Versão PDF - correio de venezuela
Versão PDF - correio de venezuela
Versão PDF - correio de venezuela
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Autorida<strong>de</strong>s"apertam"<br />
Muitos dos locais fiscalizados<br />
têm infracções Pá gina 3<br />
« Camões <strong>de</strong>sconhecido»<br />
Daniel Morais lamenta<br />
<strong>de</strong>sinteresse Pá gina 4<br />
www.<strong>correio</strong><strong>de</strong>caracas.net<br />
O jornal da comunida<strong>de</strong> luso-<strong>venezuela</strong>na<br />
ano 06 - n.º 110- DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL<br />
caracas, 9 De junho De 2005 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL: 1,00<br />
Maracaibo <strong>de</strong>nuncia<br />
esquecimento<br />
Hospitalida<strong>de</strong><br />
em Rio Chico<br />
Mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z famí lias portuguesas misturam-se<br />
entre as diversas famí lias europeias. Página 10<br />
Jesuino Brito,<br />
cônsul honorário,<br />
aponta o <strong>de</strong>do às<br />
autorida<strong>de</strong>s<br />
portugueses ,<br />
a quem acusa<br />
<strong>de</strong> ignorar<br />
a comunida<strong>de</strong><br />
em Maracaibo. Pá gina 11<br />
Erika Nornny<br />
coroada<br />
em Caracas<br />
Centro Português <strong>de</strong> Caracas<br />
já escolheu a sua Miss. Pá gina 16<br />
Feira do comércio<br />
ultrapassa<br />
as expectativas.<br />
Pá ginas 24-25<br />
Portugal em vias<br />
<strong>de</strong> conseguir<br />
apuramento<br />
para o Mundial<br />
<strong>de</strong> 2006. Pá gina 31
2 EDITORIAL CORREIO DE CARACAS - 9 DE MAIO DE 2005<br />
Director:<br />
Aleixo Vieira<br />
Subdirector<br />
Agostinho Silva<br />
Coor<strong>de</strong>nação em Caracas<br />
Délia Meneses<br />
Coor<strong>de</strong>nação na Ma<strong>de</strong>ira<br />
Sónia Gonçalves<br />
Jornalistas:<br />
António da Silva, Carlos Orellana<br />
Jean Carlos <strong>de</strong> Abreu, Liliana da Silva<br />
Nathali Gómez e Noélia <strong>de</strong> Abreu<br />
Correspon<strong>de</strong>ntes:<br />
Ana Pita Andra<strong>de</strong> (Maracay)<br />
Bernar<strong>de</strong>te <strong>de</strong> Quintal (Curaçau)<br />
Briceida Yepez (Valencia)<br />
Carlos Balaguera (Maracay e Valencia)<br />
Carlos Marques (Mérida)<br />
Sandra Rodriguez (La Victoria)<br />
Trinidad Macedo (Barquisimeto)<br />
Colaborações:<br />
António <strong>de</strong> Abreu, Arelys Gonçalves<br />
Janette Da Silva, Luís Barreira<br />
e Miguel Rodrigues<br />
Publicida<strong>de</strong> e Marketing:<br />
Carla Vieira<br />
Preparação Gráfica:<br />
Olga <strong>de</strong> Canha (DN-Ma<strong>de</strong>ira)<br />
Produção:<br />
Franklin Lares<br />
Secretariado:<br />
Glória Cadavid<br />
Distribuição:Juan Fernan<strong>de</strong>z<br />
Impressão: Editorial Melvin C. A<br />
Calle el rio con Av. Las Palmas<br />
Boleita Sur - Caracas<br />
Venezuela<br />
En<strong>de</strong>reço:<br />
Av. Los Jabillos 905,<br />
com Av. Francisco Solano,<br />
Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C,<br />
Sabana Gran<strong>de</strong> - 1050 Caracas.<br />
En<strong>de</strong>reço Postal:<br />
Editorial Correio C.A.<br />
Sabana Gran<strong>de</strong><br />
Caracas - Venezuela<br />
Telefones: (0212) 761.41.45<br />
Telefax: (0212) 761.12.69<br />
E-mail: <strong>correio</strong>@cantv.net<br />
URL: www.<strong>correio</strong><strong>de</strong>caracas.net<br />
Tiragem <strong>de</strong>ste número:<br />
10.000 exemplares<br />
Fontes <strong>de</strong> Informação:<br />
DIÁRIO <strong>de</strong> Notícias da Ma <strong>de</strong>ira<br />
Jornal <strong>de</strong> Notícias<br />
Agência <strong>de</strong> Notícias LUSA<br />
O Correio <strong>de</strong> Caracas não se res pon sabiliza<br />
por qualquer opinião mani fes tada pelos colaboradores<br />
ou assi nan tes nos artigos publi -<br />
ca dos, garan tindo-se, <strong>de</strong> acordo com a lei<br />
do jor na lismo, o direito à res posta, sempre<br />
que a mesma seja recebida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 60 dias.<br />
El Correio <strong>de</strong> Caracas, no se hace responsable<br />
por las opiniones manifestadas por los colaboradores<br />
o firmantes, garantizando, <strong>de</strong> acuer -<br />
do a la Ley, el <strong>de</strong>recho a res pues ta, siempre<br />
que la misma sea recibida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 60 días.<br />
Centros e clubes: a semana<br />
– que futuro<br />
Festival Infantil <strong>de</strong> Folclore<br />
Des<strong>de</strong> há muito que o<br />
dinamismo da nossa<br />
Comunida<strong>de</strong> se equipara<br />
ao espírito empreen<strong>de</strong>dor<br />
dos centros e clubes.<br />
No entanto, há por aí uns sinais<br />
<strong>de</strong> claro <strong>de</strong>sgaste que po<strong>de</strong>rão<br />
implicar, num futuro não muito<br />
longíquo, o encerramento ou total<br />
abandono <strong>de</strong> algumas colectivida<strong>de</strong>s<br />
que muito já fizeram<br />
pelos portugueses na Venezuela.<br />
Os alertas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smobilização<br />
vêm <strong>de</strong> zonas distintas como<br />
Puerto la Cruz, La Victoria, Maracaibo,<br />
Punto Fijo ou Turumo,<br />
em Caracas, embora esta ultima<br />
não seja por falta <strong>de</strong> empenho <strong>de</strong><br />
seus directivos. São instituições<br />
que, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra,<br />
o CaRToon Da semana<br />
Parece que<br />
os conselheiros<br />
da Comunida<strong>de</strong><br />
começaram<br />
a trabalhar...<br />
ostentam um futuro incerto. Tudo<br />
porque não houve o cuidado<br />
<strong>de</strong> adoptar esquemas credíveis<br />
<strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>. Há incentivos<br />
que <strong>de</strong>sapareceram, há pessoas<br />
que baixaram os braços, <strong>de</strong>ixando-se<br />
vencer pela inércia.<br />
Neste oportunida<strong>de</strong>, têm<br />
mais responsabilida<strong>de</strong>s os conselheiros<br />
daa Comunida<strong>de</strong>, os<br />
cô nsules honorários, Fe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>de</strong> Centros e autorida<strong>de</strong>s portuguesas.<br />
É inadmissível que assistam,<br />
calmos e serenos, a este<br />
“ ruir do castelo” , como se <strong>de</strong><br />
uma fatalida<strong>de</strong> se tratasse.<br />
Não! Pensamos que em nenhum<br />
dos casos, a inércia <strong>de</strong>ve<br />
vencer. Mãos à obra!<br />
Já não era<br />
sem tempo!<br />
Apó s cinco anos<br />
a posar para as<br />
fotografias...<br />
O Festival Infantil <strong>de</strong> Folclore que <strong>de</strong>correu no último fim-<strong>de</strong>semana<br />
no Centro Português <strong>de</strong> Caracas é uma iniciativa <strong>de</strong><br />
louvar. Foram centenas <strong>de</strong> jovens luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes e não<br />
só. Sabemos que não é uma tarefa fácil organizar<br />
actualmente um evento como este, sobretudo porque é<br />
preciso disponibilizar tempo, vestir e ensaiar crianças para<br />
bailar folclore. Todos estão <strong>de</strong> parabéns, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a organização<br />
do festival, aos jovens e aos clubes a que pertencem estes<br />
grupos infantis.<br />
Feira do Comé rcio<br />
A Câmara <strong>de</strong> Comércio Luso-<strong>venezuela</strong>na, pela iniciativa <strong>de</strong> organizar<br />
por primeira vez nos últimos vinte anos uma feira comercial, está <strong>de</strong><br />
parabéns. A a<strong>de</strong>são superou as expectativas dos organizadores. As<br />
empresas ali presentes representam a presença empresarial lusitana<br />
na Venezuela. Setenta empresas se fizeram representar durante quatro<br />
dias, confraternizando e intercambiando conhecimentos. Um êxito<br />
garantido. O Centro Português que, pela primeira vez acolheu este tipo<br />
<strong>de</strong> evento comercial, provou que tem instalações apropriadas para tal.<br />
Falta planeamento<br />
Uma vez mais ficou <strong>de</strong>monstrado que as organizações – <strong>de</strong><br />
todo o tipo – andam às avessas na comunida<strong>de</strong>. Em<br />
oportunida<strong>de</strong>s anteriores, <strong>de</strong>stacamos sempre a<br />
disponibilida<strong>de</strong> e a boa-vonta<strong>de</strong> das juntas directivas do<br />
Centro Português <strong>de</strong> Caracas. No entanto, não enten<strong>de</strong>mos<br />
este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nação entre associações, entre clubes,<br />
e entre organizações da comunida<strong>de</strong> Portuguesa.<br />
Por exemplo, no Centro Português <strong>de</strong> Caracas, realizaram-se<br />
uma série <strong>de</strong> eventos, na sexta feira, no sábado e no domingo.<br />
Tudo excelentes iniciativas que aplaudimos, mas o que não<br />
percebemos é a falta <strong>de</strong> agenda do clube, pois por falta <strong>de</strong><br />
planeamento foram muitos os sócios que não pu<strong>de</strong>ram<br />
ace<strong>de</strong>r ao clube por falta <strong>de</strong> espaço.<br />
ICEP transferido para o Mé xico<br />
Várias vezes já nos referimos ao ICEP (Instituto Comercial<br />
Exterior <strong>de</strong> Portugal) na Venezuela e sempre <strong>de</strong> forma negativa.<br />
Já marcaram presença neste país, mas sem nenhuma utilida<strong>de</strong><br />
para além <strong>de</strong> passarem férias à custa do Estado.Também<br />
criticamos a <strong>de</strong>cisão do Estado, que transferiu a organização<br />
para o México, julgamos que também para férias! Um assunto<br />
que também se <strong>de</strong>bate constantemente é que esta feira<br />
comercial organizada pela câmara <strong>de</strong> comércio e presenciada<br />
pelo novo embaixador <strong>de</strong> Portugal, po<strong>de</strong>rá sensibilizar as<br />
autorida<strong>de</strong>s para que se volte a abrir uma representação do<br />
ICEP, mas com gente capaz e interessada.<br />
Para todos los<br />
gustos<br />
El mejor Bo<strong>de</strong>gón <strong>de</strong> Caracas con la mayor variedad en vinos Nacionales e Importados<br />
C.C.C.T. P.B. (cerca al Banco Provincial) Telfs.: (0212) 959.73.77, 959.67.28 - Caracas - <strong>venezuela</strong>
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 VenezuelA 3<br />
96% das empresas<br />
inspeccionadas são infractoras<br />
No fim-<strong>de</strong>-semana passado, o Seniat multou 42 estabelecimentos nocturnos na zona Este <strong>de</strong> Caracas.<br />
A medida resulta no encerramento dos espaços comerciais durante três dias e o pagamento <strong>de</strong> uma multa.<br />
Delia Meneses<br />
<strong>de</strong>lia_jornalista@yahoo.com<br />
O<br />
Seniat, organismo tributário<br />
e fiscalizador, continua<br />
a “ apertar” todos os dias.<br />
No fim-<strong>de</strong>-semana passado,<br />
um total <strong>de</strong> 42 locais nocturnos, localizados<br />
no Este <strong>de</strong> Caracas, foram<br />
apanhados numa operação conjunta<br />
feita pela inspecção e pelos Bombeiros<br />
Metropolitanos.<br />
O encerramento dos restaurantes, discotecas,<br />
bingos e bares <strong>de</strong>veu-se a irregularida<strong>de</strong>s<br />
apresentadas em matéria <strong>de</strong> pagamentos<br />
<strong>de</strong> impostos, obrigações com os<br />
trabalhadores e o respeito das normas <strong>de</strong><br />
segurança.<br />
O chefe da Divisão <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong><br />
Seniat, José Caraballo, explicou ao CO-<br />
RREIO que as sanções oscilam entre um<br />
ou três dias <strong>de</strong> obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> encerramento<br />
e uma multa quando os funcionários<br />
<strong>de</strong>scobrem irregularida<strong>de</strong>s nos livros<br />
<strong>de</strong> compra e venda dos negó cios.<br />
A média <strong>de</strong> empresas que incumpre as<br />
normas tributárias é alarmante. Segundo<br />
dados fornecidos pelo Seniat, em média,<br />
entre cada cem empresas inspeccionadas,<br />
96 % fecham por irregularida<strong>de</strong>s.<br />
Através do nú mero 800 - Seniat, são<br />
muitas as <strong>de</strong>nú ncias que fazem os consumidores,<br />
especificando locais comerciais<br />
que não emitem facturas. "Aproximadamente,<br />
90% dos negó cios (restaurantes,<br />
padarias, centros nocturnos) não entregam<br />
facturas ou emitem recibos falsos", precisa<br />
Caraballo.<br />
"Nas diferentes visitas aos comércios,<br />
<strong>de</strong>scobrimos que a subfacturação é uma<br />
prática nacional. As máquinas não registam<br />
o verda<strong>de</strong>iro valor da compra do cliente,<br />
mas apenas 0,1% a 10%. Se a compra é<br />
por um montante <strong>de</strong> 12 mil bolívares a factura<br />
registada é <strong>de</strong> apenas 120 bolívares ou<br />
1,2".<br />
Escassa cultura tributária<br />
Conforme informa o Seniat, um sector<br />
importante das padarias não entrega factura<br />
ao cliente, quando na verda<strong>de</strong> ficar<br />
com o ticket é um direito do cliente. Caraballo<br />
fez um apelo ao sector da panificação,<br />
que é constituído essencialmente por<br />
portugueses, para que não se <strong>de</strong>ixem manipular<br />
por contadores sem escrú pulos<br />
que muitas vezes optam por fugir dos impostos.<br />
"A maioria dos pa<strong>de</strong>iros não tem conhecimentos<br />
sobre a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pagar<br />
impostos. Por isso, eles pagam a empresas<br />
<strong>de</strong> contabilistas para que os apoiem.<br />
Mas são estas mesmas que muitas vezes os<br />
enganam. Apesar dos donos das empresas<br />
não terem a intenção <strong>de</strong> actuar mal frente<br />
ao fisco, há contadores irresponsáveis e<br />
pouco qualificados que os estafam", <strong>de</strong>nuncia.<br />
Para o organismo fiscalizador, o problema<br />
continua a ser que a socieda<strong>de</strong> <strong>venezuela</strong>na<br />
tem uma escassa cultura tributária<br />
e está acostumada a que o fisco não<br />
actue. "Mas agora os empresários têm <strong>de</strong> se<br />
habituar à actuação permanente do Seniat.<br />
Não existe uma disposição que nos obrigue<br />
a anunciar previamente o que vamos fazer",<br />
diz.<br />
Contudo, Caraballo esclarece que a i<strong>de</strong>ia<br />
do Seniat não é arruinar os comerciantes.<br />
"Nunca vamos fiscalizar com a intenção <strong>de</strong><br />
fechar porque nos convém que elas tenham<br />
sucesso e paguem impostos, mas também<br />
<strong>de</strong>vemos multar as irregularida<strong>de</strong>s".<br />
O chefe da Divisão <strong>de</strong> Fiscalização <strong>de</strong><br />
Seniat <strong>de</strong>clarou que estão dispostos a oferecer<br />
conversas <strong>de</strong> indução para orientar<br />
os comerciantes, pois <strong>de</strong>finitivamente "somos<br />
potenciais só cios", diz.<br />
Manuel Antó nio Correia com programa preenchido<br />
Agostinho Silva<br />
asilva@dnoticias.pt<br />
O secretário regional do Ambiente<br />
e dos Recursos Naturais,<br />
da Ma<strong>de</strong>ira, chega a Caracas na<br />
quarta-feira, dia 29 <strong>de</strong> Junho, permanecendo<br />
em terras <strong>de</strong> Simon<br />
Bolívar até 6 <strong>de</strong> Julho.<br />
Manuel Antó nio Correia, que<br />
se faz acompanhar da sua mulher,<br />
Angela Correia, será recebido pelo<br />
presi<strong>de</strong>nte da Comissão da Pró -<br />
Celebração do Dia da Ma<strong>de</strong>ira,<br />
Agostinho Gomes Lucas. O governante<br />
janta com a comissão no<br />
dia da chegada a Caracas.<br />
Na quinta-feira, ú ltimo dia <strong>de</strong><br />
Junho, Manuel Antó nio Correia<br />
terá encontroas oficiais com o Embaixador<br />
<strong>de</strong> Portugal, José Manuel<br />
Costa Arsénio, e com o<br />
Cô nsul <strong>de</strong> Portugal, Fernando<br />
Teles Fazen<strong>de</strong>iro. Curiosamente,<br />
este ú ltimo encontro será uma<br />
reedição da reunião que ambos tiveram<br />
há uns anos em New Bedford,<br />
nos Estados Unidos, quando<br />
Teles Fazen<strong>de</strong>iro era cô nsul ali<br />
e o governante ma<strong>de</strong>irense visitava<br />
a comunida<strong>de</strong> local em representação<br />
do Governo Regional<br />
da Ma<strong>de</strong>ira. O segundo dia da visita<br />
será marcado ainda com uma<br />
visita ao Lar da Terceira Ida<strong>de</strong> "Pe.<br />
Joaquim Ferreira", em Los Anaucos,<br />
on<strong>de</strong> o secretário regional almoça<br />
com o presi<strong>de</strong>nte da instituição<br />
Maurílio dos Santos. À noite,<br />
o governante é obsequiado<br />
com um jantar promovido pela<br />
Fundação Central Ma<strong>de</strong>irense,<br />
presidida por Agostinho Macedo.<br />
No Dia da Região Autó noma da<br />
Ma<strong>de</strong>ira, 1 <strong>de</strong> Julho, a Comissão<br />
Pró -Celebração do Dia da Ma<strong>de</strong>ira<br />
almoça com Manuel Antó<br />
nio Correia no "Lee Hamilton",<br />
antes das cerimó nias no Centro<br />
Português, em Macaracuay. Ali<br />
há uma homenagem ao "libertador"<br />
Simó n Bolívar e ao poeta<br />
português Luís <strong>de</strong> Camões, com<br />
hinos interpretados pelo Grupo<br />
Coral do CP, e uma missa na Capela<br />
<strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>de</strong> Fátima,<br />
presidida pelo padre Alexandre<br />
Mendonça.<br />
À noite, há o jantar no Salão<br />
Nobre do Centro Português, on<strong>de</strong><br />
se aguarda a intervenção do governante<br />
ma<strong>de</strong>irense e do embaixador<br />
português. Um repasto animado<br />
pelo agrupamento "Banda<br />
d'Além". No sábado é tempo <strong>de</strong><br />
Manuel Antó nio Correia conhecer<br />
outras paragens. Na <strong>de</strong>slocação<br />
para Valencia, o governante<br />
passa na Casa Portuguesa do Estado<br />
<strong>de</strong> Arágua e visita o "Geriátrico"<br />
<strong>de</strong> Maracay. À noite o jantar<br />
é com a comunida<strong>de</strong> no Centro<br />
Social Ma<strong>de</strong>irense <strong>de</strong> Valencia.<br />
Nos restantes dias, o representante<br />
do Governo Regional aproveitará<br />
para conhecer outros lados<br />
da comunida<strong>de</strong>, com visitas<br />
informais a localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Caracas<br />
e não só .
4 Venezuela CORREIO DE CARACAS - 9 DE MAIO DE 2005<br />
todos falam <strong>de</strong> camões,<br />
mas quase ninguém sabe quem é<br />
Daniel Morais, director do Instituto Português da Cultura, faz um balanço sobre a evolução das comemorações<br />
do Dia <strong>de</strong> Portugal e da importância da visa e obra do poeta luso por excelência, Luí s <strong>de</strong> Camões.<br />
Nathali Gómez<br />
O10 <strong>de</strong> Junho é uma data importante<br />
para qualquer<br />
português que esteja <strong>de</strong>ntro<br />
ou fora do país. Neste<br />
dia, comemora-se o Dia <strong>de</strong> Portugal, o<br />
do poeta Camões e o das comunida<strong>de</strong>s<br />
portuguesas. Contudo, nem sempre foi<br />
assim, pois as comemorações tiveram<br />
outro significado consoante a etapa histó<br />
rica que atravessou a Nação lusa.<br />
antes do 25 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1974, data<br />
em que caiu a ditadura <strong>de</strong> antó nio <strong>de</strong><br />
Oliveira Salazar, o 10 <strong>de</strong> Junho era chamado<br />
<strong>de</strong> "Dia da raça". Este comemorou-se<br />
pela primeira vez em 1944, durante<br />
o período conhecido como o Estado<br />
Novo, na cerimó nia <strong>de</strong><br />
inauguração do Estádio nacional, sendo<br />
o principal objectivo exaltar o orgulho<br />
<strong>de</strong> um povo com uma suposta<br />
ascendência comum.<br />
a partir <strong>de</strong> 1960, tempo marcado pelo<br />
colonialismo e pela crise, tentou-se<br />
juntar a comemoração com as con<strong>de</strong>corações<br />
feitas aos mortos e feridos das<br />
guerras <strong>de</strong> Ultramar. finalmente, a partir<br />
<strong>de</strong> 1974, a conotação que tem actualmente<br />
é a <strong>de</strong> uma homenagem a<br />
todos os emigrantes portugueses que<br />
tiveram que sair do seu país, tanto por<br />
razões econó micas como por motivos<br />
políticos ou <strong>de</strong> guerra.<br />
Como nos explica Daniel morais, director<br />
do instituto Português <strong>de</strong> Cultura<br />
(iPC), a partir da revolução <strong>de</strong> 25<br />
<strong>de</strong> abril, os governantes manipularam<br />
a data para que fosse a ocasião perfeita<br />
para pensar e procurar a integração daquela<br />
parte <strong>de</strong> cidadãos que estavam fora<br />
<strong>de</strong> Portugal e que actualmente são<br />
40% da população total.<br />
"O conceito que conduzem os governantes<br />
da comemoração do 10 <strong>de</strong><br />
Junho é correctíssimo porque tentamos<br />
essencialmente que os portugueses que<br />
estão espalhados pelo mundo se i<strong>de</strong>ntifiquem<br />
com o seu país <strong>de</strong> origem", opina<br />
morais.<br />
Da mesma forma, segundo o director<br />
do iPC, na data se presta tributo às<br />
personalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stacas <strong>de</strong>ntro e fora<br />
do país através <strong>de</strong> imposição <strong>de</strong> con<strong>de</strong>corações.<br />
a pesar dos reconhecimentos,<br />
na Venezuela "não há sensibilização suficiente<br />
para um acto que <strong>de</strong>ve reunir<br />
todos os portugueses. Contudo, alguns<br />
meios associativos estão conscientes do<br />
Uma figUra<br />
Não se po<strong>de</strong> falar do aniversário do iPC sem esquecer uma referência a<br />
Daniel morais, que tem sido ao longo <strong>de</strong>stes 14 anos o seu principal pilar.<br />
Talvez em 1948, quando chegou a Caracas pela primeira vez na companhia<br />
<strong>de</strong> sua esposa, não imaginava que seria responsável neste país pela cultura<br />
portuguesa.<br />
No começo da sua estadia, Daniel morais <strong>de</strong>dicou-se primeiro ao ramo<br />
mobiliário. Depois à publicida<strong>de</strong>, ramo em que montou a empresa "Ecos<br />
<strong>de</strong> Portugal", cuja finalida<strong>de</strong> era divulgar a cultura e o associativismo <strong>de</strong>ntro<br />
da comunida<strong>de</strong> lusitana. Paralelamente realizava programas <strong>de</strong> rádio e escrevia<br />
artigos numa publicação que tinha o nome da sua organização. Dez<br />
anos <strong>de</strong>pois da sua chegada, em 1958, fundou com um grupo <strong>de</strong> amigos o<br />
Centro português <strong>de</strong> Caracas, a cuja primeira se<strong>de</strong> esteve situada em El<br />
Paraíso, para <strong>de</strong>pois instalar-se em Sebucan. anos mais tar<strong>de</strong> constituiu<br />
uma comissão pró - -se<strong>de</strong> do Centro português tendo como objectivo a<br />
construção <strong>de</strong> instalações pró prias.<br />
Em 1960 pertenceu à "asociació n Pro-Venezuela" e participou em campanhas<br />
a favor das colô nias estrangeiras no país. Em 1975, colaborou na<br />
constituição da Câ mara <strong>de</strong> Comércio, indú stria e Turismo Luso-Venezuelana,<br />
da qual foi fundador e vice-presi<strong>de</strong>nte durante um ano.<br />
Em 1985 integrou a comissão que organizou na Venezuela os actos comemorativos<br />
da morte do poeta português fernando Pessoa. Em 1990 fundou<br />
o instituto Português <strong>de</strong> Cultura, ó rgão para o <strong>de</strong>senvolvimento e difusão<br />
da cultura lusitana, que se instalou no Centro Português <strong>de</strong> Caracas.<br />
Pelo seu largo trabalho em prol da cultura e do associativismo português,<br />
Daniel morais recebeu diversas distinções do Estado Português e Venezuelano.<br />
significado real da data", expressa.<br />
O caso do Centro Português <strong>de</strong> Caracas<br />
(CPC), para morais, é muito importante<br />
porque se fundou um 10 <strong>de</strong><br />
Junho <strong>de</strong> 1958, dia que coinci<strong>de</strong> com o<br />
aniversário da morte <strong>de</strong> Luís <strong>de</strong> Camões,<br />
autor <strong>de</strong> "Os Lusíadas" que é consi<strong>de</strong>rado<br />
o maior poeta da língua portuguesa.<br />
Poeta conhecido<br />
e <strong>de</strong>sconhecido<br />
"Todos falamos <strong>de</strong> Camões, mas quase<br />
ninguém o conhece, nem sequer sabemos<br />
<strong>de</strong> pormenores da sua visa", afirma<br />
morais. apesar do autor ter exaltado<br />
na sua obra o valor universal da<br />
virtu<strong>de</strong>, o seu legado literário não tem<br />
estado ao alcance <strong>de</strong> muitas pessoas ou<br />
pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong><br />
certo nível <strong>de</strong> estudos, ou por <strong>de</strong>sinteresse<br />
ou <strong>de</strong>vido a simples <strong>de</strong>sconhecimento.<br />
a saída <strong>de</strong> muitos emigrantes portugueses<br />
por razões econó micas ou políticas<br />
fez com que estes não tivessem<br />
conhecimento suficiente da sua pró -<br />
pria cultura. "Não por culpa <strong>de</strong>les, mas<br />
porque não lhes <strong>de</strong>ram acesso", refere.<br />
Não obstante, actualmente tentamos<br />
aproveitar este potencial cultural <strong>de</strong>ntro<br />
das comunida<strong>de</strong>s e tentar captar o<br />
interesse <strong>de</strong> toda a camada jovem que a<br />
constitui.<br />
Para morais, Camões faz parte <strong>de</strong> um<br />
patrimó nio e uma riqueza que nalgumas<br />
ocasiões não é o suficientemente<br />
apreciada. Perante esta realida<strong>de</strong>, o iPC<br />
tem abordado o tema repetidas vezes<br />
e tem procurado forma <strong>de</strong> fazer nas comemorações<br />
do dia da pátria se faça<br />
mais divulgação da obra do poeta, tornando-a<br />
assim mais acessível a todos.<br />
"Os Lusíadas", a obra mais conhecida<br />
<strong>de</strong> Camões, é um poema épico (<strong>de</strong><br />
leitura e compreensão não muito fácil)<br />
que tenta contar <strong>de</strong> uma forma poética<br />
e mitoló gica a histó ria do povo português.<br />
Dai a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tornar a<br />
obra acessível a todos.<br />
Como parte das comemorações do<br />
10 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong>ste ano, o iPC tinha previsto<br />
trazer antó nio Victorino <strong>de</strong> almeida.<br />
Contudo, por diferentes razões,<br />
não foi possível. Por isso, a instituição<br />
vai se juntar às comemorações feitas no<br />
CPC, que vai fazer um pequeno recital<br />
dirigido pelo maestro <strong>venezuela</strong>no<br />
Jesú s ignacio Pérez Perazzo.
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 PUBLICIDADE 5
6 VenezueLa CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
Luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte assassinada<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sequestrada<br />
Jean Carlos De Abreu<br />
<strong>de</strong>abreujean@yahoo.com<br />
Depois <strong>de</strong> ter sido refém<br />
<strong>de</strong> três sequestradores,<br />
a luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />
Lour<strong>de</strong>s Katerine<br />
Fernan<strong>de</strong>s Bustamante foi<br />
encontrada morta em Maracay<br />
pelo Corpo <strong>de</strong> Investigações Científicas,<br />
Penais e Criminais.<br />
A jovem, que vivia em Charallave,<br />
Estado Miranda, frequentava<br />
o nono ano e foi raptada a 19<br />
<strong>de</strong> Maio, a trezentos metros afastados<br />
da sua casa, quando ia para<br />
o colégio. Na tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse dia, os<br />
<strong>de</strong>linquentes comunicaram com<br />
os familiares para avisá-los do sequestro<br />
da menor e pediram um<br />
resgate <strong>de</strong> 200 mil euros.<br />
Dez dias <strong>de</strong> tensão passaramse<br />
na família Fernán<strong>de</strong>z, natural<br />
<strong>de</strong> Santa Cruz, que não sabia em<br />
que condições estava Lour<strong>de</strong>s Katerine.<br />
Um dos sequestradores ligou<br />
para Luís Fernán<strong>de</strong>z, pai da<br />
vítima, para ameaçá-los, alertando<br />
que se não pagassem o montante<br />
exigido ou se avisassem a polícia<br />
matavam a estudante <strong>de</strong> 15 anos.<br />
A ú ltima chamada feita pelos<br />
criminosos foi na segunda-feira<br />
30 <strong>de</strong> Maio, para avisá-los que iam<br />
baixar o montante <strong>de</strong> cem milhões<br />
<strong>de</strong> bolívares. Disseram que voltavam<br />
a ligar na terça-feira <strong>de</strong><br />
manhã para verificar o lugar on<strong>de</strong><br />
o intercâ mbio iria ser feito.<br />
Paralelamente, a Divisão Antiextorsão<br />
e Sequestro do CICPC<br />
trabalhou com as pistas obtidas<br />
para localizar os sequestradores e<br />
<strong>de</strong>ram com o seu para<strong>de</strong>iro. Mas a<br />
operação <strong>de</strong> resgate <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s<br />
Fernán<strong>de</strong>z não teve um final feliz.<br />
Durante a perseguição, a polícia<br />
foi até a zona sul <strong>de</strong> Maracay.<br />
Ai, um dos <strong>de</strong>linquentes, ao sentir-se<br />
encurralado pelos funcionários,<br />
matou a jovem e, logo <strong>de</strong><br />
seguida, suicidou-se, O indivíduo<br />
já tinha antece<strong>de</strong>ntes por roubo<br />
e furto.<br />
Os outros dois sequestradores<br />
que estavam com ela puseram-se<br />
em fuga e agora são procurados<br />
pela CICPC <strong>de</strong> Maracay nas al<strong>de</strong>ias<br />
vizinhas. A família Fernán<strong>de</strong>z<br />
transferiu-se para Maracay<br />
para i<strong>de</strong>ntificar o corpo que repousava<br />
na morgue do Estado<br />
Aragua.<br />
O tio da vítima, Luís Fernán<strong>de</strong>z,<br />
é um emigrante português<br />
<strong>de</strong> Santa Cruz, Ma<strong>de</strong>ira, que se<br />
<strong>de</strong>dica à distribuição <strong>de</strong> jornais da<br />
zona <strong>de</strong> Los Valles <strong>de</strong>l Tuy e Charallave.<br />
Segundo Fernán<strong>de</strong>z, o seu<br />
irmão não é um homem com dinheiro,<br />
pelo que não se explica as<br />
razões que motivaram este sequestro.<br />
Acrescentou, ainda, que a<br />
situação econó mica <strong>de</strong>sta família<br />
é precária, ao ponto <strong>de</strong> nem sequer<br />
terem dinheiro para pagar<br />
as <strong>de</strong>spesas com o funeral.<br />
Joel Rengifo coordina a Divisão Anti-extorsão e Sequestro do CICPC
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 VEnEzuEla 7<br />
Portugal: um sonho inalcansável para alguns<br />
Jean Carlos De Abreu<br />
<strong>de</strong>abreujean@yahoo.com<br />
P<br />
ara alguns emigrantes que vivem<br />
na Venezuela, ir a Portugal<br />
é algo normal que já faz<br />
parte da rotina, pois visitam<br />
este país regularmente, pois tê possibilida<strong>de</strong>s<br />
econó micas para tal. Outros, no entanto,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que chegaram ao país há mais<br />
<strong>de</strong> trinta ou quarenta anos, não conseguiram<br />
regressar à sua pátria por falta <strong>de</strong> recursos.<br />
Cecília <strong>de</strong> Barros é uma portuguesa natural<br />
<strong>de</strong> Câ mara <strong>de</strong> Lobos que emigrou<br />
há 31 anos para a Venezuela juntamente<br />
com o seu marido, já falecido, para melhorar<br />
a sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e sair da miséria<br />
que tinha no país ibérico na altura.<br />
Uma vez na Venezuela, fixaram-se em<br />
El Hallito, on<strong>de</strong> constituem uma família<br />
formada por três filhos. Entre penú rias e<br />
alegrias, está a fazer agora quinze anos que<br />
Cecília conseguiu viajar até Portugal graças<br />
ao esforço do seu esposo que quis visitar a<br />
sua família, que não via <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que emigrou.<br />
Da sua infâ ncia, esta nativa <strong>de</strong> Câ -<br />
mara <strong>de</strong> Lobos recorda que os caminhos<br />
que ro<strong>de</strong>avam a ilha eram em pedra e muito<br />
íngremes, não ti nha uma via rápida mo<strong>de</strong>rna<br />
e tudo era diferente. Já há quinze<br />
anos se surpreen<strong>de</strong>u ao ver as mudanças,<br />
mas agora a surpresa seria maior. Os filhos<br />
<strong>de</strong>sta emigrante também não voltaram<br />
a visitar Portugal porque não têm possibilida<strong>de</strong>s<br />
econó micas.<br />
As transformações que se têm registado<br />
na ilha têm sido significativas. A mo<strong>de</strong>rnização<br />
e a construção <strong>de</strong> vias alternativas<br />
melhoraram a circulação e o relacionamento<br />
entre as pessoas e as localida<strong>de</strong>s.<br />
Cecília soube através dos amigos e por imagens<br />
que a ilha tem-se <strong>de</strong>senvolvido muito<br />
tanto ao nível turístico como arquitectó -<br />
nico e tem imensa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> visitar o seu<br />
país, sobretudo à Ma<strong>de</strong>ira, para ver as mudanças<br />
com os seus pró prios olhos e visitar<br />
a sua família e assistir à missa <strong>de</strong> "Nossa<br />
Senhora da Graças".<br />
A situação econó mica do país actualmente<br />
e o facto <strong>de</strong> estar viú va impe<strong>de</strong>mna<br />
<strong>de</strong> viajar, mas confessa que se pu<strong>de</strong>sse<br />
fazê-lo ficava em Portugal com a sua família.<br />
EntrE PrEciPícios E PEdras<br />
Maria Figueira é outra portuguesa <strong>de</strong><br />
Câ mara <strong>de</strong> Lobos que saiu da Ma<strong>de</strong>ira, a<br />
sua terra natal, há 35 anos, com o seu pai.<br />
Na altura, vigorava o regime <strong>de</strong> Salazar e<br />
teve que <strong>de</strong>ixar oito filhos para procurar<br />
um futuro melhor para eles em terras mais<br />
quentes.<br />
Maria chegou ao porto <strong>de</strong> La Guaira<br />
no barco "Santa Maria", on<strong>de</strong> a esperava<br />
o seu pai com outros familiares. O tempo<br />
Cecília <strong>de</strong> Barros<br />
Maria Figueira<br />
passou, caiu a ditadura e assim pô <strong>de</strong> mandar<br />
buscar os seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, que ainda<br />
estavam em Portugal. Lembra que a ilha<br />
tinha praticamente todas as estradas pequenas<br />
e em pedra, as casas estavam espalhadas<br />
por diferentes lugares. Para chegar<br />
ao outro lado, tinha que fazer um longo<br />
percurso entre curvas e contra-curvas,<br />
no meio da serra ou junto à costa. Agora, a<br />
evolução que a Ma<strong>de</strong>ira tem tido é radical,<br />
pois as vias perigosas por on<strong>de</strong> passavam<br />
os caroos <strong>de</strong>sapareceram para dar lugar<br />
aos percursos vertiginosos.<br />
Por causa da morte do seu esposo, os<br />
seus ingressos nunca foram suficientes para<br />
regressar a Portugal, que não visita há<br />
14 anos. Não obstante, as tradições gastronó<br />
micas portuguesas mantêm-se intactas<br />
na sua casa. Apesar dos seus quase 80 anos,<br />
Maria continua sempre no activo: cozinha<br />
para a família toda e trabalha em casa<br />
para manter tudo em or<strong>de</strong>m.
8 venezUela CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
"isto é um hotel <strong>de</strong> cinco estrelas"<br />
No próximo dia 26 <strong>de</strong> Junho, o Lar <strong>de</strong> Idosos Padre Joaquim Ferreira chega oficialmente ao seu primeiro<br />
ano <strong>de</strong> funcionamento. A sua nova directora Fernanda da Costa fala-nos sobre a filosofia <strong>de</strong>sta casa<br />
Liliana da Silva<br />
lilianadasilva19@hotmail.com<br />
H<br />
á mais <strong>de</strong> trinta anos, a comunida<strong>de</strong><br />
portuguesa que<br />
resi<strong>de</strong> na Venezuela teve<br />
um gran<strong>de</strong> sonho, cujo<br />
principal propulsionador foi o padre Joaquim<br />
Ferreira. Esta i<strong>de</strong>ia consistia na<br />
criação <strong>de</strong> um lar que servisse <strong>de</strong> casa para<br />
todas as pessoas da terceira ida<strong>de</strong> que<br />
tinham falta <strong>de</strong> uma família. Este sonho<br />
tornou-se uma realida<strong>de</strong> a 16 <strong>de</strong> Fevereiro<br />
<strong>de</strong> 2004, quando o lar <strong>de</strong> idosos "Padre<br />
Joaquim Ferreira" foi inaugurado. Hoje,<br />
um ano <strong>de</strong>pois da sua entrada em funcionamento,<br />
esta casa-lar dá os seus primeiros<br />
frutos.<br />
Uma nova visão <strong>de</strong> gerência<br />
Há um mês e meio, o Lar Padre Joaquim<br />
Ferreira tem uma nova directora.<br />
Fernanda da Costa começou uma gestão<br />
focada numa gerência empresarial do que<br />
ela <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> "hotel cinco estrelas".<br />
Esta filosofia <strong>de</strong> trabalho surge da necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> administrar cada um dos recursos<br />
que lhe são concedidos na resposta ao<br />
trabalho <strong>de</strong> angariação <strong>de</strong> fundos do grupo<br />
<strong>de</strong> trinta damas <strong>de</strong> beneficência, que<br />
trabalham diariamente para oferecer mais<br />
comodida<strong>de</strong> e benefícios a estes 34 idosos.<br />
"O lar é uma mistura entre hotel e<br />
clínica. É com este sentido que dirijo e administro<br />
o lar, pois o nosso principal objectivo<br />
é po<strong>de</strong>r oferecer a estas pessoas o<br />
amor e o carinho que lhes faz falta".<br />
Da Costa tem como aval a experiência<br />
<strong>de</strong> ter trabalhado mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos no<br />
Hospital Vargas, pelo que conhece profundamente<br />
o funcionamento <strong>de</strong>ste tipo<br />
<strong>de</strong> instituições. Estes conhecimentos a fizeram<br />
fomentar algumas mudanças que<br />
tentam optimizar a qualida<strong>de</strong> no tratamento<br />
que se lhes oferece aos "hó spe<strong>de</strong>s"<br />
da instituição.<br />
Neste mês e meio, a administração contratou<br />
um engenheiro <strong>de</strong> sistema para<br />
que <strong>de</strong>senhasse uns programas informáticos<br />
para facilitar o controlo individual<br />
<strong>de</strong> cada um dos velhinhos. Estes programas<br />
especificaria a medicação e a alimentação<br />
que cada um tem <strong>de</strong> ter, pois temos<br />
três grupos básicos <strong>de</strong> pessoas idosas: os<br />
hipertensos, os diabéticos e os normais.<br />
Cada um <strong>de</strong>les requer uma atenção personalizada",<br />
explica-nos Fernanda Costa.<br />
Actualmente, o lar conta com um total<br />
<strong>de</strong> sete enfermeiros, quatro cozinheiras,<br />
uma ama <strong>de</strong> chaves, um chofer, um jardineiro,<br />
um assistente administrativo, um<br />
encarregue pela limpeza do condomínio.<br />
"Isto é um hotel <strong>de</strong> cinco estrelas e o pessoal<br />
trabalha para comprazer os nossos<br />
hó spe<strong>de</strong>s. Eu sempre digo aos velhinhos<br />
que eles são os nossos patrões. Graças a<br />
eles temos trabalho e isto dá-lhes o direito<br />
<strong>de</strong> nos exigir tudo o que precisarem",<br />
diz.<br />
As freiras que se iniciaram neste projecto<br />
hoje já não estão no lar. Fernanda da<br />
Costa, juntamente com as Damas Portuguesas<br />
<strong>de</strong> Beneficência, estão à procura<br />
<strong>de</strong> alguma or<strong>de</strong>m que domine o português<br />
ou tenha alguma idiossincrasia parecida<br />
com a lusa. "A maioria dos 34 idosos<br />
só fala português, pelo que é necessário<br />
que as freiras que trabalham com<br />
eles falem a língua, principalmente porque<br />
elas prestam-lhe ajuda religiosa e espiritual<br />
a cada um <strong>de</strong>les, explicou-nos Da Costa.<br />
"Uma gran<strong>de</strong> casa"<br />
Embora a filosofia administrativa tenha<br />
mudado, a missão fundamental <strong>de</strong>sta<br />
casa-lar mantém-se intacta: acolher e dar<br />
condições aos portugueses necessitados.<br />
"As pessoas pensam que só temos velhinhos,<br />
mas não é verda<strong>de</strong>. Temos pessoa<br />
<strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>. Obviamente, os idosos<br />
abandonados são em maior nú mero, mas<br />
agora temos hó spe<strong>de</strong>s jovens, um <strong>de</strong> 45 e<br />
outro <strong>de</strong> 77.<br />
O pessoal do Lar Joaquín Ferreira está<br />
preparado para fazer sentir na sua casa os<br />
nossos avó s, que são atendidos pelos seus<br />
filhos, mas tratando-os como adultos e<br />
não como bebés".<br />
Fernanda da Costa <strong>de</strong>staca que o lar<br />
não é um hospital. "Muitas pessoas pensam<br />
que isto é uma clínica on<strong>de</strong> se internam<br />
doentes, mas não é assim. Nó s temos<br />
os mesmos recursos <strong>de</strong> um hospital,<br />
mas não funcionamos como tal", afirma a<br />
directora.<br />
A 26 <strong>de</strong> Junho, vai haver uma festa<br />
para comemorar o primeiro ano <strong>de</strong> funcionamento<br />
<strong>de</strong>sta instituição. O evento<br />
vai contar com a participação <strong>de</strong> diferentes<br />
grupos folcló ricos. O êxito <strong>de</strong>ste projecto<br />
reflecte-se na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>stes<br />
portugueses. Contudo, ainda há muito<br />
para fazer, tal como reconhece Fernanda<br />
da Costa. "Isto é um trabalho para pessoas<br />
fortes", conclui.
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 publicida<strong>de</strong> 9
10 VeNezuela CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
Avelino Ferreira<br />
Joao Fernan<strong>de</strong>z<br />
portugueses iniciaram<br />
a activida<strong>de</strong> comercial em rio chico<br />
Nesta zona costeira, habitam mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z famí lias lusitanas que <strong>de</strong>cidiram viver<br />
numa área tranquila e cheia <strong>de</strong> harmonia.<br />
Jean Carlos De Abreu<br />
<strong>de</strong>abreujean@yahoo.com<br />
Río Chico, povo costeiro do Estado<br />
Miranda que está localizado<br />
a 130 quiló metros <strong>de</strong> Caracas,<br />
<strong>de</strong>staca-se pela mistura <strong>de</strong><br />
raças e pela hospitalida<strong>de</strong> da sua população.<br />
A influência europeia marcou a importâ<br />
ncia econó mica da região para o ano<br />
<strong>de</strong> 1800, pois na zona se concentraram os<br />
gran<strong>de</strong>s comerciantes <strong>de</strong> origem espanhola.<br />
Depois da chegada dos italianos, franceses,<br />
alemães, árabes e marroquinos espanhó<br />
is, Rio Chico converteu-se num centro<br />
comercial e econó mico muito importante.<br />
Mas o <strong>de</strong>scuido dos gran<strong>de</strong>s<br />
empresários <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> várias décadas <strong>de</strong><br />
trabalho <strong>de</strong>veu-se ao esquecimento da região<br />
na histó ria.<br />
A <strong>de</strong>scoberta do petró leo e a nacionalização<br />
do mesmo também contribuiu para<br />
que o local e as activida<strong>de</strong>s agropecuárias<br />
que ali se realizavam per<strong>de</strong>ssem força.<br />
Para a década <strong>de</strong> 80, sente-se mais uma<br />
vez a emigração neste sector do país. E é<br />
nesta altura que os emigrantes portugueses,<br />
a procura <strong>de</strong> tranquilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> uma melhoria<br />
da sua estabilida<strong>de</strong> econó mica, se<br />
implantam e forma os seus "impérios" comerciais<br />
neste povo.<br />
Em gran<strong>de</strong> parte graças ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>mográfico da coló nia portuguesa,<br />
abriram-se oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego<br />
para os nativos da zona, pois não havia no<br />
local o intercâ mbio comercial industrializado.<br />
A vida em Río Chico é agradável e,<br />
muitas vezes, monó tona, conforme nos<br />
comentam alguns habitantes locais. Para<br />
além <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar da praia, que fica a vinte<br />
minutos do povo, há pouca oferta <strong>de</strong><br />
activida<strong>de</strong>s recreativas.<br />
Em Río Chico, há quase 90 mil pessoas,<br />
que constituem todo o Município Páez<br />
do Estado Miranda. A activida<strong>de</strong> econó -<br />
mica mais importante do sector é o cultivo<br />
do cacau como fruto primordial para a realização<br />
do chocolate <strong>venezuela</strong>no.<br />
Trabalhar e Trabalhar<br />
Juan Fernán<strong>de</strong>z é um português que<br />
chegou à zona há 25 anos. É natural da Ribeira<br />
Brava, Ma<strong>de</strong>ira, e chegou à Venezuela<br />
há 31 anos. Diz que a vida do emigrante<br />
luso é trabalhar <strong>de</strong> sol a sol, sem<br />
horário estabelecido.<br />
A activida<strong>de</strong> económica mais importante do sector é o cultivo do cacau<br />
Os momentos <strong>de</strong> distracção, passa-os<br />
na companhia dos amigos ou familiares,<br />
mas a maior parte do tempo fica no seu<br />
estabelecimento a aten<strong>de</strong>r o pú blico e os<br />
fornecedores.<br />
Chegou a esta zona, povoada maioritariamente<br />
por árabes e zambros, para ter<br />
uma vida mais tranquila e sem tanto frenesim.<br />
Gosta do lugar porque as pessoas<br />
são amistosas e conhecem-se todas umas às<br />
outras.<br />
A relação entre o português e o <strong>venezuela</strong>no<br />
é <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>, lealda<strong>de</strong> e gratidão,<br />
pois os lusitanos têm dado emprego nos<br />
seus negó cios a centenas <strong>de</strong> habitantes da<br />
zona.<br />
As festas e as tradições portuguesas<br />
mantêm-se na família, mas não no povo.<br />
A ú nica expressão festiva que comemoram<br />
com os nativos é a da Nossa Senhora<br />
<strong>de</strong> Fátima.<br />
"A comunida<strong>de</strong> portuguesa é unida,<br />
mas cada um está nas suas activida<strong>de</strong>s e<br />
quando nos vemos falamos e mantemos a<br />
amiza<strong>de</strong> que nos une como nação e como<br />
amigos", <strong>de</strong>stacou Juan.<br />
Há trinta anos que não viaja a Portugal<br />
porque a rotina do trabalho o tem impedido.<br />
Mas aceita que se <strong>de</strong>cidisse ir para Portugal<br />
não regressaria por questões econó -<br />
micas ou até políticas".<br />
"Não hásíTios para espairecer<br />
Nem um clube"<br />
Avelino Ferreira é um português natural<br />
<strong>de</strong> Câ mara <strong>de</strong> Lobos, Ma<strong>de</strong>ira, que<br />
chegou a Río Chico há 38 anos. Concorda<br />
com Juan quando <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a vida quotidiana<br />
na zona consiste em trabalhar e <strong>de</strong>dicar-se<br />
aos seus negó cios.<br />
Os portugueses que resi<strong>de</strong>m no povo<br />
já tentaram abrir um Centro Português<br />
numa casa, mas o plano falhou porque nem<br />
todos estavam entusiasmados com a i<strong>de</strong>ia.<br />
Chegaram a reunir-se no local durante alguns<br />
meses, "mas estes encontros <strong>de</strong>sapareceram<br />
logo <strong>de</strong> seguida".<br />
A comunida<strong>de</strong> mostra sinais <strong>de</strong> união,<br />
mas ao mesmo tempo cada um está na sua,<br />
pois têm que tratar dos seus negó cios.<br />
"Quando nos encontramos na rua ao domingo<br />
nos reunimos em família para jogar<br />
cartas ou falar", comenta-nos Avelino.<br />
A maioria dos negó cios que há em Río<br />
Chico é padarias, vendas e lojas <strong>de</strong> álcool<br />
que são normalmente geridas por portugueses.<br />
Também há comércios <strong>de</strong> roupa<br />
<strong>de</strong> árabes e <strong>de</strong> outros emigrantes.
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 VEnEzuEla 11<br />
"Estamos abandonados"<br />
Aleixo Vieira<br />
aleixo5151@cantv.net<br />
Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maracaibo, vivem<br />
cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil portugueses.<br />
Jesuino Brito, cô nsul honorário,<br />
fala-nos da comunida<strong>de</strong><br />
e queixa-se do esquecimento constante<br />
das autorida<strong>de</strong>s Portuguesas.<br />
Com uma superfície territorial <strong>de</strong><br />
63.100 Km2 o Estado Zulia esten<strong>de</strong>-se ao<br />
largo do lago <strong>de</strong> Maracaibo, entre a cordilheira<br />
<strong>de</strong> Perijá e a <strong>de</strong> Mérida. Parte consi<strong>de</strong>rável<br />
do territó rio está ocupado pelo<br />
lago (13.280 km2) e o clima ao longo do<br />
ano é <strong>de</strong> 30º , em média.<br />
Não obstante as excelentes qualida<strong>de</strong>s<br />
do solo <strong>de</strong> alto potencial agrícola, que permite<br />
o cultivo da cana-<strong>de</strong>-açú car, do cacau,<br />
do milho, das "caraotas", da banana<br />
e do plátano. Este Estado <strong>venezuela</strong>no é<br />
constituído por gran<strong>de</strong>s zonas produtivas<br />
<strong>de</strong> gado, embora a sua principal activida<strong>de</strong><br />
econó mica <strong>de</strong>penda da exploração petroleira,<br />
que é o mais importante motor<br />
econó mico da zona.<br />
Segundo o ú ltimo censo, feito em<br />
1995, a povoação do Estado oscila entre os<br />
três milhões <strong>de</strong> habitantes. Maracaibo geograficamente<br />
está situado a 830 km da<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caracas.<br />
A comunida<strong>de</strong> portuguesa não é excepção<br />
e também naquela localida<strong>de</strong> da<br />
Venezuela, comparativamente a outras cida<strong>de</strong>s<br />
do país, está estabelecida há mais<br />
<strong>de</strong> 50 anos.<br />
No consulado (honorário) local, estão<br />
<strong>de</strong>vidamente inscritos cerca <strong>de</strong> cinco mil<br />
portugueses. No entanto, segundo o responsável<br />
consular Jesuino Brito, emigrante<br />
há mais <strong>de</strong> 45 anos na Venezuela, a presença<br />
lusitana naquela localida<strong>de</strong> supera os<br />
oito mil lusitanos.<br />
A <strong>de</strong>dicação profissional dos mesmos<br />
também não e muito diferente à dos lusos<br />
que estão noutras localida<strong>de</strong>s do País.<br />
Padarias, restaurantes, lojas <strong>de</strong> ferragens,<br />
supermercados e construção são as áreas<br />
mais frequentes, para além <strong>de</strong> outras com<br />
menos significado.<br />
É preciso <strong>de</strong>stacar ainda que, nesta localida<strong>de</strong>,<br />
existe um clube social português<br />
<strong>de</strong>nominado "Casa <strong>de</strong> Portugal", que foi<br />
fundado há mais <strong>de</strong> trinta anos, mas que<br />
atravessa agora um momento menos bom<br />
no que respeita à dinamização interna.<br />
Jesuino Brito, cô nsul honorário natural<br />
do Algarve, região <strong>de</strong> on<strong>de</strong> emigrou<br />
com apenas nove anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, é um profundo<br />
conhecedor das activida<strong>de</strong>s dos portugueses<br />
naquela localida<strong>de</strong>.<br />
BUROCRACIA PORTUGUESA<br />
O Dia <strong>de</strong> Portugal é celebrado religiosamente<br />
todos os anos com a tradicional<br />
oferenda floral à estátua <strong>de</strong> Luís <strong>de</strong><br />
Camões na principal praça da cida<strong>de</strong>.<br />
Este tipo <strong>de</strong> iniciativa tem partido sempre<br />
<strong>de</strong> maneira individual da comunida<strong>de</strong><br />
ali presente, que se queixa da falta <strong>de</strong> interesse<br />
das autorida<strong>de</strong>s portuguesas. "Estamos<br />
abandonados", vinca Jesuino Brito.<br />
A burocracia portuguesa, no que diz<br />
respeito à legalização <strong>de</strong> documentos, revalidações<br />
<strong>de</strong> títulos, etc, é outro dos alvos<br />
<strong>de</strong> críticas que Jesuino Brito, que faz<br />
questão <strong>de</strong> dizer em nome dos portugueses<br />
daquela localida<strong>de</strong> que "muitos <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m<br />
estabelecer-se <strong>de</strong>finitivamente em Portugal,<br />
mas ficam fartos <strong>de</strong> tanto esperar documentos,<br />
revalidação <strong>de</strong> títulos, etc. Mesmo<br />
estando em Portugal, <strong>de</strong>pois optam<br />
por regressar à Venezuela e reiniciar a sua<br />
vida". No entanto, <strong>de</strong>staca, o trabalho feito<br />
pelo consulado geral, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />
os seus serviços em Valencia.<br />
A insegurança pessoal também não é<br />
um problema alheio à comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />
zona. Ultimamente, verificam-se alguns<br />
casos <strong>de</strong> sequestros, on<strong>de</strong> Jesuino Brito<br />
como cô nsul honorário <strong>de</strong> Portugal tem<br />
exercido um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na intervenção<br />
com a polícia local.<br />
Maracaibo parece ser excepção no que<br />
se refere a casos <strong>de</strong> pobreza extrema.<br />
Acrescenta que "felizmente aqui a necessida<strong>de</strong><br />
extrema é pouca e não temos verificado<br />
esse tipo <strong>de</strong> casos, como em Caracas,<br />
por exemplo".
12 Venezuela CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
Vargas ganha II Festival<br />
<strong>de</strong> Folclore Infantil<br />
O grupo folclórico do Centro Português <strong>de</strong> Catia La Mar ganhou a segunda edição do Festival Infantil.<br />
A distinção para o melhor traje tí pico foi para o grupo "A nossa Mocida<strong>de</strong>", <strong>de</strong> La Victoria.<br />
Liliana da Silva<br />
Num evento que se caracterizou pela doçura<br />
e picardia dos dançarinos, sete<br />
grupos infantis apresentaram a 5 <strong>de</strong><br />
Junho o melhor do folclore e da mú -<br />
sica portuguesa. Cada uma das crianças mostrou<br />
talento e doçura, enquanto se passeavam pelas<br />
tradições da terra que viu os seus pais crescerem.<br />
Mas teve apenas um vencedor e foi o grupo folcló<br />
rico do Centro Português <strong>de</strong> Catia La Mar.<br />
O salão nobre do Centro Português <strong>de</strong> Caracas<br />
foi o cenário que recebeu os grupos que participaram<br />
no II Festival <strong>de</strong> Folclore Infantil. O<br />
grupo Danças e Cantares, que pertencem ao CPC,<br />
foi o vencedor da primeira edição <strong>de</strong>ste festival.<br />
Por isso organizou a segunda.<br />
Cada um dos grupos dançou três peças musicais<br />
que foram escolhidos livremente e não podiam<br />
actuar por mais <strong>de</strong> quinze minutos. Os bailes<br />
reflectiram basicamente a cultura <strong>de</strong> cada um dos<br />
sete clubes que vieram <strong>de</strong> diferentes cida<strong>de</strong>s do<br />
país para mostrar a sua arte.<br />
Durante o espectáculo, foi apresentado um grupo<br />
<strong>de</strong> danças <strong>venezuela</strong>nas do Estado Aragua que<br />
surpreen<strong>de</strong>u o pú blico pela ingenuida<strong>de</strong> e inexperiência<br />
<strong>de</strong> uns meninos que, apesar <strong>de</strong> pequeninos,<br />
conseguiu dançar "joropo" e mú sica "llanera".<br />
Uma vez concluída a participação dos grupos<br />
concorrentes, o grupo anfitrião, Danças e Cantares,<br />
apresentou os três bailes que lhes permitiu ganhar<br />
no ano passado, na Casa Portuguesa <strong>de</strong> Maracay.<br />
No fim das actuações, o jú ri, constituído por<br />
sete pessoas conhecedoras do folclore luso, elegeu<br />
o Grupo Folcló rico do Centro Português <strong>de</strong><br />
Catia La Mar como vencedor <strong>de</strong>ste II Festival Infantil.<br />
A distinção para o melhor traje típico foi<br />
para o grupo "Nossa Mocida<strong>de</strong>", <strong>de</strong> La Victoria.
Monaca<br />
abre concurso<br />
Alemanha 2006<br />
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 EVENTOS 13<br />
Unicasa <strong>de</strong> La Casona<br />
com nova cara<br />
Molinos Nacionales (Monaca) <strong>de</strong>u início ao<br />
concurso Monaca-Gruma, com a Copa<br />
Mundial Alemanha 2006. A iniciativa <strong>de</strong>stina-se<br />
a reconhecer a lealda<strong>de</strong> e o esforço<br />
dos seus clientes da área industrial e conta com a participação<br />
das prestigiadas marcas Robin Hood e Polar.<br />
O concurso vai vigorar <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong>ste ano a 31 <strong>de</strong><br />
Janeiro <strong>de</strong> 2006. Consiste em coleccionar cromos que cada<br />
cliente recebe consoante as compras a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />
montantes.<br />
A primeira etapa do concurso acaba a 31 <strong>de</strong> Agosto<br />
pró ximo e quem consiga completar as colecções vai estar<br />
automaticamente a participar no sorteio <strong>de</strong> dois pacotes<br />
com todas as <strong>de</strong>spesas<br />
pagas para viajar ao<br />
Brasil e assistir ao jogo<br />
da selecção nacional<br />
<strong>de</strong>ste país com a Vinotinto<br />
da Venezuela, um jogo integrado nas eliminató rias<br />
<strong>de</strong> Alemanha 2006, que se realiza a 11 <strong>de</strong> Outubro.A ú l-<br />
tima etapa do concurso vai acabar a 31 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong><br />
2006 e os clientes que até à altura tenham completado as<br />
colecções vão optar por <strong>de</strong>z pacotes com todos os gastos<br />
pagos para uma viagem à Alemanha, po<strong>de</strong>ndo assistir a<br />
vários jogos da Copa Mundial <strong>de</strong> Futebol, assim como<br />
conhecer <strong>de</strong> perto os melhores jogadores e apreciar atractivos<br />
turísticos do país germâ nico. Como prémios complementares,<br />
vão ser sorteadas, também, câ maras digitais,<br />
ví<strong>de</strong>o-câ maras e malas <strong>de</strong> viagem.<br />
No passado dia 28 <strong>de</strong><br />
Maio, Supermercados<br />
Unicasa reinaugurou a<br />
sucursal que está localizada no<br />
Centro Comercial La Casona. O<br />
objectivo é oferecer a todos os<br />
resi<strong>de</strong>ntes da Urbanização La Rosa<strong>de</strong>la,<br />
em San Antó nio <strong>de</strong> los<br />
Altos e arredores, um novo conceito,<br />
com melhores serviços,<br />
maior varieda<strong>de</strong> e ofertas.<br />
O Unicasa do Centro Comercial<br />
La Casona foi totalmente<br />
remo<strong>de</strong>lado e automatizado.<br />
Tem já <strong>de</strong>zassete caixas e amplas<br />
áreas <strong>de</strong> charcutaria, pescaria,<br />
frutas e verduras. Tem sistemas<br />
<strong>de</strong> refrigeração e congelado que<br />
cuidam do ambiente e amplos<br />
corredores, assim como uma barra<br />
que permite aos utilizadores<br />
solicitar o corte das carnes à sua<br />
escolha.<br />
Está, também, à disposição dos<br />
clientes a nova secção <strong>de</strong> comidas<br />
preparadas Unicasa Express,<br />
com pratos caseiros para levar<br />
ou comer no momento.<br />
Unicasa La Casona é outra<br />
mostra do viável plano <strong>de</strong> crescimento<br />
e consolidação que os<br />
supermercados Unicasa têm concretizado<br />
nos ú ltimos meses.<br />
Nesse sentido, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> breve<br />
a ca<strong>de</strong>ia vai fazer outra reinauguração<br />
em Montalban III e vai,<br />
também, inaugurar uma nova<br />
sucursal na zona <strong>de</strong> Caricuao<br />
(Caracas).
14 PERFIL CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
Vivências que se transformam em poesia<br />
A sauda<strong>de</strong> foi o principal motivo que levou Manuelita Ferreira a escrever poemas<br />
e pensamentos que hoje estão compilados em seis publicações<br />
Noelia <strong>de</strong> Abreu<br />
noelia<strong>de</strong>abreu@gmail.com<br />
Aprimeira guerra mundial, as necessida<strong>de</strong>s<br />
e as carências pó s-guerra e as belas<br />
paisagens <strong>de</strong> um Portugal rural marcaram<br />
a vida <strong>de</strong> uma mulher que continua<br />
a preservar, através dos tempos, não só as lembranças<br />
mais subtis como também a sua primeira<br />
ida à praia, quando tinha apenas dois anos, e as recordações<br />
mais crus da guerra. "Lembro-me perfeitamente<br />
<strong>de</strong> como os soldados faziam as trincheiras<br />
com arame farpado e se escondiam em buracos que<br />
cavavam", conta-nos.<br />
Hoje, com 66 anos, as obras da poetiza <strong>de</strong> traços<br />
<strong>de</strong>lgados e olhar doce são provas da sua maturida<strong>de</strong><br />
literária. As pegadas inapagáveis<br />
que <strong>de</strong>ixou do seu passado converteram-na<br />
num ser insensível e<br />
apaixonado que procurou encontrar<br />
na prosa e no verso um<br />
<strong>de</strong>sabafo. E é precisamente em<br />
"Mis Hojas <strong>de</strong> Plata" (as suas<br />
memó rias) que plasma todas<br />
as suas vivências, as boas e as<br />
más, conseguindo mostrar o<br />
que a fez ser uma mulher mais<br />
optimista que <strong>de</strong>dicou vinte anos<br />
da sua vida ao aconselhamento a mulheres jovens,<br />
falando-lhes sobre como <strong>de</strong>vem tratar os seus filhos<br />
e dar-lhes amor.<br />
Apesar <strong>de</strong> ter pensado várias vezes queimar as<br />
suas memó rias, sobretudo por serem relatos tristes<br />
que abordam a sua infâ ncia vivida em Portugal<br />
e a sua fase adulta já na Venezuela, <strong>de</strong>cidiu publicálas<br />
para "<strong>de</strong>monstrar a muitas pessoas que têm problemas<br />
que as quedas que damos na vida servem<br />
para apren<strong>de</strong>rmos a nos levantar. E eu sou exemplo<br />
disso", afirma com convicção.<br />
"A sAbEdoRIA Está<br />
Em cAdA um dE nós"<br />
Esta mulher, mãe, poetiza, escritora em português<br />
e em espanhol, nasceu em Maxieira,<br />
Fátima, e chegou à Venezuela<br />
a 14 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1955,<br />
com <strong>de</strong>zasseis anos e muitas<br />
ilusões. Contudo, as restrições<br />
do seu pai não lhe permitiram<br />
prosseguir os estudos<br />
e, por isso, nunca<br />
passou da segunda classe.<br />
"Estive separada dos meus<br />
pais quando me mandaram<br />
ir morar com a minha<br />
madrinha em Leiria.<br />
Ela prometeu ao meu pai que me punha na escola,<br />
mas nunca o fez. Às vezes custa-me acreditar como<br />
é que uma campó nia qualquer - que é o que eu era<br />
- conseguiu chegar até on<strong>de</strong> eu já cheguei. A ú nica<br />
explicação que tenho é que a sabedoria está <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> cada um".<br />
Quando o pai <strong>de</strong> Manuelita, que tinha emigrado<br />
em 1946, a mandou buscar, a escritora viu neste país<br />
do Caribe a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retomar os seus escassos<br />
estudos. "O meu pai dizia que a mulher tinha<br />
que saber lavar, cozinhar e ser uma boa ama <strong>de</strong> casa.<br />
Por isso, nunca me <strong>de</strong>ixou estudar. Contudo, o<br />
meu pai, na sua ignorâ ncia, foi um professor para<br />
mim, pois graças a ele lutei para ser o que sou hoje",<br />
recorda.<br />
PouPAndo PARA PAgAR um sonho<br />
Muitas vezes não comprou medicamentos, sapatos<br />
ou roupa só para po<strong>de</strong>r suportar as <strong>de</strong>spesas que<br />
se tem ao publicar um livro. As suas cinco primeiras<br />
obras - "Cosechas", em 1984; "Poemas y pensamientos",<br />
em 1986; "Otra mujer", em 1989, "Siete<br />
Colores en un Zafiro", em 1990; e "Burbujas oníricas",<br />
em 2004 - foram publicadas com os seus pró -<br />
prios meios, excepto o seu livro "Abanico <strong>de</strong> frases",<br />
que foi publicado em Janeiro <strong>de</strong>ste ano com<br />
o patrocínio <strong>de</strong> UNICASA.<br />
Manuelita Ferreira explica-nos que publicar o<br />
livro não é suficiente. A publicida<strong>de</strong> é um elemento<br />
essencial para um escritor ou poeta. "Ser escritor<br />
não é tão fácil como ser pintor. Uma pintura vê-se a<br />
olho nu e as pessoas <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m logo se a compram<br />
ou não. Com um livro é diferente", diz.<br />
Os seus dois ú ltimos livros foram "Lo blanco en<br />
el vuelo" e "Mis hojas <strong>de</strong> Plata". "Procuro o apoio <strong>de</strong><br />
alguma empresa que esteja interessada porque hoje<br />
em dia é muito caro publicar um livro", <strong>de</strong>staca.<br />
Quem <strong>de</strong>seje contactar Manuelita po<strong>de</strong> fazê-lo através<br />
do telefone 0212-870.91.92 ou o e-mail ventas@manuelita.com.ve.
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 CultuRA 15<br />
O professor do interior da Venezuela<br />
Uma biblioteca já tem o seu nome, "Jorge Amorim", uma forma <strong>de</strong> lhe prestar homenagem em vida pela sua<br />
<strong>de</strong>dicação. Este emigrante durante mais <strong>de</strong> quinze anos <strong>de</strong>u aulas <strong>de</strong> português em diferentes regiões do paí s.<br />
Noelia <strong>de</strong> Abreu<br />
noelia<strong>de</strong>abreu@gmail.com<br />
Chama-se Manuel Alves <strong>de</strong> Oliveira,<br />
mas é mais conhecido<br />
por todos como Jorge Amorim.<br />
O seu trajecto como professor<br />
<strong>de</strong> línguas é amplo, pois percorreu várias<br />
regiões do interior da Venezuela. Chegou<br />
ao país há 39 anos e <strong>de</strong>dicou quinze <strong>de</strong>ste<br />
ao ensino <strong>de</strong> português, francês e outras<br />
línguas em regiões com Barquisimeto, Villa<br />
Cura, Puerto Cabello, Acarigua e La<br />
Victoria.<br />
Actualmente, dá aulas <strong>de</strong> português<br />
na Igreja San Antó nio <strong>de</strong>l Trébol, em<br />
Valência, paró quia da comunida<strong>de</strong> portuguesa<br />
e italiana; na Câ mara Portuguesa<br />
Venezuelana (CAPORVEN); no<br />
Centro Social Ma<strong>de</strong>irense <strong>de</strong> Valência;<br />
em Tinaquillo, Estado Coje<strong>de</strong>s, em Punto<br />
Fijo, Estado Falcó n; e na Casa Portuguesa<br />
<strong>de</strong> Aragua, on<strong>de</strong> ensina também francês,<br />
ambos há <strong>de</strong>z anos.<br />
Para honrá-lo em vida, a biblioteca da<br />
Câ mara Portuguesa Venezuelana foi<br />
baptizada como Jorge <strong>de</strong> Amorim iniciativa<br />
foi <strong>de</strong> Carlos Balaguera, director da<br />
mencionada organização, que quis reconhecer<br />
o trabalho <strong>de</strong>ste professor que durante<br />
mais <strong>de</strong> três anos leccionou cursos<br />
<strong>de</strong> português na se<strong>de</strong> <strong>de</strong> CAPORVEN,<br />
em Valência, e por ser um <strong>de</strong>stacado erudito<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>zasseis línguas.<br />
As viagens aos diferentes Estados da<br />
Venezuela são pagos por diferentes instituições<br />
e clubes on<strong>de</strong> dá aulas. "Se contabilizarmos<br />
as <strong>de</strong>spesas, os aci<strong>de</strong>ntes pelo<br />
caminho e inclusive os roubos seria fácil<br />
<strong>de</strong>sanimar-se, mas isso eu evito fazer, pois<br />
não gosto <strong>de</strong> me focar nos pontos negativos.<br />
O que eu gosto mesmo, a minha paixão<br />
é dar aulas", confessa.<br />
Sobre os cursos <strong>de</strong> português, comenta<br />
que há muita gente interessada em<br />
apren<strong>de</strong>r português, embora não há tanta<br />
gente como <strong>de</strong>via haver. "Contudo, nas<br />
minhas aulas tenho muitos engenheiros,<br />
médicos, arquitectos e pessoas que ainda<br />
não profissionais", diz. Também faz referência<br />
ao facto <strong>de</strong> que 50% dos que assistem<br />
aos seus cursos serem portugueses<br />
ou luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Os outros 50% são<br />
<strong>venezuela</strong>nos, na sua gran<strong>de</strong> maioria. Mas<br />
também tem alunos colombianos ou das<br />
Ilhas das Antilhas, mas são poucos.<br />
POesiA dA lí nguA<br />
gAnhA-se COm estudO<br />
A sua preocupação pela falta <strong>de</strong> docentes<br />
da língua portuguesa no interior<br />
do país é crescente, pois ainda que haja<br />
pessoas interessadas em apren<strong>de</strong>r não há<br />
docentes na sua comunida<strong>de</strong> para cobrir<br />
essa procura. Conforme nos garante, ele é<br />
"o ú nico professor licenciado que há fora<br />
<strong>de</strong> Caracas e na fronteira da Colô m-<br />
bia".<br />
Porto foi a terra que o viu nascer em<br />
1928 e foi precisamente no seu país natal<br />
que tirou o ensino básico, o secundário e<br />
a sua carreira como professor <strong>de</strong> português.<br />
Mas os seus <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> ampliar os<br />
seus conhecimentos levaram-no a fazer<br />
um Curso Superior <strong>de</strong> Teologia e Filosofia<br />
em Espanha e um Curso <strong>de</strong> Línguas<br />
Mo<strong>de</strong>rnas, na Inglaterra e na Irlanda. Ainda<br />
insatisfeito, pousou o seu olhar na Venezuela.<br />
"Queria conhecer o Novo Mundo.<br />
A Europa já era territó rio conhecido<br />
para mim. Também fugi <strong>de</strong> Portugal<br />
por causa dos problemas políticos que me<br />
assediavam", conta-nos.<br />
A Venezuela foi o país que lhe abriu as<br />
portas e on<strong>de</strong> fez estudos especializados<br />
em Castelhano e em Literatura. "A gramática<br />
po<strong>de</strong>mos encontrá-la num computador,<br />
mas a capacida<strong>de</strong> poética que<br />
têm as palavras é uma coisa que tem <strong>de</strong><br />
ser estudado. Por isso, sempre digo aos<br />
meus alunos que uma língua vai muito<br />
mais além <strong>de</strong> todos os tecnicismos", <strong>de</strong>clara.<br />
Até à data, Manuel Alves oliveira já<br />
publicou <strong>de</strong>z livros, um <strong>de</strong>les em espanhol<br />
e o resto em português. A sua obra intitulada<br />
"Tierra <strong>de</strong> Nadie" foi seleccionada<br />
pela biblioteca do Congresso dos Estados<br />
Unidos, no Canadá, para ser traduzido.<br />
Actualmente, tem mais cinco obras<br />
prontas a serrem publicadas. Em 2004,<br />
publicou "Os Oráculos".<br />
Aproximar Camões<br />
à comunida<strong>de</strong><br />
A 18 <strong>de</strong> Julho realiza-se a sétima tertúlia organizada pelo Instituto Português<br />
<strong>de</strong> Cultura no Centro Português <strong>de</strong> Caracas.<br />
Agostinho Silva<br />
asilva@dnoticias.pt<br />
OInstituto Português <strong>de</strong> Cultura<br />
(IPC) tem vindo a realizar<br />
nos ú ltimos dois anos uma série<br />
<strong>de</strong> tertú lias que têm como principal<br />
objectivo aproximar a comunida<strong>de</strong><br />
lusa às activida<strong>de</strong>s culturais. Esta iniciativa<br />
procura con seguir mais envolvimento<br />
dos portugueses que não costumam<br />
assistir às conferências ou fó -<br />
runs, mas que po<strong>de</strong>m ver nas tertú lias<br />
um espaço on<strong>de</strong> se juntam i<strong>de</strong>ias, mú -<br />
sica, poemas e alegria.<br />
A pró xima tertú lia realiza-se no<br />
Centro Português <strong>de</strong> Caracas, no restaurante<br />
O Navegante, a partir das<br />
21h00. O evento vai ser em honra <strong>de</strong><br />
Luís <strong>de</strong> Camões e serve para comemorar<br />
o Dia <strong>de</strong> Portugal e das Comunida<strong>de</strong>s<br />
Portuguesas. É, ainda, uma oportunida<strong>de</strong><br />
para festejar o quadragésimo<br />
sétimo aniversário do CPC.<br />
No encontro, vão-se refrescar os dados<br />
mais significativos da biografia do<br />
escritor e poeta português, ler alguns<br />
dos seus poemas e ouvir alguma mú -<br />
sica.<br />
Estes encontros culturais começaram<br />
a realizar-se a 16 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2003<br />
e converteram-se numa alternativa para<br />
divulgar o melhor da cultura lusa.<br />
Betty Rodrigues, directora do IPC,<br />
diz que a assistência da comunida<strong>de</strong><br />
tem sido bastante positiva e, <strong>de</strong>staca,<br />
cada vez mais pessoas frequentam estas<br />
reuniões culturais. "À ú ltima tertú lia,<br />
assistiram 150 pessoas. Para esta que se<br />
vai realizar agora esperamos mais ou<br />
menos o mesmo nú mero <strong>de</strong> assistentes".<br />
Isto só é possível porque a Direcção<br />
do CPC permitiu a entrada livre,<br />
mesmo <strong>de</strong> pessoas que não sejam<br />
só cias do clube.
16 LAZER CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
Vinte anos a reunir o folclore<br />
A Casa Portuguesa Venezuelana <strong>de</strong> Valencia é palco do XX Festival Folclórico Português,<br />
que vai juntar 22 grupos <strong>de</strong> toda a Venezuela.<br />
Noelia <strong>de</strong> Abreu<br />
noelia<strong>de</strong>abreu@gmail.com<br />
No pró ximo dia 3 <strong>de</strong> Junho, tem lugar o XX Festival<br />
Folcló rico na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Valência, estado Carabobo.<br />
Danças da Ma<strong>de</strong>ira, o grupo vencedor do festival feito<br />
em Guayana em 2004, organiza todas as activida<strong>de</strong>s<br />
que se vão realizar na Casa Portuguesa Venezuelana <strong>de</strong> Valencia.<br />
José Humberto Rodrigues do Nascimento, director-geral do<br />
grupo, informou-nos que este festival se vai realizar em honra da<br />
Região <strong>de</strong> Miranda, uma região do Norte <strong>de</strong> Portugal. E isto porque,<br />
graças aos bailes "pauliteros" <strong>de</strong> Miranda, conseguiram obter o<br />
primeiro lugar no festival anterior, levando também o prémio <strong>de</strong><br />
melhor traje típico.<br />
Este ano, os organizadores querem dar um ar <strong>de</strong> novo a este<br />
evento cultural e, para isso, vão introduzir uma mascote do festival.<br />
Rodrigues diz que "esta novida<strong>de</strong> tenta oferecer uma alternativa diferente<br />
aos que assistem ao evento. Para além disso, a comunida<strong>de</strong><br />
lusa e <strong>venezuela</strong>na que vá até à Casa Portuguesa Venezuelana <strong>de</strong><br />
Valencia vai po<strong>de</strong>r partilhar com os seus familiares e amigos comida<br />
típica e vinho português.<br />
Rodrigues convidou toda a comunida<strong>de</strong> a assistir, a partir das<br />
duas da tar<strong>de</strong>, ao espectáculo que vai contar com a participação<br />
<strong>de</strong> 22 grupos folcló ricos, entre os quais se po<strong>de</strong>m enumerar o<br />
Grupo Folcló rico do Centro Social Ma<strong>de</strong>irense <strong>de</strong> Valencia, o <strong>de</strong><br />
Os Lusíadas <strong>de</strong> Caracas, o do Centro Português <strong>de</strong> Puerto Ordaz,<br />
o grupo A Ma<strong>de</strong>ira é um Jardim <strong>de</strong> Los Teques, o Centro Luso<br />
Venezuelano <strong>de</strong> Turumo e o grupo do Centro Português <strong>de</strong> La<br />
Victoria.<br />
Outro dos pontos na agenda do festival é a típica eleição da<br />
madrinha, um acto que premeia a beleza e que permite o reconhecimento<br />
<strong>de</strong> outros atractivos dos grupos folcló ricos, não só pela<br />
melhor dança, mas também pelo melhor traje típico.<br />
Erika Nornny é a nova rainha do CPC<br />
Carlos Orellana<br />
corellana<strong>correio</strong>@hotmail.com<br />
OCentro Português <strong>de</strong> Caracas<br />
já tem quem o represente<br />
este ano em termos<br />
<strong>de</strong> beleza. Embora inicialmente<br />
havia pouco interesse por parte<br />
das jovens só cias do clube, finalmente<br />
houve quem manifestasse interesse<br />
em participar no evento. A três <strong>de</strong> Junho<br />
Carmen Irene <strong>de</strong> Lisa (rainha <strong>de</strong>stronada)<br />
entregou a coroa a Erika<br />
Nornny, uma jovem <strong>de</strong> signo Sagitário<br />
<strong>de</strong> 17 anos, <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ncia italiana,<br />
facto que causou algumas criticas entre<br />
o auditorio.<br />
Fátima <strong>de</strong> Gonçalves, Presi<strong>de</strong>nta do<br />
Comité Feminino do CPC, aclarou ao<br />
CORREIO que "nao existe nenhuma<br />
cláusula que proíba a participaçao <strong>de</strong><br />
jovens <strong>de</strong> outras nacionalida<strong>de</strong>s, sempre<br />
que sejam só cias activas do clube” .<br />
A animação do evento esteve a cargo<br />
<strong>de</strong> Daniel Somaró e Sandra <strong>de</strong> Abreu,<br />
que <strong>de</strong>ram a conhecer aos presentes a<br />
rainha e as suas finalistas, Jessica <strong>de</strong><br />
Freitas, em primeiro lugar, e Daniela<br />
Marques, em segundo.<br />
O show começou com um opening<br />
baseado na série <strong>de</strong> BATMAN, quando<br />
um grupo <strong>de</strong> jovens disfarçadas <strong>de</strong> "gatubela"<br />
<strong>de</strong>sceu do tecto do salão nobre<br />
do CPC.<br />
O ritmo da noite ficou a cargo <strong>de</strong><br />
Juan Carlos Luces, um jovem que está a<br />
iniciar-se no canto. Também brilhou<br />
com luz pró pria "Imagen Latina", um<br />
grupo <strong>de</strong> jovens que dançou e animou a<br />
noite com o melhor estilo da "salsa brava".<br />
O reinado <strong>de</strong>ste ano contou com a<br />
participação <strong>de</strong> oito jovens com ida<strong>de</strong>s<br />
compreendidas entre os 16 e os 20 anos.<br />
As concorrentes foram: Daniela Márques<br />
(Miss Fotogenia e segunda finalista);<br />
Karina Teixeira (Miss Amiza<strong>de</strong>);<br />
Graciela Márquez, Erika Nornny (Miss<br />
Centro Portugués 2005), Jessica De Freitas<br />
(Miss Elegâ ncia e primeira finalista),<br />
Andreína Farías, María Eugenia da<br />
Costa e Vanesa Farías.
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 LAZER 17<br />
"La Nueva Calle" pela mão<br />
<strong>de</strong> um luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />
Norberto Nunes representa o grupo juvenil <strong>venezuela</strong>no, cujas músicas<br />
actualmente estão entre as <strong>de</strong>z mais ouvidas no "record report".<br />
Carlos Orellana<br />
corellana<strong>correio</strong>@hotmail.com<br />
Com 32 anos, Norberto Nunes<br />
sente nas costas o peso<br />
da responsabilida<strong>de</strong>. Trabalha<br />
no negó cio <strong>de</strong> produção<br />
e <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, é só cio <strong>de</strong> "A<br />
Comunida<strong>de</strong>" e, mais recentemente,<br />
tornou-se no representante artístico<br />
"La Nueva Calle", o grupo juvenil <strong>venezuela</strong>no<br />
que se passeia pelos ritmos<br />
do "hip hop" e o "regueton".<br />
Filho <strong>de</strong> Mário Nunes, natural do<br />
Porto, e <strong>de</strong> Maria Jú lia Aguiar, nascida<br />
em Aveiro, este luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />
conta-nos que a sua vida esteve sempre<br />
ligada à comunida<strong>de</strong> portuguesa. "Formei-me<br />
em colégios portugueses e estu<strong>de</strong>i<br />
Artes Gráficas e Produções Escritas<br />
em Portugal", disse-nos.<br />
Sobre o seu trabalho com o quarteto<br />
musical, comentou-nos que os<br />
conheceu num dos seus eventos. Conversou<br />
com eles e soube que não tinham<br />
uma representação. Des<strong>de</strong> esse<br />
dia, surgiu a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> se ajudarem mutuamente<br />
e começaram, assim, a dar-se<br />
as negociações. Já têm sete meses a trabalhar<br />
arduamente e actualmente "La<br />
Nueva Calle" está entre os <strong>de</strong>z grupos<br />
mais ouvidos no "record report".<br />
Des<strong>de</strong> criança, este luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />
se tem <strong>de</strong>dicado a trabalhar no<br />
sector da construção. Logo <strong>de</strong> seguida<br />
se vinculou à política, on<strong>de</strong> ficou até<br />
ter pegado nos negó cios da família,<br />
on<strong>de</strong> ainda está. A sua vida passa-se<br />
entre ir e vir <strong>de</strong> um Estado a outro da<br />
Venezuela, pois os projectos com o<br />
grupo estão focalizados este ano para<br />
dar vários concertos em diferentes zonas<br />
do país.<br />
Nunes comentou que estão a negociar<br />
com a produtora internacional<br />
SONY MUSIC para lançar o grupo<br />
para o exterior. Entre as viagens que<br />
vão ser feitas, adiantou-nos que vai a<br />
Espanha no pró ximo mês <strong>de</strong> Agosto.<br />
E Nunes não <strong>de</strong>scartou a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> visitar Portugal, on<strong>de</strong> espera ter as<br />
portas abertas para receber os jovens<br />
talentos.<br />
Actualmente "La Nueva Calle"<br />
cumpre uma agenda bastante apertada<br />
que inclui, para além <strong>de</strong> várias tournées<br />
em diferentes cida<strong>de</strong>s da Venezuela,<br />
inú meros convites para participar<br />
em diversos programas da televisão<br />
<strong>venezuela</strong>na. Para Nunes, a<br />
dinâ mica <strong>de</strong> trabalho com o grupo<br />
é forte, mas - disse - "a <strong>de</strong>dicação, constâ<br />
ncia e esforço é vital para conseguir<br />
qualquer coisa".<br />
Para conhecer mais sobre este grupo<br />
musical galardoado como "Gruppo<br />
Impacto 2005" nos Prémios Mar <strong>de</strong><br />
Prata, os interessados po<strong>de</strong>m fazê-lo<br />
através do site www.lanuevacalle.com.<br />
Para contratações, ligar 0412.260.09.95 /<br />
0414.325.0492.
18 PUBLIREPORTAGEM CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
De mãos dadas<br />
com a Distribuidora Giorgio<br />
A empresa que representa as marcas exclusivas <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> café Rancilio e Faema reconhece<br />
o trabalho dos seus principais distribuidores que pertencem à comunida<strong>de</strong> portuguesa<br />
MAX RODRIGUEZ, aliado estratégico<br />
do sector alimentício<br />
Max Rodrigues nasce como empresa<br />
há trinta anos e foi precisamente a partir<br />
<strong>de</strong> 1981 que assumem as rendas da empresa<br />
os cunhados ma<strong>de</strong>irenses Juan Alberto<br />
dos Santos, José Rodrigues Figueira<br />
e Evangelio Teles, primeiros só cios da<br />
empresa.<br />
A empresa oferece aos seus clientes<br />
uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamentos<br />
para o sector alimentício, tais como fontes<br />
<strong>de</strong> soda, areperas, restaurantes, frigoríficos,<br />
supermercados e padarias, entre outros,<br />
complementando com serviço técnico,<br />
assessoria e projectos <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação.<br />
Os seus produtos vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cozinhas,<br />
frigoríficos, lavagens industriais, moinhos<br />
<strong>de</strong> carne e queijo, máquinas <strong>de</strong> café e até<br />
qualquer utensílio <strong>de</strong> cozinha que o cliente<br />
<strong>de</strong>seje, assim como a elaboração <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s<br />
para os doces confeccionados em aço<br />
inoxidável para a confeitaria.<br />
Aproximadamente uns 70% dos seus<br />
clientes pertencem à coló nia portuguesa.<br />
"Temos levado a cabo a montagem das<br />
maiores areperas <strong>de</strong> Caracas: El Granjero<br />
<strong>de</strong>l Este, Los Pilones <strong>de</strong>l Este, Budare<br />
<strong>de</strong>l Este, La Casa <strong>de</strong>l Llano e la Ahumada<br />
<strong>de</strong> Catia". Actualmente, estão equipadas<br />
duas areperas que <strong>de</strong>vem abrir em breve,<br />
funcionando 24 horas por dia, uma<br />
em Altamira e outra na Avenida Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, em Las Merce<strong>de</strong>s.<br />
Em 1985, percebeu-se que havia uma<br />
necessida<strong>de</strong> latente nos seus clientes e<br />
criou-se uma fábrica com o nome <strong>de</strong> "FA-<br />
MACERO", que se <strong>de</strong>dica à elaboração <strong>de</strong><br />
equipamentos em aço inoxidável.<br />
A relação que os une à Distribuidora<br />
Giorgio está marcada pela venda <strong>de</strong> máquinas<br />
<strong>de</strong> café Rancillo e Faema. "O senhor<br />
Stefano chegou aqui um dia e colocou<br />
uma máquina <strong>de</strong> café à consignação para<br />
que a exibíssemos. Disse que só a pagaríamos<br />
quando a vendêssemos". Foi assim<br />
que começaram a trabalhar juntos, como<br />
nos lembra José Figueira.<br />
Assinalam que a relação com Giorgio é<br />
muito boa, graças aos seus produtos serem<br />
<strong>de</strong> marcas reconhecidas. "Rancillo é<br />
hoje a marca mais vendida na Veenzuela",<br />
nota Alberto dos Santos.<br />
Mas Rodrigues elogia o Departamento<br />
<strong>de</strong> Serviço e Suporte Técnico ao Cliente<br />
<strong>de</strong> Giorgio. "Têm tudo o que é preciso<br />
ter em stock, mas com um serviço rápido<br />
e efectivo. Se alguma coisa não estiver disponível,<br />
em 24 horas se encarregam <strong>de</strong><br />
consegui-lo. Outras empresas não conseguem<br />
fazer isto".<br />
Conforme estima Alberto dos Santos,<br />
as máquinas <strong>de</strong> café Rancilio duram uma<br />
média <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, fazendo-se a respectiva<br />
manutenção. "Há máquinas que trabalham<br />
24 horas seguidas sem parar, com<br />
um rendimento ó ptimo".<br />
"DURECA" DE REFRIGERAÇÃO,<br />
constituindo a melhor equipa"<br />
"Dureca" é uma empresa familiar <strong>venezuela</strong>na<br />
que foi fundada em 1982 por<br />
Nicolás Fernán<strong>de</strong>z (1946-1994), natural da<br />
Ma<strong>de</strong>ira, que se iniciou a trabalhar num<br />
talho e numa empresa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong><br />
leite. Mas logo se iniciou na distribuição <strong>de</strong><br />
equipamentos <strong>de</strong> refrigeração como ven<strong>de</strong>dor,<br />
até criar a "Distribuidores Unidos<br />
<strong>de</strong> Refrigeració n C.A.".<br />
Em 1994, a direcção da empresa ficou a<br />
cargo <strong>de</strong> José Freitas, que fazia parte <strong>de</strong>la<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1985. Inicialmente, se <strong>de</strong>dicavam à<br />
distribuição <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> refrigeração<br />
industrial e comercial, mas com o<br />
passar do tempo i<strong>de</strong>ntificaram a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> cobrir o mercado <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação<br />
e instalação <strong>de</strong> padarias, supermercados,<br />
cafés e afins.<br />
Actualmente, comercializam projectos<br />
<strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação e instalação <strong>de</strong> locais comerciais,<br />
com uma linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração integral.<br />
"Não há razões para limitar o cliente.<br />
Por isso tentamos fazer com que os<br />
equipamentos se adaptem ao local e não ao<br />
contrário. Esta é a nossa principal vantagem<br />
competitiva porque nos permite estar<br />
na vanguarda da <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> padarias",<br />
comentou Carolina Fernán<strong>de</strong>z.<br />
A sua carteira <strong>de</strong> clientes está constituída<br />
por padarias e pastelarias e 70% <strong>de</strong>stas<br />
pertencem à coló nia portuguesa. Desenvolvem<br />
o conceito "Chave na Mão".<br />
"Procuramos poupar tempo e esforços aos<br />
nossos clientes, oferecendo a comodida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> receber a chave do seu estabelecimento,<br />
que está já em condições <strong>de</strong> começar<br />
a prestar serviços imediatamente",<br />
aponta Fernan<strong>de</strong>s.<br />
Nesta tarefa <strong>de</strong> oferecer um conceito<br />
<strong>de</strong> equipamento integral, surgem alianças<br />
como a existente na Distribuidora<br />
Giorgio e as suas marcas Rancilio e Faema,<br />
em matéria <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> café, moinhos<br />
e outras.<br />
Recém iniciada, a empresa começou<br />
a trabalhar com a Distribuidora Giorgio. E<br />
esta relação se manteve até hoje. Assinalam<br />
que o seu principal valor é o serviço<br />
pó s-venda. "Rancilio é uma marca reconhecida<br />
ao nível internacional que tem<br />
qualida<strong>de</strong>, confiança e conta com um serviço<br />
técnico, distribuição e suporte <strong>de</strong><br />
efectivos em qualquer situação, tanto <strong>de</strong><br />
solicitação <strong>de</strong> repostos como <strong>de</strong> assessoria".<br />
COMERCIAL FRIO MADEIRENSE<br />
Nasce da associação entre Luís Márquez,<br />
José Marquez e José Carvalho. "Frio<br />
Ma<strong>de</strong>irense" <strong>de</strong>dica-se à venda <strong>de</strong> equipamentos<br />
<strong>de</strong> refrigeração comercial e<br />
equipamentos <strong>de</strong> supermercados, frigoríficos,<br />
e padarias. Também oferece um serviço<br />
integral <strong>de</strong> equipamento e <strong>de</strong> assessoria<br />
aos seus clientes.<br />
Cobrem as zonas representadas pelos<br />
Estados Aragua, Carabobo e Portuguesa,<br />
para além <strong>de</strong> Guárico e Coje<strong>de</strong>s. A maior<br />
parte das suas operações comerciais são<br />
feitas com a comunida<strong>de</strong> luso-<strong>venezuela</strong>na.<br />
A sua relação comercial com a Distribuidora<br />
Giorgio começa em 1993 e<br />
mantém-se até hoje.<br />
Como parte das activida<strong>de</strong>s empreendidas<br />
pela Distribuidora Giorgio, estão os<br />
cursos <strong>de</strong> treino técnico gratuitos, dados<br />
nalguns casos por representantes <strong>de</strong> Rancilio<br />
que vêm exclusivamente para este<br />
fim.<br />
Giorgio reconhece a importâ ncia da<br />
comunida<strong>de</strong> portuguesa na activida<strong>de</strong> comercial<br />
que <strong>de</strong>sempenha, essencialmente<br />
porque esta li<strong>de</strong>ra o comércio do nosso<br />
país, como comenta Alessandra Tauchini,<br />
gerente <strong>de</strong> Mercado. "Esta é uma relação<br />
que com os anos fomos cultivando<br />
com diversas empresas através da realização<br />
<strong>de</strong> diferentes activida<strong>de</strong>s e experiências.<br />
Isto permitiu-nos estreitar ainda<br />
mais os laços com esta comunida<strong>de</strong>,<br />
assim como conhecê-la mais", conclui.
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 PORTUGAL 19<br />
Indústrias perigosas na Ma<strong>de</strong>ira<br />
Indústria transformadora e agro-indústrias são os maiores inimigos do ambiente<br />
Sónia Gonçalves/Sí lvia Ornelas<br />
(DN-Ma<strong>de</strong>ira)<br />
No Dia Mundial do Ambiente (4<br />
<strong>de</strong> Junho), o director regional<br />
que tem esta pasta na Região<br />
Autó noma da Ma<strong>de</strong>ira mostrou-se<br />
preocupado com a insistência <strong>de</strong> alguns<br />
investidores, que não querem adaptarse<br />
à nova realida<strong>de</strong> e teimam em não mudar<br />
a mentalida<strong>de</strong> retró grada que vê o ambiente<br />
como "um capricho e um aborrecimento".<br />
Domingos Abreu lamenta que haja uma<br />
geração <strong>de</strong> investidores que, em termos <strong>de</strong><br />
conhecimento dos problemas e da importâ<br />
ncia da salvaguarda do ambiente, <strong>de</strong>monstre<br />
falta <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>, essencialmente<br />
por ausência <strong>de</strong> formação ambiental.<br />
O responsável aponta os sectores da indú stria<br />
transformadora e da agro-indú stria como os mais<br />
insensíveis nesta matéria e aponta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
haver uma mudança <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong>, "sobretudo<br />
porque vêem o ambiente como os empatadores",<br />
refere.<br />
O problema resi<strong>de</strong> no facto <strong>de</strong> estes investidores<br />
ainda não terem percebido que<br />
não basta ter em conta os aspectos sociais e<br />
econó micos para ser bem sucedido. A área<br />
ambiental revela-se, também, fundamental<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento, assegura Domingos<br />
Abreu.<br />
Mas se estes sectores ainda se mostram<br />
"estagnados", outros há que já se aperceberam<br />
da importâ ncia do ambiente. E o responsável<br />
da tutela do Ambiente na Ma<strong>de</strong>ira<br />
exemplifica com o caso do sector hoteleiro.<br />
Conforme nos explica, este era também<br />
um sector on<strong>de</strong> não havia respeito pelo ambiente.<br />
Contudo, actualmente, as coisas inverteram-se<br />
<strong>de</strong> tal forma que os pró prios<br />
hoteleiros zelam pelas questões ambientais e<br />
procuram reconhecimento junto <strong>de</strong> empresas<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do ambiente.<br />
No passado, as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento<br />
quase sem limites favoreceram o<br />
crescimento no sector da hotelaria, e houve<br />
uma fase em que havia também um <strong>de</strong>srespeito<br />
quase total pelas questões ambientais,<br />
estando os factores econó micos e sociais<br />
acima dos ambientais.<br />
Esta fase crítica foi, no entanto, ultrapassada<br />
e, hoje, urge que os sectores da indú<br />
stria transformadora e da agro-indú s-<br />
tria sigam o exemplo da hotelaria.<br />
Até porque, <strong>de</strong>termina o responsável,<br />
"ou interiorizam as questões ambientais e<br />
passam a ser competitivas ou este tipo <strong>de</strong><br />
investimentos <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser viável <strong>de</strong> todo,<br />
pois os clientes não os querem e o mercado<br />
vai penalizá-las. E <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser sustentáveis",<br />
avisa.<br />
Hormona <strong>de</strong> crescimento para 15 a 20 crianças<br />
Tratamentos custam ao erário público cerca <strong>de</strong> 20 mil euros anuais, por cada criança<br />
Ana Luí sa Correia<br />
(DN-Ma<strong>de</strong>ira)<br />
No Hospital Central do<br />
Funchal (Ma<strong>de</strong>ira), entre<br />
15 e 20 crianças estão actualmente<br />
a fazer tratamento com<br />
hormonas <strong>de</strong> crescimento.<br />
Silvestre Abreu, director do<br />
Serviço <strong>de</strong> Endocrinologia, afirmou,<br />
ao DIÁRIO, que este é um<br />
nú mero que tem vindo a manter-se<br />
ao longo dos anos e que está<br />
<strong>de</strong>ntro da média mundial. Esta<br />
aponta para que a prevalência <strong>de</strong><br />
casos <strong>de</strong> défice <strong>de</strong> hormona <strong>de</strong><br />
crescimento, ao nível da população<br />
infantil em geral, seja <strong>de</strong> 1 para<br />
4 mil crianças e 1 para cada 10<br />
mil crianças.<br />
O especialista sublinhou ainda<br />
que, "<strong>de</strong> um modo geral, algumas<br />
crianças têm realmente uma<br />
estatura inferior ao normal". Porém,<br />
acrescentou, "isso nem sempre<br />
significa um défice <strong>de</strong> hormona<br />
<strong>de</strong> crescimento", principalmente<br />
porque esses casos<br />
correspon<strong>de</strong>m apenas a 1 ou 2%<br />
dos casos dos atrasos <strong>de</strong> crescimento.<br />
O endocrinologista alertou para<br />
que, quando os pais ou educadores<br />
suspeitarem <strong>de</strong> um qualquer<br />
atraso do crescimento da criança<br />
(principalmente quando notarem<br />
estaturas mais baixas em comparação<br />
com outras crianças da mesma<br />
ida<strong>de</strong>), <strong>de</strong>vem se dirigir ao pediatra,<br />
por forma a diagnosticar o<br />
porquê <strong>de</strong>sse atraso.<br />
Quando é <strong>de</strong>tectado um défice<br />
das hormonas <strong>de</strong> crescimento,<br />
ou então défices genéticos ou situações<br />
<strong>de</strong> insuficiência renal (um<br />
caso existente na Região), as crianças<br />
são encaminhadas para o Hospital<br />
Central do Funchal, por forma<br />
a iniciarem o tratamento hormonal.<br />
Segundo Silvestre Abreu, esta<br />
"é uma situação extremamente<br />
complexa, <strong>de</strong> difícil diagnó stico,<br />
que exige, além dos critérios <strong>de</strong><br />
verificação do crescimento, a efectivação<br />
<strong>de</strong> testes farmacoló gicos".<br />
Há que ter, porém, em atenção<br />
que estes tratamentos com<br />
hormonas <strong>de</strong> crescimento são<br />
"muito caros". O director do serviço<br />
<strong>de</strong> Endocrinologia sublinhou<br />
que, para cada criança, o tratamento<br />
anual "custa ao erário pú -<br />
blico cerca <strong>de</strong> 20 mil euros". Este<br />
valor inclui as ampolas <strong>de</strong> hormonas<br />
(cerca <strong>de</strong> 50 euros cada),<br />
que são administradas diariamente,<br />
consultas e acompanhamento<br />
hospitalar.<br />
Além disso, estes tratamentos<br />
têm uma duração muito variável,<br />
po<strong>de</strong>ndo-se prolongar até por<br />
uma década. Silvestre Abreu afirma<br />
que, i<strong>de</strong>almente, a administração<br />
das hormonas <strong>de</strong> crescimento<br />
<strong>de</strong>ve começar bem cedo.<br />
"Às vezes começamos a tratar uma<br />
criança com 2, 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>",<br />
salienta. Acrescentando que, normalmente,<br />
o critério para paragem<br />
do tratamento é o da paragem<br />
do crescimento, algo que se<br />
dá um a dois anos apó s a puberda<strong>de</strong>.<br />
Sobre os resultados <strong>de</strong>sta terapêutica,<br />
o especialista refere que<br />
"quando há défice <strong>de</strong> hormona<br />
<strong>de</strong> crescimento, a criança po<strong>de</strong><br />
crescer entre 14 e 14 centímetros<br />
no primeiro ano e uma média<br />
anual <strong>de</strong> seis centímetros nos anos<br />
seguintes. Quando o crescimento<br />
é inferior a isso, significa que<br />
o tratamento não está a resultar".<br />
Portugal não aprovou<br />
aplicação nos adultos<br />
A utilização da hormona <strong>de</strong><br />
crescimento na ida<strong>de</strong> adulta ainda<br />
não está aprovada em Portugal,<br />
embora o mesmo não se possa dizer<br />
<strong>de</strong> outros países do Mundo.<br />
Silvestre Abreu referiu que, ao<br />
nível internacional, já surgiram alguns<br />
trabalhos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a<br />
continuida<strong>de</strong> do tratamento com<br />
hormona <strong>de</strong> crescimento na ida<strong>de</strong><br />
adulta, com a aplicação <strong>de</strong> duas ou<br />
três doses semanais. Porém, em<br />
Portugal, ainda não foi aprovado<br />
tal tratamento nos adultos.
20 PoRTuGAl CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
estagiários sem turmas <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser pagos<br />
Fernando Basto<br />
(JN Portugal)<br />
Os professores-estagiários dos<br />
cursos do ramo educacional<br />
das universida<strong>de</strong>s portuguesas<br />
vão <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter turmas<br />
atribuídas, per<strong>de</strong>ndo, assim, também,<br />
o direito a qualquer retribuição.<br />
A medida, <strong>de</strong>cidida no ú ltimo Conselho<br />
<strong>de</strong> Ministros (CM), foi contestada<br />
pela Fe<strong>de</strong>ração Nacional dos Professores<br />
(Fenprof), que a classifica como um retrocesso<br />
na alegada aposta na melhoria<br />
da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino.<br />
Aquela resolução enquadra-se no<br />
â mbito da terceira alteração ao Estatuto<br />
da Carreira Docente (ECD) dos<br />
Educadores <strong>de</strong> Infâ ncia e dos Professores<br />
dos Ensinos Básico e Secundário.<br />
O <strong>de</strong>creto-lei que estabelece as alterações<br />
foi aprovado na generalida<strong>de</strong> pelo<br />
Governo.<br />
Alunos dos ramos<br />
educacionais per<strong>de</strong>m<br />
prática lectiva. Professores<br />
inaptos para a docência por<br />
doença vão ser<br />
reconvertidos<br />
Regresso das regências<br />
Trata-se - <strong>de</strong> acordo com o comunicado<br />
do CM - <strong>de</strong> medidas "<strong>de</strong> carácter<br />
excepcional e temporário, <strong>de</strong>stinadas a<br />
enquadrar alguns aspectos estatutários<br />
ligados ao exercício da função docente".<br />
A passagem dos estágios pedagó -<br />
gicos do ramo educacional e das licenciaturas<br />
em ensino à modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
"prática pedagó gica supervisionada"<br />
foi criticada pela FENPROF.<br />
Anabela Delgado, dirigente daquela<br />
organização sindical, disse ao JN que<br />
o Governo transferiu para aqueles estágios<br />
o mesmo mo<strong>de</strong>lo já existente nas<br />
Escolas Superiores <strong>de</strong> Educação.<br />
"Esta medida vai, sem dú vida, diminuir<br />
a qualida<strong>de</strong> dos estágios. Passam<br />
a ser regências, em que os estagiários<br />
assistem às aulas do professor orientador<br />
e, <strong>de</strong> vez em quando, ministram<br />
as suas pró prias aulas", esclareceu. No<br />
seu enten<strong>de</strong>r, trata-se <strong>de</strong> "uma diferença<br />
abismal em relação aos estágios<br />
que existiam até aqui, com os estagiários<br />
colocados muito mais à margem da<br />
escola", salientou.<br />
Outra das medidas aprovadas pelo<br />
Governo diz respeito ao reenquadramento<br />
funcional do docente dispensado<br />
da componente lectiva por motivo<br />
<strong>de</strong> doença. A medida já estava prevista<br />
no ECD, embora ainda não estivesse<br />
regulada. De acordo com o legislado,<br />
apó s 18 meses (e não 24 como até agora)<br />
na situação <strong>de</strong> dispensa da componente<br />
lectiva, o docente <strong>de</strong>verá ser sujeito<br />
a uma junta médica. Caso fique<br />
provado que o professor está inapto para<br />
as funções docentes, será submetido<br />
a um processo <strong>de</strong> reclassificação ou reconversão<br />
profissional. Caso estes não<br />
possam ser concretizados por causas<br />
imputáveis ao docente, este passa à situação<br />
<strong>de</strong> licença sem vencimento <strong>de</strong><br />
longa duração.<br />
Outra das medidas aprovadas diz<br />
respeito à redução da componente lectiva<br />
pelo exercício <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
ao nível da escola. O legislado<br />
estabelece que os professores que<br />
já beneficiem <strong>de</strong> redução lectiva por<br />
força da antiguida<strong>de</strong> ou ida<strong>de</strong> fiquem<br />
condicionados a outra redução para<br />
efeitos <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação.<br />
As alterações foram contestadas pelo<br />
secretário-geral da Fe<strong>de</strong>ração Nacional<br />
<strong>de</strong> Educação, João Dias da Silva, que,<br />
em <strong>de</strong>clarações à Lusa, classificou as medidas<br />
como "mais um ataque à dignida<strong>de</strong><br />
dos docentes", admitindo manifestações<br />
e greves para <strong>de</strong>monstrar o<br />
<strong>de</strong>scontentamento que diz existir na<br />
classe.<br />
estado poupa 90 milhões<br />
com medicamentos mais baratos<br />
Lucí lia Tiago<br />
(JN Portugal)<br />
O preço dos medicamentos<br />
comparticipados vai baixar 6%<br />
para ajudar a combater o défice<br />
das contas pú blicas, mas ainda<br />
não se sabe quando. Esta e outras<br />
medidas na área da Saú <strong>de</strong><br />
serão alvo <strong>de</strong> iniciativas legislativas,<br />
algumas "<strong>de</strong> impacto imediato"<br />
- "dois, três, quatro meses"<br />
- , outras atiradas para 2006.<br />
As novida<strong>de</strong>s quanto a medicamentos<br />
são, sem dú vida, as <strong>de</strong><br />
maior relevâ ncia, por implicar<br />
directamente com o bolso dos<br />
utentes. E do Estado. Como fez<br />
questão <strong>de</strong> dizer o ministro das<br />
Finanças, Luís Campos e Cunha,<br />
"entre o primeiro trimestre<br />
<strong>de</strong> 2004 e o primeiro trimestre<br />
<strong>de</strong>ste ano as <strong>de</strong>spesas com medicamentos<br />
cresceram 20%".<br />
Reduções nos lucRos<br />
De acordo com o secretário<br />
<strong>de</strong> Estado da Saú <strong>de</strong>, Francisco<br />
Ramos, a redução <strong>de</strong> 6% nos preços<br />
<strong>de</strong> fármacos comparticipados<br />
vai permitir uma poupança<br />
<strong>de</strong> 90 milhões <strong>de</strong> euros anuais aos<br />
cofres do Estado (através da diminuição<br />
do valor comparticipado)<br />
e <strong>de</strong> 60 a 70 milhões para<br />
os doentes. Uma poupança que<br />
será suportada em partes iguais<br />
pela indú stria farmacêutica (3%)<br />
e nas margens dos distribuidores<br />
(os grossistas dispõem <strong>de</strong><br />
7,62% <strong>de</strong> margem e as farmácias<br />
19%). Recor<strong>de</strong>-se que o preço<br />
dos medicamentos comparticipados<br />
é fixado em função do<br />
preço <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> produção<br />
ou importação em três países<br />
europeus (França, Itália e Espanha),<br />
com margens <strong>de</strong> actualização<br />
fixadas anualmente por<br />
portaria.<br />
A falta <strong>de</strong> pormenores com<br />
que estas medidas foram "comunicadas"<br />
- e não "negociadas",<br />
como frisam todos os parceiros<br />
convocados ao Ministério da Saú<br />
<strong>de</strong> - gera uma reacção <strong>de</strong> expectativa<br />
entre a maioria dos intervenientes<br />
na Saú <strong>de</strong>. As tomadas<br />
<strong>de</strong> posição ficam marcadas<br />
para <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> "clarificado"<br />
aquilo que, para já, é visto como<br />
"uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> intenções".<br />
O bastonário dos farmacêuticos,<br />
Aranda da Silva, diz mesmo ter<br />
"percepção <strong>de</strong> que há pouca sustentabilida<strong>de</strong><br />
em termos <strong>de</strong> estudos<br />
nestas medidas".<br />
Outra reforma <strong>de</strong> "impacto<br />
imediato" é a eliminação da majoração<br />
<strong>de</strong> 10% na comparticipação<br />
<strong>de</strong> genéricos (medida que visava<br />
estimular o recurso a medicamentos<br />
sem marca, mais<br />
baratos), justificada pelo facto<br />
<strong>de</strong> o mercado já estar "suficientemente<br />
lançado". Francisco Ramos<br />
acrescentou ainda a este pacote<br />
mais premente a revisão da<br />
tabela <strong>de</strong> preços das convenções,<br />
reduzindo em áreas on<strong>de</strong> a<br />
evolução tecnoló gica tornou os<br />
custos mais baixos do que na altura<br />
da negociação dos protocolos.<br />
Mais poupança é esperada<br />
da já anunciada cativação <strong>de</strong> 5%<br />
das verbas orçamentadas para os<br />
hospitais.
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 PUBLICIDADE 21
22 OPINIÃO CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
Perfil <strong>de</strong> um presi<strong>de</strong>nte<br />
para um centro português<br />
Cândido Andra<strong>de</strong><br />
Olá Zé Paulo!<br />
António <strong>de</strong> Abreu Xavier<br />
Historiador<br />
Éinteressante ver como os Estados e as Nações<br />
po<strong>de</strong>m ser representadas pela caricatura. Se a<br />
pessoa que lê é um leitor atento dá-se conta<br />
logo <strong>de</strong> que há uma diferença: uma coisa é<br />
uma caricatura <strong>de</strong> Estado e outra <strong>de</strong> Nação. Entre as<br />
primeiras contam-se as imagens <strong>de</strong> John Bull e do<br />
tio Sam. O primeiro representa a diplomacia comercial<br />
britâ nica, o segundo os Estados Unidos.<br />
Nas segundas, temos as figuras do Zé-povinho e do<br />
Juan Bimba.<br />
O John era o estereó tipo clássico do povo inglês.<br />
Po<strong>de</strong>-se dizer que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o livro <strong>de</strong> John Arbuthnot<br />
em 1712, passou a ser a imagem da política<br />
imperialista britâ nica. Ele é um homem <strong>de</strong> negó<br />
cios, muito simples e franco. Quando <strong>de</strong> trata <strong>de</strong><br />
negó cios, respon<strong>de</strong> sempre com gran<strong>de</strong> sentido<br />
que "bussines is bussines". Sabe muito bem o que<br />
quer e faz o que tem <strong>de</strong> ser feito, sem importar<br />
mais nada. Ele é um gordo corpulento, usa chapéu<br />
tipo cartola, casaca azul ou preto sob um colete<br />
que mostra as cores e a forma <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira britâ -<br />
nica. Sempre vai <strong>de</strong> botas e bordão, acompanhado<br />
do seu bulldog.<br />
O tio Sam é a figura política dos Estados Unidos<br />
e é muito parecido com o John. Quem sabe se até<br />
por efeitos histó ricos é filho <strong>de</strong>ste, da altura em<br />
Aépoca actual, com os seus mo<strong>de</strong>rnismos,<br />
circunstâ ncias e dinâ mica, exige que<br />
o presi<strong>de</strong>nte e os restantes membros da<br />
direcção <strong>de</strong> um Centro Português reú -<br />
nam um mínimo <strong>de</strong> condições básicas, essenciais<br />
para que a instituição acompanhe o passo acelerado<br />
da vida quotidiana, sem se distanciar do que é<br />
i<strong>de</strong>alizado pelos seus fundadores.<br />
Essencialmente o presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>veria, entre outras<br />
coisas, reunir as seguintes características:<br />
- Amor e <strong>de</strong>dicação às pessoas e em especial ao<br />
português.<br />
- Orgulho pela sua terra natal<br />
- Tempo disponível para se <strong>de</strong>dicar à instituição<br />
- Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão<br />
- Capacida<strong>de</strong> associativa<br />
O presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma instituição portuguesa <strong>de</strong>ve<br />
começar a ter o cuidado <strong>de</strong> formar futuros directores,<br />
que serão os jovens luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />
Deve proporcionar-lhes oportunida<strong>de</strong>s para participar<br />
e cativá-los com as suas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer<br />
<strong>de</strong>ntro da instituição, sobretudo nas iniciativas<br />
que contribuam para o enriquecimento da língua e<br />
da cultura geral portuguesa (usos e costumes, folclore,<br />
gastronomia, etc.). Assim aproveita a sua preparação<br />
intelectual, sem dú vida superior à nossa,<br />
contando com o mais jovem para representar e<br />
gerir o centro português <strong>de</strong> amanhã.<br />
Deve também o presi<strong>de</strong>nte, com os seus actos e<br />
procedimentos, cultivar a união entre todos os seus<br />
associados, criando espaços para todos, sem se esquecer,<br />
inclusive, dos que por uma razão ou por<br />
outra não frequentam assiduamente a instituição. Estas<br />
situações <strong>de</strong>vem merecer uma especial análise<br />
por parte da direcção.<br />
Deve velar para que todos os associados se sintam<br />
bem <strong>de</strong>ntro da instituição e plenamente integrados,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do seu lugar <strong>de</strong> nascimento<br />
ou da sua condição social ou intelectual.<br />
Deve manter vivas e divulgar ao máximo as<br />
tradições, os usos e os costumes portugueses.<br />
Deve tentar fazer com que os associados participem<br />
na vida activa da associação, motivando-os a<br />
participar nas gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>cisões, assembleias, etc.<br />
Deve estabelecer um sistema <strong>de</strong> informação<br />
mensal com tudo o que tenha a ver com activida<strong>de</strong>s<br />
e gerência.<br />
Deve evitar a formação <strong>de</strong> associações <strong>de</strong>ntro<br />
da associação.<br />
Finalmente, <strong>de</strong>ve ter a humilda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecer<br />
o trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelas direcções anteriores,<br />
que também ofereceram o melhor que pu<strong>de</strong>ram<br />
e souberam.<br />
que os ingleses tinham coló nias lá no Norte. Só<br />
que este velhote intrigante é magro, mas veste como<br />
o John: com as cores e as fitas da sua ban<strong>de</strong>ira.<br />
Visita todos os anos o povo entre o primeiro <strong>de</strong><br />
Fevereiro e o 15 <strong>de</strong> Abril para cobrar os impostos.<br />
Muitos dizem que o credor é Samuel Wilson, um<br />
homem <strong>de</strong> negó cios <strong>de</strong> Nova Iorque encarregado<br />
<strong>de</strong> abastecer o exército dos Estados Unidos com<br />
carne salgada nos tempos da guerra <strong>de</strong> 1812.<br />
Zé Povinho é uma criação <strong>de</strong> Rafael Bordalo<br />
Pinheiro, que começou a fazer caricatura e brinca<strong>de</strong>ira<br />
teve êxito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1870. As características do<br />
Zé são a inocência, a mansidão e a credulida<strong>de</strong> numa<br />
vida pacata. Vemo-lo com a barba por fazer,<br />
<strong>de</strong> calças remendadas, sapatos rotos e trocados. A<br />
Maria da Paciência, uma velha alfacinha alcoviteira,<br />
é sua amiga inseparável. O Juan Bimba é o<br />
compadre <strong>venezuela</strong>no do Zé. No ano 1860, Juan<br />
Vicente González <strong>de</strong>screve-o como um humil<strong>de</strong><br />
homem do povo. Na revista Fantoches, o poeta<br />
Andrés Eloy Blanco imortaliza a imagem do magro<br />
tontalhão vestido com calças encolhidas, chapéu<br />
<strong>de</strong> palha e chinelos. Muito…<br />
Ao contrário do John Bull e do Tío Sam, o Zé e<br />
o Juan ficaram ultrapassados pelo tempo. Gostemos<br />
ou não, o Zé e o Juan são figuras on<strong>de</strong> todos<br />
ainda nos reconhecemos mais como referências<br />
histó ricas. As socieda<strong>de</strong>s portuguesas e as <strong>venezuela</strong>nas<br />
têm evoluído muito. O contacto permanente<br />
entre culturas diferentes tem-lhes modificado<br />
muito a idiossincrasia e fixado um matiz cosmopolita<br />
no carácter. Só quem não nos conhece não<br />
sabe que mesmo na vida profissional e no contacto<br />
entre pessoas iguais é que se nota a diferença.<br />
Dia <strong>de</strong> Portugal, <strong>de</strong> Camões<br />
e das novas gerações<br />
Sem duvida o 10 <strong>de</strong><br />
junho é dia <strong>de</strong> festa<br />
nacional para os portugueses,<br />
é a ocasião<br />
i<strong>de</strong>al para fazer inú meras comemorações,<br />
ativida<strong>de</strong>s solenes<br />
e protocolares <strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong><br />
Portugal. Em cada recanto do<br />
mundo as comunida<strong>de</strong>s lusas e<br />
em especial às <strong>de</strong> mais <strong>de</strong>staque<br />
na vida econô mica e social<br />
participam nas homenagens feitas<br />
a suas pró prias origens para<br />
lembrar o orgulho <strong>de</strong> pertencer<br />
à terra <strong>de</strong> Camões, o mais importante<br />
ídolo da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional.<br />
No entanto, por vezes, tais<br />
celebrações ficam no ar e têm<br />
uma vida muito corta na memó<br />
ria dos espectadores, dolorosamente<br />
voltam-se experiências<br />
<strong>de</strong> fotografia que não têm<br />
uma transcendência só lida nas<br />
novas gerações e que se repetem<br />
<strong>de</strong> ano em ano. A pesar do<br />
valor patrió tico e até poético<br />
que tem a data não só como<br />
"Dia <strong>de</strong> Portugal" senão como<br />
dia "<strong>de</strong> Camões e das comunida<strong>de</strong>s<br />
portuguesas", as promessas<br />
<strong>de</strong> unificação e <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong><br />
entre Portugal e suas comunida<strong>de</strong>s<br />
ficam no olvido. Os<br />
discursos presi<strong>de</strong>nciais per<strong>de</strong>mse<br />
nas expressões <strong>de</strong> <strong>de</strong>silusão <strong>de</strong><br />
quem já ouviu aqueles projetos<br />
inalcançáveis e alimentam as<br />
esperanças dos incautos. No<br />
entanto, não tudo está perdido,<br />
além das celebrações oficiais <strong>de</strong><br />
costume, o 10 <strong>de</strong> junho po<strong>de</strong>ria<br />
ser também uma oportunida<strong>de</strong><br />
para enriquecer o amor e o orgulho<br />
<strong>de</strong> se sentir português, a<br />
través <strong>de</strong> ações mais ilustrativas,<br />
mais concretas e mais possíveis.<br />
Sem animo <strong>de</strong> restar importâ<br />
ncia ao protocolo e à diplomacia,<br />
nestas celebrações o futuro<br />
<strong>de</strong> Portugal e das comunida<strong>de</strong>s,<br />
é dizer, os jovens, ficam<br />
excluídos do que acontece.<br />
Além da exclusão feita <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
Portugal com insuficientes programas<br />
para o ensino da língua<br />
e com o ineficiente orçamento<br />
para as comunida<strong>de</strong>s no estrangeiro,<br />
nos países <strong>de</strong> acolhimento<br />
também existem algumas<br />
formas <strong>de</strong> exclusão. Muitos<br />
agra<strong>de</strong>ceriam conhecer mais <strong>de</strong><br />
perto o verda<strong>de</strong>iro valor do nacionalismo,<br />
saber, por exemplo,<br />
o facto <strong>de</strong> que o dia nacional <strong>de</strong><br />
seus pais também é o seu e que<br />
Arelys Goncalves<br />
arelys<strong>correio</strong>@hotmail.com<br />
tem uma conotação ú nica e especial<br />
que o distingue <strong>de</strong> outras<br />
festas nacionais marcadas por<br />
batalhas e acontecimentos similares.<br />
Deixando as precisões para<br />
os historiadores, uma das referencias<br />
mais importantes <strong>de</strong>sta<br />
data é a comemoração da morte<br />
do dramaturgo mais transcen<strong>de</strong>ntal<br />
da historia portuguesa,<br />
Luis Vaz <strong>de</strong> Camões, poeta boêmio<br />
e aventureiro, que projetou<br />
a língua portuguesa além<br />
do mar. Outro valor que agra<strong>de</strong>ceriam<br />
conhecer os luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
é que o dia <strong>de</strong> Portugal<br />
é atribuído também à importante<br />
comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
emigrantes portugueses repartidos<br />
pelo mundo. É o dia <strong>de</strong><br />
todas as gerações, é assim uma<br />
homenagem aos que ficaram<br />
para construir o país e aos que<br />
partiram pelo mundo e com sua<br />
contribuição têm acrescentado o<br />
tamanho <strong>de</strong> Portugal não em kiló<br />
metros, mas sem em historia,<br />
em cultura e por que não, em<br />
força econô mica. Para os que<br />
nasceram fora das fronteiras <strong>de</strong><br />
Portugal é satisfató rio <strong>de</strong>scobrir<br />
que longe do nacionalismo<br />
exacerbado, existe pelo menos a<br />
idéia <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong> com o reconhecimento<br />
aos criadores da<br />
mo<strong>de</strong>rna expansão portuguesa<br />
e às suas gerações. É uma ocasião<br />
também para conhecer a responsabilida<strong>de</strong><br />
que o conceito<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> outorga aos luso<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />
Tudo isso <strong>de</strong>fine o 10 <strong>de</strong> junho<br />
e a essência da dignida<strong>de</strong> e<br />
da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os portugueses,<br />
sem distinção. Como<br />
bem diz o hino "A portuguesa",<br />
os portugueses são "heró is do<br />
mar, nobre Povo, Nação valente,<br />
imortal...". Na geografia,<br />
Portugal aparece como um país<br />
pequeno mas na realida<strong>de</strong> sua<br />
gran<strong>de</strong>za está no capital humano<br />
espalhado pelos cinco continentes.<br />
Por isso, não po<strong>de</strong> viver<br />
às costas da comunida<strong>de</strong><br />
que constitui a povoação lusitana;<br />
a exclusão não tem razão <strong>de</strong><br />
ser. É inevitável, os anos passam<br />
e o relevo é iminente, <strong>de</strong>ntro<br />
e fora do país os jovens<br />
constituem o produto do passado<br />
que encoraja o futuro e se<br />
não estão preparadas as novas<br />
gerações para enfrentar os <strong>de</strong>safios<br />
para quem será imperativo<br />
o clamor do hino: "...levantai
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 OPINIÃO 23<br />
caRTas dOs leITORes<br />
Praia <strong>de</strong> areia na Ma<strong>de</strong>ira <br />
Sou filha <strong>de</strong> Portugueses naturais da<br />
ilha da Ma<strong>de</strong>ira e escrevo esta carta porque<br />
sou leitora do jornal EL NACIONAL<br />
e, para meu espanto, agora acompanho às<br />
sextas feiras as publicações do vosso suplemento.<br />
Foi um espanto e confesso que não sabia<br />
da existência da ilha do Porto Santo<br />
e muito menos <strong>de</strong> uma praia <strong>de</strong> areia daquelas<br />
dimensões. Por acaso falei em casa<br />
com os meus pais <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter feito uma<br />
enorme publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Portugal entre os<br />
meus colegas <strong>de</strong> trabalho, no Banco Mercantil,<br />
em Caracas. Falando novamente<br />
em casa, a minha confusão foi gran<strong>de</strong> porque<br />
os meus pais também não sabiam da<br />
existência <strong>de</strong> uma praia <strong>de</strong> areia no Porto<br />
Santo. Reflecti um pouco <strong>de</strong>pois da tremenda<br />
baralhada que fiz ao consultar em<br />
casa sobre este pormenor geográfico.<br />
Os meus pais chegaram aqui (ambos)<br />
nos anos 60 e até hoje nunca regressaram<br />
à sua terra, nem sequer <strong>de</strong> passeio. Da<br />
mesma forma, o contacto com os portugueses<br />
tem sido pouco e a família realmente<br />
também é pouca na Venezuela.<br />
Para mim, o mais importante <strong>de</strong> tudo<br />
isto é tentar transmitir a importâ ncia<br />
Fartei-me <strong>de</strong> rir com a carta que li sobre<br />
os brinquedos da infâ ncia do passado.<br />
Sou também natural da Ma<strong>de</strong>ira e, ao<br />
contrário da infâ ncia do Sr. Valter, que<br />
apesar <strong>de</strong> pobre pareceu-me que foi feliz, da<br />
minha parte a minha infâ ncia também<br />
foi muito pobre mas nada feliz <strong>de</strong>vido às<br />
dificulda<strong>de</strong>s financeiras que passámos em<br />
casa. A alimentação era o que dava a<br />
fazenda, os brinquedos eram a foice, a<br />
podoa e a enxada. O dia mais feliz era<br />
quando o nosso pai não tomava uma<br />
bebe<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> fazer estragos em<br />
casa.<br />
Foi triste e seria motivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate, hoje<br />
em dia, tentar saber ao certo até que ponto<br />
viveram as crianças do nosso tempo a sua<br />
infâ ncia na Ma<strong>de</strong>ira, sobretudo nas zonas<br />
do campo.<br />
<strong>de</strong> mostrar um pouco <strong>de</strong> Portugal aos filhos<br />
<strong>de</strong> emigrantes e a todos os <strong>venezuela</strong>nos<br />
porque somos muitos que não sabemos<br />
nada <strong>de</strong> Portugal .<br />
Espero que continuem a mostrar Portugal<br />
e também espero um dia ler alguma<br />
coisa sobre a freguesia da minha mãe: o<br />
Campanário, na ilha da Ma<strong>de</strong>ira.<br />
Yolimar M. Pereira<br />
Podoa, foice e enxada como brinquedos<br />
À minha memó ria vêm-me aqueles dias<br />
<strong>de</strong> chuva em que íamos para a escola com<br />
uma "mulheilha" <strong>de</strong> saca às costas, tipo<br />
"capuchinho vermelho". E esta também<br />
ajudava no frio.<br />
Foram dias realmente tristes e, portanto,<br />
a infâ ncia no meu caso e dos meus irmãos<br />
não foi realmente nada feliz. No entanto,<br />
aqui estamos com saú <strong>de</strong>, o que já é muito<br />
bom.<br />
Sobre os jogos tradicionais, só me vem<br />
à memó ria a foice e a podoa, que era o que<br />
usávamos para trabalhar na fazenda.<br />
A nossa alegria nesse sentido era quando<br />
o meu avô e o meu pai nos compravam<br />
uma podoa nova para po<strong>de</strong>r seguir<br />
trabalhando na fazenda.<br />
Sidónio Gonçalves<br />
Emigrante há 51 anos na Venezuela.<br />
Gosto pela cultura nasce em cada um<br />
Sou luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte e costumo ler<br />
o vosso semanário. Tenho notado que,<br />
<strong>de</strong> uma forma reiterada, referem-se à<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se apoiar o ensino da<br />
língua portuguesa. Para mim, como<br />
luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, é estritamente<br />
necessário apren<strong>de</strong>r muito bem a língua<br />
portuguesa. Para além <strong>de</strong> na minha<br />
casa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequenos, nos terem<br />
ensinado a falar português, na Casa<br />
Portuguesa do estado Aragua, clube ao<br />
qual hoje estou associada, temos o<br />
privilégio <strong>de</strong> nos oferecerem a<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r esta línguas<br />
em três níveis, com um professor que<br />
está disposto a ensinar-nos tanto a<br />
língua como os cotumes, a mú sica, a<br />
histó ria e cultura geral: o professor<br />
Manuel <strong>de</strong> Oliveira, mais conhecido<br />
como o poeta Jorge <strong>de</strong> Amorim.<br />
Escola <strong>de</strong> formação para dirigentes<br />
Senhores, o problema da pouca<br />
afluência <strong>de</strong> gente aos cursos é<br />
abismador. Não basta dizer que<br />
precisamos <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, o problema<br />
está nas pessoas, pela minha<br />
experiência pró pria. Neste curso,<br />
quando comecei, as ca<strong>de</strong>iras da sala não<br />
chegavam tantas pessoas queriam<br />
apren<strong>de</strong>r português. No entanto, agora,<br />
quando já estamos a acabar o terceiro<br />
nível, só restam cinco pessoas.<br />
O interesse em apren<strong>de</strong>r português<br />
<strong>de</strong>be residir em cada um, fazer<br />
simplesmente publicida<strong>de</strong> dos cursos<br />
não chega. O gosto pela cultura e pelas<br />
tradições portuguesas nasce com cada<br />
um!!!!<br />
Jeniffer Ferreira Pontes<br />
Acompanho as publicações do vosso<br />
jornal e acho-o <strong>de</strong> uma extrema importâ<br />
ncia para a comunida<strong>de</strong> portuguesa,<br />
não só na Venezuela como no Mundo.<br />
De facto, as comunida<strong>de</strong>s lusas <strong>de</strong>veriam<br />
ser motivo <strong>de</strong> análise dos políticos <strong>de</strong><br />
Portugal.<br />
Coitados, pouco sabem que existem<br />
mais <strong>de</strong> seis milhões <strong>de</strong> portugueses a viverem<br />
fora <strong>de</strong> Portugal. Alguns até nem<br />
sabem o que é a Venezuela, on<strong>de</strong> fica e<br />
muito menos se vivem cá portugueses.<br />
Enfim...<br />
Antes <strong>de</strong> haja alguma confusão, quero<br />
dizer que sou portuguesa <strong>de</strong> nascimento<br />
e vivo em Portugal, embora viaje contentemente<br />
à Venezuela e tenha familiares<br />
e gran<strong>de</strong>s amigos neste belo País.<br />
Também conheço alguns clubes portugueses<br />
na Venezuela.<br />
Escrevo esta carta para comentar o<br />
vosso editorial da ultima edição, que se<br />
refere à forma <strong>de</strong> dirigir os clubes sociais<br />
portugueses.<br />
Da minha parte, honestamente confesso<br />
que admiro tudo o que fizeram e o<br />
que fazem para manter essa chama viva<br />
<strong>de</strong> Portugal em todos os lugares da Venezuela.<br />
No entanto, penso que muitas<br />
vezes as diligências têm que ser <strong>de</strong>vidamente<br />
tomadas para se assumir uma função<br />
<strong>de</strong> membro directivo importante <strong>de</strong><br />
um clube.<br />
De facto, <strong>de</strong>veria existir uma escola<br />
<strong>de</strong> formação para presi<strong>de</strong>ntes. E talvez a<br />
Embaixada <strong>de</strong> Portugal po<strong>de</strong>ria ajudar<br />
nesse sentido. Da mesma forma, penso<br />
que é muito importante preparar estes<br />
membros directivos para quando <strong>de</strong>ixem<br />
<strong>de</strong> exercer funções <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança na comunida<strong>de</strong>,<br />
pois o maior problema é que<br />
se acostumam ao protagonismo que têm<br />
e <strong>de</strong>pois não conseguem viver sem ele.<br />
Quanto às muitas criticas e pedidos<br />
que geralmente se fazem em relação às<br />
autorida<strong>de</strong>s portuguesas, não criem falsas<br />
ilusões.<br />
Os políticos portugueses nem sabem<br />
que vocês existem, da mesma forma que<br />
os diplomatas <strong>de</strong>signados por Portugal<br />
no Mundo só estão on<strong>de</strong> estão as comunida<strong>de</strong>s<br />
porque são praticamente obrigados<br />
e são bem pagos, para estarem nos<br />
países a representar o Estado português.<br />
Leitor <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificado<br />
INQUéRITO<br />
Acha que os portugueses que resi<strong>de</strong>m em Rio Chico têm contribuí do para o crescimento comercial da zona Organizam iniciativas culturais própias do seu Paí s<br />
Urimar Palasos Raiza Pérez Geyser Betancourt Omaira Contreras<br />
"Aqui, a maioria dos negócios são <strong>de</strong><br />
portugueses e eles têm nos ajudado,<br />
arranjando emprego para o nosso povo. As<br />
expressões culturais dos lusitanos não são<br />
muitas. Só comemoram a Festa <strong>de</strong> Fátima.<br />
Entre os dois povos, há muito<br />
companheirismo e nunca os vi serem<br />
inconvenientes entre eles".<br />
"Os portugueses que vivem em Rio Chico têm<br />
ajudado muito os <strong>venezuela</strong>nos porque<br />
graças aos seus negócios existe intercâmbio<br />
comercial e há uma fonte <strong>de</strong> trabalho para a<br />
população local. São fiéis crentes da sua<br />
virgem e todos os anos fazem festas<br />
padroeiras das suas terras. Existe integração<br />
porque muitos <strong>de</strong>les se casaram com<br />
pessoas nativas <strong>de</strong> Rio Chico e esta é a<br />
melhor forma <strong>de</strong> mostrar que estão<br />
integrados".<br />
"Há uma elevada percentagem <strong>de</strong><br />
comerciantes que são <strong>de</strong> origem europeia e<br />
que têm criado fontes <strong>de</strong> trabalho para os<br />
habitantes daqui. Os portugueses <strong>de</strong> Rio<br />
Chico são fiéis às suas tradições, mas ao<br />
nível <strong>de</strong> comemorações folclóricas não são<br />
muito fraquinhos. Só veneram a virgem <strong>de</strong><br />
Fátima. De resto, não fazem mais nada.<br />
Entre portugueses e <strong>venezuela</strong>nos, há uma<br />
fiel relação <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e familiarida<strong>de</strong> pois<br />
ficaram amigos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro momento<br />
em que chegaram emigrantes à zona".<br />
"Os portugueses que estão aqui são os que<br />
têm aberto as portas laborais aos habitantes<br />
<strong>de</strong> Rio Chico que vivem na zona.<br />
Contribuem com a comercialização e são<br />
fontes <strong>de</strong> trabalho para o povo. Não têm<br />
muitas festas, só fazem uma anualmente,<br />
que é a <strong>de</strong> Fátima. De resto, não<br />
comemoram mais nada. O português e o<br />
<strong>venezuela</strong>no são amigos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre.<br />
Aqui todos são conhecidos e amigos da<br />
casa".
24 ECONOMIA CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
II Feira <strong>de</strong> Comércio<br />
luso-<strong>venezuela</strong>no<br />
acaba em gran<strong>de</strong><br />
O evento reuniu o melhor do que produzem<br />
as empresas lusas na Venezuela<br />
Liliana da Silva<br />
Oestacionamento do Centro<br />
Português <strong>de</strong> Caracas<br />
converteu-se numa verda<strong>de</strong>ira<br />
vitrine comercial<br />
para axibir, nos dias 4, 5 e 6 <strong>de</strong> Junho,<br />
os produtos e os serviç os das<br />
empresas portuguesas que fazem<br />
parte da economia veenzuelana. A<br />
iniciativa promovida e organizada<br />
pela Câ mara <strong>de</strong> Comércio Luso<strong>venezuela</strong>na<br />
conseguiu reunir quase<br />
setenta comercios, que promoveram,<br />
nesta feira, o melhor dos seus<br />
artigos entre o pú blico assistente.<br />
O evento, a segunda iniciativa<br />
<strong>de</strong>ste tipo promovida pela Câ mara<br />
<strong>de</strong> Comércio, contou com a presença<br />
<strong>de</strong> importante empresários portugueses<br />
e <strong>de</strong> potenciais clientes<br />
que encontraram nesta feira uma<br />
boa oferta paraos seus negó cios.<br />
De bancos a hotéis, produtos alimentares<br />
e transformados, <strong>de</strong> mó -<br />
veis a sapatos, foi uma pequena<br />
mostra <strong>de</strong> que as centenas <strong>de</strong> pessoas<br />
que <strong>de</strong>slocaram a Macaracuay<br />
gostaram, o que é exemplo da diversida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s econó micas<br />
em que os portugueses participam<br />
Foi visível a satisfação dos organizadores<br />
e promotores, que prometem<br />
mais iniciativas do género,<br />
sobretudo porque constitui uma boa<br />
alternativa <strong>de</strong> promoção para os comércios<br />
que estão há pouco tempo<br />
no mercado.<br />
Centro Portugues <strong>de</strong> Caracas<br />
PROGRAMA DO MES DE JUnHO-JUlHiO 2005<br />
Sábado 25<br />
Festa <strong>de</strong> Fim <strong>de</strong> Curso,<br />
alunos <strong>de</strong> Português.<br />
Lugar: Salão Nobre<br />
Hora: 20:00<br />
Domingo 26<br />
Crismas<br />
Lugar: Salão Nobre<br />
Hora: 13.00<br />
Sexta-Feira 01<br />
Día da Ma<strong>de</strong>ira<br />
Lugar: Salão Nobre<br />
Hora: 20:00<br />
Missa:<br />
Comemoracão do Día da Ma<strong>de</strong>ira<br />
Lugar:<br />
Capela do Centro Portugues<br />
Hora: 18:00<br />
Domingo 03<br />
Arraial Día da Ma<strong>de</strong>ira<br />
Lugar: Fuente <strong>de</strong> Soda<br />
Hora: 12:00<br />
Orquesta Sinfonica da Venezuela<br />
Lugar: Salão Nobre<br />
Hora: 18:00
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 ECONOMIA 25<br />
BREVEs<br />
Acordo cancelado<br />
com a Portugália<br />
A TAP enviou ontem uma carta à PGA -<br />
Portugália Airlines, informando-a da sua<br />
<strong>de</strong>cisão unilateral <strong>de</strong> terminar com todos os<br />
voos em código compartilhado (vulgarmente<br />
<strong>de</strong>signados por "co<strong>de</strong>-share") entre as<br />
duas companhias. Apenas se manterão os<br />
voos <strong>de</strong> ligação para o Porto e Faro. De<br />
fora estão já os voos da linha da Ma<strong>de</strong>ira,<br />
para on<strong>de</strong> a PGA já tinha negociado a troca<br />
do "co<strong>de</strong>-share" para a Air Luxor. A PGA<br />
nunca teve voos regulares para a Ma<strong>de</strong>ira.<br />
Quando a companhia foi criada, há 14 anos,<br />
chegou a ter, durante vários meses, voos<br />
charters entre Lisboa e a Ma<strong>de</strong>ira, sem que<br />
esses voos passassem a regulares.<br />
"Cintra" conquista<br />
mercado do Brasil<br />
A cervejeira portuguesa Cintra lançou uma<br />
cerveja escura no mercado brasileiro, com o<br />
objectivo <strong>de</strong> conquistar 10 por cento do<br />
mercado daquele tipo <strong>de</strong> bebida na região<br />
su<strong>de</strong>ste do Brasil.<br />
O lançamento da Cintra Escura faz parte da<br />
estratégia da cervejeira portuguesa <strong>de</strong> alargar<br />
a lista <strong>de</strong> produtos oferecidos ao mercado<br />
brasileiro, que já inclui cervejas e refrigerantes.<br />
No ano passado, a Cintra iniciou a<br />
sua actuação no mercado <strong>de</strong> águas minerais<br />
no Brasil, com a marca "Claris", com<br />
garrafas <strong>de</strong> 510 ml e 1,5 litros.
26 PUBLICIDADE CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
BREVES<br />
Novas refeições<br />
na Classe<br />
Executiva<br />
Os passageiros da Classe<br />
Top Executive da TAP têm<br />
agora ao seu dispor, entre<br />
outras iguarias preparadas<br />
pelo Chefe Vítor Sobral,<br />
"perdiz <strong>de</strong> escabeche com<br />
alecrim", "bacalhau com<br />
ver<strong>de</strong>s em crosta <strong>de</strong> pão<br />
alentejano" e "lombinho <strong>de</strong><br />
porco caramelizado com<br />
mel", que reflectem os<br />
sabores da cozinha<br />
tradicional portuguesa,<br />
conferindo-lhes assim uma<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> única e distintiva<br />
das <strong>de</strong>mais.<br />
No domínio das sobremesas,<br />
as novida<strong>de</strong>s são: "sericá <strong>de</strong><br />
maçã e canela", "mousse <strong>de</strong><br />
chocolate com figos<br />
macerados em Vinho do<br />
Porto" ou"creme queimado<br />
com açúcar <strong>de</strong> cana".<br />
A "Melhor<br />
Companhia Aérea"<br />
Os leitores do "Publituris",<br />
um dos principais jornais do<br />
tra<strong>de</strong> em Portugal, votaram a<br />
TAP como a "melhor<br />
companhia aérea", no âmbito<br />
dos prémios atribuídos<br />
anualmente pela publicação,<br />
os quais foram ontem<br />
divulgados e distribuídos em<br />
sessão realizada no Hotel<br />
Pestana Palace, em Lisboa,<br />
que contou com a presença<br />
<strong>de</strong> algumas centenas <strong>de</strong><br />
profissionais ligados ao<br />
turismo.<br />
Promoções na<br />
Suí ca<br />
e em Espanha<br />
No quadro da sua estratégia<br />
<strong>de</strong> promoção do <strong>de</strong>stino<br />
Portugal, a TAP continua a<br />
<strong>de</strong>senvolver iniciativas com o<br />
objectivo <strong>de</strong> fomentar o<br />
TAP sobe na Ma<strong>de</strong>ira<br />
A<br />
Intertours Travel Consulting,<br />
seguida da Bravatour e da<br />
TOP Atlâ ntico, foram as<br />
agências <strong>de</strong> viagens da Ma<strong>de</strong>ira vencedoras<br />
dos TOP TAP. Na Carga, o primeiro<br />
lugar foi para a Abreu, seguida da<br />
Interma<strong>de</strong>ira. Os prémios foram entregues<br />
em cerimó nia efectuada, ontem à<br />
noite, no Funchal, com a presença dos<br />
Directores <strong>de</strong> Vendas para Portugal, Carlos<br />
Paneiro, e <strong>de</strong> Carga, Américo Costa,<br />
além <strong>de</strong> Dina Cravo, representante da<br />
TAP na Região Autó noma da Ma<strong>de</strong>ira.<br />
As vendas da TAP na Ma<strong>de</strong>ira atingiram<br />
36 mi lhões <strong>de</strong> Euros em 2004, que<br />
traduzem uma variação positiva <strong>de</strong> 15%<br />
face ao ano anterior e apresentam um<br />
crescimento médio superior ao verificado<br />
a nível nacional. Em termos <strong>de</strong> quota <strong>de</strong><br />
mercado, a TAP atingiu os 81%, com um<br />
aumento <strong>de</strong> 10 pontos percentuais, que<br />
correspon<strong>de</strong>m ao melhor resultado alcançado<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser a ú nica<br />
companhia a operar neste mercado.<br />
Como salientou Carlos Paneiro, "este<br />
ano, completamos 45 anos <strong>de</strong> serviços<br />
para a Ma<strong>de</strong>ira. Sentimos, com orgulho,<br />
que somos a companhia aérea que melhor<br />
serve a Ma<strong>de</strong>ira e os ma<strong>de</strong>irenses.<br />
Somos amigos e parceiros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há muito<br />
tempo. Temos a noção <strong>de</strong> que a Ma<strong>de</strong>ira<br />
e os ma<strong>de</strong>irenses continuam a exigir<br />
cada vez mais <strong>de</strong> nó s, mas também a<br />
convicção <strong>de</strong> que acreditam e reconhecem<br />
cada vez mais a sua TAP".<br />
A Companhia aproveitou também a<br />
ocasião para anunciar os esforços que tem<br />
efectuado no sentido <strong>de</strong> melhorar os níveis<br />
<strong>de</strong> pontualida<strong>de</strong> da sua operação na<br />
Ma<strong>de</strong>ira, com tradução, nos primeiros cinco<br />
primeiros meses do ano, numa melhoria<br />
<strong>de</strong> sete pontos percentuais, registando<br />
uma pontualida<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m dos<br />
75 por cento. Se forem ainda consi<strong>de</strong>rados<br />
os voos com atraso até meia hora, a pontualida<strong>de</strong><br />
global ascen<strong>de</strong> a 88 por cento, o<br />
que constitui, nos voos <strong>de</strong> e para a Ma<strong>de</strong>ira,<br />
um bom nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho.
Noite mágica em Santa Cruz<br />
consagra <strong>de</strong>sporto ma<strong>de</strong>irense<br />
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 DESPORTO 27<br />
Filipe Sousa<br />
(DN-Ma<strong>de</strong>ira)<br />
Os melhores <strong>de</strong>sportistas<br />
<strong>de</strong> 2005 foram<br />
ontem justamente<br />
homenageados numa<br />
grandiosa festa cheia <strong>de</strong> cor e<br />
brilho<br />
A festa dos "Prémios Desporto-2005",<br />
iniciativa do DIÁ-<br />
RIO e da RTP-Ma<strong>de</strong>ira, foi um<br />
êxito assinalável. Os melhores<br />
<strong>de</strong>sportistas ma<strong>de</strong>irenses, aqueles<br />
que tão brilhantemente têm sabido<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, acima <strong>de</strong> tudo, a<br />
ban<strong>de</strong>ira da Ma<strong>de</strong>ira, foram ontem<br />
homenageados numa festa à<br />
beira-mar, em pleno cais <strong>de</strong> Santa<br />
Cruz, recheada <strong>de</strong> brilho e<br />
magia.<br />
Os galardoados foram subindo<br />
ao palco para a justa consagração,<br />
com natural regozijo e<br />
satisfação, entre os muitos aplausos<br />
dos presentes, principalmente<br />
<strong>de</strong> familiares e amigos que não<br />
quiseram <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> estar presentes<br />
na consagração <strong>de</strong> 46 <strong>de</strong>sportistas<br />
ma<strong>de</strong>irenses. Havia motivos<br />
para estarem orgulhosos,<br />
pois o árduo trabalho <strong>de</strong>senvolvido<br />
ao longo <strong>de</strong> anos tinha sido<br />
(novamente) reconhecido.<br />
Pela primeira vez na histó -<br />
ria do <strong>de</strong>sporto ma<strong>de</strong>irense foi<br />
reunido nú mero tão significativo<br />
<strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s, contudo, isso<br />
não mereceu a presença <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s<br />
do sector. O secretário<br />
regional da Educação, Francisco<br />
Fernan<strong>de</strong>s, e o presi<strong>de</strong>nte do<br />
IDRAM, Catanho José, apesar<br />
<strong>de</strong> convidados, optaram por informar<br />
atempadamente que não<br />
estariam presentes. O que se lamenta!<br />
Refira-se que a festa prolongou-se<br />
noite <strong>de</strong>ntro, com animação<br />
musical, preparada pela<br />
Gap, empresa promotora <strong>de</strong> espectáculos,<br />
com a actuação <strong>de</strong><br />
vários dj's para gáudio dos mais<br />
novos.
28 DESPORTO CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
38 anos <strong>de</strong>pois o recor<strong>de</strong><br />
continua a ser "português"<br />
Este ano, o recor<strong>de</strong> imbatí vel do futebol profissional<br />
<strong>venezuela</strong>no "tremeu" mas não "caiu".<br />
António Carlos da Silva<br />
axedrezado@hotmail.com<br />
Oano <strong>de</strong> 2005 ficará<br />
na histó ria como o<br />
ano da primeira "estrela"<br />
(ícone com<br />
que se <strong>de</strong>signa na Venezuela a<br />
conquista <strong>de</strong> um campeonato)<br />
da formação "marabina" do<br />
Unió n Atlético Maracaibo. Este<br />
nobre clube tem o apoio <strong>de</strong><br />
importantes forças políticas e<br />
econó micas da região zuliana<br />
e, num curto espaço <strong>de</strong> tempo,<br />
tem conseguido um estatuto <strong>de</strong><br />
força temível no futebol local,<br />
conquistando agora o campeonato<br />
nacional <strong>de</strong> forma autoritária,<br />
pois ganhou tanto o torneio<br />
da "Abertura" como o da<br />
"Clausura" (ambas fases em que<br />
se divi<strong>de</strong> o campeonato <strong>venezuela</strong>no).<br />
As primeiras prestações da<br />
equipa no campeonato já finalizado<br />
foram tão ferozes que o<br />
conjunto "azulgrana" caiu rapidamente<br />
na zona da <strong>de</strong>spromoção<br />
e tanto o corpo técnico, como<br />
o treinador principal e os<br />
adjuntos, assim como vários elementos<br />
da gerência, foram empurrados<br />
para a rua, caindo o<br />
clube numa crise <strong>de</strong>sportiva assustadora.<br />
Para tentar arrumar a casa,<br />
foi contratado um jovem treinador<br />
<strong>venezuela</strong>no: Carlos Maldonado.<br />
Com ele no comando,<br />
a equipa não só <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> estar<br />
na cauda da tabela como<br />
conquistou o "Torneio Abertura".<br />
E o clube manteve-se invicto<br />
por 27 jogos consecutivos,<br />
até cair <strong>de</strong>rrotado no estádio<br />
"Comanche Bottini" da cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Maturín aos pés da equipa<br />
local, o Monagas S.C.<br />
Embora impressionante, ao<br />
cair <strong>de</strong>rrotado em Maturín, o<br />
actual campeão <strong>venezuela</strong>no <strong>de</strong><br />
futebol foi incapaz <strong>de</strong> fazer cair<br />
o recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> imbatível do futebol<br />
profissional <strong>venezuela</strong>no,<br />
que continua nas mãos do <strong>de</strong>saparecido<br />
e saudoso Deportivo<br />
Portugués, que em 1967 conseguiu<br />
estar 28 jogos sem per<strong>de</strong>r e<br />
que, pelos vistos, continuará vigente<br />
por muito tempo mais.<br />
Um clube com muita histó -<br />
ria<br />
O Deportivo Portugués foi<br />
o primeiro clube que representou<br />
a coló nia lusitana no futebol<br />
profissional <strong>venezuela</strong>no e<br />
conseguiu muitos feitos histó -<br />
ricos no seu transitar pelos campos<br />
da bola no nosso país.<br />
Gran<strong>de</strong>s jogadores <strong>venezuela</strong>nos<br />
e estrangeiros vestiram a<br />
sua camisola, <strong>de</strong> entre os quais<br />
po<strong>de</strong>mos lembrar o "Rafa" Santana,<br />
um dos maiores treinadores<br />
da histó ria do futebol<br />
crioulo, e o guarda-re<strong>de</strong>s brasileiro<br />
Pompeia, chamado no Brasil<br />
"Constellation", pela forma<br />
como "voava" para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a<br />
baliza.<br />
Foi o primeiro clube a conseguir<br />
o troféu do famoso "Torneio<br />
Ibérico", competição histó<br />
rica do futebol amador<br />
crioulo, ao ganhar o tri-campeonato<br />
nos anos 55, 56 e 57, feito<br />
inédito até então.<br />
Este começo avassalador<br />
impulsionou-o a passar ao futebol<br />
profissional, <strong>de</strong>butando<br />
na primeira divisão (então chamada<br />
"Liga Mayor"), num domingo<br />
17 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1958<br />
frente ao também <strong>de</strong>saparecido<br />
Danubio. Consagrou-se<br />
campeão <strong>venezuela</strong>no pela primeira<br />
vez justamente no ano da<br />
sua estreia no máximo escalão<br />
- uma autêntica façanha - num<br />
torneio que lhe permitiu levar o<br />
nome <strong>de</strong> "Copa Junta <strong>de</strong> Gobierno",<br />
símbolo da situação política<br />
que vivia o país naquela<br />
altura.<br />
O "Portugués", como era<br />
conhecida a equipa, voltou a<br />
conquistar a taça <strong>de</strong> Campeão<br />
da Venezuela em 1960 e em<br />
1963, mas é da época <strong>de</strong> 1967<br />
que os a<strong>de</strong>ptos do clube não se<br />
esquecem, pois ergueu com orgulho<br />
e altivez as cores ver<strong>de</strong> e<br />
vermelha da ban<strong>de</strong>ira lusitana.<br />
Dirigidos por um "mágico"<br />
do futebol local, José "Pepito"<br />
Hernán<strong>de</strong>z e numa equipa on<strong>de</strong><br />
pontificavam vários jogadores<br />
brasileiros <strong>de</strong> muita craveira,<br />
Formação campeã da Venezuela invicta <strong>de</strong> 1967.<br />
conseguiram permanecer invictos<br />
durante 28 jogos consecutivos,<br />
<strong>de</strong>ixando esta marca recor<strong>de</strong><br />
que nenhuma outra equipa<br />
<strong>venezuela</strong>na conseguiu<br />
sequer igualar até hoje.<br />
Essa equipa que conquistou<br />
o campeonato com sete pontos<br />
<strong>de</strong> avanço sobre o seu velho rival<br />
do Deportivo Galicia era integrada<br />
por gran<strong>de</strong>s futebolistas<br />
como Valencia, Pedrito, Fagun<strong>de</strong>s,<br />
Ratto, Eddy e o goleador<br />
João Ramos, que apontou 28<br />
tiros certeiros nas balizas adversárias<br />
e conquistou também<br />
o título <strong>de</strong> melhor marcador do<br />
ano.<br />
O domínio do Deportivo<br />
Portugués na competição <strong>de</strong><br />
1967 foi, como se vê, absoluto,<br />
embora este seria o ú ltimo<br />
campeonato ganho pela formação<br />
lusa até ao seu triste <strong>de</strong>saparecimento,<br />
em 1984, afogado<br />
por dívidas e longe dos primeiros<br />
postos da classificação.<br />
Todo o patrimó nio <strong>de</strong> tantas<br />
façanhas <strong>de</strong>sportivas, todos<br />
os troféus, taças e lembranças<br />
do clube <strong>de</strong>sapareceram totalmente.<br />
Não existe um testemunho<br />
físico que faça lembrar<br />
as novas gerações <strong>de</strong> luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
e os amantes do futebol<br />
em geral. Apesar <strong>de</strong> todas<br />
as conquistas do clube lusitano,<br />
a memó ria do DEPORTIVO<br />
PORTUGUÉS parece estar con<strong>de</strong>nada<br />
ao <strong>de</strong>saparecimento<br />
pouco a pouco. Uma verda<strong>de</strong>ira<br />
tristeza...
Terceiro projecto do Benfica<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos só cios<br />
Presi<strong>de</strong>nte Luí s Filipe Vieira insiste na fasquia dos 300 mil sócios<br />
OBenfica planeia um terceiro<br />
gran<strong>de</strong> projecto, que po<strong>de</strong>rá<br />
seguir-se ao novo Estádio<br />
da Luz e ao Centro <strong>de</strong><br />
Estádio no Seixal, mas o presi<strong>de</strong>nte "encarnado",<br />
Luís Filipe Vieira, prefere esperar<br />
pela actual campanha <strong>de</strong> angariação<br />
<strong>de</strong> só cios.<br />
O presi<strong>de</strong>nte do Benfica já fez <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />
a sua continuida<strong>de</strong> no cargo do<br />
sucesso da actual campanha, que po<strong>de</strong>rá<br />
ter sofrido um impulso <strong>de</strong>cisivo com<br />
a conquista do título nacional <strong>de</strong> futebol,<br />
apó s 11 anos <strong>de</strong> "jejum", mas colocou<br />
a fasquia alta: chegar aos 300.000<br />
só cios até Outubro.<br />
O nú mero não assusta Luís Filipe<br />
Vieira, que acredita inclusivamente que<br />
o Benfica po<strong>de</strong>rá contar com meio milhão<br />
<strong>de</strong> associados se forem para a frente<br />
os projectos que a Direcção da Luz<br />
está a <strong>de</strong>linear.<br />
"Façam lá os 300.000 só cios que eu<br />
<strong>de</strong>pois dou-lhes uma gran<strong>de</strong> surpresa",<br />
voltou a prometer Luís Filipe Vieira,<br />
que garante que os novos associados<br />
ainda vão "lucrar" com o investimento.<br />
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 DESPORTO 29<br />
No â mbito da visita guiada ao<br />
Centro <strong>de</strong> Estágio no Seixal, que estará<br />
concluído em <strong>de</strong>finitivo no final do ano,<br />
o presi<strong>de</strong>nte do Benfica não quis revelar<br />
pormenores sobre esse terceiro gran<strong>de</strong><br />
projecto, que só avançará se a primeira<br />
fase da campanha chegar aos<br />
nú meros <strong>de</strong>sejados.<br />
"Do que prometemos, já tudo foi<br />
cumprido. Os a<strong>de</strong>ptos têm agora uma<br />
oportunida<strong>de</strong> histó rica para dizer presente.<br />
Há quatro anos era impensável<br />
isto suce<strong>de</strong>r. Se atingirmos os 300.000<br />
só cios, po<strong>de</strong>mos passar a meio milhão<br />
com outros projectos que temos em<br />
mente", explicou Luís Filipe Vieira.<br />
O presi<strong>de</strong>nte do Benfica tem, porém,<br />
consciência <strong>de</strong> que o objectivo da<br />
campanha "é difícil" e voltou a <strong>de</strong>ixar<br />
uma mensagem aos a<strong>de</strong>ptos do clube<br />
da Luz: "Se não querem, logicamente<br />
temos <strong>de</strong> parar".<br />
Para além do título nacional <strong>de</strong> futebol,<br />
Luís Filipe Vieira tem para mostrar<br />
o novo Estádio da Luz, orçado em<br />
165 milhões <strong>de</strong> euros, e o prometido<br />
Centro <strong>de</strong> Estágio, que está a meio caminho<br />
da conclusão e custará mais <strong>de</strong> 15<br />
milhões.<br />
Apesar <strong>de</strong> as obras no Seixal só estarem<br />
<strong>de</strong>finitivamente concluídas no<br />
final do ano, a equipa principal <strong>de</strong> futebol<br />
já po<strong>de</strong>rá utilizar parte das novas<br />
instalações em finais <strong>de</strong> Agosto, altura<br />
em que estará pronto o campo nú mero<br />
1, o ú nico dotado com bancadas<br />
(1.600 lugares cobertos) e com quatro<br />
balneários.<br />
BREVE<br />
Copa dos 47 anos<br />
do CP Caracas<br />
No âmbito das comemorações do<br />
aniversário do Centro Português <strong>de</strong> Caracas,<br />
foi inaugurada, a 5 <strong>de</strong> Junho, a Copa<br />
Desportiva do 47º Aniversário. Num percurso<br />
pelas instalações <strong>de</strong>ste clube português,<br />
este evento juntou os atletas das diferentes<br />
modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
futebol <strong>de</strong> salão, o voleibol, o kickinball, o<br />
karaté, o ténis, o basquetebol e, ainda, as<br />
bolas crioulas.<br />
Os <strong>de</strong>sportistas mais <strong>de</strong>stacados <strong>de</strong> cada<br />
uma das modalida<strong>de</strong>s participantes nesta<br />
copa tiveram a honra <strong>de</strong> levar a tocha, ao<br />
estilo das olimpíadas, para<br />
O Presi<strong>de</strong>nte do Centro Português <strong>de</strong><br />
Caracas, André Pita, dirigiu umas palavras<br />
aos presentes, <strong>de</strong>stacando a importância do<br />
<strong>de</strong>sporto nas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste centro e,<br />
sobretudo, as alegrias e os trunfos que os<br />
atletas têm obtido em campeonatos<br />
externos. "O <strong>de</strong>sporto é uma parte<br />
fundamental <strong>de</strong> nosso Centro", enfatizou<br />
André Pita.<br />
Durante todo este mês <strong>de</strong> Junho<br />
realizam-se torneios internos em todas as<br />
modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas que se praticam<br />
no CPC, fazendo parte, assim, da agenda<br />
<strong>de</strong> eventos que se realizaram neste novo<br />
aniversário <strong>de</strong>ste clube português.<br />
Liliana da Silva
30 <strong>de</strong>sPorto CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
Voleibolista <strong>venezuela</strong>no<br />
com sucesso em Portugal<br />
O melhor avançado do Campeonato Português <strong>de</strong> Voleibol é um <strong>venezuela</strong>no. Andrés Manzanillo conseguiu<br />
<strong>de</strong>stacar-se não só na sua equipa "Antiguos Alumnos dos Açores" como também na Liga 2004-2005<br />
Liliana da Silva<br />
Quando cheguei a Portugal,<br />
apercebi-me <strong>de</strong> que a ú nica<br />
palavra que sabia dizer<br />
era "obrigado". Esta frase<br />
faz-nos perceber como foi a adaptação<br />
<strong>de</strong> Andrés Manzanillo, voleibolista profissional<br />
que faz parte da Selecção Venezuelana<br />
<strong>de</strong> Voleibol, que foi para Portugal.<br />
Embora esta terra não lhe fosse<br />
estranha, este <strong>venezuela</strong>no teve <strong>de</strong><br />
apren<strong>de</strong>r a partilhar uma cultura diferente<br />
que hoje, confessa, admira e respeita.<br />
Com uma carreira amplamente <strong>de</strong>senvolvida<br />
em campeonatos como o colombiano,<br />
o argentino e o dominicano,<br />
Manzanillo <strong>de</strong>cidiu tentar a sua sorte<br />
num mercado diferente e importante, o<br />
europeu. Esta seria uma nova etapa da<br />
sua carreira como <strong>de</strong>sportista. O ponto<br />
<strong>de</strong> partida para esta nova aventura foi<br />
Portugal. Uma vitrina <strong>de</strong> exibição simples,<br />
mas que permitiu conseguir projectar<br />
o talento <strong>de</strong> Andrés Manzanillo<br />
noutras nações europeias que começam<br />
a interessar-se no potencial <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>sportista.<br />
"Portugal permitiu-me entrar<br />
no mercado europeu. Já recebi inú meras<br />
propostas para jogar em países como<br />
a Ucrâ nia. E há outras equipas lusas<br />
interessadas em mim.<br />
Com apenas um ano <strong>de</strong> participação<br />
na Liga Portuguesa, Manzanillo conseguiu<br />
ser o melhor avançado da sua<br />
equipa e <strong>de</strong> todo o campeonato português,<br />
que conta com a participação <strong>de</strong><br />
quase cem brasileiros, conhecidos pela<br />
sua ampla <strong>de</strong>streza neste <strong>de</strong>sporto. "A<br />
concorrência em Portugal é gran<strong>de</strong>. Há<br />
muita qualida<strong>de</strong> técnica, sobretudo porque<br />
jogam muitos estrangeiros, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
brasileiros, canadianos, estadouni<strong>de</strong>nses<br />
e, claro, portugueses.<br />
A língua portuguesa não era <strong>de</strong>sconhecida<br />
para este <strong>de</strong>sportista, pois já tinha<br />
jogado no Brasil e em Portugal muitas<br />
vezes. Contudo, o dialecto pró prio<br />
dos açorianos foi uma prova dura <strong>de</strong><br />
superar. "No início, não percebia nada,<br />
mas teve que apren<strong>de</strong>r. O treinador era<br />
português e a maioria dos meus colegas<br />
também. Este é um processo normal<br />
para nó s, <strong>de</strong>sportistas, pois temos<br />
que nos adaptar ao país para on<strong>de</strong> vamos".<br />
Contudo, a língua não foi o ú nico<br />
que teve <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r. Depois <strong>de</strong> muitos<br />
anos a jogar como central, Manzanillo<br />
jogou <strong>de</strong>ntro da sua equipa como avançado.<br />
Uma nova posição, à qual lhe custou<br />
muito adaptar-se, permitiu-lhe <strong>de</strong>scobrir<br />
uma nova faceta do seu jogo. Hoje,<br />
já na Venezuela e a se preparar para<br />
a Liga Mundial <strong>de</strong> Voleibol, on<strong>de</strong> vai<br />
enfrentar Portugal, tem mantido esta<br />
posição. "O facto <strong>de</strong> agora ser avançado<br />
permitiu-me <strong>de</strong>stacar no campeonato<br />
português. Descobri uma nova capacida<strong>de</strong><br />
que tenciono continuar a experimentar",<br />
diz.<br />
Um encontro<br />
<strong>de</strong> comPatriotas<br />
Juntamente com a sua equipa, Andrés<br />
Manzanillo teve a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> viajar por muitas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Portugal,<br />
on<strong>de</strong> encontrou muitos <strong>venezuela</strong>nos<br />
que, como ele, tentavam encontrar nestas<br />
terras lusas melhores perspectivas<br />
<strong>de</strong> futuro. "Em Espinho, reencontrei<br />
uma família que já tinha conhecido em<br />
1994, durante uns treinos da Selecção<br />
Nacional da Venezuela em Portugal.<br />
Eles têm lá um programa <strong>de</strong> rádio que<br />
se chama "Domingo Venezuelano". Foram<br />
ver-me jogar em Espinho. Foi uma<br />
sensação ú nica ver ban<strong>de</strong>iras da Venezuela<br />
nas bancadas", conta-nos.<br />
Este <strong>de</strong>sportista ainda não sabe se vai<br />
regressar a Portugal ou se vai aceitar<br />
alguma das propostas noutros países <strong>de</strong><br />
Europa. Contudo, vau ter que enfrentar<br />
aos lusos quatro vezes, mas <strong>de</strong>sta vez<br />
com a camisola da Venezuela, nos encontros<br />
previstos para a Liga Mundial<br />
<strong>de</strong> Voleibol 2005. "Portugal é uma selecção<br />
que tem avançado muito, mas<br />
nos ú ltimos anos não tem conseguido<br />
vencer. Obviamente, não subestimamos<br />
nenhuma equipa e, com o novo treinador<br />
cubano que tem Portugal, estamos<br />
certos <strong>de</strong> que não será muito fácil vencê-los.<br />
Contudo, a qualida<strong>de</strong> vê-se no<br />
campo", concluiu Andrés Manzanillo.
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 DESPORTO 31<br />
Portugal e Cristiano Ronaldo<br />
quase na Alemanha 2006<br />
A selecção portuguesa <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong>u sábado passado o "passo" <strong>de</strong>terminante<br />
rumo ao Mundial da Alemanha2006, ao vencer na Luz a Eslováquia<br />
por 2-0, resultado que vale, para já, a li<strong>de</strong>rança isolada do grupo 3 Europeu.<br />
BREVES<br />
Torneio Super-<br />
-Veteranos (CPC)<br />
Resultados da 4ª jornada:<br />
(06 <strong>de</strong> Junho)<br />
Gama Club 1-1 Marítimo<br />
A. D. Camacha 8-2 Beira Mar<br />
Nacional - 3.º Tiempo (suspenso)<br />
Classificação<br />
Cl. Equipa J V E D GF GC P<br />
1.º GAMA CLUB 4 3 1 - 17 2 10<br />
2.º A.D.CAMACHA 4 3 - 1 18 13 9<br />
3.º MARITIMO 4 2 1 1 9 7 7<br />
4.º 3.º TIEMPO 3 1 - 2 10 15 3<br />
5.º NACIONAL 3 1 - 2 5 8 3<br />
6.º BEIRA MAR 4 - - 4 3 17 0<br />
Num ambiente <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> festa,<br />
a lembrar o Euro2004, Portugal,<br />
muito <strong>de</strong>sfalcado na <strong>de</strong>fesa, começou<br />
periclitante e intranquilo,<br />
mas <strong>de</strong>cidiu, praticamente, o jogo ainda<br />
na primeira parte, com golos <strong>de</strong> bola parada<br />
<strong>de</strong> Fernando Meira (21 minutos) e Cristiano<br />
Ronaldo (42).<br />
A exibição colectiva esteve longe <strong>de</strong> ser<br />
"brilhante", mas é cada vez mais inquestionável<br />
que vale a pena pagar bilhete para<br />
ver jogar o "miú do" do Manchester United,<br />
que somou o sexto tento e a sexta assistência<br />
para golo na qualificação e que<br />
voltou a <strong>de</strong>slumbrar.<br />
Num embate ainda marcado pelo regresso<br />
<strong>de</strong> Figo (li<strong>de</strong>ra isolado o "ranking"<br />
dos internacionais lusos, com 111 jogos, contra<br />
110 <strong>de</strong> Fernando Couto), Portugal ficou<br />
com o Mundial à distâ ncia <strong>de</strong> vitó rias<br />
na Estó nia e na recepção a Letó nia, Luxemburgo<br />
e Liechtenstein, às quais até se<br />
po<strong>de</strong> juntar uma <strong>de</strong>rrota por cinco golos<br />
na Rú ssia.<br />
Além <strong>de</strong> "sua alteza" Ronaldo, <strong>de</strong>staque<br />
na formação lusa para os laterais Alex, em<br />
estreia absoluta, e Caneira, adaptado à esquerda,<br />
e também para o estratega Deco,<br />
sem esquecer a forma superior como o colectivo<br />
soube gerir o resultado na segunda<br />
meta<strong>de</strong>.<br />
A selecção portuguesa entrou com cinco<br />
novida<strong>de</strong>s em relação ao "onze" habitual<br />
na fase <strong>de</strong> qualificação: o estreante Alex,<br />
Fernando Meira, Caneira, Petit e o regressado<br />
Figo, face às ausências <strong>de</strong> Paulo Ferreira,<br />
Ricardo Carvalho, Nuno Valente,<br />
Costinha e Simão.<br />
Desta forma, Portugal começou com<br />
Alex, Fernando Meira, Jorge Andra<strong>de</strong> e<br />
Caneira, à frente <strong>de</strong> Ricardo, um meio-campo<br />
com Petit e Maniche, mais recuados, e<br />
Deco e dois extremos (Figo e Cristiano Ronaldo)<br />
no apoio ao ponta-<strong>de</strong>-lança Pauleta.<br />
Por seu lado, a Eslováquia entrou em<br />
"4-3-3", com Contofalsky na baliza, uma<br />
<strong>de</strong>fesa com Zabavnik, Petras, Varga e Had,<br />
três jogadores sobre o meio-campo (Karhan,<br />
Hanek e Hlinka) e um ataque com Nemeth<br />
e Mintal nas "costas" <strong>de</strong> Jakubko.<br />
Portugal entrou muito lento, sem i<strong>de</strong>ias<br />
e a falhar sucessivos passes, o que fez com<br />
que fosse, inesperadamente, a Eslováquia<br />
a assumir o comando e a jogar mais no<br />
meio-campo contrário, embora sem criar<br />
perigo no primeiro quartos-<strong>de</strong>-hora.<br />
A <strong>de</strong>fesa lusa <strong>de</strong>monstrava, porém,<br />
gran<strong>de</strong> intranquilida<strong>de</strong> e, aos 17 minutos,<br />
o "onze" <strong>de</strong> Dusan Galis esteve muito perto<br />
<strong>de</strong> marcar: Meira aliviou mal, Jakubko<br />
rematou forte <strong>de</strong> fora da área, Ricardo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u<br />
para a frente e Mintal, com a baliza<br />
aberta, atirou ao lado.<br />
Este lance ainda "assustou" mais a selecção<br />
nacional, só que, aos 21 minutos,<br />
contra a "corrente", Fernando Meira inaugurou<br />
o marcador, ao encostar <strong>de</strong> pé direito<br />
ao segundo poste, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um canto<br />
<strong>de</strong> Deco, na esquerda, e um <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> cabeça<br />
<strong>de</strong> Ronaldo.<br />
Os eslovacos pareceram não acusar o golo<br />
e continuaram por "cima", só que, a partir<br />
dos 30 minutos, Portugal melhorou, passou<br />
a controlar e a rematar muito, por Figo<br />
(31 e 34 minutos), Maniche (32), Jorge Andra<strong>de</strong><br />
(34), Petit (34) e Cristiano Ronaldo<br />
(38).<br />
Parecia, agora, iminente o segundo golo<br />
<strong>de</strong> Portugal, que surgiu em mais um lance<br />
<strong>de</strong> bola parada: aos 42 minutos, e apó s uma<br />
falta sobre Deco, Ronaldo marcou superiormente<br />
um livre directo, sobre a esquerda,<br />
colocando a bola junto ao poste direito.<br />
Depois <strong>de</strong> terem terminado em "gran<strong>de</strong>"<br />
a primeira parte, os comandados <strong>de</strong><br />
Luiz Felipe Scolari reentraram muito bem,<br />
com Cristiano Ronaldo a fantasiar, entusiasmar<br />
e oferecer golos, que Pauleta não<br />
teve arte para concretizar, aos 52 e 58 minutos.<br />
O técnico eslovaco esgotou cedo as<br />
substituições (64 minutos), enquanto Scolari,<br />
com a equipa portuguesa em controlo<br />
absoluto do encontro, apenas mexeu aos<br />
77 minutos, altura em que Ronaldo saiu,<br />
para os aplausos (<strong>de</strong> pé), dando lugar a Ricardo<br />
Quaresma.<br />
Na parte final, para a qual "Felipão" ainda<br />
chamou Hél<strong>de</strong>r Postiga (79 minutos) e<br />
Tiago (88), a Eslováquia ainda tentou reagir,<br />
mas, apesar das "baldas" lusas, nunca mostrou<br />
arte para o conseguir, acabando <strong>de</strong>rrotada<br />
e alcançada na tabela pela Rú ssia<br />
(2-0 à Letó nia).<br />
O ú ltimo apito da brilhante carreira internacional<br />
do italiano Pierluigi Collina<br />
suou pouco <strong>de</strong>pois, Portugal ganhou e está<br />
perto, muito perto, <strong>de</strong> chegar ao Alemanha2006.<br />
Esta quarta-feira, a selecção nacional<br />
jogou em Tallin, na Estó nia, um jogo<br />
que, <strong>de</strong>vido aos compromissos <strong>de</strong> fecho<br />
<strong>de</strong>sta edição do CORREIO, só po<strong>de</strong>remos<br />
dar conta na pró xima edição.<br />
5ª e última jornada<br />
(13 <strong>de</strong> Junho):<br />
08.15 p.m – NACIONAL - MARITIMO<br />
09.15 p.m – 3.º TIEMPO - BEIRA MAR<br />
10.15 p.m – A.D.CAMACHA -- GAMA CLUB<br />
Sub-20 avançam<br />
em Toulon<br />
A selecção portuguesa <strong>de</strong> futebol<br />
<strong>de</strong> sub-20 confirmou segunda-feira<br />
o primeiro lugar no<br />
grupo B do Torneio <strong>de</strong> Toulon<br />
(França), <strong>de</strong>rrotando a Tunísia por<br />
2-0, em encontro da terceira e última<br />
jornada do Grupo B.<br />
Alemanha 2006<br />
com problemas<br />
Alguns atritos com a FIFA<br />
quanto a po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão emperram<br />
a máquina organizativa<br />
da Alemanha, que tem os aspectos<br />
infraestruturais controlados<br />
para daqui a um ano ser palco do<br />
Campeonato do Mundo <strong>de</strong> futebol.<br />
Dez dos 12 estádios construídos<br />
(ou remo<strong>de</strong>lados) para o<br />
evento já estão prontos - num investimento<br />
global <strong>de</strong> 1.500 milhões<br />
<strong>de</strong> euros - , pelo que a única<br />
"guerra" vigente se pren<strong>de</strong> quanto<br />
à <strong>de</strong>cisão em diversos aspectos<br />
fundamentais da organização.<br />
Flávio Cruz histórico<br />
O ma<strong>de</strong>irense Flávio Cruz fez<br />
parte do grupo que entrou para<br />
a história do voleibol português,<br />
após a vitória <strong>de</strong> domingo (3-0),<br />
sobre o Brasil, o campeão olímpico<br />
e mundial.<br />
No dia seguinte a este êxito,<br />
o voleibolista ainda quase não caíra<br />
em si. "Ainda estou a viver a<br />
vitória" confessou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Porto.<br />
"Jogámos sempre cabeça<br />
fria" explica. "Sabíamos que se<br />
ganhássemos um ou dois "sets"<br />
podíamos per<strong>de</strong>r o jogo na mesma,<br />
mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazermos o<br />
2-0 ficámos mais tranquilos porque<br />
tínhamos três oportunida<strong>de</strong>s<br />
para ganhar. No terceiro "set",<br />
apesar <strong>de</strong> ser o mais complicado<br />
porque eles jogaram com a<br />
equipa titular e a arriscar tudo,<br />
nós estávamos já sem tanta pressão.<br />
E isso foi uma ajuda".
Quem quer<br />
um banco<br />
vai ao totta<br />
CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
Julgamento <strong>de</strong> portugueses<br />
adiado até Agosto<br />
Liliana da Silva<br />
Foram apanhados em Outubro<br />
<strong>de</strong> 2004 e o seu <strong>de</strong>stino ainda é<br />
incerto. O processo só po<strong>de</strong>ria<br />
recomeçar em dois meses<br />
caso dos quatro portugueses<br />
<strong>de</strong>tidos por tráfi-<br />
O<br />
co <strong>de</strong> drogas no passado<br />
24 <strong>de</strong> Outubro parece não<br />
ter fim. O julgamento previsto para a<br />
passada quinta-feira 2 <strong>de</strong> Junho foi novamente<br />
adiado. Desta vez por não estarem<br />
presentes todos os acusados. Faltaram<br />
à sessão os dois polícias <strong>venezuela</strong>nos<br />
que continuam <strong>de</strong>tidos<br />
porque não chegou à ca<strong>de</strong>ia o boletim<br />
<strong>de</strong> transferência.<br />
A juíza Maria Roa, que conduz o caso,<br />
assinalou que o julgamento não se<br />
vai realizar tão cedo. Provavelmente<br />
será só <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> dois meses, quando<br />
já estejam resolvidos outros casos que<br />
ainda estão pen<strong>de</strong>ntes e que ocupam<br />
completamente a sua agenda. Por isso,<br />
o julgamento <strong>de</strong>verá prosseguir só<br />
em Agosto.<br />
O julgamento <strong>de</strong>stes portugueses já<br />
foi adiado várias vezes, o que causou<br />
o <strong>de</strong>sespero daqueles que continuam<br />
<strong>de</strong>tidos há mais <strong>de</strong> sete meses. Em <strong>de</strong>clarações<br />
à agência lusa, Antó nio Martinho,<br />
o advogado <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa das três<br />
mulheres portuguesas que no momento<br />
da <strong>de</strong>tenção eram passageiras do voo<br />
da Air Luxor, acusou o governo português<br />
<strong>de</strong> se ter esquecido e abandonado<br />
as suas compatriotas. "A falta <strong>de</strong><br />
representação consular portuguesa no<br />
Tribunal <strong>de</strong> Macuto (Estado Vargas)<br />
prova o abandono por parte das autorida<strong>de</strong>s<br />
portuguesas relativamente a<br />
quatro cidadãos portugueses", disse.<br />
O porta-voz do Ministério dos Negó<br />
cios Estrangeiros, Carneiro Jacinto,<br />
<strong>de</strong>clarou à Agencia Lusa <strong>de</strong> Notícias<br />
que estava completamente em <strong>de</strong>sacordo<br />
com a opinião emitida pelo advogado<br />
Antó nio Marinho. "Refutamos<br />
completamente as acusações porque<br />
tem sido dado a todos aos portugueses<br />
<strong>de</strong>tidos na Venezuela a mesma<br />
protecção consular que aos outros. É<br />
precisamente esta a obrigação do Estado<br />
português", disse.<br />
Antó nio Marinho aproveitou para<br />
solicitar ao Estado português a ajuda<br />
necessária para estas mulheres que sofrem<br />
doenças <strong>de</strong> alto risco e que não<br />
têm dinheiro para medicação e tratamentos<br />
necessários.<br />
Este processo judicial data dos finais<br />
do mês <strong>de</strong> Outubro, quando seis<br />
portugueses e seis <strong>venezuela</strong>nos foram<br />
<strong>de</strong>tidos por tráfico <strong>de</strong> 400 quilos <strong>de</strong> cocaína<br />
num avião privado. O piloto e a<br />
hospe<strong>de</strong>ira da Air Luxor foram libertados<br />
nos primeiros dias <strong>de</strong> Novembro,<br />
ficando <strong>de</strong>tidos o co-piloto do<br />
avião e as três passageiras, que continuam<br />
à espera <strong>de</strong> julgamento. O copiloto<br />
Luís Santos está em prisão domiciliária<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Dezembro e, recentemente,<br />
apelou ao Governo português<br />
para que o aju<strong>de</strong> a provar a sua inocência,<br />
manifestando-se <strong>de</strong>sesperado<br />
pelos atrasos recorrentes do processo.<br />
A 31 <strong>de</strong> Janeiro, realizou-se a primeira<br />
sessão do julgamento contra o<br />
co-piloto e as três portuguesas, mas o<br />
adiamento sucessivo das seguintes sessões,<br />
sempre por diferentes motivos,<br />
como a falta <strong>de</strong> juíz, ainda não permitiu<br />
ir para além da leitura da acusação…<br />
A imAgem dA semAnA<br />
O padre Alexandre Mendonça não se faz rogado na adaptação aos novos tempos!<br />
Parece, mas nao é ! Quem imaginaria uma benção a uma garrafa <strong>de</strong> uisque Com<br />
maiores ou menores problemas, o que interessa é que a Comunida<strong>de</strong> continue<br />
com razões para festejar e celebrar, como a que documenta esta foto, um raro<br />
momento que fica registado para a posterida<strong>de</strong>!