22.01.2015 Views

Versão PDF - correio de venezuela

Versão PDF - correio de venezuela

Versão PDF - correio de venezuela

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 VEnEzuEla 7<br />

Portugal: um sonho inalcansável para alguns<br />

Jean Carlos De Abreu<br />

<strong>de</strong>abreujean@yahoo.com<br />

P<br />

ara alguns emigrantes que vivem<br />

na Venezuela, ir a Portugal<br />

é algo normal que já faz<br />

parte da rotina, pois visitam<br />

este país regularmente, pois tê possibilida<strong>de</strong>s<br />

econó micas para tal. Outros, no entanto,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que chegaram ao país há mais<br />

<strong>de</strong> trinta ou quarenta anos, não conseguiram<br />

regressar à sua pátria por falta <strong>de</strong> recursos.<br />

Cecília <strong>de</strong> Barros é uma portuguesa natural<br />

<strong>de</strong> Câ mara <strong>de</strong> Lobos que emigrou<br />

há 31 anos para a Venezuela juntamente<br />

com o seu marido, já falecido, para melhorar<br />

a sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e sair da miséria<br />

que tinha no país ibérico na altura.<br />

Uma vez na Venezuela, fixaram-se em<br />

El Hallito, on<strong>de</strong> constituem uma família<br />

formada por três filhos. Entre penú rias e<br />

alegrias, está a fazer agora quinze anos que<br />

Cecília conseguiu viajar até Portugal graças<br />

ao esforço do seu esposo que quis visitar a<br />

sua família, que não via <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que emigrou.<br />

Da sua infâ ncia, esta nativa <strong>de</strong> Câ -<br />

mara <strong>de</strong> Lobos recorda que os caminhos<br />

que ro<strong>de</strong>avam a ilha eram em pedra e muito<br />

íngremes, não ti nha uma via rápida mo<strong>de</strong>rna<br />

e tudo era diferente. Já há quinze<br />

anos se surpreen<strong>de</strong>u ao ver as mudanças,<br />

mas agora a surpresa seria maior. Os filhos<br />

<strong>de</strong>sta emigrante também não voltaram<br />

a visitar Portugal porque não têm possibilida<strong>de</strong>s<br />

econó micas.<br />

As transformações que se têm registado<br />

na ilha têm sido significativas. A mo<strong>de</strong>rnização<br />

e a construção <strong>de</strong> vias alternativas<br />

melhoraram a circulação e o relacionamento<br />

entre as pessoas e as localida<strong>de</strong>s.<br />

Cecília soube através dos amigos e por imagens<br />

que a ilha tem-se <strong>de</strong>senvolvido muito<br />

tanto ao nível turístico como arquitectó -<br />

nico e tem imensa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> visitar o seu<br />

país, sobretudo à Ma<strong>de</strong>ira, para ver as mudanças<br />

com os seus pró prios olhos e visitar<br />

a sua família e assistir à missa <strong>de</strong> "Nossa<br />

Senhora da Graças".<br />

A situação econó mica do país actualmente<br />

e o facto <strong>de</strong> estar viú va impe<strong>de</strong>mna<br />

<strong>de</strong> viajar, mas confessa que se pu<strong>de</strong>sse<br />

fazê-lo ficava em Portugal com a sua família.<br />

EntrE PrEciPícios E PEdras<br />

Maria Figueira é outra portuguesa <strong>de</strong><br />

Câ mara <strong>de</strong> Lobos que saiu da Ma<strong>de</strong>ira, a<br />

sua terra natal, há 35 anos, com o seu pai.<br />

Na altura, vigorava o regime <strong>de</strong> Salazar e<br />

teve que <strong>de</strong>ixar oito filhos para procurar<br />

um futuro melhor para eles em terras mais<br />

quentes.<br />

Maria chegou ao porto <strong>de</strong> La Guaira<br />

no barco "Santa Maria", on<strong>de</strong> a esperava<br />

o seu pai com outros familiares. O tempo<br />

Cecília <strong>de</strong> Barros<br />

Maria Figueira<br />

passou, caiu a ditadura e assim pô <strong>de</strong> mandar<br />

buscar os seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, que ainda<br />

estavam em Portugal. Lembra que a ilha<br />

tinha praticamente todas as estradas pequenas<br />

e em pedra, as casas estavam espalhadas<br />

por diferentes lugares. Para chegar<br />

ao outro lado, tinha que fazer um longo<br />

percurso entre curvas e contra-curvas,<br />

no meio da serra ou junto à costa. Agora, a<br />

evolução que a Ma<strong>de</strong>ira tem tido é radical,<br />

pois as vias perigosas por on<strong>de</strong> passavam<br />

os caroos <strong>de</strong>sapareceram para dar lugar<br />

aos percursos vertiginosos.<br />

Por causa da morte do seu esposo, os<br />

seus ingressos nunca foram suficientes para<br />

regressar a Portugal, que não visita há<br />

14 anos. Não obstante, as tradições gastronó<br />

micas portuguesas mantêm-se intactas<br />

na sua casa. Apesar dos seus quase 80 anos,<br />

Maria continua sempre no activo: cozinha<br />

para a família toda e trabalha em casa<br />

para manter tudo em or<strong>de</strong>m.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!