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Resenha de publicações - Fundação Museu do Homem Americano

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esulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s até o momento forem confirma<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> amostras melhores <strong>de</strong><br />

crânios Umbu, eles sugerem que a morfologia paleoamericana sobreviveu até tardiamente também<br />

em regiões não isoladas. A única forma <strong>de</strong> explicar o fenômeno, já que hibridismo parece não ter<br />

ocorri<strong>do</strong>, é assumir que os paleoamericanos tinham uma etnicida<strong>de</strong> tão marcada que os impedia<br />

<strong>de</strong> trocar, frequentemente, genes com outras etnias (fronteira cultural).<br />

No que se refere a uma possível chegada pré-Clóvis à América <strong>do</strong> Sul, pouco avanço foi<br />

consegui<strong>do</strong> pelo projeto. Especificamente no caso <strong>de</strong> Lagoa Santa, os esforços <strong>de</strong> datação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> esqueletos humanos <strong>de</strong> várias instituições <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong> exterior e a<br />

escavação sistemática com rígi<strong>do</strong> controle estratigráfico <strong>de</strong> novos abrigos da região mostraram,<br />

pelo menos até agora, que a ocupação intensa <strong>do</strong> Karst <strong>de</strong> Lagoa Santa se <strong>de</strong>u somente a partir<br />

<strong>do</strong>s 9600 anos AP (não calibrada), ten<strong>do</strong> dura<strong>do</strong> apenas até cerca <strong>de</strong> 7500 anos AP. Embora<br />

existam evidências esparsas <strong>de</strong> presença humana mais antiga na região (Luzia que está em<br />

níveis estratigráficos mais antigos que 11000 anos é uma <strong>de</strong>las), estas não se encontram<br />

associadas às ocupações <strong>do</strong>s abrigos, razão pela qual <strong>de</strong>mos início em 2002 à escavação <strong>de</strong> um<br />

sítio paleontológico promissor, a Gruta Cuvieri. Nesse sítio foram encontra<strong>do</strong>s, em Julho <strong>de</strong> 2004,<br />

três molares humanos abaixo <strong>do</strong> esqueleto <strong>de</strong> uma preguiça terrícola, exumada em 2003, datada<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 12500 anos. Aparentemente não há qualquer tipo <strong>de</strong> perturbação da estratigrafia.<br />

Dois <strong>de</strong>ntes já foram tentativamente data<strong>do</strong>s, mas a total ausência <strong>de</strong> colágeno nesses espécimes<br />

não permitiu gerar qualquer estimativa <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. O esmalte <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>ntes encontra-se<br />

agora em fase <strong>de</strong> datação por Thomas Stanfford, especialista que <strong>de</strong>senvolveu, recentemente,<br />

uma técnica <strong>de</strong> datação <strong>do</strong>s carbonos inorgânicos ali presentes.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, o imenso esforço empreendi<strong>do</strong> na datação <strong>de</strong> material arqueológico e<br />

paleontológico <strong>de</strong> Lagoa Santa permitiu <strong>de</strong>monstrar que os primeiros grupos sul-americanos<br />

conviveram com espécies <strong>de</strong> megafauna extintas no Brasil central, embora não tenham feito<br />

qualquer uso <strong>de</strong>la. Duas datações, uma <strong>de</strong> uma preguiça terrícola (Catonyx cuvieri) em 9990<br />

anos AP e outra <strong>de</strong> um Tigre Dente-<strong>de</strong>-Sabre (Smilo<strong>do</strong>n populator) em 9650 anos AP, ambos <strong>de</strong><br />

Lagoa Santa, mostraram que estas espécies existiram ali até o início <strong>do</strong> Holoceno.<br />

Atualmente, o projeto, que tem início este ano uma nova fase, concentra-se em seis eixos<br />

<strong>de</strong> pesquisa (1.”Clovis-first/Clovis-like”; 2.Origens biológicas <strong>do</strong>s primeiros americanos;<br />

3.Resiliência <strong>de</strong> grupos forragea<strong>do</strong>res neo-tropicais: subsistência, cultura material, mobilida<strong>de</strong> e<br />

mudança social; 4.Processos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> sítio e tafonomia em áreas tropicais; 5.Paleoclimas<br />

e paleoambientes no final <strong>do</strong> Pleistoceno e no Holoceno na região <strong>de</strong> Lagoa Santa; 6.<strong>Homem</strong> e<br />

megafauna na transição Pleistoceno/Holoceno). Estes eixos cobrem as principais questões<br />

levantadas nas primeiras etapas <strong>do</strong> projeto, permitin<strong>do</strong> assim o aprofundamento <strong>do</strong> conhecimento<br />

adquiri<strong>do</strong> acerca <strong>do</strong>s primeiros grupos paleoíndios da região <strong>de</strong> Lagoa Santa e quiçá da América<br />

<strong>do</strong> Sul como um to<strong>do</strong>. - Walter Neves/Mark Hubbe, 03/06/2005”<br />

FUMDHAMentos VII 46

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