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ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO EPROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA E DO SAGRADO DOVALE DO TEJOLuiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRA<strong>Museu</strong> de Arte Pré-históricaInstituto Terra e MemóriaC<strong>en</strong>tro de GeociênciasInstituto Politécnico de TomarUniversidade de Trás-os-Montes e Alto DouroPORTUGALResumoConhecida desde os mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, a arte rupestre na área <strong>do</strong>concelho de Mação, tem hoje, graças ao trabalho da equipa <strong>do</strong> <strong>Museu</strong> deArte Pré-histórica de Mação e <strong>do</strong> Instituto Terra e Memória, umadim<strong>en</strong>são quer quantitativa quer qualitativa importante incluin<strong>do</strong>gravuras e pinturas, cronologicam<strong>en</strong>te pert<strong>en</strong>c<strong>en</strong>te a um arco de temposque vai <strong>do</strong> Paleolítico Superior provavelm<strong>en</strong>te até à Idade Média. Nestacomunicação apres<strong>en</strong>tamos, em síntese, em primeiro lugar os trabalhosdes<strong>en</strong>volvi<strong>do</strong>s na zona de Cobragrança (Caratão), uma zona muitodanificada pelos fogos de 2003, com gravuras de círculos (escu<strong>do</strong>s?) daIdade <strong>do</strong> Bronze e em seguida, a pesquisa levada a cabo na área <strong>do</strong> Vale<strong>do</strong> Ocreza que vai da barragem de Pracana à zona da foz <strong>do</strong> rio, já nasproximidade <strong>do</strong>Tejo, nomeadam<strong>en</strong>te no Vale <strong>do</strong> Souto e no Vale daRovinhosa, onde foram id<strong>en</strong>tificadas mais de 30 gravuras <strong>en</strong>tre as quaissali<strong>en</strong>tamos um cavalo acéfalo, em estilo paleolítico, diversas figuras decervídeos no tipo “Tejo”, com a linha c<strong>en</strong>tral no <strong>do</strong>rso e o pescoçopre<strong>en</strong>chi<strong>do</strong>, assim como antropomorfos esquemáticos e figuras abstractastais como, círculos e círculos concêntricos, espirais e linhas, pert<strong>en</strong>c<strong>en</strong>te aum longo perío<strong>do</strong> que vai <strong>do</strong> horizonte <strong>do</strong> Megalitismo ao Mun<strong>do</strong> da Idade<strong>do</strong> Bronze.


Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAA existência de arte rupestre no concelho de Mação, Distrito de Santarém, no c<strong>en</strong>tro dePortugal, era conhecida desde os anos quar<strong>en</strong>ta <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> as gravuras de Cobragançaforam descobertas, por um investiga<strong>do</strong>r local, o Dr. João Cala<strong>do</strong> Rodrigues.Em Setembro de 2000, no âmbito de trabalhos de acompanham<strong>en</strong>to da construção <strong>do</strong>traça<strong>do</strong> viário designa<strong>do</strong> por IP6 (hoje A23) foram id<strong>en</strong>tificadas uma série de gravuras nas marg<strong>en</strong>s<strong>do</strong> rio Ocreza, <strong>en</strong>tre quais um figura de cavalo em claro estilo Paleolítico (15.000-10.000 anos). Essasdescobertas levaram a elaboração de um amplo programa de pesquisas, que com o apoio daComissão Europeia (programa Juv<strong>en</strong>tude), a Arqueojovem (Associação Juv<strong>en</strong>il para a Preservação <strong>do</strong>Património Cultural e natural) promoveu em 2001 uma campanha arqueológica, em conjunto comassociações de Espanha (Colectivo Barbaón – Extremadura ) e de Itália (Gruppi Archeologici del V<strong>en</strong>eto),que visava a delimitação da dispersão geográfica da arte rupestre e contextualização da mesma. Paraalém da id<strong>en</strong>tificação de mais rochas com gravuras no Vale <strong>do</strong> Ocreza, foram descobertas pinturasda zona de abrigos de quartzitos <strong>do</strong> Pego da Rainha. Possuin<strong>do</strong> agora, portanto, o território <strong>do</strong>Concelho de Mação, estações rupestres tanto com gravuras como com pinturas (OOSTERBEEK2004).4841 2Figura 11 Mapa - de Portugal com a Localização de Mação.(Europreart - ITM)2 – O Vale <strong>do</strong> Rio Ocreza na zona de em primeiro plano a rocha 3 dita <strong>do</strong>s Cervídeos (foto HipolitoColla<strong>do</strong> – MAP/ITM)9/ Docum<strong>en</strong>tação, Levantam<strong>en</strong>to e Promoção de Arte Rupestre


ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOII - Rio OcrezaVale da RovinhosaRocha 1 ou Rocha <strong>do</strong> Cavalo (OCR01 )Trata-se de pequ<strong>en</strong>a superfície, descoberta em 6 de Setembro de 2000, quase totalm<strong>en</strong>tepre<strong>en</strong>chida pela repres<strong>en</strong>tação de uma gravura de cavalo picota<strong>do</strong> a linha de contorno em estiloPaleolítico - 15.000 - 10.000 anos, (BAPTISTA 2001; OOSTERBEEK 2003). Tal como acontecemuitas vezes em figuras desta época, o corpo <strong>do</strong> animal apres<strong>en</strong>ta características naturalistas, ou seja,próximas da realidade, quer na forma quer nas proporções, apesar de não estar completo pois faltalhea parte terminal da cabeça e só tem repres<strong>en</strong>ta<strong>do</strong> um membro de cada par de patas.AB489Figura 6: A - Vale da Rovinhosa, Rocha nº 1(OCR 01) – foto da figura de cavalo em estilo Paleolítico (15.000– 10.000 anos)B – Levantam<strong>en</strong>to da mesma gravura(Foto Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica, Mação)Parte da extremidade da cauda e das patas da figura parecem terem desapareci<strong>do</strong> pela acção <strong>do</strong>tempo, pois <strong>en</strong>contram-se no limiar <strong>do</strong> perímetro inferior <strong>do</strong> painel. É interessante notar no <strong>en</strong>tantoque vêem-se na borda dessa superfície números pontos de picota<strong>do</strong> que parecem já ter esta<strong>do</strong>pres<strong>en</strong>tes na em época Pré-histórica, pod<strong>en</strong><strong>do</strong> talvez repres<strong>en</strong>tar a própria água <strong>do</strong> rio (ABREU noprelo).Já a cabeça, principalm<strong>en</strong>te no que diz respeito ao focinho e às narinas, parece ter si<strong>do</strong>propositadam<strong>en</strong>te deixada incompleta, facto aliás comum nalgumas figuras em estilo Paleolíticasconhecidas noutras localidades como no Vale <strong>do</strong> Côa (vale <strong>do</strong> Douro, Norte de Portugal) e as grutasda zona franco-cantábrica. Nessa parte da figura a picotagem é constituída por pontos de dim<strong>en</strong>sõesm<strong>en</strong>ores pouco profun<strong>do</strong>s, que se distanciam <strong>en</strong>tre si, o que dá ideia que o “artista” possa ter feitoprimeiram<strong>en</strong>te esboço <strong>do</strong> cavalo, com uma picotagem ligeira, e só depois pre<strong>en</strong>chi<strong>do</strong> com picota<strong>do</strong>smaiores.Nas outras partes <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> cavalo o picota<strong>do</strong> é mais grosso e <strong>en</strong>contra-se mais uni<strong>do</strong>,crian<strong>do</strong> mesmo a s<strong>en</strong>sação de uma linha contínua. A crina não aparece bem definida, existin<strong>do</strong>ap<strong>en</strong>as uma linha que continua ininterruptam<strong>en</strong>te desde a cauda até ao topo da cabeça. O animaltambém não tem o sexo repres<strong>en</strong>ta<strong>do</strong>. Poderá isso indicar que estamos perante a repres<strong>en</strong>tação deuma fêmea? Alguns investiga<strong>do</strong>res p<strong>en</strong>sam mesmo que muitas das repres<strong>en</strong>tações de cavalos noPaleolítico Superior possam tratar-se de animais grávi<strong>do</strong>s. Este tipo de figura que pode serinterpreta<strong>do</strong> como a repres<strong>en</strong>tação de um tipo de cavalo, hoje extinto, semelhante aos actuaischama<strong>do</strong>s cavalos da Mongólia ou Przewalski (Equus przewalskii) tem, tal como esta figura no Ocreza,barrigas volumosas, patas curtas e crina erecta.Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL


ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOEntre as diversas imag<strong>en</strong>s animais é possível id<strong>en</strong>tificar, na parte c<strong>en</strong>tral, duas gravuraspicotadas a linha de contorno. A mais à direita, foi inicialm<strong>en</strong>te interpretada como um peixe“barbo”, (OOSTERBEEK & CARDOSO 2004), em parte por ter um corpo exageradam<strong>en</strong>tealonga<strong>do</strong> e as patas traseiras pouco evid<strong>en</strong>tes mas também porque parece ter sito assim chamadapelos habitantes locais. Na verdade, trata-se de um cervídeo com a típica repres<strong>en</strong>tação <strong>do</strong> pescoço ecabeça complem<strong>en</strong>te pre<strong>en</strong>chi<strong>do</strong>s. Este tipo de figura aparece amplam<strong>en</strong>te repres<strong>en</strong>tada nas rochas<strong>do</strong> Complexo de Arte Rupestre <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Tejo, constituin<strong>do</strong> mesmo uma das suas característicasestilísticas mais peculiares. Atrás dessa figura foi gravada também animal, mais pequ<strong>en</strong>o ao qualfaltam as patas traseiras. Na parte mais à direita da superfície historiada foram ainda executadasoutras duas figuras zoomorfas, uma delas com a barriga muito volumosa (grávida?).Tal como acontece noutras rochas da zona a estilização das figuras animais faz com que sejadifícil id<strong>en</strong>tificá-los com precisão mas muito provavelm<strong>en</strong>te trata-se de um tipo de vea<strong>do</strong>. A ausênciade hastes faz p<strong>en</strong>sar que podemos estar perante repres<strong>en</strong>tações de machos no perío<strong>do</strong> de ausênciainvernal, animais jov<strong>en</strong>s, ou mesmo de fêmeas. A superfície apres<strong>en</strong>ta também diversas manchas depicotagem que são difíceis de interpretar embora algumas delas pareçam ser esboços de outras figurasanimais. Constituíam estas figuras uma c<strong>en</strong>a de um macho com o seu “harém”? (ABREU 2008)Rocha 3 ou Rocha <strong>do</strong>s Dois Vea<strong>do</strong>s (OCR03)A poucas dez<strong>en</strong>as de metros de distância da anterior superfície <strong>en</strong>contra-se uma pequ<strong>en</strong>a rochadividida em <strong>do</strong>is painéis decora<strong>do</strong>s. O primeiro apres<strong>en</strong>ta duas figuras de zoomorfos de pequ<strong>en</strong>asdim<strong>en</strong>sões, executa<strong>do</strong>s a linha de contorno picotada. A figura mais à esquerda tem repres<strong>en</strong>ta<strong>do</strong> asduas patas traseiras mas ap<strong>en</strong>as uma dianteira. Uma série de pontos parecem repres<strong>en</strong>tar o início <strong>do</strong>pescoço mas a cabeça está aus<strong>en</strong>te. A figura mais à direita, está muito danificada por uma fractura.Actualm<strong>en</strong>te é possível ver, com clareza, uma parte <strong>do</strong> corpo e as patas traseiras.491Figura 8 – Vale de Rovinosa, rocha nº 2 dita <strong>do</strong>s “<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is vea<strong>do</strong>s”. Duas gravuras incompletas dezoomorfos, provavelm<strong>en</strong>te cervídeos.(Decalque Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica de Mação)Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL


Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAA dupla linha da barriga, pres<strong>en</strong>te nesta última, é uma das características das gravuras <strong>do</strong>Complexo de Arte Rupestre <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Tejo e serve para dar a tridim<strong>en</strong>sionalidade à imagem, emespecial aos vea<strong>do</strong>s, daí, apesar de estarem incompletas, p<strong>en</strong>sar-se que estas figuras repres<strong>en</strong>temprovavelm<strong>en</strong>te esse animal. É interessante notar que ambas as figuras têm as costas voltadas para orio.A pouca distância dessas gravuras, num segun<strong>do</strong> painel historia<strong>do</strong> observa-se uma série delinhas concêntricas (uma espiral?) executadas com um picota<strong>do</strong> bastante largo e bem defini<strong>do</strong> (fig. 9A). Infelizm<strong>en</strong>te, uma parte da figura <strong>en</strong>contra-se de mom<strong>en</strong>to coberta com líqu<strong>en</strong>es, que não foramretira<strong>do</strong>s por motivos de conservação, o que faz com que a sua repres<strong>en</strong>tação não esteja bemdefinida. (ABREU 2008a, CARVALHO 2008) Figuras semelhantes foram também id<strong>en</strong>tificadas novizinho vale <strong>do</strong> Souto (Fig. 9 B) e tem paralelos bem conheci<strong>do</strong>s em numerosas das rochas tanto <strong>do</strong>Complexo de arte Rupestre <strong>do</strong> Tejo e como no vale <strong>do</strong> Guadiana em especial na zona de MolinoManzánez (COLLADO 2007).492ABFigura 9 – A: Vale de Rovinosa, rocha nº 3 , figura de “espiral”. B: Vale de Souto, a rocha das espirais.(Decalque e foto Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica de Mação)Vale de SoutoRocha 1 ou <strong>do</strong>s Antropomorfos (OCR01 )Ainda no vale <strong>do</strong> rio Ocreza, mas um pouco mais a norte, no núcleo <strong>do</strong> Vale de Souto,<strong>en</strong>contra-se uma rocha que tem <strong>do</strong>is painéis grava<strong>do</strong>s na vertical com figuras humanas estilizadas.(ABREU 2008a ABREU 2008b)9/ Docum<strong>en</strong>tação, Levantam<strong>en</strong>to e Promoção de Arte Rupestre


Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAOs Abrigos Pinta<strong>do</strong>sPêgo da Rainha, Abrigo 1 e 2No âmbito da contextualização das gravuras <strong>do</strong> Ocreza, foi prospectada a zona de abrigos dequartzitos no sitio <strong>do</strong> Pego da Rainha. Trata-se de impon<strong>en</strong>tes formações, que <strong>do</strong>minam visualm<strong>en</strong>tea região e, em particular, o vale <strong>do</strong> Pracana. Em <strong>do</strong>is destes abrigos, a uma altitude de cerca de 320metros, claram<strong>en</strong>te visíveis a quilómetros de distância, foram id<strong>en</strong>tificadas diversas pinturasavermelhadas/alaranjadas (provavelm<strong>en</strong>te óxi<strong>do</strong>s ferruginosos), contan<strong>do</strong>-se um total de 11 painéis.Infelizm<strong>en</strong>te o esta<strong>do</strong> de conservação é na actualidade mau, o que nos leva a crer que no passa<strong>do</strong>possam ter existi<strong>do</strong> muitas mais figuras, principalm<strong>en</strong>te no abrigo 2.O abrigo 1 situa-se numa vert<strong>en</strong>te exposta, sob uma parede vertical quartzítica. Nele épossível distinguir cerca de 63 sinais pinta<strong>do</strong>s conc<strong>en</strong>tra<strong>do</strong>s num único painel. A dim<strong>en</strong>são daspinturas varia <strong>en</strong>tre os 2 e os 6 cm. Trata-se principalm<strong>en</strong>te de linhas, pontos e barras feitaspressionan<strong>do</strong> a ponta <strong>do</strong> de<strong>do</strong>, provavelm<strong>en</strong>te o indica<strong>do</strong>r, com pigm<strong>en</strong>to na superfície rochosa ouseja os chama<strong>do</strong>s dígitos.494Figura 12 – Abrigos pinta<strong>do</strong>s de Pego da Rainha(Fotos e des<strong>en</strong>ho Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica de Mação)Num <strong>do</strong>s casos é possível observar, não só, a repres<strong>en</strong>tação <strong>do</strong>s de<strong>do</strong>s mas também parte dapalma da mão. O “artista” pressionou a mão direita com a esquerda sem que ficasse impressa aconcavidade da palma da mão (ABREU G. 2007).9/ Docum<strong>en</strong>tação, Levantam<strong>en</strong>to e Promoção de Arte Rupestre


ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOO segun<strong>do</strong> abrigo (PGR2) situa-se numa vert<strong>en</strong>te <strong>en</strong>caixada, m<strong>en</strong>os visível, sobre uma paredede quartzítico ferruginoso. As pinturas <strong>en</strong>contram-se na vertical e tem a coloração ocre avermelhada.A parede decorada foi dividida em 9 painéis distintos e possui repres<strong>en</strong>tações igualm<strong>en</strong>te de traços edígitos com dim<strong>en</strong>sões que vão <strong>en</strong>tre os 2 e os 12 cm.Dígitos e linhas de pigm<strong>en</strong>to são conheci<strong>do</strong>s noutros abrigos pinta<strong>do</strong>s em Portugal como, porexemplo, na Pala Pinta (Freguesia de Carlão, Concelho de Alijó, Distrito de Vila Real) no norte <strong>do</strong>País (SOUSA 1987, SANTOS Jr .1933 ). onde são acompanha<strong>do</strong>s por figuras solares, ou no grupo daSerra de Arronches (Nisa, Portalegre) em especial em Valdejunco e (PESTANA 1984)No que concerne à problemática da atribuição cronológica e cultural, existem da<strong>do</strong>s queapontam, sob reserva, para a transição <strong>en</strong>tre o Neolítico e o Calcolítico (5000-4000 anos?). A arterupestre <strong>do</strong> Pego da Rainha integra-se no contexto <strong>do</strong>s abrigos pinta<strong>do</strong>s esquemáticos Pós-Paleolíticos muito comuns na vizinha Estremadura Espanhola.495Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL


Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAO <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica e <strong>do</strong> Sagra<strong>do</strong> <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> TejoO <strong>Museu</strong> Municipal Dr. João Cala<strong>do</strong> Rodrigues, agora também designa<strong>do</strong> por “<strong>Museu</strong> deArte Pré-Histórica e <strong>do</strong> Sagra<strong>do</strong> no Vale <strong>do</strong> Tejo” fica situa<strong>do</strong> na vila de Mação, distrito de Santarém,c<strong>en</strong>tro de Portugal.O seu funda<strong>do</strong>r des<strong>en</strong>volveu durante décadas um importante trabalho de pesquisa e análiseda pré-história <strong>do</strong> concelho. T<strong>en</strong><strong>do</strong> a ideia de criar num surgi<strong>do</strong> em 1943 na sequência <strong>do</strong> importanteacha<strong>do</strong> <strong>do</strong> Porto <strong>do</strong> Concelho. O <strong>Museu</strong> ficou, porém, sem sede, permanec<strong>en</strong><strong>do</strong> o espólio recolhi<strong>do</strong>pelo Dr. Cala<strong>do</strong> Rodrigues primeiro na sua casa e depois <strong>en</strong>caixota<strong>do</strong> até 1966, altura em que aCâmara Municipal adquiriu a colecção. Em 1967 a Drª Maria Amélia Horta Pereira é convidada aestudar a colecção e a elaborar um projecto de <strong>Museu</strong>, que só viria a ser concretiza<strong>do</strong> em 1986, alturaem que se abriu ao público o <strong>Museu</strong>, expon<strong>do</strong> a colecção de João Cala<strong>do</strong> Rodrigues e o espólioreuni<strong>do</strong> desde 1967, que para além da arqueologia, contemplava também objectos de interesseetnográfico assim como uma colecção de peças de arte. (PEREIRA 2009)O ponto de viragem deu-se no ano de 2000, com a descoberta a 6 de Setembro, de umagravura rupestre paleolítica com cerca 15.000 anos, na margem <strong>do</strong> Rio Ocreza passan<strong>do</strong> a existir umanova direcção e uma equipa rejuv<strong>en</strong>escida inician<strong>do</strong>-se uma necessária reorganização <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>, <strong>do</strong>sseus objectivos e das suas actividades496BACFigura 13 – A: A fachada <strong>do</strong> <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica em Mação. B e C: A exposição “Perman<strong>en</strong>te umrisco na paisagem”(Fotos Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica)Essa equipe apoiada por uma Comissão Internacional de acompanham<strong>en</strong>to, e com acelebração de diversos protocolos <strong>en</strong>tre a Câmara Municipal e várias <strong>en</strong>tidades nacionais einternacionais como o Instituto Politécnico de Tomar, o C<strong>en</strong>tro de Estu<strong>do</strong>s da Pré-História <strong>do</strong> AltoRibatejo, o Instituto Português de Arqueologia e a Federação Internacional de Arte Rupestre, iniciouo inv<strong>en</strong>tário e a reorganização <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>. Após um perío<strong>do</strong> de <strong>en</strong>cerram<strong>en</strong>to o <strong>Museu</strong> reabriu as suasportas em 2005 com uma exposição perman<strong>en</strong>te intitulada “Um risco na paisagem - Artefactos, lugares e9/ Docum<strong>en</strong>tação, Levantam<strong>en</strong>to e Promoção de Arte Rupestre


ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOmo<strong>do</strong>s de vida nas orig<strong>en</strong>s <strong>do</strong> agro-pastoralismo”, apoiada numa pequ<strong>en</strong>a parte das colecções <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>,debruça sobretu<strong>do</strong> sobre as orig<strong>en</strong>s da agricultura e da arte. Foi ainda criada uma área dedicada aexposições temporárias que tem acolhi<strong>do</strong> projectos como: “O Tempo Antes <strong>do</strong> Tempo - Caça<strong>do</strong>resPaleolíticos de Mação e <strong>do</strong> Sul da Europa” (2003) e “Primus - Origem <strong>do</strong> Primatas“ (2007)Embora o actual edifício não permita que to<strong>do</strong> o espólio esteja pres<strong>en</strong>tem<strong>en</strong>te acessível aovisitante foram criadas condições para que, tanto os habitantes locais e os turistas, como osestudantes e os investiga<strong>do</strong>res t<strong>en</strong>ham a sua disposição uma série espaços incluin<strong>do</strong> gabinetes, umaBiblioteca especializada em Arte Pré-Histórica e Arqueologia e uma Sala reuniões, que permitem tiraro maior parti<strong>do</strong> das pot<strong>en</strong>cialidade <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>.ABFigura 14 - A: uma Escola Infantil em visita ao <strong>Museu</strong>. B: Conferência pública Herity.(Fotos Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica, Mação)497É objecto primário <strong>do</strong> <strong>Museu</strong> actuar na promoção <strong>do</strong> des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to local, s<strong>en</strong><strong>do</strong> ummuseu aberto à participação popular e com campos de actuação multivaria<strong>do</strong>s c<strong>en</strong>tra<strong>do</strong>s na dim<strong>en</strong>sãointerna promov<strong>en</strong><strong>do</strong> o des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to imaterial das populações - os chama<strong>do</strong>s “Espaços deMemória” - reforçan<strong>do</strong> as id<strong>en</strong>tidades e na dim<strong>en</strong>são externa, promov<strong>en</strong><strong>do</strong> o des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>tomaterial, reforçan<strong>do</strong> a visibilidade local no exterior, reforçan<strong>do</strong> actividades turísticas, actuan<strong>do</strong> comoag<strong>en</strong>te de animação, ag<strong>en</strong>te da valorização <strong>do</strong>s produtos artesanais locais através da promoção dainovação na tradição.Serviço Educativos<strong>Museu</strong> des<strong>en</strong>volve um amplo programa de actividades e ateliers promovi<strong>do</strong>s pelos “ServiçosEducativos” especialm<strong>en</strong>te vocaciona<strong>do</strong>s para os mais diversos públicos – escolas, associações,clubes e <strong>en</strong>tidades quer publicas quer privadas. Nessa óptica o <strong>Museu</strong> tem como prioridade, umaforte aposta na didáctica que se concretiza em visitas animadas por exercícios, ateliers de arqueologiaexperim<strong>en</strong>tal e dramatizações que procuram a Pré-História, bem como em actividades realizadasjunto <strong>do</strong>s sítios arqueológicos que os associam ao desporto (caminhadas e escalada), às ciências(observação da fauna, flora e geologia) ou às artes (concertos musicais, concursos de artes plásticas).O projecto Andakatu: Educar no pres<strong>en</strong>te através <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, preparan<strong>do</strong> o futuro.Como já dissemos o <strong>Museu</strong> de Arte Pré-Histórica de Mação embora actuan<strong>do</strong> em diversasáreas (investigação, gestão, conservação, valorização…), tem como papel principal propiciar aos seusutiliza<strong>do</strong>res espaços de <strong>en</strong>contro, de reflexão, de construções de conhecim<strong>en</strong>to e de novos conceitos, e de elaboração dejuízos críticos. A diversidade <strong>do</strong>s seus utiliza<strong>do</strong>res e interlocutores resulta em discursos que podem serdistintos, mant<strong>en</strong><strong>do</strong> todavia as bases temáticas das exposições <strong>do</strong> <strong>Museu</strong> (OOSTERBEEK, 2009).Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL


Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAÉ este o contexto da Educação Patrimonial <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>, cuja face mais pública é o Projecto“Andakatu» que tem uma dim<strong>en</strong>são prática e uma vocação especial para a interacção com jov<strong>en</strong>s ecrianças.ABFigura 15 – A e B: O “Andakatu” nas escolas(Fotos <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica de Mação)O “Andakatu” é um personagem que, por vezes vesti<strong>do</strong> com «roupas» de caça<strong>do</strong>r paleolíticoou agricultor neolítico (Fig.15), protagoniza e conduz os participantes em varia<strong>do</strong>s ateliês cujosconteú<strong>do</strong>s (discurso e materiais didácticos) têm por base a transformação da paisagem, a tecnologia, aarte rupestre, a transição da caça e recolecção para o agro-pastoralismo, transformações sociais,equilíbrio e sust<strong>en</strong>tabilidade <strong>do</strong>s recursos ambi<strong>en</strong>tais.498As actividades são um prolongam<strong>en</strong>to prático de um diálogo com os visitantes que se querdinâmico e contextualiza<strong>do</strong> nas interpretações <strong>do</strong> que poderá ter si<strong>do</strong> a vivência das comunidadeshumanas ao longo da pré-história, mas que também pret<strong>en</strong>de ser um instrum<strong>en</strong>to de educação cívicae ambi<strong>en</strong>tal (OOSTERBEEK et al. 2009; MILLER, 2009).Assim, através das acções educativas, de forma sucinta, pret<strong>en</strong>demos também transmitir que:A arqueologia pré-histórica compre<strong>en</strong>de o comportam<strong>en</strong>to humano <strong>do</strong> passa<strong>do</strong><strong>en</strong>quanto adaptação cultural que interage com o ambi<strong>en</strong>te, sublinhan<strong>do</strong> a diversidade decomportam<strong>en</strong>tos e culturas na pré-história, mas nunca deixan<strong>do</strong> de m<strong>en</strong>cionar que na suaessência são comuns a toda a humanidade. Estas referências procuram uma melhorcompre<strong>en</strong>são das difer<strong>en</strong>ças sociais e culturais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> actual e estimulam nos jov<strong>en</strong>s ecrianças a noção de interculturalidade e aceitação <strong>do</strong> outro.A prática da arqueologia combina tecnologias altam<strong>en</strong>te avançadas e complexas, maspermite ao mesmo tempo o <strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to de pessoas sem treino especializa<strong>do</strong> e que até certoponto podem fazer parte <strong>do</strong> processo de construção <strong>do</strong> conhecim<strong>en</strong>to. Estas são referênciasque procuram estimular e des<strong>en</strong>volver nos jov<strong>en</strong>s e crianças a educação ci<strong>en</strong>tífica não formal.A arqueologia não separa as ciências humanas, as ciências da terra e as ciências básicase que por isso é des<strong>en</strong>volvida sem segm<strong>en</strong>tação <strong>do</strong> conhecim<strong>en</strong>to. Assim procura-sedespertar a consciência de que o conhecim<strong>en</strong>to é construí<strong>do</strong> através da combinação de váriasdisciplinas, méto<strong>do</strong>s e diálogos.Quan<strong>do</strong> estudamos pré-história percebemos que os seres humanos viveram durantemilénios em harmonia e equilíbrio com o seu ambi<strong>en</strong>te, ao contrário <strong>do</strong> que se passaactualm<strong>en</strong>te. Os humanos pedem demais à natureza, sem consciência de que dela dep<strong>en</strong>de anossa sobrevivência. Esta referência procura incutir a consciência e preocupação de quetemos de explorar os recursos ambi<strong>en</strong>tais de forma sust<strong>en</strong>tável.9/ Docum<strong>en</strong>tação, Levantam<strong>en</strong>to e Promoção de Arte Rupestre


ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOIgualm<strong>en</strong>te o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> mostra-nos como as alterações climáticas sempreafectaram as comunidades humanas, no <strong>en</strong>tanto aquelas que <strong>en</strong>fr<strong>en</strong>tamos hoje, não são sónaturais. São induzidas pela acção de hom<strong>en</strong>s e mulheres e têm consequências ainda maiscatastróficas quan<strong>do</strong> verificamos que desde a pré-história temos vin<strong>do</strong> a ocupar todas asregiões <strong>do</strong> planeta, incluin<strong>do</strong> aquelas mais vulneráveis a catástrofes ambi<strong>en</strong>tais. Assimdespertamos nos jov<strong>en</strong>s e crianças uma at<strong>en</strong>ção mais crítica para o problema <strong>do</strong> aquecim<strong>en</strong>toglobal.Os ateliers <strong>do</strong> Andakatu têm como base a experiência directa, assumin<strong>do</strong> a experim<strong>en</strong>taçãotecnológica um papel fulcral para des<strong>en</strong>volver uma percepção mais profunda e dura<strong>do</strong>ura <strong>do</strong>s temas atransmitir (CURA et al, 2008a). Estas experiências, contu<strong>do</strong>, não são unicam<strong>en</strong>te lúdicas, masestruturadas em directa articulação com as experim<strong>en</strong>tações des<strong>en</strong>volvidas no âmbito <strong>do</strong>s programasde investigação sobre tecnologias pré-históricas (CURA et al, 2008b). Desta forma a educaçãopatrimonial não separa a teoria da prática, ou a investigação da didáctica, que não é assim reduzida auma popularização simplista <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da investigação. Mais uma vez o objectivo é <strong>en</strong>volver osvisitantes, jov<strong>en</strong>s e adultos, sem formação específica em arqueologia, nos problemas da investigaçãoci<strong>en</strong>tífica. É por isso que não divulgamos só resulta<strong>do</strong>s finais, mas sobretu<strong>do</strong> as questões e osméto<strong>do</strong>s à nossa disposição para lhes responder, assumin<strong>do</strong> que em arqueologia, como em qualqueroutra disciplina, a comunicação com o público não é dissociável da promoção de um espírito crítico ereflexão interrogativa.499Figura 16 - Apres<strong>en</strong>tações pública <strong>do</strong> “Andakatu” fora <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>.(Docum<strong>en</strong>tação e Fotos Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica de Mação)Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL


Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAA inclusão de actividades de experim<strong>en</strong>tação na apres<strong>en</strong>tação didáctica da pré-história e osriscos de «banalização» <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s ci<strong>en</strong>tíficos que daí podem resultar têm si<strong>do</strong> aponta<strong>do</strong>s ediscuti<strong>do</strong>s (SAMPAIO & AUBRY 2008a, 2008b). Na verdade, é precisam<strong>en</strong>te o facto de o ProjectoAndakatu ser des<strong>en</strong>volvi<strong>do</strong> em directa articulação com a pesquisa arqueológica que lhe garante umacorrecta divulgação de conhecim<strong>en</strong>to ci<strong>en</strong>tífico, mas sempre inteligível. Assim, a inclusão daexperim<strong>en</strong>tação na educação patrimonial não constitui um «perigo» para a pesquisa mas e é também agarantia da sua continuidade, já que o conhecim<strong>en</strong>to ci<strong>en</strong>tífico dificilm<strong>en</strong>te <strong>en</strong>contra um amplos<strong>en</strong>ti<strong>do</strong> se for unicam<strong>en</strong>te suporta<strong>do</strong> e <strong>en</strong>t<strong>en</strong>di<strong>do</strong> pelos seus profissionais especializa<strong>do</strong>s (GARCIAMUNÚA, 2008).A educação patrimonial decorre em vários espaços e é concretizada em diversas actividades.Para além da ori<strong>en</strong>tação personalizada das visitas nos espaços expositivos, que no caso de públicosmais jov<strong>en</strong>s podem ser dinâmicas recorr<strong>en</strong><strong>do</strong> a exercícios didácticos especificam<strong>en</strong>te prepara<strong>do</strong>s paratal as acções educativas (ateliers e demonstrações) têm lugar no espaço exterior <strong>do</strong> “Instituto Terra eMemória”, mas também noutros locais (Fig. 16). O trabalho educativo fora <strong>do</strong> espaço físico <strong>do</strong><strong>Museu</strong> decorre, sobretu<strong>do</strong>, em escolas <strong>do</strong> <strong>en</strong>sino básico e 2º ciclo em Portugal. Em Sessões que«sintetizam» e demonstram em perspectiva a história da nossa «evolução com base no estu<strong>do</strong> dastecnologias pré-históricas (Fig.15).500Figura 17 - Atelier de “Arte rupestre” <strong>do</strong> “Andakatu”(Docum<strong>en</strong>tação e Fotos Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica de Mação)Como meios de divulgação o projecto recorre à rubrica «Curiosidades <strong>do</strong> Andakatu»,publicada no Boletim Municipal Horizonte Verdinho que é especialm<strong>en</strong>te vocaciona<strong>do</strong> para as crianças.É divulga<strong>do</strong> no site oficial <strong>do</strong> <strong>Museu</strong> (www.museumacao.pt.vu), mas também num blogue deapres<strong>en</strong>tação de conteú<strong>do</strong>s e partilha de experi<strong>en</strong>cias e finalm<strong>en</strong>te um canal no Youtubewww.arqueologiaexperim<strong>en</strong>tal.blogspot.com e http://www.youtube.com/user/Andakatu)Em balanço…Podemos com alguma certeza afirmar que o projecto tem resulta<strong>do</strong>s positivos e queacompanha o crescim<strong>en</strong>to <strong>do</strong> <strong>Museu</strong> de Mação. O desde 2007 que o projecto colabora com dez<strong>en</strong>asinstituições: Escolas portuguesas de Ensino Básico e 2º Ciclo (mais de 30); <strong>Museu</strong>s e C<strong>en</strong>tros de interpretação: <strong>Museu</strong> de Antropologia e Arqueologia da Universidade deCambridge (Reino Uni<strong>do</strong>), <strong>Museu</strong> Tavares Pro<strong>en</strong>ça Júnior, <strong>Museu</strong> Nacional de Arqueologia,9/ Docum<strong>en</strong>tação, Levantam<strong>en</strong>to e Promoção de Arte Rupestre


ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJO<strong>Museu</strong> Agrícola <strong>do</strong>s Riachos, C<strong>en</strong>tro de Interpretação de Arqueologia <strong>do</strong> Alto Ribatejo,C<strong>en</strong>tro de Interpretação da Natureza de Fu<strong>en</strong>tes de Oñoro (Espanha), Parque Natural daSerra d’Aire e Candeiros; Museo di Cerv<strong>en</strong>o, Valcamonica Itália. Associações: Sociedade de Arqueologia Brasileira, International Summer School on EuropeanPrehistory (Sard<strong>en</strong>ha,Itália), Cooperativa Le Orme dell’Uomo (Valcamónica, Itália), YoungArchaeologists’ Club (Cambridge, Reino Uni<strong>do</strong>), Associação Portuguesa para oDes<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to Regional Entidades comerciais privadas: Torreshoping, Electrosul (Brasil); Municípios: Ayuntami<strong>en</strong>to de Santiago de Alcântara (Espanha); Município de Mafra, Comunedi Paspar<strong>do</strong>, Brescia (Itália).Assim <strong>en</strong>tre 2007 e 2009 o Projecto <strong>en</strong>volveu mais de 5000 crianças, jov<strong>en</strong>s e adultos (CURAet al., no prelo).A educação patrimonial no <strong>Museu</strong> de Mação é bem sucedida, quer em termos de solicitação,quer em termos de eficácia na transmissão das m<strong>en</strong>sag<strong>en</strong>s e conteú<strong>do</strong>s 1 devi<strong>do</strong> ao cuida<strong>do</strong> posto nasua preparação, à perman<strong>en</strong>te articulação <strong>en</strong>tre o programa e as necessidades específicas <strong>do</strong>s seusutiliza<strong>do</strong>res e ao facto de ter na equipa didáctica investiga<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Laboratórios de Líticos, ArteRupestre e Cerâmica <strong>do</strong> Instituto Terra e Memória que regularm<strong>en</strong>te <strong>en</strong>riquecem o projecto ao sabor<strong>do</strong>s avanços de suas pesquisas e actividades.A Biblioteca e a rede de informação501O <strong>Museu</strong> acolhe hoje uma biblioteca especializada em Arqueologia e Arte Rupestre que fazparte da rede BAR – Biblioteca Alto Ribatejo e que possui mais de diversas dez<strong>en</strong>as de publicaçõescom mais de 40 000 refer<strong>en</strong>cias. Nesse âmbito estão a ser implem<strong>en</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s projectos (ver nestasactas o artigo ABREU et al. no prelo 2)O projecto PACAD e arqueomação.tvA criação <strong>do</strong> canal de televisão na internet arqueomacao.tv, e a implantação <strong>do</strong> Programa deAnimação Ci<strong>en</strong>tífica e Artística Digital (PACAD), são "parte integrante" de um Projecto inova<strong>do</strong>r deInterv<strong>en</strong>ção nas áreas de Arqueologia, museologia digital e divulgação <strong>do</strong> Património. Este sistemapermite de forma interactiva consultas de arquivos devídeos e artigos relaciona<strong>do</strong>s com os projectos deinvestigação e museologia arqueológica, para além dasemissões em directo de conteú<strong>do</strong>s educativos eci<strong>en</strong>tíficos.O sistema foi implem<strong>en</strong>ta<strong>do</strong> em 2009 emMação, t<strong>en</strong><strong>do</strong> já si<strong>do</strong> internacionaliza<strong>do</strong> pela adesão deparceiros ao projecto, cujo objectivo é construir amaior rede digital de museus liga<strong>do</strong>s <strong>en</strong>tre sipermitin<strong>do</strong> o alargam<strong>en</strong>to de conteú<strong>do</strong>s adisponibilizar com a contribuição de cada parceiro.www.arqueomacao.tv - assim se acede ao novocanal de televisão português, totalm<strong>en</strong>te dedica<strong>do</strong> àarqueologia e ao património cultural.Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL


Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAFruto de uma parceria <strong>en</strong>tre o CEIPHAR e a empresa B<strong>en</strong>efits & Profits, com sede no <strong>Museu</strong>de Arte Pré-Histórica de Mação, o novo canal permitirá consultas de arquivos de vídeos e artigos,relaciona<strong>do</strong>s com os projectos de investigação e museologia arqueológica coord<strong>en</strong>a<strong>do</strong>s pelo InstitutoPolitécnico de Tomar (IPT), para além das emissões em directo.As emissões em directo tiveram o seu início em 2009 com a transmissão das “Jornadas deArqueologia Ibero-Americana”, que assim puderam ser seguidas por to<strong>do</strong>s os interessa<strong>do</strong>s em qualquerparte <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.Com correspond<strong>en</strong>tes em mais de 15 países, o canal de televisão oferecerá reportag<strong>en</strong>s sobreos projectos <strong>do</strong> IPT, <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>, <strong>do</strong> C<strong>en</strong>tro de Interpretação de Arqueologia <strong>do</strong> Alto Ribatejo(CIAAR) e <strong>do</strong> conjunto das equipas articuladas no Grupo de Quaternário e Pré-História <strong>do</strong> C<strong>en</strong>trode Geociências (FCT), na Europa (Portugal, Espanha, Itália, Grécia), América <strong>do</strong> Sul (Brasil,Colômbia) e África (S<strong>en</strong>egal, Angola).Serviços de ext<strong>en</strong>são – o <strong>Museu</strong> com a comunidade localO <strong>Museu</strong> participa também em projectos directam<strong>en</strong>te com a comunidade como é o caso daconstrução de um “Espaço de Memória e Cultura” na vila de Cardigos, no concelho de Mação. Esteprojecto de ín<strong>do</strong>le mais etnográfica e antropológica tem como objectivo principal a construção deum espaço que valorize e proteja as experiências de vida <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res locais bem como os objectosque testemunham as suas vivências numa clara aposta na defesa <strong>do</strong> património imaterial da zona.(PEREIRA 2009)502Figura 18 – Espaço Memória - No c<strong>en</strong>tro o Presid<strong>en</strong>te da Câmara de Mação, Dr. Saldanha Rocha rodea<strong>do</strong>,da esquerda para a direita: Prof. Dr. Luiz Oosterbeek, Dr. André Lopes, Sr Manuel Pomba e Prof. Dr.Rossano Bastos. Latoeiros de Mação(fotos Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica, Mação)EnsinoUm <strong>do</strong>s aspectos no qual o <strong>Museu</strong> desemp<strong>en</strong>ha um papel de relevo está relaciona<strong>do</strong> comformação de nível universitário.Nas suas instalações tem lugar muitos <strong>do</strong>s módulos <strong>do</strong>s Mestra<strong>do</strong>s e Pós-graduações:“Arqueologia Pré-histórica e Arte Rupestre”, Eramus-Mundus (ITP/UTAD); “Técnicas DeArqueologia” e “Arqueologia Subaquática”, assim como, actividades relacionadas com o curso deDoutoram<strong>en</strong>to “Quaternário, materiais e culturas” da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douroambos integra<strong>do</strong>s na rede laboratorial <strong>do</strong> Doutoram<strong>en</strong>to Europeu em Dinâmicas Humanas,Ambi<strong>en</strong>tais e Comportam<strong>en</strong>tais (Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, Instituto Politécnico9/ Docum<strong>en</strong>tação, Levantam<strong>en</strong>to e Promoção de Arte Rupestre


ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOde Tomar, Universidades de Ferrara, Tarragona, Cracóvia e Tiblissi e Instituto de PaleontologiaHumana de Paris), que decorre em MaçãoTo<strong>do</strong>s os anos, e graças ao apoio da União Europeia - Comissão Europeia, realizam-se noâmbito <strong>do</strong> “Erasmus Int<strong>en</strong>sive Programme”, o curso Global Qualaity Heritage Managem<strong>en</strong>t, bem como o“Curso de Arte Pré-Histórica Europeia” (Programa Sócrates). A equipe <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>, coord<strong>en</strong>a ainda,em Portugal, a implem<strong>en</strong>tação <strong>do</strong> Programa Herity - Gestão de Qualidade <strong>do</strong> Património CulturalProjectos de InvestigaçãoA investigação reside no c<strong>en</strong>tro das prioridades <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>. Para o seu <strong>en</strong>quadram<strong>en</strong>to, foicriada uma Comissão Ci<strong>en</strong>tífica Internacional, integran<strong>do</strong> especialistas de diversos c<strong>en</strong>tros deexcelência europeus, bem como uma rede de parcerias nacionais (IPT, CPH, CEIPHAR, PAAMT eCIAAR) e internacionais (Rede Europeia de Arqueologia, IFRAO).Como expressão desta prioridade,o <strong>Museu</strong> participou no projecto EuroPreArt, e pert<strong>en</strong>ce a equipa que esta a preparar o “Banco-Arquivo Mundial de Arte Rupestre”. Graças aos apoio Comissão Europeia o <strong>Museu</strong> t<strong>en</strong>taparticipa<strong>do</strong> e colabora em vários projectos <strong>do</strong>s quais se destacam Intergratio e o ARTRISK eARTSIGNS, s<strong>en</strong><strong>do</strong> que estes últimos foram e estão a ser coord<strong>en</strong>a<strong>do</strong>s pelo próprio <strong>Museu</strong>.O <strong>Museu</strong> <strong>do</strong>s <strong>Museu</strong>s - Projecto “Transformations”Quem passear pelas ruas de Mação não se deve admirar se der de caras com uma figurarupestre pintada num muro ou fachada de edifício. Estas figuras fazem parte <strong>do</strong> projecto“Transformations”: <strong>Museu</strong> <strong>do</strong>s <strong>Museu</strong>s promovi<strong>do</strong> pelo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-Histórica e <strong>do</strong> Sagra<strong>do</strong><strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Tejo, em articulação com a Câmara Municipal de Mação e com a equipa de Arte Rupestre<strong>do</strong> Grupo de Quaternário e Pré-História <strong>do</strong> C<strong>en</strong>tro de Geociência – Portugal coord<strong>en</strong>ada porGuillermo Munoz .503A ideia é simples: aproveitar fachadas de edifícios, paredes ou muros sem aproveitam<strong>en</strong>toapar<strong>en</strong>te e transformá-los em agradáveis painéis com reproduções de originais de pinturas e gravurasde arte rupestre internacional. O objectivo <strong>do</strong> projecto é conseguir levar à comunidade mais alargada<strong>do</strong> concelho a arte rupestre e o trabalho que se des<strong>en</strong>volve no <strong>Museu</strong>. As pinturas estão ser feitaspelos alunos <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> em Arqueologia Pré-Histórica e Arte Rupestre e <strong>do</strong> Doutoram<strong>en</strong>to emQuaternário, Materiais e Culturas (ambos a decorrer em Mação).A primeira fachada a ser pintada foi no edifício <strong>do</strong>s Bombeiros Voluntários. Também o Largo<strong>do</strong>s Combat<strong>en</strong>tes da Grande Guerra já foi transforma<strong>do</strong> na designada "Praça Internacional", compintadas de gravuras da Colômbia, África, Mongólia e Índia. É uma exposição difer<strong>en</strong>te, que estará aoalcance de to<strong>do</strong>s, de dia e de noite e que se irá des<strong>en</strong>volver em diversas etapas, por to<strong>do</strong> o Concelho,com a reconstrução de painéis à escala <strong>do</strong>s cinco contin<strong>en</strong>tes.Figura 19 – Alunospintan<strong>do</strong> a fachada <strong>do</strong>Quartel <strong>do</strong> Bombeiros -“<strong>Museu</strong> <strong>do</strong>s <strong>Museu</strong>s”Projecto Transformation.(fotos Arquivo <strong>Museu</strong> deArte Pré-histórica, Mação)Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL


Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAO RuptejoO projecto Ruptejo c<strong>en</strong>tra-se num quadro global de referência que tem como alvo de estu<strong>do</strong>sa bacia <strong>do</strong> Tejo/Sa<strong>do</strong>, o vale <strong>do</strong> Guadiana e o vale <strong>do</strong> Guadalquivir (principais rotas de ligação <strong>en</strong>treo litoral e o interior no Su<strong>do</strong>este, local de abundância de recursos naturais).O objectivo primordial deste projecto passa por, através de uma primeira revisão exaustiva dabibliografia, alargar drasticam<strong>en</strong>te o corpus de registos de arte rupestre não ap<strong>en</strong>as em termosquantitativos mas também qualitativos (<strong>en</strong>volv<strong>en</strong><strong>do</strong> prospecções para montante nos aflu<strong>en</strong>tes ecristas quartzíticas. O vale <strong>do</strong> Tejo é, neste contexto, um importante foco de estu<strong>do</strong> e cujos trabalhosjá em curso t<strong>en</strong>tam corrigir uma lacuna que se vem a ac<strong>en</strong>tuar nas últimas décadas: a necessidade decompre<strong>en</strong>der a real ext<strong>en</strong>são e complexidade deste complexo de arte rupestre e contribuir para uminv<strong>en</strong>tário da arte rupestre da bacia, necessariam<strong>en</strong>te no seu contexto supra-nacional.Os trabalhos até agora realiza<strong>do</strong>s e/ou em curso têm-se foca<strong>do</strong> na área <strong>do</strong> município da Sertãcom prospecções, levantam<strong>en</strong>tos e registo de arte rupestre especialm<strong>en</strong>te na zona de Oleiros.(BATATA et al. 2004)Com a autorização e apoio <strong>do</strong> IGESPAR iniciou-se o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s moldes em látex dassuperfícies das rochas gravadas que a barragem <strong>do</strong> Fratel submergiu na década de 70. Este estu<strong>do</strong>int<strong>en</strong>sivo <strong>do</strong>s moldes tem-se revela<strong>do</strong> decisivo para a compre<strong>en</strong>são da magnitude deste complexonunca antes estuda<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> aprofunda<strong>do</strong>. O projecto tem duração de quatro anos e <strong>en</strong>volve umaequipa de 25 investiga<strong>do</strong>res <strong>do</strong> C<strong>en</strong>tro de Geo-Ciências da Universidade de Coimbra. (ABREU et alno prelo3)504ABFigura 20 - Laboratório de Arte Rupestre.Decalque de moldes em látex e levantam<strong>en</strong>to derochas (Sertã). Projecto Ruptejo (fotos Arquivo<strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica, Mação)9/ Docum<strong>en</strong>tação, Levantam<strong>en</strong>to e Promoção de Arte Rupestre


ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOEm parceria com uma equipa da Universidade de Durham coord<strong>en</strong>ada pelo Professor ChrisScarre, está a s<strong>en</strong><strong>do</strong> estudada a Anta da Laginha. Este é um monum<strong>en</strong>to megalítico que, tal como aAnta da Foz <strong>do</strong> Rio Frio apres<strong>en</strong>ta afinidades norte-al<strong>en</strong>tejanas, cujo estu<strong>do</strong> procurará responder auma série de questões sobre estes monum<strong>en</strong>tos no concelho de Mação, nomeadam<strong>en</strong>te no que dizrespeito aos seus mom<strong>en</strong>tos iniciais de construção.Figura 21 – Trabalho de campo (foto Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica, Mação)505Também a certificação de qualidade <strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s à população <strong>do</strong> Concelho deMação e a to<strong>do</strong> o público em geral está d<strong>en</strong>tro <strong>do</strong>s objectivos prioritários <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>.Instituto Terra e MemóriaAssocia<strong>do</strong> ao <strong>Museu</strong>, o “Instituto Terra e Memória – C<strong>en</strong>tro de Estu<strong>do</strong>s Superiores deMação” situa-se nas instalações da antiga Escola Primária de Mação e é um espaço disponibiliza<strong>do</strong>pela Câmara Municipal de Mação, que foi inaugura<strong>do</strong> em Maio de 2007. Desde <strong>en</strong>tão tem si<strong>do</strong> umpólo de referência no mun<strong>do</strong> da investigação da Arqueologia e Arte Rupestre. Dez<strong>en</strong>as de estudantesde to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong> des<strong>en</strong>volvem, neste mom<strong>en</strong>to, os seus trabalhos ci<strong>en</strong>tíficos nos laboratórios <strong>do</strong>ITM, em Mação, sobretu<strong>do</strong> no âmbito <strong>do</strong>Mestra<strong>do</strong> em Pré-História e Arte Rupestre eDoutoram<strong>en</strong>to em Quaternário, Materiais eCultura. É também a residência fixa <strong>do</strong>Andakatu, o famoso <strong>Homem</strong> da Pré-Históriaque <strong>en</strong>sina a Pré-História e a Arqueologia aosmais pequ<strong>en</strong>os, com recurso a ateliers deexperim<strong>en</strong>tação.Figura 21 - A sede <strong>do</strong> “Instituo Terra eMemória” e da “Casa Mundus” em Mação(foto Arquivo <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica,Mação)Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL


Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRA“Casa Mundus”Trata-se de um espaço de convivo destina<strong>do</strong>, em especial, aos alunos, <strong>do</strong>c<strong>en</strong>tes ecolabora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Museu</strong>. Possui ligação à internet sem fios, máquina de café e um ambi<strong>en</strong>teagradável permite a to<strong>do</strong>s passar mom<strong>en</strong>tos de descanso e de intercambio de ideias e experiências.Em conclusãoO concelho de Mação possui hoje não só série de estações de arte rupestre extremam<strong>en</strong>teinteressantes com uma cronologia a começar na época <strong>do</strong> Paleolítico Superior como tem, através <strong>do</strong><strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica, um pólo de promoção, formação e investigação da Arte Rupestre <strong>en</strong>treos mais importantes da Europa.Agradecim<strong>en</strong>tosÀ administração e população de Mação, aos alunos de mais de 25 países que já passarampelos curso de formação e a to<strong>do</strong>s os colegas que nos deram a honra da sua visita e colaboração, umprofun<strong>do</strong> agradecim<strong>en</strong>to com a certeza que o trabalho em prol <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> e des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>tointegra<strong>do</strong> continuará a estar no c<strong>en</strong>tro das nossa preocupações.Bibliografia506- ABREU, Gioconda Simões de. 2008. A figura da Mão na Arte Rupestre. Origem e Evolução <strong>do</strong> Símbolo.Dissertação de Mestra<strong>do</strong>. 206p. UTAD/ IPT.- ABREU, Mila Simões de. 2008a. Mação. Arte Rupestre–Fichas para visita. CIARTE Circuitos Arqueológicos <strong>do</strong>Tejo. 8 fichas x 2p. Edição Instituto Terra e Memória / Câmara Municipal de Mação.- ABREU, Mila Simões de. 2008b. Arte Rupestre em Mação. IN Arqueologia Rupestre – Uma visão arqueológica daArte Rupestre – Programa. 14-16p. Mação. Edição Instituto Terra e Memória / Câmara Municipal de Mação.- ABREU, Mila Simões de. No prelo1. A propósito das figuras incompletas em estilo Paleolítico da P<strong>en</strong>ínsulaIbérica. Arkeos. CEIPHAR: Mação.- ABREU, Mila Simões de; Luiz Oosterbeek; Fernanda Torquato; Jedson Cerezer & Isabel Afonso. Noprelo2. O Banco-de-da<strong>do</strong>s Internacional de Arte Rupestre [BIAR] e a IFRAO - Biblioteca Digital de Mação[IBDM] Global Rock Art Congress- ABREU, Mila Simões de; Luiz Oosterbeek; Sara Garcês; Fernan<strong>do</strong> Coimbra Guillermo Muñoz Castilblanco& Ana Isabel Rodrigues. No prelo3. Para uma revisão <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da arte rupestre <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Tejo. O uso <strong>do</strong>smoldes de látex como instrum<strong>en</strong>to de estu<strong>do</strong>. Global Rock Art Congress.- BAPTISTA, António Martinho. 2001. Ocreza (Env<strong>en</strong><strong>do</strong>s, Mação, Portugal c<strong>en</strong>tral): um novo sítio com artepaleolítica de ar livre. IN CRUZ, Ana Rosa & Luís OOSTERBEEK, CRUZ, Ana Rosa & LuizOOSTERBEEK, Territórios, Mobilidade e Povoam<strong>en</strong>to no Alto Ribatejo II – Santa Cita e o Quaternário da Região.Arkeos: Perspectivas em diálogo. 11: 163-192. Tomar:C<strong>en</strong>tro Europeu de Investigação da Pré-história <strong>do</strong> AltoRibatejo.- BAPTISTA, António Martinho. 2009. O paradigma Perdi<strong>do</strong>. O Vale <strong>do</strong> Côa e a Arte Paleolítica de Ar Livre emPortugal. 253p. Vila Nova de Foz Côa: Edições Afrontam<strong>en</strong>to / Parque Arqueológico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Côa.9/ Docum<strong>en</strong>tação, Levantam<strong>en</strong>to e Promoção de Arte Rupestre


ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJO- BATATA, Carlos; Fernan<strong>do</strong> COIMBRA & Filom<strong>en</strong>a GASPAR. 2004. As gravuras rupestres da Laje daFechadura (Concelho da Sertã). Revista de Portugal, Nova Série, n.º 1. Solar Condes de Res<strong>en</strong>de, V. N. de Gaia:26-31.- CARDOSO, Daniela. 2002. Pego da Rainha (Mação). IN CRUZ, A. e OOSTERBEEK, L. (coord.).Perspectivas em Diálogo, Arte Pré-Histórica, Arqueologia e Valorização. Arkeos 14: 59-72.- CARVALHO, Maria Fernanda Ferrato Melo de. 2008. Questions and contributions on rock art developed through thestudy of tagus valley ideomorphs. Cadernos de Quaternário e Pré-história, 2, 7p. Tomar:C<strong>en</strong>tro Europeu da Préhistória<strong>do</strong> Alto Ribatejo.- COLLADO GIRALDO, Hipolito. 2007. Arte rupestre <strong>en</strong> la cu<strong>en</strong>ca del Guadiana: el conjunto de Graba<strong>do</strong>s del MolinoManzanez (Alconchel-Cheles). Mémorias D'Odiana. Estu<strong>do</strong>s Arqueólogicos <strong>do</strong> Alqueva. 559p. Beja:EDIA.- CURA, Sara & Pedro CURA. 2007. A Oficina da criança no <strong>Museu</strong> de Arte Pré-Histórica de Mação, inOOSTERBEEK, Luiz. &, Rossano Lopes BASTOS (Eds), Arqueologia Trans-Atlântica,: 313-320 Erechim(Brasil), Ed. Habilis.- CURA, Sara, Pedro CURA & Luiz Oosterbeek. 2008. Projecto Andakatu: Didáctica da Pré-História atravésda Experim<strong>en</strong>tação, in Arqueologia Experim<strong>en</strong>tal – recriações <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> em ritmos <strong>do</strong> nosso tempo, Actasdas Sessões <strong>do</strong> Fórum Valorização e Promoção <strong>do</strong> Património Regional, 4: 54-59- CURA, Sara; Luiz OOSTERBEEK & Pedro CURA. no prelo. A Educação Patrimonial no <strong>Museu</strong> de ArtePré-Histórica de Mação, in Actas <strong>do</strong> Encontro Arqueologia e Autarquias, Cascais.507- GARCÊS, Sara. 2009. Cervídeos na arte Rupestre <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Tejo. Contributo para o estu<strong>do</strong> da Pré-História Rec<strong>en</strong>te.292p. Tese de dissertação. UTAD.- GARCÍA MUNÚA, J. A. (2008) Del experim<strong>en</strong>to a la experi<strong>en</strong>cia. Los talleres de tecnologias prehistóricas<strong>en</strong> el museo de Altamira, IN Arqueologia Experim<strong>en</strong>tal - Recriações <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> em ritmos <strong>do</strong> nosso tempo, Actas dasSessões <strong>do</strong> Fórum Valorização e Promoção <strong>do</strong> Património Regional, 4: 46-53- HARRISON, Richard. 2004. Symbols and Warriors. 360p. Bristol: Western Academic & Specialist PressLimited.- MILLER T. O. 2009. Usos da Arqueologia na Sala de aula, Revista HISTEDBR On-line, Campinas, 34:167-179- OOSTERBEEK, Luiz. 2001. <strong>Museu</strong> Municipal de Mação: <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica e <strong>do</strong> Sagra<strong>do</strong> no Vale<strong>do</strong> Tejo. Al-madan, II série, 10: 212.- OOSTERBEEK, Luiz. 2002. <strong>Museu</strong> Municipal de Mação: <strong>Museu</strong> de Arte Pré-histórica e <strong>do</strong> Sagra<strong>do</strong> no Vale<strong>do</strong> Tejo. IN CRUZ, Ana Rosa & Luiz OOSTERBEEK, Territórios, Mobilidade e Povoam<strong>en</strong>to no AltoRibatejo III - Arte Pré-histórica e o seu contexto. Arkeos: Perspectivas em diálogo. 12:11-28. Tomar:C<strong>en</strong>troEuropeu de Investigação da Pré-história <strong>do</strong> Alto Ribatejo.- OOSTERBEEK, Luiz & Daniela CARDOSO. 2004. Vale <strong>do</strong> Ocreza Prospecção e Levantam<strong>en</strong>tos. Techne 9:65-87.- OOSTERBEEK, Luiz; Sara CURA & Anabela PEREIRA. 2004. Cobragança relatório de Emergência. Techne9: 58-64.- OOSTERBEEK, Luiz & Sara CURA. 2005. O Património Arqueológico <strong>do</strong> Concelho de Mação – brevepanorâmica. Zahara, Ano 3, 6: 17-32.Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL


Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernan<strong>do</strong> COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRA- OOSTERBEEK, Luiz; Sara CURA & Pedro CURA. 2007. Educação, criatividade e cidadania no <strong>Museu</strong> deArte Pré-Histórica de Mação. In: Revista de Arqueologia, Sociedade de Arqueologia Brasileira, Vol. 19, pp.103-110.- OOSTERBEEK, Luiz. 2009. A arqueologia de um ponto de vista social: recursos, id<strong>en</strong>tidades e riscos numcontexto de mudança, In Acta da Jornadas de Arqueologia <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Tejo em território português, 3-6 Abrilde 2008, Sacavém-Loures – Portugal: 49-64- PEREIRA, Anabela. 2009. Qualidade e acreditação na Gestão Museológica. Organização e gestão interna <strong>do</strong> <strong>Museu</strong> deArte Pré-Histórica de Mação. 215p. Dissertação de Mestra<strong>do</strong>. UTAD / IPT [texto não publica<strong>do</strong>].- PEREIRA, Anabela & Mila Simões de ABREU (no prelo). Cobragança - apontam<strong>en</strong>tos históricos Arkeos,Mação.- PESTANA, Manuel Inácio. 1987. Arte rupestre da freguesia da Esperança (Concelho de Arronches). 1asJornadas de Arqueologia <strong>do</strong> Nordeste Al<strong>en</strong>tejano. 85 Actas. :17-24. Castelo de Vide:Câmara Municipal.- SAMPAIO, Jorge & Thiery AUBRY. 2008a Testar e Recriar em Arqueologia: balanço e perspectivas, INArqueologia Experim<strong>en</strong>tal - Recriações <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> em ritmos <strong>do</strong> nosso tempo, Actas das Sessões <strong>do</strong> Fórum Valorização ePromoção <strong>do</strong> Património Regional, 4: 10-20.- SAMPAIO, Jorge & Thiery AUBRY. 2008b Os da<strong>do</strong>s arqueológicos ao grande público: o exemplo <strong>do</strong> vale<strong>do</strong> Côa, In Arqueologia Experim<strong>en</strong>tal - Recriações <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> em ritmos <strong>do</strong> nosso tempo, Actas das Sessões <strong>do</strong> FórumValorização e Promoção <strong>do</strong> Património Regional, 4: 22-33.508- SANTOS JÚNIOR, Joaquim Rodrigues <strong>do</strong>s. 1933a. O Abrigo Pré-Histórico de “Pala Pinta”. TrabalhosSociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, 6(1): 31-43.- SOUSA, Orlan<strong>do</strong>. 1989. O Abrigo de Arte Rupestre da Pala-Pinta (Alijó). Trabalhos de Antropologia e Etnologia,29: 191-198.9/ Docum<strong>en</strong>tação, Levantam<strong>en</strong>to e Promoção de Arte Rupestre

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