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formação continuada de professores de educação física na ...

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FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA<br />

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO:<br />

POSSIBILIDADES MULTICULTURAIS<br />

Rita <strong>de</strong> Cassia <strong>de</strong> Oliveira e Silva<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduaçãoem Educação - PUC-Rio<br />

Email: ritasperrut@gmail.com<br />

Introdução<br />

A Educação Física brasileira precisa acompanhar as mudanças sofridas em<br />

nossasocieda<strong>de</strong> ao longo dos anos e para isso, uma mudança <strong>de</strong> paradigmas se faz<br />

necessária.Pensando <strong>na</strong> Educação Física Escolar, principalmente <strong>na</strong> prática da ativida<strong>de</strong><br />

físicaexecutada por alunos <strong>de</strong> escolas públicas, a possibilida<strong>de</strong> da participação efetiva<br />

<strong>de</strong>todos <strong>de</strong>ve ser garantida afim <strong>de</strong> que o espaço/tempo da Educação Física não<br />

sejautilizado como reprodutor <strong>de</strong> diferenças e preconceitos e que o educador físico não<br />

sejaresponsável por situações perpetuadoras da discrimi<strong>na</strong>ção.Refletir acerca da<br />

garantia <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s para todos oseducandos <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação<br />

Física, não <strong>de</strong>ve ser ape<strong>na</strong>s preocupação dos<strong>professores</strong> atuantes nesta área, mas <strong>de</strong> todo<br />

sistema <strong>de</strong> ensino, estando incluídos então,gestores, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dores pedagógicos e todos<br />

os indivíduos envolvidos <strong>na</strong> formaçãodocente <strong>continuada</strong>.<br />

Conforme o já discutido por Oliveira e Silva (2008), a Educação Física<br />

seapresenta como campo privilegiado no qual os indivíduos po<strong>de</strong>m expressar <strong>de</strong><br />

formaple<strong>na</strong> seus <strong>de</strong>sejos, anseios, medos e visões <strong>de</strong> corpo, porém este mesmo campo,<br />

emalguns casos, po<strong>de</strong> ser marcado por olhares neoliberais competitivos, olhares estes<br />

queexcluem os “per<strong>de</strong>dores”, os “fracos”, os “diferentes”.<br />

Ferrari (2000), ao realizar um estudo sobre homoerotismo masculino,<br />

pô<strong>de</strong>observar que as aulas <strong>de</strong>ste componente curricular eram marcadas por<br />

atitu<strong>de</strong>sdiscrimi<strong>na</strong>tórias contra os alunos vistos como homoeróticos, atitu<strong>de</strong>s estas,<br />

advindas dopróprio professor. Para o autor, este tipo <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> dos docentes, ao<br />

discrimi<strong>na</strong>r e dartratamento diferenciado para um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do grupo <strong>de</strong> discentes po<strong>de</strong><br />

contribuir paraque estes incorporem os preconceitos e pensem em si mesmos como<br />

“realmentediferentes” (p.2).


Cunha Júnior (apud SIMÕES, 2006) revela em sua pesquisa, frases<br />

e<strong>de</strong>poimentos discrimi<strong>na</strong>tórios que apareciam constantemente <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong><br />

EducaçãoFísica, observadas pelo autor. Expressões como “menino não chora”, “futebol<br />

é coisapara homem”, “esporte <strong>de</strong> meni<strong>na</strong> é queimado”, “mulher não po<strong>de</strong> brigar”, “eu<br />

não fico no grupo <strong>de</strong> meni<strong>na</strong>s” e outras mais, apareciam constantemente e<br />

<strong>de</strong>monstravam que ogrupo feminino era frágil, submisso e <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s<br />

físicas. O autoracredita que a gran<strong>de</strong> causa para a discrimi<strong>na</strong>ção contra o grupo<br />

feminino se <strong>de</strong>va àprática da Educação Física ligada à competitivida<strong>de</strong> e à aptidão<br />

física.<br />

Diante das possíveis situações <strong>de</strong> preconceito e exclusão advindas da prática<br />

<strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s físicas em nossas escolas, elegemos o Multiculturalismo como campo<br />

teórico e político que visa não só discutir criticamente acerca da construção das<br />

diferenças, mas que também procura combater qualquer tipo <strong>de</strong> preconceito (CANEN,<br />

2004, 2006,2007; CANEN E OLIVEIRA, 2002; JANOARIO, 2008; OLIVEIRA E<br />

SILVA, 2008).<br />

Consi<strong>de</strong>rando como foco a problemática acima apresentada, o presente trabalho<br />

visa discutir <strong>de</strong> que maneira a formação <strong>continuada</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong> <strong>de</strong> Educação Física,<br />

atuantes <strong>na</strong> Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação do Rio <strong>de</strong> Janeiro se dá e em que<br />

medidaesta focaliza questões “potencialmente multiculturais” 1 . Para isso, foram<br />

a<strong>na</strong>lisados doisdocumentos imprescindíveis para esta re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino, o “Multieducação”<br />

e o “Ca<strong>de</strong>rnodo professor”. Além da realização <strong>de</strong> uma entrevista com a equipe<br />

responsável pelaformação <strong>continuada</strong>, especificamente da área <strong>de</strong> Educação Física,<br />

aplicamos umquestionário junto a trinta e um educadores físicos atuantes <strong>na</strong> secretaria<br />

supracitada.<br />

Multiculturalismo e Educação Física: o olhar teórico<br />

Ao começarmos a falar sobre o Multiculturalismo, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rar a polissemia do termo e <strong>de</strong>sta forma se faz necessário apresentarmos as<br />

1 Para fins <strong>de</strong>ste estudo, chamaremos <strong>de</strong> “potencialmente multiculturais” os enfoques<br />

dados às categoriasditas multiculturais, ou seja, questões ligadas à raça, gênero, etnia,<br />

classe social e a outros gruposminoritários (CANEN, 2002).


trêsvertentes multiculturais sugeridas por Canen (2007), sem, no entanto, tentarmos<br />

esgotaro assunto. De acordo com a autora, a primeira vertente apresentada consiste em<br />

umaperspectiva liberal que admite a existência <strong>de</strong> diferentes culturas, mas que não<br />

discuteseu processo <strong>de</strong> construção e nem a<strong>na</strong>lisa criticamente os discursos que<br />

congelam asdiferentes i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais e fazem emergir os preconceitos. A autora<br />

sugere queeste seja o caso <strong>de</strong> celebrações, <strong>na</strong> cultura escolar, por exemplo: do dia do<br />

índio, daconsciência negra, da sema<strong>na</strong> do folclore, a apresentação das vestimentas e<br />

costumestípicos <strong>de</strong> outros países e regiões e assim por diante.<br />

Canen (2007) apresenta como segundo viés multicultural a vertente<br />

doMulticulturalismo Crítico, corroborando com McLaren (2000) e que vem a ser<br />

aperspectiva multicultural que focaliza marcadores i<strong>de</strong>ntitários “mestres” para <strong>de</strong>finir<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s coletivas (negros, índios, homossexuais, etc.) e que <strong>de</strong>safia discursos que<br />

assilenciam e que as tratam <strong>de</strong> modo preconceituoso. Embora esta perspectiva por<br />

algumtempo, tenha sido utilizada para discutir as diversas situações<br />

discrimi<strong>na</strong>tóriasvivenciadas pelos grupos excluídos socialmente, o olhar multicultural<br />

crítico tem sidotensio<strong>na</strong>do por posturas pós-coloniais que apontam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

i<strong>de</strong>ntificar <strong>na</strong>própria linguagem e <strong>na</strong> construção dos discursos, as formas como as<br />

diferenças sãoconstruídas. Surge então, o que a autora chama <strong>de</strong> Multiculturalismo póscolonial,<br />

maisuma perspectiva multicultural, sendo que esta consi<strong>de</strong>ra as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

como plurais,construídas <strong>na</strong> hibridização dos diversos marcadores i<strong>de</strong>ntitários que<br />

po<strong>de</strong>m constituirum mesmo indivíduo e enfatiza a necessida<strong>de</strong> do cuidado em não se<br />

recair em discursoscongeladores das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, que não permitam o reconhecimento<br />

da existência <strong>de</strong>diferenças <strong>de</strong>ntro dos diversos grupos culturais.<br />

Passando a discussão para o campo da Educação Física, será que a formação<br />

<strong>continuada</strong> <strong>de</strong> seus <strong>professores</strong> é contemplada com questões ligadas à<br />

diversida<strong>de</strong>cultural Os <strong>professores</strong> <strong>de</strong> Educação Física estão prontos para enxergar os<br />

diversossujeitos como portadores <strong>de</strong> diversas marcas i<strong>de</strong>ntitárias Mesmo não tendo as<br />

respostaspara essas questões não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> admitir que o preconceito esteja<br />

presente emtoda e qualquer instância social.<br />

Conforme indicado por Candau (apud CANEN, 1997), gran<strong>de</strong> parte<br />

doseducadores ainda apresenta uma posição “a-crítica” com relação às questões<br />

referentes à


educação escolar e culturas, posição esta marcada por uma falta <strong>de</strong> reflexão sobre otema<br />

em questão.<br />

Candau (2003) nos apresenta uma pesquisa realizada no período<br />

compreendidoentre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2002 que versava sobre o preconceito <strong>na</strong> escola.<br />

Foramentrevistados <strong>de</strong>zesseis estudantes <strong>de</strong> sexto a nono ano do ensino fundamental<br />

etambém do ensino médio, todos <strong>de</strong> escolas públicas do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.Ao<br />

serem convidados a <strong>de</strong>finir a “discrimi<strong>na</strong>ção” todos os entrevistadosindicaram que a<br />

discrimi<strong>na</strong>ção se expressa com diferentescomportamentos, gestos, palavras, etc. Um dos<br />

jovens relacionou discrimi<strong>na</strong>ção comdoença e afirmou: “A discrimi<strong>na</strong>ção é uma doença<br />

que se apossou do povo brasileiro”(CANDAU, 2003, p.80).<br />

A temática multicultural apresenta-se fortemente instigante e complexa. Nomeio<br />

acadêmico seus militantes e seus opositores <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m suas posições <strong>de</strong><br />

formaapaixo<strong>na</strong>da. Existem várias tensões em torno <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>bate, porém cabe perguntar:<br />

O queo Multiculturalismo nos oferece <strong>de</strong> concreto Po<strong>de</strong>mos pensar em<br />

educaçãomulticultural Currículo multicultural Sabemos que são muitos os<br />

questio<strong>na</strong>mentos,mas procuramos reforçar o diálogo entre a temática multicultural com<br />

o campo daEducação Física, campo este historicamente marcado pela i<strong>de</strong>ologia<br />

neoliberal e pelabusca do “vencer a qualquer custo”. A competição ainda se encontra<br />

presente <strong>na</strong> prática<strong>de</strong> alguns educadores físicos o que faz com que muitos alunos sejam<br />

excluídos por nãose encaixarem <strong>na</strong> visão empreen<strong>de</strong>dora do vencedor. Autores como<br />

Kunz, Moreira e Darido (apud FIORANTE e SIMÕES, 2005) ao realizarem<br />

estudossobre as práticas pedagógicas dos <strong>professores</strong> <strong>de</strong> Educação Física, constataram<br />

que estecampo, <strong>na</strong> maioria das vezes, ficava reduzido a objetivos mecanizados, <strong>de</strong><br />

rendimento, performance, visando somente ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> algumas<br />

modalida<strong>de</strong>s esportivas, privilegiando assim, os estudantes que têm mais aptidão para a<br />

prática <strong>de</strong>sportivaenquanto que os consi<strong>de</strong>rados “menos aptos” eram prejudicados <strong>de</strong><br />

alguma forma.<br />

Bracht (apud NUNES, 2006), afirma que muitos <strong>professores</strong> valorizam o<br />

esporte<strong>na</strong> escola atribuindo-lhe função <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>nte <strong>na</strong> socialização dos educandos e<br />

assimadvogam a favor <strong>de</strong> sua permanência no currículo. Para o mesmo autor, as<br />

condições doesporte institucio<strong>na</strong>lizado refletem a postura <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> autoritária


e, além disso,por meio das regras esportivas, imprimem-se comportamentos nos<br />

indivíduos,a<strong>de</strong>quando-os às normas da concorrência e da competitivida<strong>de</strong>.<br />

Como já discutido anteriormente por Oliveira e Silva, Janoario e Canen<br />

(2007),as ativida<strong>de</strong>s excessivamente competitivas excluem aqueles consi<strong>de</strong>rados<br />

“diferentes”,os que não tiveram as mesmas oportunida<strong>de</strong>s que os “vitoriosos”, aqueles<br />

que nãopossuem o “corpo i<strong>de</strong>al”, aqueles que não <strong>de</strong>senvolveram as habilida<strong>de</strong>s<br />

específicaspara a realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do <strong>de</strong>sporto ou ativida<strong>de</strong>. Diante <strong>de</strong>stas<br />

situações <strong>de</strong>exclusão, o Multiculturalismo, como campo teórico e político, propõe lentes<br />

pelas quaispolíticas e práticas pedagógicas po<strong>de</strong>m representar justamente espaços<br />

transformadores<strong>na</strong> perspectiva da valorização da pluralida<strong>de</strong> cultural e <strong>na</strong> luta contra<br />

qualquer tipo <strong>de</strong>preconceito.<br />

Kunz (apud SIMÕES, 2006) relata que o encontro do campo da EducaçãoFísica<br />

tradicio<strong>na</strong>l com a concepção <strong>de</strong> corpo biológico tor<strong>na</strong>-se um mecanismoirrefutável <strong>de</strong><br />

discrimi<strong>na</strong>ção. Para a autora, a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> socialização entre meninose meni<strong>na</strong>s <strong>na</strong><br />

escola advém da presença das imagens – padrão, masculi<strong>na</strong> e femini<strong>na</strong> -mesmo que se<br />

encontrem em outros marcadores i<strong>de</strong>ntitários como raça, classe social oureligião – neles<br />

inter<strong>na</strong>lizadas.<br />

Concordamos com Daolio (2004) ao afirmar que a Educação Física po<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>veampliar seus horizontes, abando<strong>na</strong>ndo <strong>de</strong> vez a premissa <strong>de</strong> investigar o<br />

movimentohumano, o corpo físico ou o esporte <strong>na</strong> sua dimensão técnica, para tor<strong>na</strong>r-se<br />

um campo<strong>de</strong> atuação que consi<strong>de</strong>re o ser humano como ator cultural e social.Partimos<br />

do princípio <strong>de</strong> que é necessário construir uma linguagem que sejacapaz <strong>de</strong> traduzir o<br />

sentido da Educação Física para o contexto da socieda<strong>de</strong> atual,evi<strong>de</strong>nciando,<br />

principalmente, as relações entre educação e cultura. Além <strong>de</strong> perceber avisibilida<strong>de</strong>,<br />

audibilida<strong>de</strong> das diferenças <strong>de</strong> gênero, etnia, orientação sexual quepermitem emergir as<br />

histórias submersas <strong>de</strong> educadores(as), <strong>de</strong> alunos(as) com vistas àcriativida<strong>de</strong> e à busca<br />

<strong>de</strong> alter<strong>na</strong>tivas. Todo esse arcabouço <strong>de</strong> fatos nos aponta para ofortalecimento <strong>de</strong> uma<br />

educação não alie<strong>na</strong>da <strong>de</strong> nossa realida<strong>de</strong>. Preconizamos umaprática educativa que<br />

valorize a aprendizagem coletiva mantendo com outros umdiálogo<br />

compartilhado.Longe <strong>de</strong> esgotar a questão, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos a importância <strong>de</strong> articulação<br />

daformação docente a <strong>de</strong> uma perspectiva multicultural, área que tem <strong>na</strong> Educação<br />

Física,campo aberto a futuros estudos e pesquisas, <strong>de</strong> modo a trilharmos rumo a


socieda<strong>de</strong>scada vez mais saudáveis, abertas à diversida<strong>de</strong> e respeitadoras das<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s pluraisque nos enriquecem. Segundo Silva (apud RANGEL,2006), um<br />

professor<strong>de</strong>spreparado para lidar com a diversida<strong>de</strong> cultural e a realida<strong>de</strong> social <strong>de</strong><br />

seuseducandos po<strong>de</strong> inserir e/ou perpetuar o racismo e os <strong>de</strong>mais tipos <strong>de</strong> discrimi<strong>na</strong>ção<br />

noambiente escolar.<br />

Procedimentos metodológicos<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste estudo optou-se por uma pesquisa <strong>de</strong><br />

cunhoqualitativo uma vez que, <strong>de</strong> acordo com Alves-Mazotti (apud XAVIER, 2001)<br />

estetipo <strong>de</strong> pesquisa segue uma tradição interpretativa on<strong>de</strong> a subjetivida<strong>de</strong> dos<br />

sujeitosenvolvidos interfere nos significados a serem estudados. A análisedocumental<br />

foi utilizada como instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados do “Ca<strong>de</strong>rno doprofessor”, que se<br />

trata <strong>de</strong> um fichário constando <strong>de</strong> uma coletânea <strong>de</strong> textos, oferecidoaos <strong>professores</strong> <strong>de</strong><br />

toda a re<strong>de</strong> no ano <strong>de</strong> 2004 e do “Multieducação” que vem a ser aproposta curricular<br />

específica <strong>de</strong>sta secretaria. A entrevista semi-estruturada foirealizada com a equipe<br />

responsável pelas estratégias <strong>de</strong> formação <strong>continuada</strong> <strong>de</strong>Professores <strong>de</strong> Educação Física<br />

atuantes <strong>na</strong> Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino escolhida e porfim, embora seja i<strong>de</strong>ntificado por<br />

Rizzini, Castro e Sartor (1999) como uma técnica <strong>de</strong>coleta <strong>de</strong> dados para pesquisas<br />

quantitativas, optou-se aplicar o questionário junto aos<strong>professores</strong> <strong>de</strong> Educação Física,<br />

atuantes <strong>na</strong> secretaria <strong>de</strong> educação escolhida, poispermitiu que um maior número <strong>de</strong><br />

indivíduos pu<strong>de</strong>sse ser alcançado. Todos estes dadosforam coletados ao longo do ano <strong>de</strong><br />

2007.<br />

Resultados<br />

A partir da análise do “Multieducação” constatamos que o documento encara a<br />

competição <strong>de</strong> forma positiva. Esta éapresentada historicamente como favorecedora do<br />

encontro <strong>de</strong> diferentes povos. Odocumento esclarece que a partir das competições, as<br />

diferentes culturas po<strong>de</strong>riamapresentar suas características sem ter como objetivo a<br />

vitória, mas sim o <strong>de</strong> vencerjuntas, obstáculos, <strong>de</strong> forma cooperativa. Adicio<strong>na</strong> ainda<br />

que competir não significaglorificar os campeões, mas po<strong>de</strong> favorecer aos sujeitos a<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> seus limites epossibilida<strong>de</strong>s, tanto individuais quanto grupais.<br />

Percebemos que estas afirmações nãocoadu<strong>na</strong>m com o que alguns autores consi<strong>de</strong>ram


como “competição”. Para Soler (2006),por exemplo, a competição representa um<br />

processo no qual os objetivos sãomutuamente exclusivos, as ações são isoladas ou<br />

acontecem em oposição umas àsoutras e os benefícios são direcio<strong>na</strong>dos ape<strong>na</strong>s para<br />

alguns, “os melhores”. Brotto(2001) nos diz que <strong>na</strong> “situação competitiva” os<br />

participantes percebem que o atingir <strong>de</strong>seus objetivos é incompatível com a obtenção<br />

dos objetivos dos <strong>de</strong>mais.<br />

De acordo com Oliveira e Silva, Janoario e Canen (2007), a Educação<br />

Física,po<strong>de</strong> vir a ser, em alguns casos, marcada por uma visão excessivamente<br />

competitiva e<strong>de</strong>ixar-se penetrar por perspectivas hegemônicas <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> que<br />

privilegiamo<strong>de</strong>los homogeneizados <strong>de</strong> corpo, <strong>de</strong> vitória, <strong>de</strong> individualismo. Percebe-se<br />

ainda que, <strong>de</strong> forma velada, a visão <strong>de</strong> competição apresentada pelo Multieducaçãotrata<br />

<strong>de</strong> umolhar que não percebe as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r existentes <strong>na</strong>s ativida<strong>de</strong>s<br />

excessivamentecompetitivas assim como também não as consi<strong>de</strong>ra como formadoras <strong>de</strong><br />

diferença, fato que po<strong>de</strong> ser observado quando temos ao seu fi<strong>na</strong>l “oganhador” e “o<br />

per<strong>de</strong>dor”, “o mais veloz” e “o mais lento”, “o mais forte” e “o maisfraco”.<br />

Aos nos <strong>de</strong>pararmos com os textos que fazem parte do “Ca<strong>de</strong>rno do<br />

professor”percebemos que o texto referente à Educação Física a trata como discipli<strong>na</strong><br />

que surgiu apartir <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s sociais concretas e que evolui conforme os diferentes<br />

momentoshistóricos. O texto ainda sugere que a Educação Física escolar <strong>de</strong>ve dar<br />

oportunida<strong>de</strong>spara que os discentes pratiquem as diversas ativida<strong>de</strong>s corporais <strong>de</strong><br />

formaparticipativa e não seletiva, visando seu aprimoramento e <strong>de</strong>senvolvimento global.<br />

Falada competição como conteúdo da Educação Corporal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não haja a ênfase<br />

norendimento, pois este po<strong>de</strong>ria acarretar a perda do caráter prazeroso das aulas.<br />

Soler(2006) nos expõe algumas limitações dos jogos competitivos: tem um fim<br />

previsível,suas regras são fixas, suas fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>s maiores são a vitória e o fim do<br />

jogo.Adicio<strong>na</strong>mos que esta ênfase po<strong>de</strong> vir a gerar situações <strong>de</strong> preconceito e<br />

discrimi<strong>na</strong>ção,uma vez que este tipo <strong>de</strong> situação competitiva faz com que os indivíduos<br />

<strong>de</strong>sejem, nãosó a própria superação, mas sim superar todos os outros participantes.<br />

Soler (2006) discorre que atualmente nos encontramos em um<br />

“condicio<strong>na</strong>mentocompetitivo” (p.121), ou seja, como sempre fomos, historicamente,<br />

mais expostos ajogos competitivos do que a jogos cooperativos, este excesso <strong>de</strong><br />

submissão a situaçõescompetitivas nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentir o prazer que o jogo po<strong>de</strong>


proporcio<strong>na</strong>r: a diversão,pois estamos, a todo tempo, preocupados em vencer. O autor<br />

adicio<strong>na</strong> ainda que osjogos cooperativos po<strong>de</strong>m favorecer o surgimento <strong>de</strong> algumas<br />

atitu<strong>de</strong>s essenciais para oexercício da convivência e <strong>de</strong>ntre elas <strong>de</strong>staca: a prevenção <strong>de</strong><br />

situações <strong>de</strong> exclusão e apromoção do respeito e da valorização do diferente, aspectos<br />

que vão ao encontro dasperspectivas multiculturais (CANEN, 2002, 2004, 2006, 2007,<br />

CANDAU e KOFF,2006, McLAREN, 2000, FERRARI, 2000, 2004, 2007).<br />

De acordo com a entrevista realizada com a equipe responsável pela<br />

formação<strong>continuada</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong> <strong>de</strong> Educação Física, constatamos que as estratégias<br />

<strong>de</strong>formação <strong>continuada</strong> parecem ser “pontuais” e a temática multicultural parece<br />

serdiscutida à medida que as questões e conflitos se apresentem. A equipe <strong>de</strong><br />

formação<strong>continuada</strong> <strong>de</strong>monstra interesse pelas questões multiculturais, principalmente<br />

asquestões <strong>de</strong> gênero, raça, tipo corporal e habilida<strong>de</strong>s físicas, mas <strong>na</strong>s estratégias<br />

<strong>de</strong>formação <strong>continuada</strong> estes aspectos são trabalhados <strong>de</strong> forma transversal e não<br />

comoobjetivo específico.<br />

Conforme as entrevistadas nos informaram, os cursos <strong>de</strong> formação<br />

<strong>continuada</strong>sofreram algumas alterações no que diz respeito à sua dinâmica e essas<br />

mudançasocorreram com o intuito <strong>de</strong> associar os conhecimentos teóricostransmitidos<br />

pelos <strong>professores</strong> di<strong>na</strong>mizadores com a verda<strong>de</strong>ira realida<strong>de</strong> da secretaria.Essas<br />

alterações nos fazem crer no caráter <strong>de</strong>mocrático da secretaria e até<br />

mesmomulticultural, pois as estratégias foram modificadas <strong>de</strong> forma que os docentes<br />

pu<strong>de</strong>ssemdar suas opiniões sobre os conteúdos informados pelos di<strong>na</strong>mizadores e que<br />

tambémpu<strong>de</strong>sse acoplá-los (ou não) à sua prática pedagógica.<br />

A entrevistada “A” <strong>de</strong>monstra a sua vonta<strong>de</strong> em relacio<strong>na</strong>r a prática<br />

pedagógicaaos conhecimentos <strong>de</strong>senvolvidos pelos di<strong>na</strong>mizadores em seus módulos. A<br />

mesmatambém evi<strong>de</strong>ncia que a relação dos docentes com a secretaria <strong>de</strong> educação é<br />

umarelação <strong>de</strong> troca on<strong>de</strong> os diversos grupos têm a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter vez e voz e<br />

expressarsuas impressões e angústias. Esta possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca vai ao encontro do que<br />

Candaue Koff (2006) percebem como Educação Intercultural: educar nesta perspectiva<br />

implica uma clara e objetivaintenção <strong>de</strong> promover o diálogo entre diferentes grupos,<br />

cujai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural e dos indivíduos que os constituem são abertas eestão em<br />

permanente movimento <strong>de</strong> construção, <strong>de</strong>corrente dosintensos processos <strong>de</strong> hibridização<br />

cultural.(CANDAU e KOFF, 2006).


Falando da relação “teoria-prática” as entrevistadas “A” e “B” concordam que<br />

osalunos precisam conhecer a diversida<strong>de</strong>:<br />

Professoras A e B: “A criança tem que saber que o mundo não é sócor-<strong>de</strong>rosa,eu<br />

acho mais, ela tem que saber que o mundo é um arco-íris,tem branco, tem azul,<br />

tem preto, tem bege e até o cor-<strong>de</strong>-rosa. Omundo é diverso, é a diversida<strong>de</strong> que a gente<br />

tem que estar mostrandopra ele. As diferenças, o diálogo com a diversida<strong>de</strong>...”.<br />

Esta afirmativa das entrevistadas corrobora para o que Canen (2006) chama<br />

<strong>de</strong>nuance folclórica do Multiculturalismo, uma vez que recai <strong>na</strong> valorização<br />

dadiversida<strong>de</strong> sem questio<strong>na</strong>r as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s existentes em nossa socieda<strong>de</strong>.Ao serem<br />

questio<strong>na</strong>das quanto à abordagem da temática “diversida<strong>de</strong>” <strong>na</strong>sestratégias <strong>de</strong> formação<br />

<strong>continuada</strong>, as entrevistadas <strong>de</strong>monstraram que se trata <strong>de</strong> umtema extremamente<br />

importante e que é abordado nos “encontrões” 2 momento em queelas conduzem os<br />

assuntos a serem tratados.<br />

As entrevistadas veem a competição como conteúdo da Educação Física,<br />

porématentam para o fato <strong>de</strong> que ela seja trabalhada no sentido ético. Priorizam a<br />

participaçãocoletiva, seja <strong>na</strong> prática das ativida<strong>de</strong>s, seja <strong>na</strong> resolução <strong>de</strong> problemas.<br />

Acreditam que acompetição não <strong>de</strong>va ser utilizada para avaliar uma vez que o<br />

importante é perceber o<strong>de</strong>senvolvimento dos alunos. Avaliar a partir <strong>de</strong> situações<br />

competitivas po<strong>de</strong>ria criarvisíveis chances <strong>de</strong> insucesso, ou <strong>de</strong> sucesso ape<strong>na</strong>s para<br />

alguns, pois, <strong>de</strong> acordo comBrotto (2001), “para que um dos membros alcance seus<br />

objetivos, outros serãoincapazes <strong>de</strong> atingir os seus” (p.26). “B” nos diz que infelizmente<br />

o professor gosta do aluno “pronto”, ou seja, aquele que já chega domi<strong>na</strong>ndo<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do esporte oumovimento.<br />

Perguntamos quais po<strong>de</strong>riam ser as contribuições da Educação Física <strong>na</strong><br />

lutacontra os preconceitos e “B” nos diz que:“Todas as questões do padrão corporal,<br />

do negro... agente tem que provocar a discussão porque criança não tempreconceito,<br />

ela traz isso da família, o adulto que é preconceituoso.Eles (os alunos) têm que ter a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver que as coisas nãosão <strong>de</strong>ssa forma”.<br />

2 “Encontrões” são encontros com todos os <strong>professores</strong> <strong>de</strong> Educação Física da re<strong>de</strong> no<br />

início do ano noqual se discutem temas ligados à prática pedagógica.


A partir do tratamento e análise dos dados obtidos através dos questionários<br />

aplicados junto a educadores físicos atuantes <strong>na</strong> Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino,constatamos<br />

que as preocupações multiculturais estão aparecendo gradativamente nosconteúdos das<br />

discussões entre os docentes.<br />

Como já discutido por Oliveira e Silva, Janoario e Canen (2007), o campo<br />

daEducação Física po<strong>de</strong> ser impreg<strong>na</strong>do por perspectivas multiculturais, com o intuito<br />

<strong>de</strong>superar possíveis práticas exclu<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> diferenças, advindas<br />

<strong>de</strong>situações criadas pela prática <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s físicas. Para isso, como sugerem Canen<br />

eCanen (2005), as instituições educacio<strong>na</strong>is <strong>de</strong>vem trabalhar <strong>de</strong> forma multicultural,<br />

voltadas para a valorização <strong>de</strong> um clima institucio<strong>na</strong>l aberto ao diálogo,fomentador da<br />

pluralida<strong>de</strong> cultural e <strong>de</strong>safiador <strong>de</strong> “verda<strong>de</strong>s únicas”. Isso inclui não sónossas escolas,<br />

mas todas as instâncias <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> <strong>professores</strong>.<br />

A maioria dos respon<strong>de</strong>ntes vê a importância da formação <strong>continuada</strong> uma<br />

vezque a socieda<strong>de</strong> está em constante transformação e a escola necessita acompanhar<br />

asmudanças ocorridas em nossa socieda<strong>de</strong>. Alguns <strong>professores</strong> reclamam que<br />

suaformação inicial não ofereceu subsídios para que estes atuassem <strong>na</strong>s escolas públicas<br />

eexpõe não saber ao certo qual conteúdo <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong> acordo com os ciclos<br />

<strong>de</strong>formação sugeridos por esta secretaria. Alguns <strong>professores</strong> dizem não enten<strong>de</strong>r<br />

porque aformação <strong>continuada</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong> <strong>de</strong> Educação Física é tão escassa tendo<br />

estadiscipli<strong>na</strong> tão gran<strong>de</strong> importância <strong>na</strong> formação geral dos indivíduos. Um<br />

professor<strong>de</strong>clarou ser a avaliação uma tarefa coletiva e não individual e <strong>de</strong>sta forma<br />

confirma aimportância <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> formação <strong>continuada</strong> que versem sobre a<br />

avaliação <strong>na</strong>prática da Educação Física escolar. Cinco <strong>professores</strong> admitem que a<br />

contínua formaçãoé <strong>de</strong> suma importância para melhorar o dia-a-dia <strong>na</strong>s escolas mas<br />

alguns reclamam queas estratégias pontuais <strong>de</strong> formação <strong>continuada</strong> são muito curtas e<br />

vários assuntos ficampen<strong>de</strong>ntes (OLIVEIRA E SILVA, 2008).<br />

Quando perguntamos aos <strong>professores</strong> <strong>de</strong> que forma a formação inicial<br />

po<strong>de</strong>riacontribuir para a formação <strong>continuada</strong>, a gran<strong>de</strong> maioria dos <strong>professores</strong> acredita<br />

que oscursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> <strong>professores</strong> <strong>de</strong> Educação Física <strong>de</strong>vam oferecer estratégias<br />

<strong>de</strong>formação <strong>continuada</strong> às diversas secretarias <strong>de</strong> educação. Para os docentes a<br />

parceriauniversida<strong>de</strong>-escola tem papel fundamental <strong>na</strong> sua formação integral.


Dois <strong>professores</strong> que respon<strong>de</strong>ram ao questionário se preocupam com<br />

osconteúdos <strong>de</strong>senvolvidos <strong>na</strong> formação inicial: acreditam que <strong>de</strong>vam ser conteúdos<br />

quepossam contribuir diretamente com a problemática vivida <strong>na</strong>s escolas<br />

brasileiras.Vamos além e propomos a articulação das discipli<strong>na</strong>s dos cursos <strong>de</strong> formação<br />

<strong>de</strong>educadores físicos à perspectiva multicultural e isto significa mostrar as tensões<br />

entrevisões mais universais <strong>de</strong> assuntos como saú<strong>de</strong>, corpo, esportes, como visões<br />

quemostrem <strong>de</strong> que forma povos diversos e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s plurais trabalhem com tais<br />

questões(OLIVEIRA E SILVA, JANOARIO e CANEN, 2007).<br />

Fi<strong>na</strong>lmente, acreditamos que esta Secretaria <strong>de</strong> Educação, em suas estratégias<br />

<strong>de</strong>formação <strong>continuada</strong>, contempla as questões acerca do Multiculturalismo, porém<br />

<strong>de</strong>forma muito tímida e pontual. Para autores como Canen (2004) e Candau e Koff<br />

(2006),tentativas isoladas <strong>de</strong> reconhecer a diversida<strong>de</strong> cultural são insuficientes para<br />

umaeducação mais justa e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para todos.<br />

Prática pedagógica multicultural: utopia ou realida<strong>de</strong><br />

Diante dos dados apontados acreditamos que esta secretaria <strong>de</strong> educação<br />

caminhe em direção a uma prática pautada <strong>na</strong> multiculturalida<strong>de</strong>, porém <strong>de</strong> formatímida<br />

e não priorizada o que nos sugere um longo caminho a percorrer. Longe <strong>de</strong>querermos<br />

esgotar a questão ou mesmo <strong>de</strong> prescrevermos as condutas a serem adotadas,algumas<br />

sugestões po<strong>de</strong>m ser observadas a seguir, no intuito <strong>de</strong> nos aproximarmos maise mais<br />

<strong>de</strong> uma prática inclusiva e <strong>de</strong>mocrática.<br />

No que diz respeito à formação <strong>continuada</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong>, em um<br />

viésmulticultural, Canen e Santos (2006) sugerem uma perspectiva tripla:<br />

primeiramentelevar em conta as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s plurais dos atores envolvidos, ou seja, os<br />

docentes. Emuma segunda perspectiva as autoras sugerem que os <strong>professores</strong><br />

envolvidos fossemvistos não como objetos da formação <strong>continuada</strong>, mas sim como<br />

sujeitos ativos,participantes, parceiros <strong>de</strong>sta formação, construindo e ressignificando<br />

assim, suasi<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s diante do processo e fi<strong>na</strong>lmente <strong>na</strong> terceira e última perspectiva,<br />

contribuirpara que os <strong>professores</strong> se tornem pesquisadores em ação, produtores <strong>de</strong> seus<br />

discursose não ape<strong>na</strong>s “consumidores” das produções acadêmicas.<br />

Canen e Oliveira (2002) nos fornecem três categorias para que uma<br />

práticapedagógica se torne multicultural: a crítica cultural permanente dos discursos,


ahibridização e a ancoragem social dos discursos. As autoras referem-se à crítica<br />

culturalpermanente dos discursos como a possibilida<strong>de</strong> dos alunos a<strong>na</strong>lisarem suas<br />

diversasmarcas i<strong>de</strong>ntitárias, criticar mitos sociais ditos como “verda<strong>de</strong>s” e<br />

construirsolidarieda<strong>de</strong> em torno dos princípios da liberda<strong>de</strong>, da prática social e da<br />

<strong>de</strong>mocraciaativista. Para tal as autoras sugerem quatro dimensões para que a prática<br />

pedagógicamulticultural ocorra: a “construção”, “voz e escolha”, “crítica” e o “ativismo<br />

social”. A“construção” vem a ser a produção do conhecimento do discente a partir <strong>de</strong><br />

estratégiasque o auxiliem a a<strong>na</strong>lisar as informações recebidas sobre a diversida<strong>de</strong><br />

cultural, <strong>de</strong>forma crítica. “Voz e escolha” referem-se ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

quepermitam que todos os alunos possam interagir e realizar suas escolhas. A “crítica”,<br />

como o nome sugere, envolve a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que possibilitem que os<br />

alunosdiscutam assuntos relativos à diversida<strong>de</strong> cultural e às relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r,<br />

existentes <strong>na</strong>socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma crítica e por fim o “ativismo social” visa incentivar a<br />

tomadaefetiva <strong>de</strong> posição dos discentes, baseada <strong>na</strong>s três dimensões anteriores, que<br />

levem areais possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma oposição ativa às condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>.<br />

Ao apresentarem a hibridização como categoria pedagógica multicultural,<br />

Canene Oliveira (2002), referem-se à linguagem híbrida, ou seja, uma linguagem que<br />

procuresuperar os engessamentos i<strong>de</strong>ntitários e as metáforas preconceituosas,<br />

incorporandodiscursos múltiplos, levando a uma <strong>de</strong>scolonização dos mesmos. O<br />

processo <strong>de</strong>hibridização sugere uma releitura dos próprios marcos discursivos das<br />

classesdomi<strong>na</strong>ntes, com base no contato com as diversas culturas dos grupos<br />

domi<strong>na</strong>dos.<br />

Canen (2004) <strong>de</strong>staca que o conceito <strong>de</strong> hibridização se assenta <strong>na</strong> hipótese<br />

<strong>de</strong>que as culturas são múltiplas e diferenciadas inter<strong>na</strong>mente, o que nos faz admitir<br />

quemesmo <strong>de</strong>ntro dos grupos culturais existam diferenças e resistências. A autora ainda<br />

nosremete à importância da superação do engessamento i<strong>de</strong>ntitário presente em<br />

nuancesmulticulturais que ape<strong>na</strong>s priorizam o reconhecimento <strong>de</strong> diferentes culturas,<br />

nuancesestas não atentas às constantes movimentações e di<strong>na</strong>mismos i<strong>de</strong>ntitários,<br />

presentes nointerior das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e grupos culturais.<br />

A ancoragem social refere-se às conexões entre discursos históricos, políticos,<br />

sociológicos, culturais e outros, visando o alargamento da compreensão das<br />

relaçõesentre conhecimento, pluralida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r. Para as autoras


[...] realizar essas conexões significa olhar criticamente parapercepções e idéias<br />

relativas a conhecimento, educação, formaçãodocente e outras categorias,<br />

a<strong>na</strong>lisando as presenças e ausênciasnesses discursos, enten<strong>de</strong>ndo-os como<br />

intimamente ligados adinâmicas sociais, culturais e históricas, que passam a ser<br />

objeto <strong>de</strong>discussão. (CANEN e OLIVEIRA, 2002, p.64).<br />

Ilustramos a ancoragem social com o tema da Educação Física referente<br />

aosucesso nos esportes, em que o discurso que remete aos motivos que levam<br />

indivíduoscom as mesmas condições físicas, terem ou não sucesso <strong>na</strong> prática <strong>de</strong><br />

esportes,aparecem ancorados em discursos sociológicos, culturais e históricos. Tais<br />

discursospo<strong>de</strong>m citar aspectos relacio<strong>na</strong>dos à classe social, cor, raça e até mesmo sexo.<br />

Conclusões<br />

Procuramos com a presente pesquisa a<strong>na</strong>lisar a formação <strong>continuada</strong><br />

<strong>de</strong><strong>professores</strong> <strong>de</strong> Educação Física e a partir <strong>de</strong>sta análise buscamos i<strong>de</strong>ntificar, ou não,<br />

aincidência <strong>de</strong> preocupações com as questões multiculturais, ou seja,<br />

problemáticasacerca dos diversos tipos <strong>de</strong> preconceito, racismo, xenofobia, homofobia e<br />

outrassituações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>.<br />

Nossas impressões nos indicam que a Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino a<strong>na</strong>lisada tem<br />

uma certa preocupação com a formação permanente <strong>de</strong> seus docentes e realiza<br />

inúmerasestratégias, com a fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atualizar e instrumentalizar seus <strong>professores</strong><br />

para aprática docente, porém acreditamos que a perspectiva multicultural mais crítica<br />

<strong>de</strong>vesseestar mais presente, não só nos documentos oficiais <strong>de</strong>sta secretaria, mas<br />

também comoconteúdo das estratégias <strong>de</strong> formação <strong>continuada</strong>.<br />

A Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ensino a<strong>na</strong>lisada prima pelo reconhecimento da diversida<strong>de</strong> cultural<br />

epelo respeito e inclusão das diferenças, mas não indica forte compromisso reflexivo<br />

ecrítico com a discussão acerca das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r existentes em nossa<br />

socieda<strong>de</strong>.I<strong>de</strong>ntificamos seu esforço em incentivar oreconhecimento da pluralida<strong>de</strong><br />

cultural e acreditamos que este venha a ser o passoinicial para a concretização <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> mais justa e <strong>de</strong>mocrática, porém sentimosfalta <strong>de</strong> discussões que avancem em<br />

torno da construção discursiva das diferenças epreconceitos.<br />

Assim, esperamos que o presente estudo tenha contribuído para o campo<br />

daEducação Física, uma vez que a temática multicultural nos parece ser propícia<br />

paradiscutir as diversas situações <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> diferenças e preconceitos, advindas


das aulas <strong>de</strong> Educação Física, aulas estas com características próprias porém sabemos<br />

quemuito ainda <strong>de</strong>va ser discutido e para isso, apresentaremos a seguir<br />

algumasrecomendações para futuros estudos.<br />

Longe <strong>de</strong> preten<strong>de</strong>rmos esgotar o assunto abordado no presente<br />

estudo,gostaríamos <strong>de</strong> apresentar algumas sugestões para futuras pesquisas, a fim <strong>de</strong><br />

abranger<strong>de</strong> forma mais ampla a temática multicultural inserida no campo da Educação<br />

Física.Percebemos a carência <strong>de</strong> pesquisas que versassem a formação <strong>continuada</strong><br />

<strong>de</strong>educadores físicos, formadores <strong>de</strong> futuros <strong>professores</strong>. Contribuições acerca da<br />

práticaprofissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> <strong>professores</strong> também nos parecem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia e, para isso,<br />

aobservação das aulas seria <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, no intuito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar questões<br />

queenriquecessem a discussão multicultural.<br />

Concluímos a presente pesquisa enten<strong>de</strong>ndo que o campo da Educação<br />

Físicamuito po<strong>de</strong> contribuir para a construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais justa e<br />

<strong>de</strong>mocrática,porém, acreditamos que uma mudança <strong>de</strong> paradigmas seja necessária para<br />

o avanço daárea. Não cabe mais, <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física, a vigência <strong>de</strong> uma<br />

práticaexclu<strong>de</strong>nte, privilegiando os “vencedores” em <strong>de</strong>trimento dos<br />

“outros”.Reconhecer as diferenças culturais po<strong>de</strong> ser o início da<br />

transformaçãoeducacio<strong>na</strong>l, mas precisamos ir além, discutir como essas diferenças se<br />

constroem noseio <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong>, combater todo e qualquer tipo <strong>de</strong> preconceito e<br />

viabilizar odiálogo entre as diferentes i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais, nos parece ser o caminho a<br />

percorrerpara que ofereçamos uma educação realmente <strong>de</strong>mocrática e dig<strong>na</strong> para todos.<br />

Portanto,longe <strong>de</strong> fornecermos respostas <strong>de</strong>finitivas às questões concernentes ao campo<br />

doMulticulturalismo e da Educação Física apostamos em um projeto educacio<strong>na</strong>l<br />

flexívele <strong>de</strong>scentralizado, apoiado em ações abertas e abrangentes, que admitam<br />

abordagensalter<strong>na</strong>tivas e metodologias inovadoras, sobretudo no que diz respeito à<br />

Educação para adiversida<strong>de</strong>.<br />

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