Versão PDF - correio de venezuela
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<strong>venezuela</strong> <strong>correio</strong> <strong>de</strong> <strong>venezuela</strong> • 05 a 11 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011<br />
diplomacia|António Cardoso Mota, embaixador da UE na Venezuela<br />
“Há problemas,<br />
mas estamos a<br />
enfrentá-los”<br />
Carla Salcedo Leal<br />
csalcedo@<strong>correio</strong><strong>de</strong><strong>venezuela</strong>.com<br />
PUB<br />
Des<strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2009 o português<br />
António Cardoso Mota, advogado<br />
<strong>de</strong> formação, é o chefe da Delegação da<br />
União Europeia(UE) na Venezuela.<br />
Oriundo <strong>de</strong> Faia, no continente português,<br />
recorda com especial agrado os<br />
três anos <strong>de</strong> infância que viveu na Ma<strong>de</strong>ira,<br />
ponto <strong>de</strong> on<strong>de</strong> parte para contar a<br />
história da sua vida. “Vivi no Porto Moniz<br />
quando era menino, e visito a ilha <strong>de</strong><br />
vez em quando, vou à casa que tínhamos<br />
lá e que continua como estava. Muito<br />
bonito”, conta.<br />
Para falar do seu extenso currículo,<br />
precisávamos <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma página<br />
inteira, no entanto, <strong>de</strong>staca-se que se licenciou<br />
na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, e<br />
fez mestrados em direito europeu, ciências<br />
económicas e políticas em França,<br />
Lisboa e Bruxelas. É também membro<br />
honorário da Aca<strong>de</strong>mia Interamericana<br />
<strong>de</strong> Direito Internacional e Comparado.<br />
Cardoso Mota, casado e pai <strong>de</strong> três<br />
filhos, foi professor universitário e através<br />
<strong>de</strong> um concurso para jovens professores,<br />
em 1984, começou a envolver-se<br />
com o organismo que hoje representa,<br />
participando activamente na preparação<br />
da a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> Portugal à União Europeia.<br />
Nesse sentido, e como se fosse a mais<br />
acertada enciclopédia, o embaixador falou<br />
com o CORREIO sobre os assuntos<br />
que gere, <strong>de</strong>ntro e fora da Venezuela, da<br />
UE, que celebra 61 anos <strong>de</strong> existência no<br />
próximo dia 9 <strong>de</strong> Maio e que tem representação<br />
em 136 países.<br />
Livro aberto<br />
Qual é o objectivo da missão em Caracas<br />
Temos várias áreas <strong>de</strong> trabalho, como<br />
planos <strong>de</strong> cooperação com as autorida<strong>de</strong>s<br />
e com a socieda<strong>de</strong> civil. Para além<br />
disso, temos uma agenda política on<strong>de</strong><br />
se discutem os assuntos <strong>de</strong> interesse comum<br />
entre a Venezuela e a UE, e finalmente<br />
outra área on<strong>de</strong> se trata <strong>de</strong> tudo o<br />
que tem a ver com investimento.<br />
Que balanço faz da sua gestão, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
quase um ano e meio <strong>de</strong> trabalho<br />
Ainda estou em início <strong>de</strong> mandato,<br />
que é <strong>de</strong> quatro anos, mas é interessante<br />
porque temos diferentes áreas <strong>de</strong> trabalho,<br />
estamos a preparar a agenda consoante<br />
a realida<strong>de</strong> local, estou a tratar <strong>de</strong><br />
fazer um percurso pelo país, porque este<br />
país é muito gran<strong>de</strong> e tem muitas potencialida<strong>de</strong>s,<br />
muitas vezes diferentes <strong>de</strong><br />
região para região, e estamos a começar<br />
a fazer este círculo <strong>de</strong> visitas, mantendo<br />
encontros com todos os sectores. Já<br />
visitámos os estados Aragua, Mérida<br />
e Táchira, e vamos continuar noutros,<br />
porque o nosso trabalho é conhecer bem<br />
a realida<strong>de</strong> do país e gerir, o melhor possível,<br />
as relações que temos <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong><br />
com a população.<br />
Tem um currículo muito amplo e interessante.<br />
O que nos po<strong>de</strong> dizer sobre a sua<br />
experiência na instituição<br />
Saí <strong>de</strong> Portugal para entrar na Comunida<strong>de</strong><br />
Económica Europeia(CEE), e já<br />
estamos noutro processo <strong>de</strong> integração.<br />
Cardoso Mota entrou no organismo quando ainda era a CEE<br />
Trabalhei em vários <strong>de</strong>partamentos em<br />
Bruxelas e no Luxemburgo. Depois estive<br />
como embaixador em Angola, uma<br />
região muito interessante, e estive lá durante<br />
a pacificação do país. Em Lima,<br />
também conseguimos acordos bilaterais,<br />
com países como o Peru e Colômbia, e<br />
agora com o Equador, e esperamos, sem<br />
dúvida, consegui-lo com a comunida<strong>de</strong><br />
Andina. Para além disso, durante o meu<br />
mandato na região, realizamos uma cimeira<br />
entre a América Latina, Caribe e<br />
a União Europeia, que reuniu mais <strong>de</strong> 60<br />
mandatários, uma das maiores.<br />
O que po<strong>de</strong> adiantar sobre a situação<br />
económica da Europa<br />
Não tem uma resposta imediata, é<br />
um processo. A crise começou fora da<br />
UE e afectou a economia <strong>de</strong> muitos países.<br />
No nosso caso, estamos a passar um<br />
momento difícil, porque alguns países já<br />
pediram uma intervenção do FMI ou ao<br />
Banco Central Europeu. Suce<strong>de</strong>u com<br />
a Grécia, <strong>de</strong>pois com a Irlanda e agora<br />
com Portugal, que está em negociação,<br />
tendo em conta os problemas da dívida<br />
pública do país, e tudo isto tem repercussões<br />
na Zona Euro. Mas estamos a<br />
trabalhar com muito êxito, o Euro está a<br />
subir muito, tem uma apreciação muito<br />
elevada este ano, isto é um sinal <strong>de</strong> que se<br />
está a conseguir estabilizar esta moeda,<br />
que é uma alternativa ao dólar, e é neste<br />
ponto que está a UE, que apesar da crise<br />
é a maior economia do Mundo, abarca<br />
27 países, com 550 milhões <strong>de</strong> consumidores<br />
e um produto nacional bruto per<br />
capita que está perto dos 30.000 dólares.<br />
Em conjunto, é <strong>de</strong> longe a maior economia<br />
do Mundo, pelo que o Euro tem <strong>de</strong><br />
ser uma moeda <strong>de</strong> referência e estamos a<br />
consegui-lo, mas evi<strong>de</strong>ntemente há muito<br />
que fazer. Há problemas, mas estamos<br />
a enfrentá-los.<br />
FOTO: Cortesia<br />
Como se projecta a União Europeia neste<br />
momento<br />
A UE ainda não é uma fe<strong>de</strong>ração,<br />
mas continuamos com uma integração<br />
progressiva, mas em situações <strong>de</strong> crise<br />
como a actual, há quem opte pelo nacionalismo.<br />
Oxalá se possa avançar mais<br />
na integração. Na minha opinião, é o<br />
caminho. Estamos num mundo globalizado<br />
e para problemas globais, respostas<br />
colectivas. A União Europeia tem agora<br />
mais do que nunca a obrigação, e uma<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avançar e <strong>de</strong> reforçar a<br />
sua integração com medidas mais eficazes<br />
para respon<strong>de</strong>r aos <strong>de</strong>safios que temos<br />
em cima da mesa.<br />
Que relevância tem a celebração do dia da<br />
Europa para a UE<br />
É muito importante, este dia é produto<br />
da reconciliação, surge da necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> evitar a continuação <strong>de</strong> guerras <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>, que no século XX foram<br />
o epicentro <strong>de</strong> tragédias mundiais.<br />
Para evitar que isto continuasse, formouse<br />
a UE como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração. É<br />
um conceito através do qual os Estados<br />
transferem um pouco da sua soberania<br />
ao entrar no mo<strong>de</strong>lo, e transferem competências<br />
e po<strong>de</strong>res para as entida<strong>de</strong>s<br />
não tradicionais. É isso que estamos a<br />
comemorar, a <strong>de</strong>claração Schuman.<br />
Que opinião tem da comunida<strong>de</strong> portuguesa<br />
na Venezuela<br />
Não quero entrar nas funções do meu<br />
bom amigo, colega e vizinho em Lisboa,<br />
Mário Lino Da Silva. Sei que é uma comunida<strong>de</strong><br />
muito activa, organizada,<br />
uma das mais importantes que Portugal<br />
tem no mundo. O que sei, e o que se vê, é<br />
que é uma comunida<strong>de</strong> muito trabalhadora,<br />
integrada e próspera, que tem uma<br />
dinâmica muito importante.!