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20 PoRTuGAl CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005<br />
estagiários sem turmas <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser pagos<br />
Fernando Basto<br />
(JN Portugal)<br />
Os professores-estagiários dos<br />
cursos do ramo educacional<br />
das universida<strong>de</strong>s portuguesas<br />
vão <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter turmas<br />
atribuídas, per<strong>de</strong>ndo, assim, também,<br />
o direito a qualquer retribuição.<br />
A medida, <strong>de</strong>cidida no ú ltimo Conselho<br />
<strong>de</strong> Ministros (CM), foi contestada<br />
pela Fe<strong>de</strong>ração Nacional dos Professores<br />
(Fenprof), que a classifica como um retrocesso<br />
na alegada aposta na melhoria<br />
da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino.<br />
Aquela resolução enquadra-se no<br />
â mbito da terceira alteração ao Estatuto<br />
da Carreira Docente (ECD) dos<br />
Educadores <strong>de</strong> Infâ ncia e dos Professores<br />
dos Ensinos Básico e Secundário.<br />
O <strong>de</strong>creto-lei que estabelece as alterações<br />
foi aprovado na generalida<strong>de</strong> pelo<br />
Governo.<br />
Alunos dos ramos<br />
educacionais per<strong>de</strong>m<br />
prática lectiva. Professores<br />
inaptos para a docência por<br />
doença vão ser<br />
reconvertidos<br />
Regresso das regências<br />
Trata-se - <strong>de</strong> acordo com o comunicado<br />
do CM - <strong>de</strong> medidas "<strong>de</strong> carácter<br />
excepcional e temporário, <strong>de</strong>stinadas a<br />
enquadrar alguns aspectos estatutários<br />
ligados ao exercício da função docente".<br />
A passagem dos estágios pedagó -<br />
gicos do ramo educacional e das licenciaturas<br />
em ensino à modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
"prática pedagó gica supervisionada"<br />
foi criticada pela FENPROF.<br />
Anabela Delgado, dirigente daquela<br />
organização sindical, disse ao JN que<br />
o Governo transferiu para aqueles estágios<br />
o mesmo mo<strong>de</strong>lo já existente nas<br />
Escolas Superiores <strong>de</strong> Educação.<br />
"Esta medida vai, sem dú vida, diminuir<br />
a qualida<strong>de</strong> dos estágios. Passam<br />
a ser regências, em que os estagiários<br />
assistem às aulas do professor orientador<br />
e, <strong>de</strong> vez em quando, ministram<br />
as suas pró prias aulas", esclareceu. No<br />
seu enten<strong>de</strong>r, trata-se <strong>de</strong> "uma diferença<br />
abismal em relação aos estágios<br />
que existiam até aqui, com os estagiários<br />
colocados muito mais à margem da<br />
escola", salientou.<br />
Outra das medidas aprovadas pelo<br />
Governo diz respeito ao reenquadramento<br />
funcional do docente dispensado<br />
da componente lectiva por motivo<br />
<strong>de</strong> doença. A medida já estava prevista<br />
no ECD, embora ainda não estivesse<br />
regulada. De acordo com o legislado,<br />
apó s 18 meses (e não 24 como até agora)<br />
na situação <strong>de</strong> dispensa da componente<br />
lectiva, o docente <strong>de</strong>verá ser sujeito<br />
a uma junta médica. Caso fique<br />
provado que o professor está inapto para<br />
as funções docentes, será submetido<br />
a um processo <strong>de</strong> reclassificação ou reconversão<br />
profissional. Caso estes não<br />
possam ser concretizados por causas<br />
imputáveis ao docente, este passa à situação<br />
<strong>de</strong> licença sem vencimento <strong>de</strong><br />
longa duração.<br />
Outra das medidas aprovadas diz<br />
respeito à redução da componente lectiva<br />
pelo exercício <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
ao nível da escola. O legislado<br />
estabelece que os professores que<br />
já beneficiem <strong>de</strong> redução lectiva por<br />
força da antiguida<strong>de</strong> ou ida<strong>de</strong> fiquem<br />
condicionados a outra redução para<br />
efeitos <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação.<br />
As alterações foram contestadas pelo<br />
secretário-geral da Fe<strong>de</strong>ração Nacional<br />
<strong>de</strong> Educação, João Dias da Silva, que,<br />
em <strong>de</strong>clarações à Lusa, classificou as medidas<br />
como "mais um ataque à dignida<strong>de</strong><br />
dos docentes", admitindo manifestações<br />
e greves para <strong>de</strong>monstrar o<br />
<strong>de</strong>scontentamento que diz existir na<br />
classe.<br />
estado poupa 90 milhões<br />
com medicamentos mais baratos<br />
Lucí lia Tiago<br />
(JN Portugal)<br />
O preço dos medicamentos<br />
comparticipados vai baixar 6%<br />
para ajudar a combater o défice<br />
das contas pú blicas, mas ainda<br />
não se sabe quando. Esta e outras<br />
medidas na área da Saú <strong>de</strong><br />
serão alvo <strong>de</strong> iniciativas legislativas,<br />
algumas "<strong>de</strong> impacto imediato"<br />
- "dois, três, quatro meses"<br />
- , outras atiradas para 2006.<br />
As novida<strong>de</strong>s quanto a medicamentos<br />
são, sem dú vida, as <strong>de</strong><br />
maior relevâ ncia, por implicar<br />
directamente com o bolso dos<br />
utentes. E do Estado. Como fez<br />
questão <strong>de</strong> dizer o ministro das<br />
Finanças, Luís Campos e Cunha,<br />
"entre o primeiro trimestre<br />
<strong>de</strong> 2004 e o primeiro trimestre<br />
<strong>de</strong>ste ano as <strong>de</strong>spesas com medicamentos<br />
cresceram 20%".<br />
Reduções nos lucRos<br />
De acordo com o secretário<br />
<strong>de</strong> Estado da Saú <strong>de</strong>, Francisco<br />
Ramos, a redução <strong>de</strong> 6% nos preços<br />
<strong>de</strong> fármacos comparticipados<br />
vai permitir uma poupança<br />
<strong>de</strong> 90 milhões <strong>de</strong> euros anuais aos<br />
cofres do Estado (através da diminuição<br />
do valor comparticipado)<br />
e <strong>de</strong> 60 a 70 milhões para<br />
os doentes. Uma poupança que<br />
será suportada em partes iguais<br />
pela indú stria farmacêutica (3%)<br />
e nas margens dos distribuidores<br />
(os grossistas dispõem <strong>de</strong><br />
7,62% <strong>de</strong> margem e as farmácias<br />
19%). Recor<strong>de</strong>-se que o preço<br />
dos medicamentos comparticipados<br />
é fixado em função do<br />
preço <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> produção<br />
ou importação em três países<br />
europeus (França, Itália e Espanha),<br />
com margens <strong>de</strong> actualização<br />
fixadas anualmente por<br />
portaria.<br />
A falta <strong>de</strong> pormenores com<br />
que estas medidas foram "comunicadas"<br />
- e não "negociadas",<br />
como frisam todos os parceiros<br />
convocados ao Ministério da Saú<br />
<strong>de</strong> - gera uma reacção <strong>de</strong> expectativa<br />
entre a maioria dos intervenientes<br />
na Saú <strong>de</strong>. As tomadas<br />
<strong>de</strong> posição ficam marcadas<br />
para <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> "clarificado"<br />
aquilo que, para já, é visto como<br />
"uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> intenções".<br />
O bastonário dos farmacêuticos,<br />
Aranda da Silva, diz mesmo ter<br />
"percepção <strong>de</strong> que há pouca sustentabilida<strong>de</strong><br />
em termos <strong>de</strong> estudos<br />
nestas medidas".<br />
Outra reforma <strong>de</strong> "impacto<br />
imediato" é a eliminação da majoração<br />
<strong>de</strong> 10% na comparticipação<br />
<strong>de</strong> genéricos (medida que visava<br />
estimular o recurso a medicamentos<br />
sem marca, mais<br />
baratos), justificada pelo facto<br />
<strong>de</strong> o mercado já estar "suficientemente<br />
lançado". Francisco Ramos<br />
acrescentou ainda a este pacote<br />
mais premente a revisão da<br />
tabela <strong>de</strong> preços das convenções,<br />
reduzindo em áreas on<strong>de</strong> a<br />
evolução tecnoló gica tornou os<br />
custos mais baixos do que na altura<br />
da negociação dos protocolos.<br />
Mais poupança é esperada<br />
da já anunciada cativação <strong>de</strong> 5%<br />
das verbas orçamentadas para os<br />
hospitais.