Prevalência do estrabismo na craniossinostose coronal ... - ABCCMF
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Raposo-<strong>do</strong>-Amaral CE et al.<br />
Tabela 1 – Acha<strong>do</strong>s clínicos em pacientes com <strong>craniossinostose</strong> coro<strong>na</strong>l unilateral.<br />
Iniciais Sexo La<strong>do</strong> da CCU Estrabismo Torcicolo Congênito Outros Acha<strong>do</strong>s<br />
AT F Esquer<strong>do</strong> Esquer<strong>do</strong> Presente -<br />
DC F Direito Direito Ausente -<br />
EC F Direito Ausente Ausente -<br />
EC M Direito Direito Ausente Ptose palpebral bilateral<br />
IT F Direito Esquer<strong>do</strong> Presente -<br />
MS F Esquer<strong>do</strong> Esquer<strong>do</strong> Presente Ptose palpebral bilateral<br />
OA M Direito Ausente Ausente -<br />
AC F Esquer<strong>do</strong> Direito Presente -<br />
LC F Esquer<strong>do</strong> Esquer<strong>do</strong> Presente -<br />
RS F Esquer<strong>do</strong> Ausente Ausente -<br />
RA F Direito Direito Presente -<br />
VA F Direito Direito Presente -<br />
NS M Direito Ausente Ausente -<br />
MF F Direito Direito Presente -<br />
descompressão da base <strong>do</strong> crânio. A descompressão da base<br />
<strong>do</strong> crânio normalmente oferece espaço suficiente para o<br />
crescimento cerebral. Dentre os 14 pacientes identifica<strong>do</strong>s<br />
que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão <strong>do</strong><br />
presente estu<strong>do</strong>, 11 eram <strong>do</strong> sexo feminino e 3, <strong>do</strong> sexo<br />
masculino. Dez pacientes apresentavam <strong>estrabismo</strong>, o que<br />
correspondeu a 71% <strong>do</strong>s pacientes. Nove pacientes foram<br />
diagnostica<strong>do</strong>s com <strong>craniossinostose</strong> à direita e 5 com<br />
<strong>craniossinostose</strong> à esquerda. Oito pacientes apresentaram<br />
<strong>estrabismo</strong> no la<strong>do</strong> ipsilateral à sutura coro<strong>na</strong>l fundida.<br />
Dois pacientes apresentaram <strong>estrabismo</strong> no la<strong>do</strong> contralateral<br />
à sutura coro<strong>na</strong>l fundida. Oito pacientes apresentaram<br />
torcicolo congênito. To<strong>do</strong>s eles apresentaram <strong>estrabismo</strong>.<br />
Houve uma importante correlação entre a presença <strong>do</strong><br />
<strong>estrabismo</strong> e <strong>do</strong> torcicolo congênito. A cirurgia não exerceu<br />
nenhum efeito positivo no tratamento <strong>do</strong> <strong>estrabismo</strong>, ou<br />
seja, todas as crianças que eram estrábicas no perío<strong>do</strong><br />
pré-operatório permaneceram estrábicas, mesmo após a<br />
cirurgia óssea. Dois pacientes apresentaram ptose palpebral<br />
bilateral (Tabela 1, Figuras 2 a 4).<br />
DISCUSSÃO<br />
Nossos acha<strong>do</strong>s clínicos corroboram com outros<br />
advin<strong>do</strong>s da literatura, que demonstram uma importante<br />
correlação entre as CCU e a presença <strong>do</strong> <strong>estrabismo</strong> que é,<br />
em sua grande maioria, de caráter vertical 9 . A fusão unilateral<br />
da sutura coro<strong>na</strong>l leva à angulação da parede lateral<br />
da órbita ipsilateralmente à sinostose. O diâmetro vertical<br />
da órbita está normalmente aumenta<strong>do</strong>, e <strong>na</strong> presença <strong>do</strong><br />
torcicolo congênito há uma significativa distopia orbitária,<br />
com diferença entre as posições <strong>do</strong> ligamento cantal medial<br />
poden<strong>do</strong> variar de 1 a 3 mm. Essas alterações da a<strong>na</strong>tomia<br />
da órbita podem levar ao encurtamento da musculatura<br />
extrínseca <strong>do</strong> olho, mais especificamente <strong>do</strong> músculo<br />
oblíquo superior, com atividade compensatória reacio<strong>na</strong>l<br />
<strong>do</strong> músculo oblíquo inferior 12 . Seguin<strong>do</strong> esta linha de raciocínio,<br />
acreditávamos, assim como alguns autores, que as<br />
condições primárias para a presença <strong>do</strong> <strong>estrabismo</strong> <strong>na</strong> CCU<br />
seriam a posição anômala das estruturas a<strong>na</strong>tômicas da<br />
órbita, de forma que, ao corrigir cirurgicamente a posição<br />
anômala <strong>do</strong> esqueleto craniofacial, haveria uma implicação<br />
positiva sobre a musculatura extrínseca <strong>do</strong> olho e, consequentemente,<br />
no <strong>estrabismo</strong> 9 . Ao observar cuida<strong>do</strong>samente<br />
nossos da<strong>do</strong>s, verificamos que nenhum paciente porta<strong>do</strong>r de<br />
CCU associa<strong>do</strong> ao <strong>estrabismo</strong> apresentou qualquer melhora<br />
ou cura da <strong>do</strong>ença oftalmológica como consequência da<br />
intervenção cirúrgica no esqueleto craniofacial. Com base<br />
nessas evidências clínicas, sugerimos que a rotação da<br />
órbita em senti<strong>do</strong> oblíquo secundário à fusão prematura da<br />
sutura coro<strong>na</strong>l pode causar lesões definitivas ao músculo<br />
oblíquo superior e inferior, que são somente reparáveis com<br />
a intervenção direta <strong>na</strong> musculatura extrínseca <strong>do</strong>s olhos.<br />
Alguns autores acreditam que a plagiocefalia posicio<strong>na</strong>l<br />
presente em alguns pacientes com CCU pode ser decorrente<br />
<strong>do</strong> <strong>estrabismo</strong>. Os pacientes em uma tentativa de compensar<br />
o eixo visual anômalo a<strong>do</strong>tam uma postura anômala oblíqua<br />
da cabeça 9 . Os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no presente estu<strong>do</strong> demonstraram<br />
a persistência <strong>do</strong> <strong>estrabismo</strong> mesmo após a cirurgia<br />
óssea, corroboran<strong>do</strong> com os acha<strong>do</strong>s clínicos de outras<br />
séries, <strong>na</strong>s quais os pacientes foram submeti<strong>do</strong>s ao avanço<br />
fronto-orbitário 9 . Ao contrário <strong>do</strong> que foi postula<strong>do</strong> por<br />
Gosain, não acreditamos que o <strong>estrabismo</strong> possa ter resolução<br />
espontânea e também não observamos este fenômeno<br />
em nossa série 6 . A deformidade óssea ocasio<strong>na</strong> uma lesão<br />
definitiva que somente é revertida com a cirurgia oftalmológica.<br />
Algumas deformidades ósseas ainda persistem<br />
após a cirurgia; como a elevação <strong>do</strong> assoalho da órbita,<br />
desvio da base <strong>do</strong> crânio e da asa menor <strong>do</strong> esfenóide. Por<br />
outro la<strong>do</strong>, a cirurgia precoce oferece espaço para que o<br />
intenso crescimento cerebral, que ocorre antes de 1 ano<br />
Rev Bras Cir Craniomaxilofac 2010; 13(2): 73-7<br />
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