versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG
versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG
versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Caracterização social <strong>de</strong> prostitutas frente à visão integral da saú<strong>de</strong><br />
INTRODUÇÃO<br />
A palavra "prostituição" po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como a<br />
comercialização da prática sexual, geralmente <strong>em</strong><br />
troca <strong>de</strong> favores ou vantagens monetárias. 1 A existência<br />
<strong>de</strong>ssa prática é fato constante e freqüente na história da<br />
humanida<strong>de</strong>. A opção pela prostituição po<strong>de</strong> ser vista<br />
como uma forma <strong>de</strong> resistência, pois a mulher ocupa<br />
um espaço até então exclusivo dos homens, <strong>de</strong>ixando<br />
o ambiente domiciliar para freqüentar as ruas. 2 Isso fez<br />
com que eles se sentiss<strong>em</strong> ameaçados, originando o<br />
estigma.<br />
As prostitutas faziam parte da classe trabalhadora,<br />
especificamente <strong>de</strong> uma parcela dos <strong>de</strong>spossuídos que<br />
vendiam o corpo como objeto sexual. A prostituição<br />
assumiu características próprias com proporções<br />
diferentes, mesmo sendo uma ativida<strong>de</strong> anterior ao<br />
capitalismo. 3<br />
Des<strong>de</strong> o século XIX, a prostituição é i<strong>de</strong>ntificada<br />
na socieda<strong>de</strong> brasileira. 4 A cada ano, o número <strong>de</strong><br />
prostitutas t<strong>em</strong> aumentado significativamente, estando<br />
a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza entre os quatro centros do tráfico<br />
<strong>de</strong> mulheres no Brasil, per<strong>de</strong>ndo apenas para São Paulo,<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro e Goiânia. 5<br />
Além da violência e discriminação, as prostitutas pod<strong>em</strong><br />
estar sujeitas à aquisição <strong>de</strong> DST/aids, visto que a<br />
multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parceiros aumenta essa probabilida<strong>de</strong>.<br />
Além disso, por não apresentar<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> trabalho<br />
que favoreçam a prática sexual segura, b<strong>em</strong> como<br />
a<strong>de</strong>quado nível educacional que facilite a percepção do<br />
risco, tornam-se alvos potenciais para essas doenças.<br />
Pesquisa nacional revelou que aproximadamente 40%<br />
das pessoas sexualmente ativas acima <strong>de</strong> 14 anos haviam<br />
apresentado sinais e sintomas compatíveis com DST<br />
alguma vez na vida. 6<br />
Os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, gran<strong>de</strong>s responsáveis pelas<br />
ações <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, precisam direcionar<br />
suas práticas para a clientela historicamente excluída,<br />
fornecendo uma assistência <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, com<br />
informações sobre métodos <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> DST/aids,<br />
além do fornecimento gratuito <strong>de</strong> preservativos nas<br />
unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Diante <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>, interessamo-nos <strong>em</strong> pesquisar<br />
o perfil socioeconômico e d<strong>em</strong>ográfico <strong>de</strong> prostitutas<br />
atuantes no centro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza, buscando<br />
i<strong>de</strong>ntificar a situação social a que estão submetidas e<br />
a realida<strong>de</strong> na qual estão inseridas, que pod<strong>em</strong> refletir<br />
na adoção <strong>de</strong> comportamentos sexuais saudáveis. Para<br />
um programa <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> reprodutiva ser <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, é<br />
preciso conhecer as reais necessida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong>,<br />
b<strong>em</strong> como os principais probl<strong>em</strong>as nela existentes. 7<br />
Esse fato po<strong>de</strong> contribuir, efetivamente, na atuação dos<br />
profissionais junto a essa clientela.<br />
Nesse contexto, teve-se como objetivo, neste estudo,<br />
caracterizar o perfil socioeconômico e d<strong>em</strong>ográfico <strong>de</strong><br />
prostitutas atuantes no centro <strong>de</strong> Fortaleza.<br />
MÉTODOS<br />
Este estudo é do tipo quantitativo, com abordag<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>scritiva e <strong>de</strong>lineamento transversal. No estudo<br />
quantitativo, o pesquisador parte do ponto inicial<br />
<strong>de</strong> um estudo (a colocação da questão) para o ponto<br />
final (a obtenção <strong>de</strong> uma resposta), <strong>em</strong> uma seqüência<br />
lógica <strong>de</strong> passos que é similar <strong>em</strong> todos os estudos.<br />
A finalida<strong>de</strong> dos estudos <strong>de</strong>scritivos é observar,<br />
<strong>de</strong>screver e documentar os aspectos da situação.<br />
Os <strong>de</strong>lineamentos transversais são especialmente<br />
apropriados para <strong>de</strong>screver a situação, o status do<br />
fenômeno ou as relações entre os fenômenos <strong>em</strong> um<br />
ponto fixo. 8<br />
Fizeram parte da amostra do estudo 81 prostitutas<br />
cadastradas na Associação <strong>de</strong> Prostitutas do Ceará<br />
(APROCE), instituição criada <strong>em</strong> 1990, que <strong>de</strong>senvolve<br />
trabalho educativo sobre sexualida<strong>de</strong>, prevenção<br />
<strong>de</strong> DST/aids, distribuição <strong>de</strong> preservativos, além<br />
<strong>de</strong> incentivar a busca pelos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para<br />
mulheres prostitutas e adolescentes. A referida<br />
associação possui 3 500 prostitutas cadastradas, sendo<br />
que 500 trabalham no centro da cida<strong>de</strong>, sendo essa a<br />
população do estudo.<br />
A seleção da amostrag<strong>em</strong> foi por conveniência, porém<br />
obe<strong>de</strong>ceu aos seguintes critérios: eram mulheres,<br />
prostitutas, estavam cadastradas na associação,<br />
possuíam ida<strong>de</strong> superior a 21 anos e aceitaram<br />
participar do estudo.<br />
Utilizou-se como instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados um<br />
formulário <strong>de</strong> pesquisa estruturado, cujas questões<br />
foram indagadas oralmente. O período <strong>de</strong> coleta dos<br />
dados foi no mês <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2005, no centro da<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza. Foram visitadas quatro zonas <strong>de</strong><br />
prostituição: a Praça da Estação, o Passeio Público, a<br />
Rua 24 <strong>de</strong> Maio e a Praça José <strong>de</strong> Alencar.<br />
Os dados foram organizados <strong>em</strong> planilha do Microsoft<br />
Excell para posterior análise <strong>de</strong>scritiva. Os dados foram<br />
apresentados sob a forma <strong>de</strong> tabelas ilustrativas e<br />
discutidos <strong>de</strong> acordo com a literatura pertinente.<br />
Resguardamos os preceitos éticos contidos na<br />
Resolução n° 196/96 do Conselho Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />
do Brasil, que trata <strong>de</strong> pesquisas com seres humanos. 9<br />
O projeto foi submetido à avaliação do Comitê <strong>de</strong><br />
Ética <strong>em</strong> Pesquisa da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará,<br />
sendo aprovado sob o Protocolo nº 289/05. Antes<br />
<strong>de</strong> aplicar o instrumento, cada prostituta assinou o<br />
Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido, tendo<br />
conhecimento <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>sistir da pesquisa <strong>em</strong><br />
qualquer momento, se assim <strong>de</strong>sejasse.<br />
RESULTADOS<br />
Os resultados da pesquisa foram dispostos <strong>em</strong> tabelas<br />
ilustrativas, com o número absoluto relativo e as<br />
respectivas freqüências percentuais acumuladas.<br />
12 r<strong>em</strong>E – Rev. Min. Enferm.;12(1): 11-16, jan./mar., 2008