riscos do uso de resíduos na agricultura

RISCOS DO USO DE RESÍDUOS 

NA AGRICULTURA 

Adriana M.M.Pires 

Aline R. Coscione 

Embrapa Meio Ambiente Instituto Agronômico (IAC) 

aline@iac.sp.gov.br

Riscos do uso de resíduos na 

DEFINIÇÃO 

agricultura 

1. residuu – (latim) = o que sobra 

2. Material descartável de baixo ou nenhum valor 

econômico; 

3.Tudo que resulta e sobra da atividade antrópica 

sem nenhum valor atrativo e evidente; 

Dicionário 

O que é resíduo

PORQUE UTILIZAR RESÍDUOS 


Pq usar resíduos



Aspectos Econômicos 

(oferta e preço de fertilizantes) 

Aspectos Ambientais 

(melhoria da qualidade do solo, promoção 

da reciclagem e disposição adequada de 

resíduos) 

Pq usar resíduos



• Custo do fertilizante químico (NPK): 

dobrou últimos meses no Brasil e no mundo 

- Aumento de demanda 

- Pressão sobre recursos naturais finitos 

- Outras razões de mercado 

• O Brasil é um grande importador de fertilizantes 

Nutrientes



• Maioria dos fertilizantes nitrogenados: 

subprodutos do petróleo (efeito estufa e não renovável) 

• P e K: geralmente originários de minerais e rochas 

(não renováveis) 

CICLAGEM DE NUTRIENTES 

Nutrientes



Aproveitar materiais que são descartados, por 

exemplo, resíduos orgânicos urbanos 

Por que desperdiçar nutrientes em aterros 

EX: LODO DE ESGOTO 

2 a 5% de N 

1% de P 

Nutrientes



• Adição de matéria orgânica ao solo 

- Solos tropicais: maiores perdas de C, após a retirada 

da vegetação natural e o cultivo, do que solos de 

regiões temperadas 

- Decomposição da matéria orgânica mais acelerada 

(exemplos em que os estoques de C foram reduzidos 

em mais de 50% em menos de 10 anos de cultivo) 

(Shang & Tiessen, 1997) 

Matéria Orgânica



- Matéria orgânica do solo: mais importante atributo 

indicador da qualidade de solos e da sustentabilidade 

da produção (Revisão de Andrade, 2002) 

Influencia indicadores (físicos, químicos e 

biológicos) de qualidade do solo, destacando-se: 

disponibilidade de nutrientes (mineralização), 

armazenamento e infiltração de água 

(Reeves, 1997) 

Matéria Orgânica



• Redução da erodibilidade 

(Pennock et al., 1994; Bruce et al., 1995) 

• Retenção e degradação de moléculas de pesticidas no 

solo (Jessup, 1992; Prata, 1998) 

• Complexação de metais pesados evitando percolação 

(Sposito et al., 1976; Dowdy & Volk, 1992) 

• Mitigação do efeito estufa pelo sequestro de C no solo 

(Feial, 1994; Sá, 2001) ... 

Matéria Orgânica



• Agregação de valor à 

fonte alternativa 

• Viabilização de um meio de disposição 

adequado ambientalmente 

Vantagens econômicas e ambientais

USO DE RESÍDUOS 

RISCOS 

Presença de contaminantes 

- Metais Pesados 

- Compostos Orgânicos Persistentes 

- Patógenos 

- Nitrato, ... 

Riscos

METAIS PESADOS 

• Essenciais para plantas: 

Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn 

• Essenciais para animais: 

Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn 

• Tóxicos e bioacumulativos 

Metais Pesados

SOLO 

METAL PESADO 

EM SOLUÇÃO 

Lençol Freático 


METAIS PESADOS EM 

RESÍDUOS ORGÂNICOS 

• Baixa disponibilidade e mobilidade() 

Necessário conhecer o comportamento em 

longo prazo 


Contaminantes Orgânicos Persistentes (COPs) 

- Compostos orgânicos de difícil degradação 

- Hidrofóbicos(!) e bioacumulativos 

- Maioria apresenta toxicidade crônica 

(longo prazo) 

- Geralmente carcinogênicos e/ou mutagênicos 

- Alta estabilidade: uso industrial intenso 

Santamarta, (2001) 

COPs

PRINCIPAIS GRUPOS 

• AOX (halogenados) 

- Branqueamento de papel, fabricação de PVC e 

incineração de resíduos 

• PCB (Bifenila policlorada) 

- Isolantes líquidos (tansformadores), fluidos 

hidráulicos, aditivos em plásticos e tintas 

• PAH (Hidrocarbonetos: Pirenos e Benzopirenos) 

- Queima de combustíveis fósseis 

• DEHP (Ftalatos) 

- Plastificadores 

COPs

PRINCIPAIS GRUPOS 

• NPE (nonilfenóis - surfactantes) 

- Produtos de limpeza em geral, cosméticos, produtos 

higiênicos, emulsificantes de tintas e pesticidas. 

• LAS (alquibenzenos - surfactantes) 

- Produtos de limpeza em geral, cosméticos, produtos 

higiênicos, emulsificantes de tintas e pesticidas. 

• PCDD/F (dioxinas e furanos) 

- Formados durante a produção de compostos clorados 

ou na incineração de resíduos que contenham cloro. 

COPs

INFECÇÕES PARASITÁRIAS DE MAIOR 

INCIDÊNCIA NO HOMEM (OMS, 2004) 

PARASITA 

PREVALÊNCIA 

(milhões/ano) 

Helmintoses 

Enterobíase 1.000 

VERME 

Ascaridiose 1.000 

Ancilostomose 900 

Trichuríase 700 

Esquistosomose 250 

SLIDE: Soccol, (2004) 

Patógenos

Tênia ou Solitária 


Patógenos

Ascaris lumbricoides 


Patógenos

ANCILÓSTOMO - CAUSA O AMARELÃO 


Patógenos

Distribuição geográfica 

da verminose (Santé Voyages, 2004) 

Alto risco Médio risco Baixo risco 


Patógenos

• Bactérias: salmonela, cólera... 

• Vírus: hepatite A, rotavírus... 


Patógenos

Lodo de Franca 

Lodo de Barueri 

N-NO 3 - (mg/kg) 

N-NO 3 - (mg/kg) 

NITRATO 

Profundidade (m) 

0,0 

0,4 

0,8 

1,2 

1,6 

2,0 

2,4 

0 30 60 90 120 150 

Profundidade (M) 

0 30 60 90 120 150 

0,0 

0,4 

0,8 

1,2 

1,6 

2,0 

2,4 

2,8 

2,8 

3,2 

3,2 

0,0 

0 30 60 90 120 150 

0 30 60 90 120 150 

0,0 

0,4 

0,4 

Profundidae (m) 

0,8 

1,2 

1,6 

2,0 

2,4 


0,8 

1,2 

1,6 

2,0 

2,4 

2,8 

2,8 

3,2 

3,2 

0 30 60 90 120 150 

0,0 

0,0 

0 30 60 90 120 150 

0,4 

0,4 


0,8 

1,2 

1,6 

2,0 

2,4 

2,8 

3,2 

AM 

0N 

1N 

2N 

4N 

8N 


0,8 

1,2 

1,6 

2,0 

2,4 

2,8 

3,2 

AM 

0N 

1N 

2N 

4N 

8N 

Riscos

Recomendação de adubação 

Cálculo da dose: demanda da cultura menos a 

estimativa da disponibilidade de nutrientes 

no solo (considerando que a fertilidade do 

solo deve se manter adequada) 

(Cantarella, et al. 2008) 

Nitrato

Como estimar a disponibilidade de N 

em resíduos orgânicos 

N-disp = N-inorg + N-mineralizável 

Adubação: no ciclo da cultura 

Ambiental: em longo prazo 

Nitrato

Determinação de N-mineralizável 

(PROBLEMA!) 

Depende de fatores climáticos, sistema de 

manejo, tipo de material orgânico adicionado 

ou REMANESCENTE, atributos do solo, ... 

SISTEMA 

DINÂMICO 

Nitrato

Uso de fontes alternativas 

BENEFÍCIOS 

RISCOS 

VIABILIDADE 

Estudo de Viabilidade

MINIMIZAÇÃO E/OU 

ELIMINAÇÃO DO RISCO: 

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE 

DO USO DE RESÍDUOS 


ORIGEM DO MATERIAL 

PLANO DE AMOSTRAGEM 

CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO 

LEGISLAÇÃO 

ALTERNATIVAS 

DE 

DISPOSIÇÃO 

NÃO 

POSSIBILIDADE DE USO 

AGRÍCOLA 

SIM 

PRÉ-TRATAMENTO, DEMANDA DO MERCADO, 

ESTOCAGEM, VIABILIDADE ECONÔMICA 


ORIGEM DO RESÍDUO 

- Matéria prima utilizada e suas características 

- Produtos adicionados ao processo: 

tipo, quantidade, etapa 

- Regime de produção: contínuo, sazonal, etc. 

- Quantidade e regime de vazão 

- Aspecto do resíduo: estado físico 



- Locais e freqüência 

- Volume, tipo e número de amostras 

(simples e/ou compostas) 

- Método de Amostragem (tipo de amostrador, 

quarteamento, etc.) 


CARACTERIZAÇÃO 

- Geral: umidade, pH, condutividade elétrica, 

nutrientes, conteúdo orgânico, salinidade e 

sodicidade, poder de neutralização/acidificação, 

Degradabilidade, teor de elementos potencialmente 

tóxicos e compostos orgânicos persistentes 

- Outros: definido conforme o processo gerador 


CLASSIFICAÇÃO DO RESÍDUO 

ORIGEM DO RESÍDUO 



LEGISLAÇÃO 

ALTERNATIVAS 

DE 

DISPOSIÇÃO 

NÃO 


SIM 




LEGISLAÇÃO: Uso agrícola 

• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 

• Ministério do Meio Ambiente 

• Órgãos Estaduais 


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 

LEI 6.894, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1980 

Dispõe sobre a inspeção e fiscalização da produção e do 

comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, 

estimulantes ou biofertilizantes, destinados à agricultura, 

e da outras providências. 

“EFICIÊNCIA AGRONÔMICA” 

Legislação


INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 23, DE 08/09/2005 

SECRETARIA DE APOIO RURAL E COOPERATIVISMO 

• Aprovar as DEFINIÇÕES E NORMAS SOBRE AS 

ESPECIFICAÇÕES E AS GARANTIAS, AS TOLERÂNCIAS, 

O REGISTRO, A EMBALAGEM E A ROTULAGEM DOS 

FERTILIZANTES ORGÂNICOS SIMPLES, MISTOS, 

COMPOSTOS, ORGANOMINERAIS E BIOFERTILIZANTES 

DESTINADOS À AGRICULTURA 

Legislação

Capítulo II: CLASSIFICAÇÕES 

I - Classe “A”: fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza 

matéria-prima de origem vegetal, animal ou de processamentos da 

agroindústria, onde não sejam utilizados no processo o sódio (Na+), 

metais pesados, elementos ou compostos orgânicos sintéticos 

potencialmente tóxicos; 

II - Classe “B”: fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza 

matéria-prima de origem vegetal, animal ou de processamentos da 

agroindústria, onde sejam utilizados no processo o sódio (Na+), 

metais pesados, elementos ou compostos orgânicos sintéticos 

potencialmente tóxicos; 

Legislação

Capítulo II: CLASSIFICAÇÕES 

III - Classe “C”: fertilizante orgânico que, em sua 

produção, utiliza qualquer quantidade de matériaprima 

oriunda de lixo domiciliar, resultando em 

produto de utilização segura na agricultura; 

IV - Classe “D”: fertilizante orgânico que, em sua 

produção, utiliza qualquer quantidade de matériaprima 

oriunda do tratamento de despejos sanitários, 

resultando em produto de utilização segura na 

agricultura; 

Legislação

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA 

BENEFÍCIOS 

Legislação

Capítulo III: 

GARANTIAS E ESPECIFICAÇÕES 

• Natureza física 

• Teor de nutrientes 

• C orgânico total, umidade, CTC (organo-mineral) 

... 

Legislação

Capítulo III: Garantias e Especificações 

GARANTIA 

CLASSE D 

Umidade (máx.) % 70 

N total (mín.) % 1 

Carbono orgânico (mín.) % 15 

CTC 600 

pH (mín.) 6,0 

Relação C/N (máx.) 18 

Relação CTC/C (mín.) 30 

N, P, K ou Soma NPK, 2 

NP, NK, PK % 

Legislação

LIMITES PARA CONTAMINANTES 

MINIMIZAÇÃO DE RISCOS 

Legislação


INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 27, DE 05/06/2006 

SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA 

Aprovar limites máximos de agentes fitotóxicos, patogênicos 

ao homem, animais e plantas, metais pesados tóxicos, pragas 

e ervas daninhas admitidos nos fertilizantes, corretivos, 

inoculantes e biofertilizantes. 

Legislação


IN 27 - 

Fertilizantes Orgânicos 

Soccol, 2004 

Contaminante 

Valor máximo 

admitido 

Arsênio (mg/kg) 20 

Cádmio (mg/kg) 3 

Chumbo (mg/kg) 150 

Cromo (mg/kg) 200 

Mercúrio (mg/kg) 1 

Níquel (mg/kg) 70 

Selênio (mg/kg) 80 

Coliformes termotolerantes - número mais provável 

por grama de matéria seca (NMP/g de MS) 

Ovos viáveis de helmintos - número por quatro 

gramas de sólidos totais (nº em 4g ST) 

Salmonella sp 

1.000 

1 

Ausência em 10g de 

matéria seca

ORIGEM DO MATERIAL 



LEGISLAÇÃO 

ALTERNATIVAS 

DE 

DISPOSIÇÃO 

NÃO 


AGRÍCOLA 

SIM 




USO DE RESÍDUOS NA AGRICULTURA 

IMPACTO 

POSITIVO 

NEGATIVO 

Tipo de resíduo 

RISCO 

Impactos do uso

ESTUDO DE 

VIABILIDADE

• Lançamento 

programado para 27/10, 

no VII SIBIO. 

• Estara à venda na Fepaf 

(www.fepaf.org.br)

www.infobibos.com/sibio

OBRIGADA!!! 

adriana@cnpma.embrapa.br 

aline@iac.sp.gov.br

riscos do uso de resíduos na agricultura

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