descrição de singularidades na escrita de surdos - DSpace/UFPB ...
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Isto significa dizer que os <strong>surdos</strong> ao formalizarem suas i<strong>de</strong>ias e conceitos <strong>na</strong>s<br />
produções <strong>escrita</strong>s <strong>de</strong>ixam refletidas a estrutura morfossintática da língua <strong>de</strong> si<strong>na</strong>is que,<br />
por vezes, foge dos padrões formais da <strong>escrita</strong> em língua portuguesa. E, apesar da<br />
afirmação <strong>de</strong> Marcuschi (2001) ao dizer que a <strong>escrita</strong> não leva a estigmatização e a fala<br />
sim, pois, além <strong>de</strong> ter um caráter i<strong>de</strong>ntificador po<strong>de</strong> atestar a variação e em geral pautarse<br />
por algum <strong>de</strong>svio da norma, nós, <strong>de</strong> forma empírica acreditamos que a <strong>escrita</strong> do<br />
surdo também é estigmatizada. A <strong>escrita</strong> do surdo recebe influência da fala gesticulada<br />
ao escrever em L2, talvez, isto <strong>de</strong>va-se ao fato <strong>de</strong> não haver um referente em sua língua<br />
que o remeta a construções com uso dos mecanismos coesivos ou das flexões verbais<br />
necessários à coesão da produção <strong>escrita</strong> em língua portuguesa. Todavia, no texto<br />
escrito em Sign Writing pelo surdo é facilmente percebido todos os elementos <strong>de</strong> coesão<br />
e coerência nesta forma <strong>de</strong> <strong>escrita</strong>.<br />
O conhecimento adquirido pelo surdo <strong>na</strong> escola <strong>de</strong>ixa lacu<strong>na</strong>s quanto à sua<br />
produção textual e, isto tem sido fator <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>nte para que <strong>na</strong> escola sua produção<br />
seja consi<strong>de</strong>rada errada.<br />
Em Bakhtin quanto ao ato <strong>de</strong> enunciar palavras ou transmitir pensamentos<br />
vemos que as ativida<strong>de</strong>s huma<strong>na</strong>s estão intimamente ligadas à língua,<br />
Todos os diversos campos da ativida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong> estão ligados ao uso da<br />
linguagem. Compreen<strong>de</strong>-se perfeitamente que o caráter e as formas <strong>de</strong>sse uso<br />
sejam tão multiformes quanto os campos da ativida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>, o que, é claro,<br />
não contradiz a unida<strong>de</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> uma língua. O emprego da língua efetuase<br />
em forma <strong>de</strong> enunciados (orais ou escritos) concretos e únicos, proferidos<br />
pelos integrantes <strong>de</strong>sse ou daquele campo da ativida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>. Esses<br />
enunciados refletem as condições específicas e as fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada referido<br />
campo não só por seu conteúdo (temático) e estilo da linguagem, ou seja,<br />
pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da lingua mas,<br />
acima <strong>de</strong> tudo, por sua construção composicio<strong>na</strong>l. (BAKHTIN, 2003, p.261).<br />
Os recursos linguísticos da Libras vão além do que registram os <strong>surdos</strong> <strong>na</strong> sua<br />
<strong>escrita</strong>. A ausência dos termos <strong>de</strong> coesão e/ou das flexões verbais no texto escrito estão<br />
claramente presentes no modo enunciativo <strong>de</strong> seu discurso vísuo-espacial e,<br />
principalmente, percebido no parâmetro da Expressão Não Manual da língua <strong>de</strong> si<strong>na</strong>is.<br />
Este parâmetro para a Libras é um dos melhores suportes semânticos da língua, pois<br />
através <strong>de</strong>le os enunciados refletem perfeitamente as condições e as fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>s do<br />
conteúdo enunciativo.<br />
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