8 venezUela CORREIO DE CARACAS - 9 DE JUNHO DE 2005 "isto é um hotel <strong>de</strong> cinco estrelas" No próximo dia 26 <strong>de</strong> Junho, o Lar <strong>de</strong> Idosos Padre Joaquim Ferreira chega oficialmente ao seu primeiro ano <strong>de</strong> funcionamento. A sua nova directora Fernanda da Costa fala-nos sobre a filosofia <strong>de</strong>sta casa Liliana da Silva lilianadasilva19@hotmail.com H á mais <strong>de</strong> trinta anos, a comunida<strong>de</strong> portuguesa que resi<strong>de</strong> na Venezuela teve um gran<strong>de</strong> sonho, cujo principal propulsionador foi o padre Joaquim Ferreira. Esta i<strong>de</strong>ia consistia na criação <strong>de</strong> um lar que servisse <strong>de</strong> casa para todas as pessoas da terceira ida<strong>de</strong> que tinham falta <strong>de</strong> uma família. Este sonho tornou-se uma realida<strong>de</strong> a 16 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2004, quando o lar <strong>de</strong> idosos "Padre Joaquim Ferreira" foi inaugurado. Hoje, um ano <strong>de</strong>pois da sua entrada em funcionamento, esta casa-lar dá os seus primeiros frutos. Uma nova visão <strong>de</strong> gerência Há um mês e meio, o Lar Padre Joaquim Ferreira tem uma nova directora. Fernanda da Costa começou uma gestão focada numa gerência empresarial do que ela <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> "hotel cinco estrelas". Esta filosofia <strong>de</strong> trabalho surge da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> administrar cada um dos recursos que lhe são concedidos na resposta ao trabalho <strong>de</strong> angariação <strong>de</strong> fundos do grupo <strong>de</strong> trinta damas <strong>de</strong> beneficência, que trabalham diariamente para oferecer mais comodida<strong>de</strong> e benefícios a estes 34 idosos. "O lar é uma mistura entre hotel e clínica. É com este sentido que dirijo e administro o lar, pois o nosso principal objectivo é po<strong>de</strong>r oferecer a estas pessoas o amor e o carinho que lhes faz falta". Da Costa tem como aval a experiência <strong>de</strong> ter trabalhado mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos no Hospital Vargas, pelo que conhece profundamente o funcionamento <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> instituições. Estes conhecimentos a fizeram fomentar algumas mudanças que tentam optimizar a qualida<strong>de</strong> no tratamento que se lhes oferece aos "hó spe<strong>de</strong>s" da instituição. Neste mês e meio, a administração contratou um engenheiro <strong>de</strong> sistema para que <strong>de</strong>senhasse uns programas informáticos para facilitar o controlo individual <strong>de</strong> cada um dos velhinhos. Estes programas especificaria a medicação e a alimentação que cada um tem <strong>de</strong> ter, pois temos três grupos básicos <strong>de</strong> pessoas idosas: os hipertensos, os diabéticos e os normais. Cada um <strong>de</strong>les requer uma atenção personalizada", explica-nos Fernanda Costa. Actualmente, o lar conta com um total <strong>de</strong> sete enfermeiros, quatro cozinheiras, uma ama <strong>de</strong> chaves, um chofer, um jardineiro, um assistente administrativo, um encarregue pela limpeza do condomínio. "Isto é um hotel <strong>de</strong> cinco estrelas e o pessoal trabalha para comprazer os nossos hó spe<strong>de</strong>s. Eu sempre digo aos velhinhos que eles são os nossos patrões. Graças a eles temos trabalho e isto dá-lhes o direito <strong>de</strong> nos exigir tudo o que precisarem", diz. As freiras que se iniciaram neste projecto hoje já não estão no lar. Fernanda da Costa, juntamente com as Damas Portuguesas <strong>de</strong> Beneficência, estão à procura <strong>de</strong> alguma or<strong>de</strong>m que domine o português ou tenha alguma idiossincrasia parecida com a lusa. "A maioria dos 34 idosos só fala português, pelo que é necessário que as freiras que trabalham com eles falem a língua, principalmente porque elas prestam-lhe ajuda religiosa e espiritual a cada um <strong>de</strong>les, explicou-nos Da Costa. "Uma gran<strong>de</strong> casa" Embora a filosofia administrativa tenha mudado, a missão fundamental <strong>de</strong>sta casa-lar mantém-se intacta: acolher e dar condições aos portugueses necessitados. "As pessoas pensam que só temos velhinhos, mas não é verda<strong>de</strong>. Temos pessoa <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>. Obviamente, os idosos abandonados são em maior nú mero, mas agora temos hó spe<strong>de</strong>s jovens, um <strong>de</strong> 45 e outro <strong>de</strong> 77. O pessoal do Lar Joaquín Ferreira está preparado para fazer sentir na sua casa os nossos avó s, que são atendidos pelos seus filhos, mas tratando-os como adultos e não como bebés". Fernanda da Costa <strong>de</strong>staca que o lar não é um hospital. "Muitas pessoas pensam que isto é uma clínica on<strong>de</strong> se internam doentes, mas não é assim. Nó s temos os mesmos recursos <strong>de</strong> um hospital, mas não funcionamos como tal", afirma a directora. A 26 <strong>de</strong> Junho, vai haver uma festa para comemorar o primeiro ano <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>sta instituição. O evento vai contar com a participação <strong>de</strong> diferentes grupos folcló ricos. O êxito <strong>de</strong>ste projecto reflecte-se na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>stes portugueses. Contudo, ainda há muito para fazer, tal como reconhece Fernanda da Costa. "Isto é um trabalho para pessoas fortes", conclui.
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