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Gomes Coelho

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anca, da perda de sua mãe e da morte recente de seus irmãos, todos<br />

com a mesma doença.<br />

Porém o seu espírito era forte. Era novo, tinha esperança em<br />

melhores dias. Talvez acreditasse mesmo no milagre de uma cura.<br />

Soube resistir e procurar, em obras literárias, certa distracção e conforto<br />

para o seu espírito triste e melancólico, cheio de ansiedades e<br />

inquietações.<br />

Compreende-se que as suas primeiras produções literárias fossem<br />

versos. E foram. Poesias ou poemas geralmente simples, sentimentais,<br />

glosando temas momentâneos — «impressões de momento» lhes<br />

chamou Júlio Dinis. Mas de sentido, de plangências e de ritmos bastante<br />

diferentes do sentimentalismo doentio usado pelo ultra-romântico<br />

Soares de Passos, seu amigo e talvez, em parte, o seu inspirador. Depois,<br />

pela vida adiante, pela vida fora, a musa sedutora jamais o deixou,<br />

ora cantando anseios e inquietações, ora impressões e factos que feriram<br />

a sua sensibilidade. Algumas das suas poesias, são sátiras deliciosas<br />

; outras têm uma orientação definida, foram aproveitadas para<br />

amenizar e embelezar algumas páginas dos seus romances.<br />

Talvez para procurar convívio e camaradagem intelectual, Júlio<br />

Dinis pertenceu ao «Cenáculo» que foi, no Porto, uma espécie de tertúlia<br />

literária e, ao mesmo tempo, uma companhia de amadores de<br />

teatro. Nela pontificava Augusto Luso, auxiliado por seus irmãos Eugênio<br />

e Henrique Augusto da Silva. As representações começaram num<br />

teatrinho construído numa casa da Rua do Bonjardim. Mais tarde passaram<br />

para o teatro da antiga P.ua de Liceiras, hoje Rua de Alferes<br />

Malheiro. Representaram-se originais de Henrique Augusto da Silva<br />

e de outros autores, mas principalmente traduções de peças estrangeiras,<br />

comédias ou dramas.<br />

Sabe-se que Júlio Dinis representou, foi actor nesses teatros.<br />

Parece que também representou em travesti. E num certo período de<br />

temp"o, isto é, de 1856 a 1860, escreveu diversas peças teatrais, principalmente<br />

comédias, que tudo leva a crer que foram representadas,<br />

naqueles teatros, pelos componentes do «Cenáculo».<br />

Foi um período fértil, para Júlio Dinis, em peças teatrais, peças<br />

de costumes ou históricas. Pelas cópias que apareceram no seu espólio<br />

literário, algumas delas foram escritas um tanto à pressa, sem revisão<br />

cuidada, talvez para serem entregues, em curto prazo, na «Caixa»<br />

do teatro. É de crer que essas fossem representadas. Estão nesse caso<br />

As Duas Cartas — comédia em dois actos ; e Similia Similibus — também<br />

comédia, em um acto. Mas no período atrás referido, Júlio Dinis escreveu<br />

mais as seguintes peças teatrais, que se não sabe se algumas foram<br />

representadas: O Casamento da Condessa de Amieira, que na primeira<br />

cópia teve o titulo de O Casamento da Condessa de Vila Maior<br />

— comédia em dois actos ; o Bolo Quente, de que até nós só chegou<br />

o 2.º acto e este talvez incompleto ; O Último Baile do Sr. José da Cunha<br />

— comédia em um acto; Os Anéis ou Inconvenientes de amar às escu-<br />

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