estágio, que está a meio caminho<br />

da conclusão e custará mais <strong>de</strong> 15<br />

milhões.<br />

Apesar <strong>de</strong> as obras no Seixal só estarem<br />

<strong>de</strong>finitivamente concluídas no<br />

final do ano, a equipa principal <strong>de</strong> futebol<br />

já po<strong>de</strong>rá utilizar parte das novas<br />

instalações em finais <strong>de</strong> Agosto, altura<br />

em que estará pronto o campo nú mero<br />

1, o ú nico dotado com bancadas<br />

(1.600 lugares cobertos) e com quatro<br />

balneários.<br />

BREVE<br />

Copa dos 47 anos<br />

do CP Caracas<br />

No âmbito das comemorações do<br />

aniversário do Centro Português <strong>de</strong> Caracas,<br />

foi inaugurada, a 5 <strong>de</strong> Junho, a Copa<br />

Desportiva do 47º Aniversário. Num percurso<br />

pelas instalações <strong>de</strong>ste clube português,<br />

este evento juntou os atletas das diferentes<br />

modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

futebol <strong>de</strong> salão, o voleibol, o kickinball, o<br />

karaté, o ténis, o basquetebol e, ainda, as<br />

bolas crioulas.<br />

Os <strong>de</strong>sportistas mais <strong>de</strong>stacados <strong>de</strong> cada<br />

uma das modalida<strong>de</strong>s participantes nesta<br />

copa tiveram a honra <strong>de</strong> levar a tocha, ao<br />

estilo das olimpíadas, para<br />

O Presi<strong>de</strong>nte do Centro Português <strong>de</strong><br />

Caracas, André Pita, dirigiu umas palavras<br />

aos presentes, <strong>de</strong>stacando a importância do<br />

<strong>de</strong>sporto nas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste centro e,<br />

sobretudo, as alegrias e os trunfos que os<br />

atletas têm obtido em campeonatos<br />

externos. "O <strong>de</strong>sporto é uma parte<br />

fundamental <strong>de</strong> nosso Centro", enfatizou<br />

André Pita.<br />

Durante todo este mês <strong>de</strong> Junho<br />

realizam-se torneios internos em todas as<br />

modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas que se praticam<br />

no CPC, fazendo parte, assim, da agenda<br />

<strong>de</strong> eventos que se realizaram neste novo<br />

aniversário <strong>de</strong>ste clube português.<br />

Liliana da Silva


30 <strong>de</strong>sPorto CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

Voleibolista <strong>venezuela</strong>no<br />

com sucesso em Portugal<br />

O melhor avançado do Campeonato Português <strong>de</strong> Voleibol é um <strong>venezuela</strong>no. Andrés Manzanillo conseguiu<br />

<strong>de</strong>stacar-se não só na sua equipa "Antiguos Alumnos dos Açores" como também na Liga 2004-2005<br />

Liliana da Silva<br />

Quando cheguei a Portugal,<br />

apercebi-me <strong>de</strong> que a ú nica<br />

palavra que sabia dizer<br />

era "obrigado". Esta frase<br />

faz-nos perceber como foi a adaptação<br />

<strong>de</strong> Andrés Manzanillo, voleibolista profissional<br />

que faz parte da Selecção Venezuelana<br />

<strong>de</strong> Voleibol, que foi para Portugal.<br />

Embora esta terra não lhe fosse<br />

estranha, este <strong>venezuela</strong>no teve <strong>de</strong><br />

apren<strong>de</strong>r a partilhar uma cultura diferente<br />

que hoje, confessa, admira e respeita.<br />

Com uma carreira amplamente <strong>de</strong>senvolvida<br />

em campeonatos como o colombiano,<br />

o argentino e o dominicano,<br />

Manzanillo <strong>de</strong>cidiu tentar a sua sorte<br />

num mercado diferente e importante, o<br />

europeu. Esta seria uma nova etapa da<br />

sua carreira como <strong>de</strong>sportista. O ponto<br />

<strong>de</strong> partida para esta nova aventura foi<br />

Portugal. Uma vitrina <strong>de</strong> exibição simples,<br />

mas que permitiu conseguir projectar<br />

o talento <strong>de</strong> Andrés Manzanillo<br />

noutras nações europeias que começam<br />

a interessar-se no potencial <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>sportista.<br />

"Portugal permitiu-me entrar<br />

no mercado europeu. Já recebi inú meras<br />

propostas para jogar em países como<br />

a Ucrâ nia. E há outras equipas lusas<br />

interessadas em mim.<br />

Com apenas um ano <strong>de</strong> participação<br />

na Liga Portuguesa, Manzanillo conseguiu<br />

ser o melhor avançado da sua<br />

equipa e <strong>de</strong> todo o campeonato português,<br />

que conta com a participação <strong>de</strong><br />

quase cem brasileiros, conhecidos pela<br />

sua ampla <strong>de</strong>streza neste <strong>de</strong>sporto. "A<br />

concorrência em Portugal é gran<strong>de</strong>. Há<br />

muita qualida<strong>de</strong> técnica, sobretudo porque<br />

jogam muitos estrangeiros, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

brasileiros, canadianos, estadouni<strong>de</strong>nses<br />

e, claro, portugueses.<br />

A língua portuguesa não era <strong>de</strong>sconhecida<br />

para este <strong>de</strong>sportista, pois já tinha<br />

jogado no Brasil e em Portugal muitas<br />

vezes. Contudo, o dialecto pró prio<br />

dos açorianos foi uma prova dura <strong>de</strong><br />

superar. "No início, não percebia nada,<br />

mas teve que apren<strong>de</strong>r. O treinador era<br />

português e a maioria dos meus colegas<br />

também. Este é um processo normal<br />

para nó s, <strong>de</strong>sportistas, pois temos<br />

que nos adaptar ao país para on<strong>de</strong> vamos".<br />

Contudo, a língua não foi o ú nico<br />

que teve <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r. Depois <strong>de</strong> muitos<br />

anos a jogar como central, Manzanillo<br />

jogou <strong>de</strong>ntro da sua equipa como avançado.<br />

Uma nova posição, à qual lhe custou<br />

muito adaptar-se, permitiu-lhe <strong>de</strong>scobrir<br />

uma nova faceta do seu jogo. Hoje,<br />

já na Venezuela e a se preparar para<br />

a Liga Mundial <strong>de</strong> Voleibol, on<strong>de</strong> vai<br />

enfrentar Portugal, tem mantido esta<br />

posição. "O facto <strong>de</strong> agora ser avançado<br />

permitiu-me <strong>de</strong>stacar no campeonato<br />

português. Descobri uma nova capacida<strong>de</strong><br />

que tenciono continuar a experimentar",<br />

diz.<br />

Um encontro<br />

<strong>de</strong> comPatriotas<br />

Juntamente com a sua equipa, Andrés<br />

Manzanillo teve a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> viajar por muitas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Portugal,<br />

on<strong>de</strong> encontrou muitos <strong>venezuela</strong>nos<br />

que, como ele, tentavam encontrar nestas<br />

terras lusas melhores perspectivas<br />

<strong>de</strong> futuro. "Em Espinho, reencontrei<br />

uma família que já tinha conhecido em<br />

1994, durante uns treinos da Selecção<br />

Nacional da Venezuela em Portugal.<br />

Eles têm lá um programa <strong>de</strong> rádio que<br />

se chama "Domingo Venezuelano". Foram<br />

ver-me jogar em Espinho. Foi uma<br />

sensação ú nica ver ban<strong>de</strong>iras da Venezuela<br />

nas bancadas", conta-nos.<br />

Este <strong>de</strong>sportista ainda não sabe se vai<br />

regressar a Portugal ou se vai aceitar<br />

alguma das propostas noutros países <strong>de</strong><br />

Europa. Contudo, vau ter que enfrentar<br />

aos lusos quatro vezes, mas <strong>de</strong>sta vez<br />

com a camisola da Venezuela, nos encontros<br />

previstos para a Liga Mundial<br />

<strong>de</strong> Voleibol 2005. "Portugal é uma selecção<br />

que tem avançado muito, mas<br />

nos ú ltimos anos não tem conseguido<br />

vencer. Obviamente, não subestimamos<br />

nenhuma equipa e, com o novo treinador<br />

cubano que tem Portugal, estamos<br />

certos <strong>de</strong> que não será muito fácil vencê-los.<br />

Contudo, a qualida<strong>de</strong> vê-se no<br />

campo", concluiu Andrés Manzanillo.


CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 DESPORTO 31<br />

Portugal e Cristiano Ronaldo<br />

quase na Alemanha 2006<br />

A selecção portuguesa <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong>u sábado passado o "passo" <strong>de</strong>terminante<br />

rumo ao Mundial da Alemanha2006, ao vencer na Luz a Eslováquia<br />

por 2-0, resultado que vale, para já, a li<strong>de</strong>rança isolada do grupo 3 Europeu.<br />

BREVES<br />

Torneio Super-<br />

-Veteranos (CPC)<br />

Resultados da 4ª jornada:<br />

(06 <strong>de</strong> Junho)<br />

Gama Club 1-1 Marítimo<br />

A. D. Camacha 8-2 Beira Mar<br />

Nacional - 3.º Tiempo (suspenso)<br />

Classificação<br />

Cl. Equipa J V E D GF GC P<br />

1.º GAMA CLUB 4 3 1 - 17 2 10<br />

2.º A.D.CAMACHA 4 3 - 1 18 13 9<br />

3.º MARITIMO 4 2 1 1 9 7 7<br />

4.º 3.º TIEMPO 3 1 - 2 10 15 3<br />

5.º NACIONAL 3 1 - 2 5 8 3<br />

6.º BEIRA MAR 4 - - 4 3 17 0<br />

Num ambiente <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> festa,<br />

a lembrar o Euro2004, Portugal,<br />

muito <strong>de</strong>sfalcado na <strong>de</strong>fesa, começou<br />

periclitante e intranquilo,<br />

mas <strong>de</strong>cidiu, praticamente, o jogo ainda<br />

na primeira parte, com golos <strong>de</strong> bola parada<br />

<strong>de</strong> Fernando Meira (21 minutos) e Cristiano<br />

Ronaldo (42).<br />

A exibição colectiva esteve longe <strong>de</strong> ser<br />

"brilhante", mas é cada vez mais inquestionável<br />

que vale a pena pagar bilhete para<br />

ver jogar o "miú do" do Manchester United,<br />

que somou o sexto tento e a sexta assistência<br />

para golo na qualificação e que<br />

voltou a <strong>de</strong>slumbrar.<br />

Num embate ainda marcado pelo regresso<br />

<strong>de</strong> Figo (li<strong>de</strong>ra isolado o "ranking"<br />

dos internacionais lusos, com 111 jogos, contra<br />

110 <strong>de</strong> Fernando Couto), Portugal ficou<br />

com o Mundial à distâ ncia <strong>de</strong> vitó rias<br />

na Estó nia e na recepção a Letó nia, Luxemburgo<br />

e Liechtenstein, às quais até se<br />

po<strong>de</strong> juntar uma <strong>de</strong>rrota por cinco golos<br />

na Rú ssia.<br />

Além <strong>de</strong> "sua alteza" Ronaldo, <strong>de</strong>staque<br />

na formação lusa para os laterais Alex, em<br />

estreia absoluta, e Caneira, adaptado à esquerda,<br />

e também para o estratega Deco,<br />

sem esquecer a forma superior como o colectivo<br />

soube gerir o resultado na segunda<br />

meta<strong>de</strong>.<br />

A selecção portuguesa entrou com cinco<br />

novida<strong>de</strong>s em relação ao "onze" habitual<br />

na fase <strong>de</strong> qualificação: o estreante Alex,<br />

Fernando Meira, Caneira, Petit e o regressado<br />

Figo, face às ausências <strong>de</strong> Paulo Ferreira,<br />

Ricardo Carvalho, Nuno Valente,<br />

Costinha e Simão.<br />

Desta forma, Portugal começou com<br />

Alex, Fernando Meira, Jorge Andra<strong>de</strong> e<br />

Caneira, à frente <strong>de</strong> Ricardo, um meio-campo<br />

com Petit e Maniche, mais recuados, e<br />

Deco e dois extremos (Figo e Cristiano Ronaldo)<br />

no apoio ao ponta-<strong>de</strong>-lança Pauleta.<br />

Por seu lado, a Eslováquia entrou em<br />

"4-3-3", com Contofalsky na baliza, uma<br />

<strong>de</strong>fesa com Zabavnik, Petras, Varga e Had,<br />

três jogadores sobre o meio-campo (Karhan,<br />

Hanek e Hlinka) e um ataque com Nemeth<br />

e Mintal nas "costas" <strong>de</strong> Jakubko.<br />

Portugal entrou muito lento, sem i<strong>de</strong>ias<br />

e a falhar sucessivos passes, o que fez com<br />

que fosse, inesperadamente, a Eslováquia<br />

a assumir o comando e a jogar mais no<br />

meio-campo contrário, embora sem criar<br />

perigo no primeiro quartos-<strong>de</strong>-hora.<br />

A <strong>de</strong>fesa lusa <strong>de</strong>monstrava, porém,<br />

gran<strong>de</strong> intranquilida<strong>de</strong> e, aos 17 minutos,<br />

o "onze" <strong>de</strong> Dusan Galis esteve muito perto<br />

<strong>de</strong> marcar: Meira aliviou mal, Jakubko<br />

rematou forte <strong>de</strong> fora da área, Ricardo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u<br />

para a frente e Mintal, com a baliza<br />

aberta, atirou ao lado.<br />

Este lance ainda "assustou" mais a selecção<br />

nacional, só que, aos 21 minutos,<br />

contra a "corrente", Fernando Meira inaugurou<br />

o marcador, ao encostar <strong>de</strong> pé direito<br />

ao segundo poste, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um canto<br />

<strong>de</strong> Deco, na esquerda, e um <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> cabeça<br />

<strong>de</strong> Ronaldo.<br />

Os eslovacos pareceram não acusar o golo<br />

e continuaram por "cima", só que, a partir<br />

dos 30 minutos, Portugal melhorou, passou<br />

a controlar e a rematar muito, por Figo<br />

(31 e 34 minutos), Maniche (32), Jorge Andra<strong>de</strong><br />

(34), Petit (34) e Cristiano Ronaldo<br />

(38).<br />

Parecia, agora, iminente o segundo golo<br />

<strong>de</strong> Portugal, que surgiu em mais um lance<br />

<strong>de</strong> bola parada: aos 42 minutos, e apó s uma<br />

falta sobre Deco, Ronaldo marcou superiormente<br />

um livre directo, sobre a esquerda,<br />

colocando a bola junto ao poste direito.<br />

Depois <strong>de</strong> terem terminado em "gran<strong>de</strong>"<br />

a primeira parte, os comandados <strong>de</strong><br />

Luiz Felipe Scolari reentraram muito bem,<br />

com Cristiano Ronaldo a fantasiar, entusiasmar<br />

e oferecer golos, que Pauleta não<br />

teve arte para concretizar, aos 52 e 58 minutos.<br />

O técnico eslovaco esgotou cedo as<br />

substituições (64 minutos), enquanto Scolari,<br />

com a equipa portuguesa em controlo<br />

absoluto do encontro, apenas mexeu aos<br />

77 minutos, altura em que Ronaldo saiu,<br />

para os aplausos (<strong>de</strong> pé), dando lugar a Ricardo<br />

Quaresma.<br />

Na parte final, para a qual "Felipão" ainda<br />

chamou Hél<strong>de</strong>r Postiga (79 minutos) e<br />

Tiago (88), a Eslováquia ainda tentou reagir,<br />

mas, apesar das "baldas" lusas, nunca mostrou<br />

arte para o conseguir, acabando <strong>de</strong>rrotada<br />

e alcançada na tabela pela Rú ssia<br />

(2-0 à Letó nia).<br />

O ú ltimo apito da brilhante carreira internacional<br />

do italiano Pierluigi Collina<br />

suou pouco <strong>de</strong>pois, Portugal ganhou e está<br />

perto, muito perto, <strong>de</strong> chegar ao Alemanha2006.<br />

Esta quarta-feira, a selecção nacional<br />

jogou em Tallin, na Estó nia, um jogo<br />

que, <strong>de</strong>vido aos compromissos <strong>de</strong> fecho<br />

<strong>de</strong>sta edição do CORREIO, só po<strong>de</strong>remos<br />

dar conta na pró xima edição.<br />

5ª e última jornada<br />

(13 <strong>de</strong> Junho):<br />

08.15 p.m – NACIONAL - MARITIMO<br />

09.15 p.m – 3.º TIEMPO - BEIRA MAR<br />

10.15 p.m – A.D.CAMACHA -- GAMA CLUB<br />

Sub-20 avançam<br />

em Toulon<br />

A selecção portuguesa <strong>de</strong> futebol<br />

<strong>de</strong> sub-20 confirmou segunda-feira<br />

o primeiro lugar no<br />

grupo B do Torneio <strong>de</strong> Toulon<br />

(França), <strong>de</strong>rrotando a Tunísia por<br />

2-0, em encontro da terceira e última<br />

jornada do Grupo B.<br />

Alemanha 2006<br />

com problemas<br />

Alguns atritos com a FIFA<br />

quanto a po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão emperram<br />

a máquina organizativa<br />

da Alemanha, que tem os aspectos<br />

infraestruturais controlados<br />

para daqui a um ano ser palco do<br />

Campeonato do Mundo <strong>de</strong> futebol.<br />

Dez dos 12 estádios construídos<br />

(ou remo<strong>de</strong>lados) para o<br />

evento já estão prontos - num investimento<br />

global <strong>de</strong> 1.500 milhões<br />

<strong>de</strong> euros - , pelo que a única<br />

"guerra" vigente se pren<strong>de</strong> quanto<br />

à <strong>de</strong>cisão em diversos aspectos<br />

fundamentais da organização.<br />

Flávio Cruz histórico<br />

O ma<strong>de</strong>irense Flávio Cruz fez<br />

parte do grupo que entrou para<br />

a história do voleibol português,<br />

após a vitória <strong>de</strong> domingo (3-0),<br />

sobre o Brasil, o campeão olímpico<br />

e mundial.<br />

No dia seguinte a este êxito,<br />

o voleibolista ainda quase não caíra<br />

em si. "Ainda estou a viver a<br />

vitória" confessou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Porto.<br />

"Jogámos sempre cabeça<br />

fria" explica. "Sabíamos que se<br />

ganhássemos um ou dois "sets"<br />

podíamos per<strong>de</strong>r o jogo na mesma,<br />

mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazermos o<br />

2-0 ficámos mais tranquilos porque<br />

tínhamos três oportunida<strong>de</strong>s<br />

para ganhar. No terceiro "set",<br />

apesar <strong>de</strong> ser o mais complicado<br />

porque eles jogaram com a<br />

equipa titular e a arriscar tudo,<br />

nós estávamos já sem tanta pressão.<br />

E isso foi uma ajuda".


Quem quer<br />

um banco<br />

vai ao totta<br />

CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />

Julgamento <strong>de</strong> portugueses<br />

adiado até Agosto<br />

Liliana da Silva<br />

Foram apanhados em Outubro<br />

<strong>de</strong> 2004 e o seu <strong>de</strong>stino ainda é<br />

incerto. O processo só po<strong>de</strong>ria<br />

recomeçar em dois meses<br />

caso dos quatro portugueses<br />

<strong>de</strong>tidos por tráfi-<br />

O<br />

co <strong>de</strong> drogas no passado<br />

24 <strong>de</strong> Outubro parece não<br />

ter fim. O julgamento previsto para a<br />

passada quinta-feira 2 <strong>de</strong> Junho foi novamente<br />

adiado. Desta vez por não estarem<br />

presentes todos os acusados. Faltaram<br />

à sessão os dois polícias <strong>venezuela</strong>nos<br />

que continuam <strong>de</strong>tidos<br />

porque não chegou à ca<strong>de</strong>ia o boletim<br />

<strong>de</strong> transferência.<br />

A juíza Maria Roa, que conduz o caso,<br />

assinalou que o julgamento não se<br />

vai realizar tão cedo. Provavelmente<br />

será só <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> dois meses, quando<br />

já estejam resolvidos outros casos que<br />

ainda estão pen<strong>de</strong>ntes e que ocupam<br />

completamente a sua agenda. Por isso,<br />

o julgamento <strong>de</strong>verá prosseguir só<br />

em Agosto.<br />

O julgamento <strong>de</strong>stes portugueses já<br />

foi adiado várias vezes, o que causou<br />

o <strong>de</strong>sespero daqueles que continuam<br />

<strong>de</strong>tidos há mais <strong>de</strong> sete meses. Em <strong>de</strong>clarações<br />

à agência lusa, Antó nio Martinho,<br />

o advogado <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa das três<br />

mulheres portuguesas que no momento<br />

da <strong>de</strong>tenção eram passageiras do voo<br />

da Air Luxor, acusou o governo português<br />

<strong>de</strong> se ter esquecido e abandonado<br />

as suas compatriotas. "A falta <strong>de</strong><br />

representação consular portuguesa no<br />

Tribunal <strong>de</strong> Macuto (Estado Vargas)<br />

prova o abandono por parte das autorida<strong>de</strong>s<br />

portuguesas relativamente a<br />

quatro cidadãos portugueses", disse.<br />

O porta-voz do Ministério dos Negó<br />

cios Estrangeiros, Carneiro Jacinto,<br />

<strong>de</strong>clarou à Agencia Lusa <strong>de</strong> Notícias<br />

que estava completamente em <strong>de</strong>sacordo<br />

com a opinião emitida pelo advogado<br />

Antó nio Marinho. "Refutamos<br />

completamente as acusações porque<br />

tem sido dado a todos aos portugueses<br />

<strong>de</strong>tidos na Venezuela a mesma<br />

protecção consular que aos outros. É<br />

precisamente esta a obrigação do Estado<br />

português", disse.<br />

Antó nio Marinho aproveitou para<br />

solicitar ao Estado português a ajuda<br />

necessária para estas mulheres que sofrem<br />

doenças <strong>de</strong> alto risco e que não<br />

têm dinheiro para medicação e tratamentos<br />

necessários.<br />

Este processo judicial data dos finais<br />

do mês <strong>de</strong> Outubro, quando seis<br />

portugueses e seis <strong>venezuela</strong>nos foram<br />

<strong>de</strong>tidos por tráfico <strong>de</strong> 400 quilos <strong>de</strong> cocaína<br />

num avião privado. O piloto e a<br />

hospe<strong>de</strong>ira da Air Luxor foram libertados<br />

nos primeiros dias <strong>de</strong> Novembro,<br />

ficando <strong>de</strong>tidos o co-piloto do<br />

avião e as três passageiras, que continuam<br />

à espera <strong>de</strong> julgamento. O copiloto<br />

Luís Santos está em prisão domiciliária<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Dezembro e, recentemente,<br />

apelou ao Governo português<br />

para que o aju<strong>de</strong> a provar a sua inocência,<br />

manifestando-se <strong>de</strong>sesperado<br />

pelos atrasos recorrentes do processo.<br />

A 31 <strong>de</strong> Janeiro, realizou-se a primeira<br />

sessão do julgamento contra o<br />

co-piloto e as três portuguesas, mas o<br />

adiamento sucessivo das seguintes sessões,<br />

sempre por diferentes motivos,<br />

como a falta <strong>de</strong> juíz, ainda não permitiu<br />

ir para além da leitura da acusação…<br />

A imAgem dA semAnA<br />

O padre Alexandre Mendonça não se faz rogado na adaptação aos novos tempos!<br />

Parece, mas nao é ! Quem imaginaria uma benção a uma garrafa <strong>de</strong> uisque Com<br />

maiores ou menores problemas, o que interessa é que a Comunida<strong>de</strong> continue<br />

com razões para festejar e celebrar, como a que documenta esta foto, um raro<br />

momento que fica registado para a posterida<strong>de</strong>!

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