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O Homem seguiu as plantas ou as plantas seguiram o Homem?

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O primeiro tipo de milho a entrar na América do Sul foi o tipo simples, fato este indicado pel<strong>as</strong> amostr<strong>as</strong><br />

arqueológic<strong>as</strong> do estudo, onde este padrão genético simples está presente de forma exclusiva n<strong>as</strong><br />

amostr<strong>as</strong> encontrad<strong>as</strong> no Peru, com idades de 4.500 A.P. (Gol<strong>ou</strong>binoff et al, 1993). Aparentemente<br />

este tipo simples foi difundido na região ao longo da Cordilheira dos Andes.<br />

Posteriormente, novos tipos distintos de milho foram disseminados/ difundidos na América do Sul,<br />

entretanto, naquele momento, por novos caminhos, se espalhando pela região d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> baix<strong>as</strong><br />

do continente sul americano. Est<strong>as</strong> conclusões ficam mais evidentes quando observamos a figura<br />

2, onde são apresentad<strong>as</strong> apen<strong>as</strong> <strong>as</strong> amostr<strong>as</strong> coletad<strong>as</strong> junto a populações indígen<strong>as</strong> e a partir<br />

de amostr<strong>as</strong> arqueológic<strong>as</strong>.<br />

O interessante é notar que, aparentemente, estes padrões “terra alta” – “terra baixa” não se misturaram,<br />

ficando, de modo geral, confinados em su<strong>as</strong> regiões originais de difusão, como pode-se observar ao<br />

se comparar <strong>as</strong> figur<strong>as</strong> 1 e 2.<br />

Este isolamento de tipos, mais do que devido a restrições impost<strong>as</strong> pela genética do material é,<br />

principalmente, devido a isolamentos culturais, <strong>ou</strong> seja, imposta mais pelos isolamentos em termos de<br />

relacionamentos (amistosos <strong>ou</strong> não) que <strong>as</strong> populações human<strong>as</strong> do p<strong>as</strong>sado mantinham.<br />

Outr<strong>as</strong> considerações particulares que podemos observar a partir d<strong>as</strong> amostr<strong>as</strong> são:<br />

1. A região sul do continente, entre a parte norte do Chile e Argentina, até o Paraguai, mostra<br />

que é uma região onde o contato leste – oeste foi efetivo, onde pode-se encontrar amostr<strong>as</strong> com<br />

padrões d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> alt<strong>as</strong> n<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> baix<strong>as</strong> (amostra E11) e vice versa (G7). Faz-se interessante<br />

notar que esta região se localiza onde os estudiosos indicam ser o famoso caminho Peabiru, que<br />

ligava <strong>as</strong> du<strong>as</strong> cost<strong>as</strong> do continente sul-americano, mostrando como estes tipos de dados podem<br />

corroborar <strong>ou</strong>tr<strong>as</strong> evidênci<strong>as</strong>;<br />

2. A região amazônica possui b<strong>as</strong>icamente os tipos complexos, de terra baixa. Isto se faz<br />

importante, principalmente quando existem correntes de estudo divergentes a respeito da influência<br />

que tiveram <strong>as</strong> populações human<strong>as</strong> da região amazônica, com grupos afirmando que a região<br />

sofreu influência andina, enquanto <strong>ou</strong>tra corrente sugere o contrário. Pelo trabalho e, particularmente<br />

em termos alimentar e, mais especificamente no c<strong>as</strong>o do milho, <strong>as</strong> populações habitantes da<br />

região amazônica, praticamente não tiveram influência andina;<br />

3. A presença de uma única amostra do tipo terra alta, no estado do Acre, na região Amazônica<br />

(7), pode indicar uma pequena influencia andina. Entretanto, esta influencia pode ter sido já em tempos<br />

mais recentes, principalmente ao lembrarmos que a região do Acre, no final do século XIX e início do<br />

século XX, p<strong>as</strong>s<strong>ou</strong> pelo chamado ciclo da borracha, com o aporte de muitos migrantes não-indios<br />

para aquela região, o que acab<strong>ou</strong> por deslocar muit<strong>as</strong> populações indígen<strong>as</strong> de su<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> originais,<br />

indo se abrigar mais ao sopé dos Andes, no Peru e, com isto, acarretando um contato com <strong>ou</strong>tr<strong>as</strong><br />

populações indígen<strong>as</strong> com maior influencia da cultura d<strong>as</strong> terr<strong>as</strong> alt<strong>as</strong>. Com o fim do ciclo da borracha,<br />

muit<strong>as</strong> populações indígen<strong>as</strong> retornaram para sua terra natal, sendo que algum<strong>as</strong> del<strong>as</strong> podem ter<br />

trazido matéri<strong>as</strong> agrícol<strong>as</strong> recém adquiridos, incluindo o milho.<br />

4. A região observada com maior diversidade de padrões e sub-padrões genéticos é a região<br />

ao norte da região amazônica, no estado de Roraima, n<strong>as</strong> proximidades da parte sul da Venezuela<br />

(amostr<strong>as</strong> 8; 9; 10; 24; 25; 26; 27 e; 28), tendo sido encontrado 9 haplotipos dos 13 encontrados<br />

no estudo e literatura. Isto indica que a região pode ter sido uma importante rota de contatos entre<br />

FUMDHAMentos VII - Fábio Freit<strong>as</strong> et alii 106

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