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Julho 2007 - Cremers

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Informativo<br />

Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul - Ano V / N o 43 / <strong>Julho</strong> <strong>2007</strong><br />

Hospitais filantrópicos<br />

e médicos podem parar<br />

no dia 27 de agosto<br />

Páginas 4 e 5<br />

Avenida Princesa Isabel, 921<br />

Porto Alegre/RS<br />

90620-001<br />

Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul<br />

PACS é liberado<br />

parcialmente<br />

"A população pobre merece e tem direito<br />

de receber atendimento adequado e digno,<br />

mesmo que para isso o <strong>Cremers</strong> tenha que<br />

tomar medidas drásticas como a que foi<br />

adotada no PACS."<br />

Dr. Marco Antônio Becker<br />

Páginas central e 12<br />

<strong>Cremers</strong> se manifesta contrário a que enfermeiros<br />

prescrevam medicamentos e solicitem exames Página 7


Notas<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Notas<br />

Presidente: Marco Antônio Becker<br />

Vice-presidente: Cláudio Balduíno Souto Franzen<br />

1º Secretário: Fernando Weber da Silva Matos<br />

2º Secretário: Ismael Maguilnik<br />

Tesoureiro: Isaias Levy<br />

Corregedores: Régis de Freitas Porto e Joaquim José Xavier<br />

Conselheiros<br />

Antônio Celso Koehler Ayub | Carlos Antônio Mascia Gottschall<br />

Céo Paranhos de Lima | Cláudio Balduíno Souto Franzen<br />

Ercio Amaro de Oliveira Filho | Fernando Weber da Silva Matos<br />

Flávio José Mombrú Job | Isaias Levy | Ismael Maguilnik<br />

Ivan de Mello Chemale | João Pedro Escobar Marques Pereira<br />

Joaquim José Xavier | José de Jesus Peixoto Camargo<br />

José Pio Rodrigues Furtado | Luiz Augusto Pereira<br />

Marco Antônio Becker | Marineide Gonçalves de Melo<br />

Martinho Alexandre Reis Álvares da Silva<br />

Newton Monteiro de Barros | Régis de Freitas Porto<br />

Rogério Wolf de Aguiar | Alberi Nascimento Grando<br />

Cláudio André Klein | Cléber Ribeiro Álvares da Silva<br />

Douglas Pedroso | Enio Rotta | Euclides Viríssimo Santos Pires<br />

Fernando Antônio Lucchese | Geraldo Druck Sant’Anna<br />

Ibrahim El Ammar | Iseu Milman | Izaias Ortiz Pinto<br />

Jefferson Pedro Piva | José Pedro Lauda<br />

Luciano Bauer Gröhs | Magno José Spadari<br />

Marco Antônio Oliveira de Azevedo<br />

Maria Lúcia da Rocha Oppermann<br />

Mário Antônio Fedrizzi | Moacir Assein Arús<br />

Silvio Pereira Coelho | Tomaz Barbosa Isolan<br />

Curso de Ética e<br />

Bioética para os médicos<br />

residentes do HPS<br />

Dentro do convênio entre <strong>Cremers</strong><br />

e Hospital de Pronto<br />

Socorro de Porto Alegre, será<br />

realizada a partir do dia 14 de agosto a<br />

segunda edição do Curso de Ética Médica<br />

e Bioética para médicos residentes<br />

do HPS. Nesse dia, das 17h30 às<br />

19h, o presidente do <strong>Cremers</strong>, Marco<br />

Antônio Becker, dará a aula inaugural<br />

abordando o tema Morte – Aspectos<br />

Controversos, dando ênfase para a definição<br />

de morte encefálica e o uso de<br />

órgãos de recém-nascidos encefálicos<br />

em transplantes.<br />

O curso é coordenado pelo Dr. Marco<br />

Antônio Oliveira de Azevedo, Conselheiro<br />

e membro da Câmara Técnica<br />

do <strong>Cremers</strong>.<br />

Unicred Vale do Sinos<br />

homenageia fundadores<br />

Informativo<br />

O Informativo <strong>Cremers</strong> é uma publicação do<br />

Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul<br />

Av. Princesa Isabel, 921 CEP 90620-001 – Porto Alegre/RS<br />

Fone (51) 3219.7544 Fax (51) 3217.1968<br />

E-mail: cremers@cremers.org.br – www.cremers.com.br<br />

Conselho Editorial<br />

Marco Antônio Becker, Cláudio Balduíno Souto Franzen,<br />

Fernando Weber da Silva Matos, Ismael Maguilnik e Isaias Levy<br />

Redação: W/COMM Comunicação<br />

Jornalista Responsável: Ilgo Wink – Mat. 2556<br />

Repórter: Viviane Schwäger – Reg. 10233<br />

Revisão: Raul Rubenich<br />

Estagiário: Luis Felipe dos Santos<br />

Fotos: W/COMM Comunicação<br />

Projeto e Produção Gráfica<br />

Stampa Design<br />

Direção: Eliane Casassola<br />

Editoração: Thiago Pinheiro<br />

CTI: Ana Paula Almeida<br />

Ilustrações: Leandro Camiña<br />

(51) 3023.4866 stampa@stampadesign.com.br<br />

www.stampadesign.com.br<br />

No dia 21 de julho, a UNICRED<br />

Vale do Sinos comemorou dez<br />

anos de fundação com um<br />

evento no NH Hall de Novo Hamburgo.<br />

O presidente do <strong>Cremers</strong> Marco<br />

Antônio Becker foi homenageado no<br />

evento, recebendo uma placa de prata<br />

por ser um dos fundadores da cooperativa<br />

médica. A Unicred começou<br />

com 21 cooperados e um capital inicial<br />

de 4 mil reais. Hoje conta com 1000<br />

cooperados e uma receita de 3 milhões<br />

de reais. Durante os dez anos de<br />

existência, a Unicred economizou mais<br />

de 15 milhões de reais para os cooperados<br />

e se tornou uma alternativa ao<br />

sistema bancário.<br />

Confira a lista dos demais médicos<br />

homenageados:<br />

Paulo Luiz Rech, Gilson da Silva<br />

Kern, Cesar Vianna, Hélio Rist Dias,<br />

João Gebran Cury, Walter Kich, Carlos<br />

Danton Seixas e Keil, Suzana Ambros<br />

Pereira, Júlio César Ibarra, Ricardo<br />

Dionísio Beuren, Rubens Castelan, Renato<br />

Brufatto Machado, Jorge Roberto<br />

Azambuja Santos, Paulo Roberto Luchesi<br />

Soares, André Kruse, Edivaldo<br />

Córdova, Roberto Neves Berwanger e<br />

Sérgio Dudzig.<br />

Tiragem: 30.000 exemplares<br />

A Redação reserva-se o direito de publicar ou não o material a<br />

ela enviado, bem como editá-lo para fins de publicação. Maté rias<br />

as sinadas não expressam necessariamente a opinião da Diretoria do<br />

<strong>Cremers</strong>. O conteúdo do Informativo <strong>Cremers</strong> po de ser reproduzido,<br />

desde que mencionados o autor e a fonte.<br />

Cada um<br />

dos médicos<br />

homenageados<br />

recebeu uma<br />

placa de prata<br />

2<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong>


Editorial<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Editorial<br />

Falta capacidade<br />

de indignação<br />

A<br />

"Estamos<br />

aceitando o<br />

nivelamento por<br />

baixo com uma<br />

passividade que<br />

dá a impressão<br />

de que está<br />

bem assim.<br />

Precisamos<br />

reagir<br />

imediatamente,<br />

ou será tarde<br />

demais."<br />

inda sob o impacto da tragédia<br />

que ceifou 199 preciosas vidas<br />

em Congonhas, especialistas buscam<br />

encontrar as causas do acidente.<br />

São várias as hipóteses,<br />

mas todas elas levam a um só<br />

caminho: a sufocante sensação<br />

de que estamos nos acostumando<br />

a conviver com menos que<br />

o mínimo. Estamos aceitando o<br />

nivelamento por baixo com uma<br />

passividade que dá a impressão<br />

de que está bem assim.<br />

Aceitamos que os vôos atrasem<br />

horas e horas, que bagagens<br />

sejam extraviadas e até<br />

já nos programamos para isso<br />

- pior, estamos começando a<br />

nos surpreender quando o vôo<br />

sai no horário previsto. Não<br />

reagimos quando a nova pista<br />

de pouso do aeroporto de<br />

Congonhas foi liberada às pressas,<br />

sem as tais ranhuras que<br />

podem evitar deslizamento de<br />

aeronaves.<br />

Calamos quando a Varig foi<br />

definhando sem que o governo<br />

se esforçasse para salvá-la,<br />

apesar da dívida na casa dos R$<br />

5 bilhões que tem com a empresa.<br />

Perdemos a nossa única<br />

empresa aérea com prestígio<br />

em todo mundo, pela qualidade<br />

do serviço, segurança de<br />

vôo, treinamento exaustivo de<br />

pilotos e rigor na manutenção.<br />

A Varig era motivo de orgulho<br />

para todos nós. Mas isso era<br />

quando ainda buscávamos a<br />

excelência.<br />

Hoje convivemos, praticamente<br />

sem esboçar reação, sem<br />

um gesto de protesto ou um<br />

tom de voz mais elevado, com<br />

a precariedade nos serviços essenciais.<br />

Na saúde, vemos cair,<br />

a cada ano, a qualidade. Quem<br />

pode, arca com mais uma despesa<br />

para receber atendimento<br />

digno e que deveria ser<br />

um direito de todos: paga um<br />

plano privado.<br />

O governo não destina os<br />

recursos necessários ao setor<br />

- tem outras prioridades -, nem<br />

concorda em repassar na íntegra<br />

os valores arrecadados com<br />

a CPMF, que deveria ser um plus<br />

e sua obrigação - legal, moral e<br />

ética. Hospitais e médicos trabalham<br />

com valores defasados<br />

há anos, enquanto a população<br />

vê a cada dia a deterioração de<br />

um sistema de saúde que ainda<br />

tem tudo para dar certo.<br />

Estamos aceitando o mínimo,<br />

quase uma esmola. Precisamos<br />

reagir imediatamente, ou<br />

será tarde demais.<br />

Quando do episódio da<br />

interdição do Posto da Cruzeiro<br />

do Sul, fui interpelado<br />

por alguns moradores daquela<br />

área. Pessoas humildes. Queriam<br />

que o <strong>Cremers</strong> levantasse<br />

de imediato a interdição ética,<br />

apesar de o PACS naquele momento<br />

ainda não apresentar as<br />

condições mínimas para uma<br />

medicina digna, sem expor os<br />

pacientes a riscos. “Doutor, nós<br />

levamos o senhor pela vila,<br />

para ver a nossa pobreza. O<br />

Postão tem problemas, mas nós<br />

precisamos dele funcionando<br />

de qualquer jeito, é o que nos<br />

resta”, ponderou uma senhora.<br />

Nunca esqueci o olhar daquela<br />

cidadã, uma pessoa simples,<br />

consciente de que poderia<br />

ter um atendimento melhor,<br />

mas que aceita o que lhe é<br />

proposto, sem reagir. Mais ou<br />

menos assim como toda a sociedade<br />

brasileira diante da<br />

corrupção, da impunidade e de<br />

vidas interrompidas em tragédias<br />

anunciadas.<br />

Dr. Marco Antônio Becker<br />

Presidente do <strong>Cremers</strong><br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong><br />

3


Mobilização<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Mobilização<br />

Contratualização e SUS unem as<br />

e hospitais filantrópicos<br />

Entidades médicas e hospitalares querem que o governo corrija a tabela do Sistema Único de Saúde e também<br />

garanta a separação da verba destinada aos médicos e hospitais dentro da nova política de remuneração pelos<br />

serviços de saúde. Os hospitais filantrópicos e os médicos programam paralisação para o dia 27 de agosto<br />

Em reuniões realizadas<br />

nos dias 18 e 19 de julho,<br />

no <strong>Cremers</strong>, o secretário<br />

Estadual da Saúde, Osmar Terra,<br />

debateu com representantes das<br />

entidades médicas e hospitalares<br />

a crise dos hospitais filantrópicos<br />

gaúchos com representantes<br />

do Movimento Mais Saúde para<br />

os Hospitais.<br />

Um dos temas debatidos foi<br />

a questão da contratualização.<br />

Pela atual proposta do governo<br />

federal, o hospital recebe a totalidade<br />

da verba e repassa um<br />

percentual aos médicos, o que<br />

contraria o interesse dos profissionais<br />

prestadores de serviço.<br />

Segundo o secretário da Saúde,<br />

o Rio Grande do Sul tem foro privilegiado<br />

nessa discussão junto ao<br />

Ministério da Saúde, que poderá<br />

ser sensível ao pleito do <strong>Cremers</strong>,<br />

Amrigs e da área sindical, que<br />

reivindicam um repasse de recursos<br />

específico aos médicos. “Essa<br />

posição privilegiada do Estado se<br />

deve ao fato de que 70% do atendimento<br />

ao SUS aqui é feito pelos<br />

hospitais filantrópicos, enquanto<br />

em outros estados esse percentual<br />

é muito inferior”, justificou o secretário<br />

gaúcho, que tem se empenhado<br />

em resolver o problema.<br />

A proposta de Terra prevê a<br />

destinação de R$ 8 milhões a fundo<br />

perdido para os hospitais em<br />

pior situação e um reajuste inicial<br />

<strong>Cremers</strong> foi sede, nos dias 18 e 19 de julho, de reuniões com o secretário Dr. Osmar Terra (C) e<br />

representantes do movimento Mais Saúde para os Hospitais<br />

de 17% (para o próximo ano 18%)<br />

até o final do ano para a verba<br />

dos hospitais – assumindo-se que<br />

seja adotada a Contratualização.<br />

Neste caso, excepcionalmente no<br />

Estado, os médicos receberiam os<br />

honorários diretamente do SUS, e<br />

não através dos hospitais. A proposta<br />

foi apresentada à diretoria<br />

do <strong>Cremers</strong>, assim como aos presidentes<br />

da Federação das Santas<br />

Casas, Francisco Ferrer, e do Sindicato<br />

dos Hospitais Beneficentes,<br />

Religiosos e Filantrópicos do RS,<br />

Julio de Matos (representantes<br />

do Movimento Mais Saúde para<br />

os Hospitais), além de Alfredo<br />

Cantalice Neto, diretor da Amrigs,<br />

e de dirigentes dos sindicatos<br />

médicos, Paulo de Argollo Mendes,<br />

Maria Rita de Assis Brasil e<br />

Marlonei Silveira dos Santos.<br />

Paralisação<br />

A preocupação do <strong>Cremers</strong> e<br />

demais entidades gira em torno<br />

da promessa de paralisação de<br />

todos os hospitais filantrópicos<br />

do Estado no dia 27 de agosto. O<br />

fechamento total das instituições<br />

nesse dia configura uma forma<br />

Simers: solução para a crise deve<br />

ser encontrada em conjunto<br />

O presidente do Simers, Paulo de Argollo Mendes, diz<br />

que a “preocupação do sindicato é que o fechamento de<br />

hospitais resulta em redução do mercado de trabalho para<br />

os médicos e em prejuízo à população, que ficará com mais<br />

dificuldade de atendimento. E isso também preocupa o médico,<br />

que tem interesse em prestar uma boa assistência na<br />

área da saúde pública”.<br />

O dirigente salienta que o movimento dos hospitais filantrópicos<br />

não pode esquecer que os médicos também sofrem<br />

com o arrocho, “inclusive há mais tempo”, enfatiza. Argollo<br />

acrescenta que “a solução para o problema deve ser encontrada<br />

em conjunto, por médicos e hospitais”.<br />

4<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong>


Mobilização<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Mobilização<br />

entidades médicas<br />

gaúchos<br />

Secretário da saúde do Estado (D) – ao lado do presidente do <strong>Cremers</strong><br />

Dr. Marco Antônio Becker – prometeu defender as reivindicações<br />

das entidades médicas e hospitalares no Ministério da Saúde<br />

de protesto contra a defasagem<br />

no reajuste da tabela do SUS, que<br />

permanece praticamente congelada<br />

há 14 anos.<br />

Uma das propostas discutidas<br />

define que se após a paralisação<br />

de 27 de agosto não ocorrer a<br />

sensibilização do Governo Federal,<br />

o movimento poderá gradativamente<br />

aumentar os dias de<br />

greve a partir de setembro.<br />

Segundo o secretário Terra, “a<br />

proposta da Secretaria Estadual<br />

remonta a um projeto já apresentado<br />

em 1995, e seria uma forma<br />

de garantir o reajuste da tabela do<br />

SUS”. A proposta ainda não tem<br />

data para ser enviada ao Ministério<br />

da Saúde, pois aguarda contraproposta<br />

do Movimento Mais Saúde<br />

para os Hospitais.<br />

No Rio Grande do Sul, 14 hospitais<br />

foram fechados nos últimos<br />

dez anos, sendo que onze deles<br />

interromperam as atividades só<br />

de 2002 até agora. Houve o corte<br />

de dois mil leitos e de 10 mil postos<br />

de trabalho nesse período.<br />

REALIDADE PRÁTICA DAS RELAÇÕES COM O SUS<br />

Defasagem acumulada SUS a partir<br />

do Plano Real<br />

Variação até<br />

dezembro de 2006<br />

Tabela SUS (impacto receita hospitais) 37,30%<br />

IGP-M (FGV) 418,30%<br />

Inflação dos hospitais 386,20%<br />

Gasolina 528,61%<br />

Energia Elétrica 595,53%<br />

Comunicações 613,06%<br />

Água 533,04%<br />

Gás de Cozinha 672,01%<br />

Transporte Urbano 626,87%<br />

UFRGS - Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas - EPE<br />

Médicos do<br />

Nordeste reagem<br />

Os médicos vêm trabalhando há anos no setor público com valores<br />

defasados. A situação está ficando cada vez mais insustentável, a<br />

ponto de causar interrupção no atendimento à população, como<br />

aconteceu em Recife, onde 108 médicos plantonistas dos principais hospitais<br />

públicos pediram demissão coletiva no dia 23 de julho.<br />

Os profissionais estavam negociando reajuste nos vencimentos com o<br />

governo do Estado. Reivindicavam que o salário-base inicial (R$ 1.400,00)<br />

fosse elevado para R$ 2.161,00. O governo estadual ofereceu apenas R$<br />

100,00 de gratificação aos médicos que trabalham nas emergências dos<br />

hospitais públicos. A proposta foi considerada desrespeitosa pela categoria,<br />

que cobra melhores condições de trabalho, salários dignos e estruturação<br />

do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos [PCCV].<br />

Em Alagoas, os médicos hematologistas e neurocirurgiões da rede pública<br />

entregaram à Secretaria de Administração do Estado cartas de demissão,<br />

depois de mais de 50 dias em greve. A categoria reivindicava reajuste<br />

salarial de 50%, o que elevaria o menor vencimento para R$ 1,5 mil, mas<br />

o governo ofereceu apenas 5%, sob a alegação de descumprimento da<br />

Lei de Responsabilidade Fiscal. Os dois movimentos receberam apoio do<br />

Conselho Federal de Medicina.<br />

Números da crise que atinge hospitais,<br />

prejudica médicos e a qualidade no<br />

atendimento à população<br />

Os hospitais filantrópicos efetuam 70,2% das internações do<br />

SUS. Nos outros estados, a média do setor é de 40%. São mais<br />

de 525 mil internações por ano.<br />

A Rede Filantrópica do RS é de 239 hospitais, 55 mil trabalhadores,<br />

25 mil leitos (17 mil direcionados ao SUS). São feitas mais<br />

de 520 mil internações por ano.<br />

Desde o começo do Plano Real, os valores pagos pelo SUS subiram<br />

em média 37,3%. No mesmo período, a inflação hospitalar<br />

foi de 389% (dado de dezembro de 2006).<br />

Os hospitais recebem somente R$ 55 de cada R$ 100,00<br />

gastos na assistência a um paciente do SUS. O valor que deixa de<br />

ser custeado representa déficit de 81,8%. A ampliação em R$ 42<br />

milhões no teto mensal do SUS no Estado iria suprir a diferença.<br />

Resultado concretos da crise: 14 hospitais fechados em 10<br />

anos (11 nos últimos quatro anos) e fechamento de 2 mil leitos e<br />

de 10 mil postos de trabalho desde 2002.<br />

Hoje, 20 hospitais enfrentam forte crise financeira.<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong><br />

5


Ação com resultado<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Ação com resultado<br />

Ações efetivas do <strong>Cremers</strong> melhoram<br />

situação dos médicos peritos<br />

No mês de junho, o <strong>Cremers</strong><br />

saiu em defesa da<br />

dignidade nas condições<br />

de trabalho dos médicos peritos<br />

do INSS. Uma série de agressões<br />

ocorridas na agência da Previdência<br />

Social em São Leopoldo<br />

desencadeou ações do <strong>Cremers</strong>.<br />

O Conselho manifestou publicamente<br />

por jornal, TV e rádio<br />

seu repúdio às más condições<br />

de trabalho dos profissionais,<br />

exigindo providências das autoridades.<br />

A partir de primeiro<br />

de junho, o <strong>Cremers</strong> veiculou um<br />

texto no rádio, dizendo em síntese<br />

que o INSS tem a obrigação de garantir<br />

boas condições de trabalho<br />

e total segurança aos médicos no<br />

exercício da profissão.<br />

Entretanto, as providências<br />

não foram tomadas e o <strong>Cremers</strong><br />

resolveu adotar atitudes mais<br />

enérgicas. No dia 20 de junho,<br />

os médicos peritos que atuam<br />

na agência de São Leopoldo comunicaram<br />

ao <strong>Cremers</strong> que não<br />

mais desejavam trabalhar, diante<br />

das más condições de segurança<br />

no estabelecimento. Um médico<br />

fora agredido com uma bolsa<br />

que atingiu um de seus olhos,<br />

o que desencadeou crise hipertensiva<br />

que levou o profissional<br />

a ser hospitalizado, no dia 18 de<br />

junho. Três dias antes, um outro<br />

segurado havia agredido um médico<br />

a golpes de bengala. No dia<br />

30 de maio, uma médica recebeu<br />

tapas, socos e golpes de bolsa,<br />

até ser derrubada da cadeira pela<br />

segurada. No dia anterior, em Patrocínio<br />

(MG), uma médica perita<br />

havia sido assassinada por um<br />

Reunião no dia 20 de junho entre médicos perítos e a direção do <strong>Cremers</strong>, que<br />

chegou a cogitar de interditar o exercício da medicina na agência em Novo Hamburgo<br />

segurado – fato que provocou<br />

paralisação nacional<br />

dos profissionais.<br />

Na reunião, além dos<br />

médicos leopoldenses,<br />

também estavam presentes<br />

profissionais que trabalham<br />

em Cachoeirinha e Campo<br />

Bom, lugares onde a rotina<br />

de agressões era semelhante<br />

– em Campo Bom,<br />

um médico teve o pescoço<br />

cortado por um segurado,<br />

preso em flagrante.<br />

Na reunião, o presidente<br />

do <strong>Cremers</strong>, Marco Antônio<br />

Becker, informou as providências<br />

tomadas pelo Conselho para<br />

solucionar os problemas, como<br />

os ofícios à Superintendência<br />

do Instituto Nacional do Seguro<br />

Social (INSS), ao Ministério Público<br />

Federal e à Polícia Federal<br />

denunciando a agressão a médicos<br />

peritos do INSS no Estado<br />

e demandando que fossem tomadas<br />

providências para que os<br />

profissionais pudessem trabalhar<br />

em segurança. A interdição do<br />

exercício da medicina na agência<br />

de São Leopoldo também foi<br />

cogitada.<br />

No dia 26 de junho, uma visita<br />

da comissão de fiscalização<br />

ao local constatou melhorias.<br />

Foram instaladas campainhas de<br />

alarme nos consultórios, assim<br />

como divisórias entre os consultórios<br />

e as salas de espera.<br />

Um funcionário da segurança<br />

foi colocado na área de trabalho<br />

dos médicos. Um ofício do INSS<br />

foi encaminhado para o <strong>Cremers</strong><br />

ressaltando as providências tomadas<br />

(ver ao lado). De acordo<br />

com o conselheiro Régis de<br />

Freitas Porto e o médico fiscal<br />

Mário Henrique Osanai, a situação<br />

no local está sob controle.<br />

O médico perito Luiz Antônio<br />

de Oliveira informou que os<br />

atendimentos estão acontecendo<br />

normalmente sem registro de<br />

novas agressões ou ameaças.<br />

Oficio GEXNHB n° 116/<strong>2007</strong><br />

Novo Hamburgo, 25 de junho de <strong>2007</strong>.<br />

Ref.: Of. Diret n° 4081/07<br />

Prezado Senhor,<br />

Em atenção ao oficio em referência informamos que a Agência<br />

da Previdência Social em São Leopoldo já dispõe de todos os<br />

requisitos solicitados para a segura atuação dos médicos-peritos.<br />

Além das rotas de fuga já existentes, a unidade conta também, a<br />

partir desta data, de sinalizadores sonoros (que já estavam em<br />

fase de contratação antes da ocorrência dos casos de agressão),<br />

divisórias para separar a sala de espera e um novo vigilante, recém<br />

contratado, atuando exclusivamente junto às salas de perícia-médica<br />

(além do vigilante que já atuava na unidade).<br />

Aproveito a oportunidade para colocar a Gerência Executiva<br />

do INSS à disposição pelos telefones (51) 3594-8340, ou 3586-<br />

9143 ou pelo e-mail<br />

gex.novohamburgo@previdencia.gov.br.<br />

Atenciosamente,<br />

Neusa Maria Tarouco Corrêa<br />

Gerente Executiva/INSS<br />

6<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong>


Ato Médico<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Ato Médico<br />

<strong>Cremers</strong> contrário a que enfermeiros solicitem<br />

exames e prescrevam medicamentos<br />

Em ofício enviado ao CFM em 11 de<br />

maio, o <strong>Cremers</strong>, seguindo decisão<br />

unânime do plenário, manifestou a<br />

sua contrariedade em relação ao acordo que<br />

permite que os enfermeiros continuem solicitando<br />

exames e prescrevendo medicamentos<br />

no âmbito do Programa de Saúde da Família,<br />

e que dá uma nova redação à portaria 648/06,<br />

que trata da Atenção Básica.<br />

O documento seria levado pelo presidente<br />

do <strong>Cremers</strong>, Marco Antônio Becker, à sessão do<br />

CFM, dia 5 de junho, quando o acordo com o<br />

Ministério da Saúde foi referendado. Contudo,<br />

um atraso no vôo em razão da crise aérea inviabilizou<br />

a presença do representante gaúcho.<br />

A base dessa polêmica está na Lei nº<br />

7.498/86, que regula o exercício da enfermagem.<br />

A Lei estabelece em seu artigo 11º,<br />

ínciso II, parágrafo 3º, que o enfermeiro<br />

como inte grante de equipe de saúde está<br />

habilitado a fazer “Prescrição de medicamentos<br />

estabelecidos em programas de<br />

saúde pública e em rotina aprovada pela<br />

instituição de saúde”.<br />

Segundo o vice-presidente Cláudio Balduíno<br />

Franzen, "o artigo da ‘lei da enfermagem’<br />

habilita o enfermeiro a prescrever<br />

em programas de saúde pública, mas não<br />

a solicitar exames, pois só quem pode fazer<br />

o diagnóstico de doenças é o médico,<br />

o que o acordo extrapola”.<br />

Talvez o único ponto positivo é que o artigo<br />

9º (ver quadro abaixo) obriga os protocolos a<br />

serem revistos pelo Conselho Federal de Medicina<br />

e pelo Conselho Federal de Enfermagem,<br />

o que antes era prerrogativa somente do gestor<br />

público, sem a participação das entidades.<br />

De acordo com Becker, “é inadmissível<br />

que as instituições discutam um assunto já<br />

consagrado pela cultura brasileira e universal.<br />

Se perguntarmos a um pai da família<br />

mais pobre, da vila mais humilde, do local<br />

mais recôndito deste país, se no caso de ter<br />

um filho doente quem ele irá procurar, teremos<br />

100% respondendo que é o médico”.<br />

O presidente do <strong>Cremers</strong> afirma que defende<br />

as equipes multiprofissionais, em que<br />

cada integrante tenha suas atribuições conforme<br />

o seu conhecimento, a sua formação. Enfatiza<br />

que o médico estuda no mínimo nove<br />

anos, enquanto outros profissionais da área<br />

da saúde estudam em média a metade.<br />

A realidade é que não há conflito entre médicos<br />

e enfermeiros em qualquer hospital do<br />

país, pois os enfermeiros em geral são profissionais<br />

conscientes, eficientes e éticos, e sabem<br />

perfeitamente até onde podem ir. “O conflito<br />

só existe onde o poder público quer retirar o<br />

direito dos pobres de ter um atendimento feito<br />

por médicos, que são os profissionais que ricos<br />

e pobres procuram quando estão doentes”, salienta<br />

o presidente do <strong>Cremers</strong> e representante<br />

do RGS no CFM.<br />

O primeiro-secretário, Fernando Weber Matos,<br />

entende que “as entidades médicas deveriam<br />

lutar para que seja substituída a palavra<br />

prescrever por transcrever na lei da<br />

enfermagem, porque aí ficariam definidas<br />

de maneira correta as atribuições de cada<br />

profissão, sem que uma interfira na outra”.<br />

Confira o ofício de Diretoria nº<br />

3722/07, de 11 de maio, encaminhado<br />

à presidência do CFM:<br />

‘O Conselho Regional de Medicina<br />

do RS, por decisão unânime do Plenário<br />

adotada em 08.05.07, conforme Ata nº<br />

1.971/07 em anexo, vem a V.Sª. manifestar<br />

sua inconformidade no que diz respeito<br />

ao acordo entre o CFM e o Ministério da<br />

Saúde, sobre a possibilidade de que enfermeiros<br />

venham a solicitar exames e a prescrever.<br />

Estas mudanças, no entendimento<br />

do <strong>Cremers</strong>, acarretarão grandes prejuízos<br />

à classe médica, devendo o referido acordo<br />

ser imediatamente revogado.’<br />

Mudanças na Portaria 648/06<br />

DO ENFERMEIRO:<br />

Como estava na portaria 648/06:<br />

I - realizar assistência integral<br />

(promoção e proteção da saúde, prevenção<br />

de agravos, diagnóstico, tratamento,<br />

reabilitação e manutenção<br />

da saúde) aos indivíduos e famílias na<br />

USF e, quando indicado ou necessário,<br />

no domicílio e/ou nos demais espaços<br />

comunitários (escolas, associações<br />

etc), em todas as fases do desenvolvimento<br />

humano: infância, adolescência,<br />

idade adulta e terceira idade;<br />

Como fica com o acordo:<br />

I – realizar assistência integral<br />

aos indivíduos e famílias na<br />

Unidade de Saúde da Família e,<br />

quando indicado ou necessário, no<br />

domicílio e/ou nos demais espaços<br />

comunitários<br />

Como estava na portaria 648/06:<br />

II - conforme protocolos ou outras<br />

normativas técnicas estabelecidas<br />

pelo gestor municipal ou do<br />

Distrito Federal, observadas as disposições<br />

legais da profissão, realizar<br />

consulta de enfermagem, solicitar<br />

exames complementares e prescrever<br />

medicações;<br />

Como fica com o acordo:<br />

II – realizar consulta de enfermagem,<br />

solicitar exames complementares<br />

e prescrever medicações,<br />

observadas as disposições legais da<br />

profissão e conforme protocolos ou<br />

outras normativas técnicas estabelecidas<br />

pelo Ministério da Saúde,<br />

gestores estaduais, municipais ou do<br />

Distrito Federal.<br />

DO MÉDICO:<br />

Itens que foram adicionados à<br />

portaria 648/06:<br />

VIII – acompanhar a execução dos<br />

pro tocolos, devendo modificar a rotina<br />

médica, desde que existam indicações clínicas<br />

e evidências científicas para tanto.<br />

IX – na eventualidade da revisão<br />

dos protocolos ou criação de novos<br />

protocolos, os Conselhos Federais<br />

de Medicina e Enfermagem, e outros<br />

conselhos, quando necessário, deverão<br />

participar também da sua elaboração.<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong><br />

7


Ensino Médico<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Ensino Médico<br />

A<br />

terceira turma de jovens oriundos<br />

do Movimento dos Trabalhadores<br />

Rurais Sem Terra (MST)<br />

formados em medicina na Escola Latino-Americana<br />

de Medicina (Elam), em<br />

Havana, chega ao Brasil neste mês de<br />

agosto. Vão juntar-se a outros graduados<br />

na Elam e que ainda não tiveram seus<br />

diplomados reconhecidos no país.<br />

Jovens estudam por meio de um<br />

programa do Ministério de Educação<br />

Superior de Cuba, que oferece bolsas<br />

para estudantes indicados por partidos,<br />

instituições públicas, organização<br />

sociais e MST.<br />

De acordo com a legislação brasileira,<br />

qualquer estudante (brasileiro<br />

ou não) que obtém um diploma no<br />

exterior não pode exercer a profissão<br />

Nova leva de médicos brasileiros<br />

formados na Elam, em Cuba, retorna ao país<br />

sem antes ser aprovado em exame de<br />

revalidação - aplicado por universidades<br />

públicas federais.<br />

O presidente do <strong>Cremers</strong>, Marco<br />

Antônio Becker, afirma que não é contra<br />

o ingresso de médicos formados no<br />

exterior, desde que eles cumpram o que<br />

determina a legislação: “Nós precisamos<br />

saber se esse profissional está bem preparado<br />

e tem condições de exercer a<br />

medicina no Brasil".<br />

Becker enfatiza que a legislação vale<br />

para todos os médicos diplomados no<br />

exterior, não apenas para aqueles que<br />

vêm de Cuba. “Não podemos permitir<br />

que médicos sem provar a sua qualificação<br />

e sem revalidar o diploma venham<br />

exercer a medicina no país, colocando<br />

em risco a vida dos pacientes”, reforça.<br />

“Não podemos permitir que médicos sem provar a sua<br />

qualificação e sem revalidar o diploma venham exercer a<br />

medicina no país, colocando em risco a vida dos pacientes.”<br />

Dr. Marco Antônio Becker<br />

Fidel e Chávez: projeto é formar<br />

100 mil médicos em dez anos<br />

Ao participar da primeira graduação de médicos (1.610 de 28<br />

países da América Latina e do Caribe) pela Escola Latino-Americana<br />

de Medicina, em Havana, em agosto de 2005, o presidente<br />

da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou, ao lado de Fidel Castro,<br />

que iria fundar uma Elam em seu país, semelhante à que existe<br />

em Cuba. Chávez disse que Venezuela e Cuba “se converterão<br />

numa grande universidade” e, segundo os seus cálculos e os de<br />

Fidel, nos próximos 10 anos os dois países formariam “cerca de<br />

100.000 médicos”, número que poderia duplicar se outros países<br />

aderissem ao projeto.<br />

Cuba tem 65 mil médicos para 11 milhões de habitantes, um<br />

médico para 170 cubanos.<br />

Mais de 2 mil profissionais da saúde<br />

graduados pela Elam em julho<br />

Na terceira formatura da Escola Latino-Americana de Medicina<br />

(ELAM), 2.220 profissionais da saúde foram graduados<br />

no dia 24 de julho. A maior parte desses graduados é composta<br />

por médicos. Os profissionais são originários de cerca de 30<br />

países vinculados à Escola, que possui 21 faculdades em Cuba e<br />

já formou cerca de 5 mil alunos nos últimos dois anos.<br />

As graduações de Ciências Médicas incluem as especialidades<br />

de Estomatologia, Licenciatura em Tecnologia da Saúde<br />

e Enfermagem. A Elam, que tem sede em Havana, foi criada em<br />

1998. Anualmente, recebe cerca de 1.500 estudantes de dezenas<br />

de países. Hoje, conta com 10 mil estudantes estrangeiros,<br />

sendo que aproximadamente 600 são brasileiros.<br />

8<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong>


Participação<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Participação<br />

Encontro Nacional das Entidades Médicas<br />

O<br />

XI Encontro Nacional<br />

das Entidades Médicas,<br />

realizado em Brasília<br />

entre os dias 6 e 8 de junho,<br />

reuniu os principais representantes<br />

da classe médica para<br />

debater problemas e demandas<br />

da saúde, em especial da medicina,<br />

do país. O <strong>Cremers</strong> esteve<br />

representado pelo presidente<br />

Marco Antônio Becker; o vice-presidente<br />

Cláudio Franzen;<br />

o primeiro-secretário Fernando<br />

Matos; o segundo-secretário Ismael<br />

Maguilnik; o coordenador<br />

da fiscalização Antônio Celso<br />

Ayub; o coordenador de patrimônio<br />

Iseu Milman; o tesoureiro<br />

Isaías Levy e os conselheiros<br />

Tomaz Isolan, Euclides Viríssimo<br />

Pires, Flávio Job e Izaías<br />

Ortiz Pinto.<br />

Na mesa de abertura participou<br />

o presidente da Câmara dos<br />

apresenta propostas para a Saúde<br />

O<br />

<strong>Cremers</strong> ganhou um forte aliado em<br />

sua luta contra a TISS. Os órgãos<br />

brasileiros de defesa do consumidor<br />

iniciaram uma luta contra o fim do sigilo médico,<br />

questão que virou polêmica desde que a ANS<br />

(Agência Nacional de Saúde Suplementar) alterou<br />

os modelos de guia de consultas e exames<br />

laboratoriais, obrigando os médicos a preencher,<br />

na ficha do convênio, códigos que revelam a<br />

doença do paciente.<br />

O governo alega que a decisão visa a mapear<br />

as doenças dos brasileiros. Mas, na prática, os<br />

grandes beneficiados são os planos de saúde,<br />

Deputados, Arlindo Chinaglia,<br />

que assumiu o compromisso do<br />

poder legislativo com a saúde<br />

pública. “Assumo o compromisso<br />

de votarmos até o final deste ano<br />

a regulamentação da Emenda<br />

Constitucional 29”, afirmou, referindo-se<br />

à emenda que regula o<br />

repasse de recursos dos governos<br />

federal, estaduais e municipais<br />

para a saúde. Chinaglia também<br />

criticou a abertura indiscriminada<br />

de cursos de medicina, lembrando<br />

o seu projeto de lei (65/03)<br />

que proíbe a abertura de novas<br />

faculdades por dez anos.<br />

Temas como a formação do<br />

médico, a importância do médico<br />

na consolidação do SUS, gestão<br />

em saúde e relações de trabalho<br />

dos médicos foram debatidos ao<br />

longo do encontro. Ao final do encontro,<br />

a Comissão Nacional Pró-<br />

SUS, Remuneração e Mercado de<br />

Trabalho do Médico, formada pelo<br />

CFM, AMB e Fenam, publicou o<br />

relatório do XI Encontro Nacional<br />

das Entidades Médicas. Este relatório<br />

traz as decisões, propostas<br />

que passam a ter acesso ao histórico dos conveniados<br />

e, desse modo, podem bloquear o<br />

tratamento de doenças preexistentes e dificultar<br />

a renovação de contratos.<br />

O presidente do <strong>Cremers</strong>, Marco Antônio<br />

Becker, reitera que a medida agride a ética<br />

médica, colocando o médico em situação<br />

difícil perante o seu paciente e tornando-o sujeito<br />

a ação cível por violação da privacidade.<br />

Becker lembra que o CFM editou a Resolução<br />

1.819/07 (confira na edição anterior), que proíbe<br />

a colocação da Classificação Internacional<br />

de Doenças (CID) nas guias da TISS.<br />

e recomendações elaboradas nas<br />

mesas de debates do evento.<br />

O XI Enem ainda produziu o<br />

documento intitulado Carta de<br />

Brasília. Veja quadro abaixo.<br />

Reivindicações principais<br />

da Carta de Brasília<br />

• Ampliação da receita orçamentária, a começar pela destinação<br />

exclusiva da arrecadação da CPMF para o SUS;<br />

• Regulamentação da Emenda 29, imprescindível para combater<br />

o desvio de verbas da saúde;<br />

• Resolução dos graves problemas do Programa de Saúde<br />

da Família, que dificultam a inserção dos profissionais nas<br />

diversas equipes;<br />

• Mais rigor na formação, qualificação dos médicos e revalidação<br />

de diplomas;<br />

• Uma saúde suplementar digna e completa para os usuários<br />

do sistema;<br />

• Garantia de acesso fácil, eficiente e universal à saúde da<br />

população.<br />

O texto integral está no site do <strong>Cremers</strong><br />

www.cremers.com.br<br />

TISS é rechaçada pelo <strong>Cremers</strong> e questionada<br />

por Órgãos de Defesa do Consumidor<br />

A ProTeste (Associação Brasileira de Defesa<br />

do Consumidor) notificou o governo, pedindo<br />

que o levantamento seja feito sem prejudicar<br />

a privacidade dos clientes. A entidade propõe<br />

a suspensão do método até a criação de um<br />

sistema criptografado que impeça o vazamento<br />

de informações. Lembra que pessoas estranhas à<br />

relação médico-paciente, como funcionários de<br />

laboratórios, hospitais e serviços de emergência,<br />

terão acesso aos dados confidenciais. "Além<br />

disso, quem vai pagar a conta com informática e<br />

infra-estrutura na intenção da ANS são os médicos,<br />

o que não podemos aceitar", afirma Becker.<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong><br />

9


Interdição Ética<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Interdição Ética<br />

Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul<br />

<strong>Cremers</strong> levanta parcialmente interdição ética do exercício médico no PACS depois de avaliar melhorias feitas<br />

no local e de protocolo de compromissos firmado com o gestor público municipal<br />

Em reunião realizada dia 3 de julho, o plenário<br />

do <strong>Cremers</strong> decidiu pelo levantamento<br />

parcial da interdição do exercício<br />

ético da medicina no Pronto Atendimento Cruzeiro<br />

do Sul (PACS), que tivera o atendimento<br />

médico no local suspenso pelo Conselho no dia<br />

23 de maio. A decisão foi tomada após análise<br />

do relatório da Vigilância Sanitária, vistoria da<br />

Comissão de Fiscalização do <strong>Cremers</strong> e de<br />

assembléia com os médicos que trabalham no<br />

PACS, no Conselho, com a participação do então<br />

secretário Municipal da Saúde, Pedro Gus, e<br />

de representantes também do Simers.<br />

Diante da pendência de 23 itens, apontados<br />

pela Fiscalização do <strong>Cremers</strong> e que não foram<br />

plenamente atendidos, o então secretário Pedro<br />

Gus assinou um protocolo de compromissos<br />

assumidos, garantindo a solução dos problemas<br />

relacionados no documento (página 12),<br />

em especial no setor destinado a cirurgias.<br />

O presidente do <strong>Cremers</strong>, Marco Antônio<br />

Becker, ao refletir sobre todo o processo, que<br />

causou a suspensão da assistência de emergência<br />

à população durante 40 dias, mas que<br />

acabou determinando significativas melhorias<br />

tanto no prédio como nos equipamentos e no<br />

fluxo de atendimento, beneficiando pacientes<br />

Novo secretário da Saúde, Dr. Eliseu Santos (E),<br />

com coordenador de fiscalização Dr. Antônio<br />

Ayub, em visita ao PACS dia 11 de julho<br />

O então secretário Dr. Pedro Gus (E) assinou termo de compromisso com o presidente do <strong>Cremers</strong>,<br />

Dr. Marco Antônio Becker, para garantir a solução plena dos problemas apontados pela<br />

Comissão de Fiscalização do <strong>Cremers</strong>. Confira na página 12<br />

“A interdição foi feita porque o PACS não apresentava condições<br />

mínimas para o exercício ético da medicina, o que colocava em risco<br />

a saúde dos pacientes e prejudicava o trabalho médico.”<br />

e médicos, comentou que a interdição foi um<br />

ato extremo e inevitável diante do quadro de<br />

degradação do PACS.<br />

“A interdição foi feita porque o PACS não<br />

apresentava condições mínimas para o exercício<br />

ético da medicina, o que colocava em risco<br />

a saúde dos pacientes e prejudicava o trabalho<br />

médico”, afirmou Becker. “A população pobre<br />

merece e tem direito de receber atendimento<br />

adequado e digno, mesmo que para isso o <strong>Cremers</strong><br />

tenha que tomar medidas drásticas como<br />

a que foi adotada no PACS”, destacou Becker,<br />

lembrando que a população que dependia do<br />

Postão do Cruzeiro sofreu com a interdição,<br />

chegando a invadir o local em protesto, mas<br />

que agora tem de volta um estabelecimento<br />

Dr. Marco Antônio Becker<br />

de saúde em condições muito mais adequadas<br />

em relação ao estado em que se encontrava<br />

quando da interdição.<br />

Dentre os inúmeros problemas constatados<br />

no PACS pela Comissão de Fiscalização,<br />

que é composta pelos conselheiros Antônio<br />

Celso Ayub (coordenador), Rogério Wolf de<br />

Aguiar e Isaías Levy, e pelo médico fiscal Mário<br />

Henrique Osanai, destacam-se: superlotação,<br />

instalações precárias, péssimas condições<br />

de higiene, falta de segurança, equipamento<br />

sucateado, desmonte hierárquico-funcional,<br />

falta de médicos e pessoal de apoio.<br />

Uma reforma foi feita para solucionar os<br />

problemas de área física, com melhorias significativas<br />

em benefício de médicos e pacientes.<br />

10<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong>


volta em melhores condições<br />

Entenda o caso<br />

29/03 Plantonistas do Plantão de Emergência em Saúde Mental<br />

(PESME) do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS)<br />

protocolam no <strong>Cremers</strong> um documento denunciando dificuldades<br />

para trabalhar e solicitando providências.<br />

4/04 Simers encaminha documento solicitando providências ao<br />

<strong>Cremers</strong> em relação ao PACS.<br />

11/04 O médico fiscal do <strong>Cremers</strong> Mário Henrique Osanai visita o<br />

Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul e o Plantão de Emergência<br />

em Saúde Mental do PACS.<br />

17/04 Comissão de Fiscalização, composta pelo coordenador Antônio<br />

Celso Ayub e pelos conselheiros Isaías Levy e Rogério<br />

Aguiar, visita o Plantão de Emergência em Saúde Mental.<br />

18/04 Presidente do <strong>Cremers</strong> Marco Antônio Becker se reúne<br />

com o vice-prefeito de Porto Alegre Eliseu Santos e o então<br />

secretário municipal da Saúde Pedro Gus, cobrando da prefeitura<br />

solução para o local.<br />

18/05 <strong>Cremers</strong> convoca assembléia com os médicos do PACS para<br />

discutir soluções para a unidade de saúde.<br />

21/05 Na assembléia os médicos decidem por unanimidade pela<br />

interdição do PACS. O pedido foi elaborado mediante ata<br />

circunstanciada.<br />

22/05 O pedido de interdição é referendado pelo Plenário do <strong>Cremers</strong>.<br />

Em entrevista coletiva, a diretoria do <strong>Cremers</strong> anuncia<br />

a interdição do PACS a partir do dia 23, quando é publicado<br />

nos jornais o Auto de Interdição Ética 01/07.<br />

23/05 Juiz de plantão da Justiça Federal concede liminar à Prefeitura<br />

Municipal suspendendo a interdição. O <strong>Cremers</strong> recorre.<br />

29/05 A desembargadora Presidente do Tribunal Federal, Dra. Maria<br />

Lúcia Leiria, cassou liminar e manteve a interdição do exercício<br />

médico no posto.<br />

Presidente do <strong>Cremers</strong> explica a situação no Pronto Atentimento<br />

31/05 Assembléia extraordinária dos médicos do PACS, no <strong>Cremers</strong>. A<br />

assembléia decide que os pacientes internados no posto seriam<br />

atendidos até sua alta ou remoção. Os pacientes encaminhados<br />

ao PACS, em caso de extrema necessidade, seriam atendidos,<br />

estabilizados e encaminhados até outra unidade.<br />

11/06 Depois de reunião da diretoria do <strong>Cremers</strong> com o prefeito<br />

José Fogaça e o secretário Pedro Gus, a Prefeitura Municipal<br />

determina o fechamento do PACS para reformas. No mesmo<br />

dia, em assembléia no <strong>Cremers</strong>, os médicos são comunicados<br />

do fechamento do Posto.<br />

Reunião com o Prefeito José Fogaça acelerou as obras no posto<br />

Usuário expõe os problemas do PACS ao presidente Dr. Marco A. Becker<br />

15/06 Moradores da Vila Cruzeiro invadem o Posto, exigindo a sua<br />

reabertura mesmo com as obras em andamento.<br />

03/07 <strong>Cremers</strong> levanta parcialmente a interdição ética do PACS, após<br />

analisar relatório da Vigilância Sanitária e da vistoria de Comissão<br />

de Fiscalização. Prefeitura assina protocolo de compromissos,<br />

garantindo o cumprimento de itens constantes no levantamento<br />

do <strong>Cremers</strong>. O atendimento retorna. O bloco cirúrgico<br />

continua interditado, restrito a pequenas cirurgias e curativos.<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong><br />

11


Interdição Ética<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Interdição Ética<br />

Protocolo entre <strong>Cremers</strong> e Prefeitura Municipal<br />

Protocolo de compromisso<br />

com o Conselho Regional<br />

de Medicina do Estado<br />

do Rio Grande do Sul, que faz<br />

a Secretaria Municipal de Saúde<br />

do Município de Porto Alegre,<br />

na pessoa de seu Secretário, Dr.<br />

Pedro Gus. Compromete-se a referida<br />

Secretaria a cumprir com<br />

os itens que seguem abaixo, em<br />

relação ao Pronto Atendimento<br />

Cruzeiro do Sul:<br />

1. O Samu obedecerá ao critério<br />

de referência e contra-referência<br />

de acordo com a doença,<br />

a gravidade e a urgência do caso,<br />

sempre considerando que o PACS<br />

é um pronto atendimento e como<br />

tal deve funcionar, respeitadas as<br />

condições técnicas e a infra-estrutura<br />

ali ofertadas.<br />

2. Serão observadas as condições<br />

técnicas e éticas vigentes,<br />

limitando-se à capacidade máxima<br />

instalada do PACS.<br />

3. O PACS não poderá, em<br />

hipótese alguma, ser utilizado<br />

como hospital.<br />

4. Os fluxos de entrada de<br />

pacientes serão repactuados, com<br />

o compromisso da regulação de<br />

leitos, inclusive com a solução de<br />

parceiros para transferência de<br />

pacientes com doenças contaminantes,<br />

em atenção à recomendação<br />

da Coordenação Municipal de<br />

Urgências da SMS.<br />

5. Novos fluxos assistenciais<br />

serão formulados de forma a<br />

assegurar privacidade no atendimento<br />

médico.<br />

6. O estudo de fluxos deverá<br />

apresentar soluções que evitarão a<br />

superlotação e aglomeração de familiares<br />

nas salas de observação.<br />

7. Os fluxos internos serão<br />

normatizados pela Direção Técnica<br />

com o comprometimento dos<br />

profissionais de cada setor.<br />

8. Por recomendação da Coordenação<br />

Municipal de Urgências<br />

da SMS, no PACS, a sala<br />

de observação do plantão de<br />

emergência em saúde mental<br />

terá ordinariamente 10 (dez)<br />

leitos, com flexibilidade para<br />

até 14 (quatorze) leitos, sendo<br />

que os pacientes psiquiátricos<br />

ficarão em observação por, no<br />

máximo, 72 (setenta e duas)<br />

horas, findas as quais deverão<br />

obrigatoriamente ser referenciados<br />

a uma unidade hospitalar<br />

ou ambulatorial.<br />

9. As salas de observação terão<br />

o número de leitos limitados, em<br />

consonância com a Portaria 2048<br />

do Ministério da Saúde, devendo<br />

ser estabelecida, pelo serviço de<br />

regulação de leitos, a priorização<br />

de pacientes em observação.<br />

10. A Secretaria Municipal da<br />

Saúde dará andamento ao projeto<br />

de fazendas terapêuticas como<br />

forma de promover a transformação<br />

do setor de atendimento<br />

psiquiátrico metropolitano, em<br />

atenção à recomendação da Coordenação<br />

Municipal de Urgências<br />

da SMS.<br />

11. Haverá implementação, em<br />

90 (noventa) dias de 03 (três) Centros<br />

de Atenção Psicossocial Álcool<br />

e Drogas (CAPS-AD), na região<br />

metropolitana, para dar melhor<br />

distribuição ao atendimento do<br />

setor, em atenção à recomendação<br />

da Coordenação Municipal de<br />

Urgências da SMS.<br />

12. Não haverá serviço de<br />

plantão de emergência em<br />

saúde mental sem enfermeiros,<br />

conforme recomendação<br />

da Coordenação Municipal de<br />

Urgências da SMS.<br />

13. O setor cirúrgico deverá<br />

sofrer um novo enfoque, tendo<br />

em vista o compromisso de resgatar<br />

a missão essencial do PACS.<br />

14. Haverá um estudo de procedimentos<br />

para dar maior segurança<br />

aos funcionários e usuários<br />

do PACS, com a manutenção de,<br />

no mínimo, 05 (cinco) postos<br />

diários e 04 (quatro) postos noturnos<br />

de segurança própria ou<br />

terceirizada, por recomendação<br />

da Coordenação Municipal de Urgências<br />

da SMS.<br />

15. A Coordenação Municipal<br />

de Urgências da SMS irá constituir<br />

o Serviço de Arquivo Médico<br />

(SAME), aos moldes do Hospital<br />

de Pronto Socorro, num prazo<br />

máximo de 15 (quinze) dias.<br />

16. Será criada uma Comissão<br />

Especial para o desenvolvimento<br />

de um novo modelo único<br />

de Boletim de Atendimento, de<br />

acordo com as normas legais vigentes,<br />

conforme recomendação<br />

da Coordenação Municipal de<br />

Urgências da SMS.<br />

17. A Coordenação Municipal<br />

de Urgência deverá estudar<br />

a melhor forma de implementar<br />

a Comissão de Controle de<br />

Infecção, em um prazo de 60<br />

(sessenta dias).<br />

18. Será estabelecida rotina de<br />

higiene e manutenção de consultórios<br />

e demais salas.<br />

19. A Direção Técnica do<br />

PACS deverá encaminhar ao <strong>Cremers</strong><br />

os nomes da Comissão de<br />

Ética Médica no prazo máximo<br />

Dr. Marco Antônio Becker<br />

Presidente do <strong>Cremers</strong><br />

Porto Alegre, 03 de julho de <strong>2007</strong><br />

de 45 (quarenta e cinco) dias a<br />

partir desta data.<br />

20. A Secretaria Municipal de<br />

Saúde, por recomendação da Coordenação<br />

Municipal de Urgências<br />

da SMS, tomará providências para<br />

mudança da sala de repouso dos<br />

plantonistas, ou o isolamento sonoro<br />

da sala, em um prazo de 180<br />

(cento e oitenta) dias, de forma a<br />

permitir o repouso adequado aos<br />

que ali permanecem.<br />

21. Haverá estudo técnico<br />

para o planejamento atual e<br />

futuro de demandas do setor<br />

saúde de Porto Alegre, e especificamente<br />

do PACS, visando à<br />

adequação do número de profissionais,<br />

leitos e infra-estruturas<br />

necessárias a um atendimento<br />

integral e digno à população,<br />

garantidas as condições éticas<br />

para o exercício da Medicina,<br />

conforme recomendação da Coordenação<br />

Municipal de Urgências<br />

da SMS.<br />

22. Haverá uma proposta de<br />

ação do PACS, liderada por uma<br />

equipe de gestão, orientada por<br />

diretrizes técnico-assistenciais, onde<br />

possa ser resgatado o espírito<br />

de equipe e companheirismo de<br />

forma a envolver a todos no propósito<br />

de assistência com resolutividade<br />

e dignidade para todos.<br />

23. A área física será vistoriada<br />

em sua totalidade pela<br />

Vigilância Sanitária e o relatório<br />

conclusivo será encaminhado<br />

para conhecimento do <strong>Cremers</strong><br />

no prazo de 45 (quarenta e cinco)<br />

dias a partir desta data.<br />

Dr. Pedro Gus<br />

Secretário Municipal de Saúde<br />

Documento protocolado e entregue ao Prefeito José Fogaça<br />

12<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong>


Interiorização<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Interiorização<br />

Delegacias Seccionais da região de Bagé<br />

se reúnem com direção do Conselho<br />

Evento contou com a participação de médicos da região da Campanha<br />

O vice-presidente Dr. Cláudio Franzen coordenou o encontro<br />

Nos dias 13 e 14 de julho, as Delegacias<br />

Seccionais da região da Campanha<br />

participaram de um encontro em Bagé<br />

promovido pelo <strong>Cremers</strong> para debater temas<br />

institucionais e científicos. No primeiro dia, a<br />

diretoria do Conselho abordou assuntos éticos<br />

e administrativos sobre o exercício profissional<br />

na região. O vice-presidente do <strong>Cremers</strong>,<br />

Cláudio Franzen, afirma que “a iniciativa de<br />

aproximar o Conselho do médico do interior é<br />

de suma importância, e o encontro foi muito<br />

positivo neste sentido”.<br />

Cada um dos diretores explicou o funcionamento<br />

dos diferentes setores do <strong>Cremers</strong>,<br />

a forma como se integram e sua importância.<br />

O segundo dia foi reservado a duas palestras<br />

científicas promovidas pelo braço educacional<br />

da Amrigs: “Pneumologia para o clínico: enfoques<br />

atuais” e “Obesidade: soluções atuais”.<br />

Estiveram presentes, representando o <strong>Cremers</strong>,<br />

os diretores Cláudio Franzen, Ismael<br />

Maguilnik, Régis Porto, Iseu Milman, Rogério<br />

Aguiar e Antônio Celso Ayub. Representando<br />

a Amrigs, além de seu presidente Newton<br />

Barros, estiveram os diretores Antonio Weston<br />

e Luiz Carlos Correa da Silva.<br />

Os delegados seccionais do <strong>Cremers</strong> que<br />

participaram do evento: Airton Torres de<br />

Lacerda (Bagé), Décio Sampaio Peres (Alegrete),<br />

Marco Antônio Funchal (Pelotas),<br />

Job José Gomes (Rio Grande) e Leandro Nin<br />

Tholozan (Santana do Livramento).<br />

Os próximos encontros de<br />

delegacias serão realizados em:<br />

Cachoeira do Sul - 17 e 18 de agosto<br />

Caxias do Sul - 28 e 29 de setembro<br />

Cruz Alta - 19 e 20 de outubro<br />

Coordenadores do PCMSO devem registrar-se no <strong>Cremers</strong><br />

O <strong>Cremers</strong> editou no dia 14 de fevereiro a resolução nº<br />

004/07, que dispõe sobre a obrigatoriedade de o médico registrar<br />

no <strong>Cremers</strong> sua condição de coordenador, em qualquer<br />

empresa, do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional<br />

(PCMSO). Segundo a resolução, o médico que assume<br />

a coordenação do PCMSO deve comunicar formalmente, por<br />

escrito, essa condição ao <strong>Cremers</strong>, em até 30 dias. Nesta comunicação,<br />

deve informar o grau de risco, o número de empregados<br />

e suas funções. Quando se desligar da condição de<br />

Resolução <strong>Cremers</strong> nº 004/07<br />

coordenador, o médico deve providenciar a baixa do registro<br />

de coordenador no <strong>Cremers</strong>, também no prazo de 30 dias.<br />

Tanto as comunicações formais quanto o pedido de baixa do<br />

registro são isentos de ônus para os médicos envolvidos.<br />

Os coordenadores de PCMSO que assumiram esta função<br />

antes do dia 14 de fevereiro e ainda não registraram esta condição<br />

devem fazê-lo imediatamente.<br />

A resolução está disponível na íntegra no site do <strong>Cremers</strong><br />

– www.cremers.com.br.<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong><br />

13


Evento<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Evento<br />

<strong>Cremers</strong> recebe o I Fórum<br />

de Discussão sobre Ortotanásia<br />

No dia 20 de julho, o <strong>Cremers</strong><br />

foi sede o I Fórum<br />

de Discussão sobre Ortotanásia,<br />

promovido pela Unimed/<br />

RS. O evento, mediado pelo filósofo<br />

André Klaudat, reuniu médicos<br />

e interessados, contando com a<br />

presença de palestrantes e debatedores<br />

especializados no tema.<br />

A primeira palestra, sobre aspectos<br />

ético-médicos em relação<br />

à ortotanásia, foi proferida pelo<br />

conselheiro e ex-presidente do<br />

<strong>Cremers</strong>, Luiz Augusto Pereira.<br />

A seguir, o promotor do Ministério<br />

Público Estadual Mauro Luís<br />

O evento foi promovido pela Unimed/RS e reuniu especialistas no assunto<br />

Silva de Souza falou sobre os<br />

aspectos sociais da ortotanásia,<br />

suas implicações e efeitos na<br />

comunidade. A terceira e última<br />

participação foi do advogado<br />

Marco Túlio de Rose, que destacou<br />

os aspectos jurídicos que<br />

envolvem o tema.<br />

O debate final contou com<br />

a presença do presidente do<br />

<strong>Cremers</strong>, Marco Antônio Becker,<br />

além dos palestrantes e do conselheiro<br />

Carlos Gottschall. Becker<br />

ressaltou que o Código de<br />

Ética Médica deve ser revisto no<br />

tocante à ortotanásia e à morte<br />

digna, citando o caso do Papa<br />

João Paulo II. “Hoje encaramos<br />

a morte com menos naturalidade<br />

que antigamente, queremos afastá-la<br />

por ver na morte do próximo<br />

a nossa própria”, afirmou.<br />

CFM editou resolução orientando os médicos sobre o tema<br />

O Conselho Federal de Medicina editou<br />

em novembro do ano passado a Resolução<br />

CFM nº 1.805/06, a respeito da terminalidade<br />

da vida: “Na fase terminal de enfermidades<br />

graves e incuráveis é permitido<br />

ao médico limitar ou suspender procedimentos<br />

e tratamentos que prolonguem a<br />

vida do doente, garantindo-lhe os cuidados<br />

necessários para aliviar os sintomas que<br />

levam ao sofrimento, na perspectiva de uma<br />

assistência integral, respeitada a vontade do<br />

paciente ou de seu representante legal”.<br />

A resolução estabelece o seguinte:<br />

Art. 1º É permitido ao médico limitar ou<br />

suspender procedimentos e tratamentos<br />

que prolonguem a vida do doente em fase<br />

terminal, de enfermidade grave e incurável,<br />

respeitada a vontade da pessoa ou de seu<br />

representante legal.<br />

§ 1º O médico tem a obrigação de esclarecer<br />

ao doente ou a seu representante<br />

legal as modalidades terapêuticas adequadas<br />

para cada situação.<br />

§ 2º A decisão referida no caput deve ser<br />

fundamentada e registrada no prontuário.<br />

§ 3º É assegurado ao doente ou a seu<br />

representante legal o direito de solicitar<br />

uma segunda opinião médica.<br />

Art. 2º O doente continuará a receber<br />

todos os cuidados necessários para aliviar<br />

os sintomas que levam ao sofrimento, assegurada<br />

a assistência integral, o conforto<br />

físico, psíquico, social e espiritual, inclusive<br />

assegurando-lhe o direito da alta hospitalar.<br />

Na exposição de motivos, é destacado<br />

que somente a partir da década de 60 os<br />

códigos de ética profissional passaram a<br />

reconhecer o doente como agente autônomo<br />

e que “à mesma época, a medicina<br />

passou a incorporar, com muita rapidez,<br />

um impressionante avanço tecnológico.<br />

Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e<br />

novas metodologias criadas para aferir e<br />

controlar as variáveis vitais ofereceram<br />

aos profissionais a possibilidade de adiar o<br />

momento da morte".<br />

É observado também: “... passamos a<br />

praticar uma medicina que subestima o<br />

conforto do enfermo com doença incurável<br />

em fase terminal, impondo-lhe longa e<br />

sofrida agonia. Adiamos a morte às custas<br />

de insensato e prolongado sofrimento para<br />

o doente e sua família. A terminalidade da<br />

vida é uma condição diagnosticada pelo<br />

médico diante de um enfermo com doença<br />

grave e incurável; portanto, entende-se que<br />

existe uma doença em fase terminal, e não<br />

um doente terminal”.<br />

O texto conclui: “Torna-se vital que o<br />

médico reconheça a importância da necessidade<br />

da mudança do enfoque terapêutico<br />

diante de um enfermo portador de doença<br />

em fase terminal, para o qual a Organização<br />

Mundial da Saúde preconiza que sejam<br />

adotados os cuidados paliativos, ou seja,<br />

uma abordagem voltada para a qualidade<br />

de vida tanto dos pacientes quanto de seus<br />

familiares frente a problemas associados a<br />

doenças que põem em risco a vida. "<br />

14<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong>


Remuneração<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Remuneração<br />

Comissão de Honorários Médicos do Estado<br />

retoma atividade para implantar CBHPM<br />

As entidades médicas <strong>Cremers</strong>, Amrigs<br />

e Simers se reuniram, no dia 25 de<br />

julho, na Amrigs, para reestruturar a<br />

Comissão de Honorários Médicos no Estado<br />

e retomar as negociações entre a classe e as<br />

operadoras de planos de saúde. A Comissão,<br />

originalmente formada somente por médicos,<br />

agora terá a participação de funcionários<br />

das três instituições.<br />

Sentindo a necessidade da continuação<br />

nas negociações as entidades nomearam<br />

representantes para dar prosseguimento ao<br />

trabalho. A primeira atividade é a redação<br />

de uma nota, oficializando a retomada das<br />

negociações para implantação da Classificação<br />

Hierarquizada de Procedimentos<br />

Médicos (CBHPM), que será encaminhada<br />

às empresas do setor.<br />

O primeiro-secretário Fernando Weber<br />

Matos e o assessor jurídico Toni Kunzler representam<br />

o <strong>Cremers</strong> na Comissão, que tem<br />

ainda os seguintes integrantes:<br />

pela Amrigs,<br />

o diretor de Assuntos<br />

do Interior Jorge<br />

Utaliz e a supervisora<br />

da Cecomed Maria da<br />

Graça Schneider; pelo<br />

Simers, o assessor<br />

da presidência Carlos<br />

Suñol e a advogada<br />

Clarissa Cezar.<br />

Matos avaliou a<br />

reunião como positiva,<br />

saudando a mudança<br />

de configuração no<br />

grupo de trabalho. “Antes contávamos somente<br />

com médicos na Comissão, o que restringia a<br />

visão dos participantes aos aspectos técnicos da<br />

implantação da CBHPM. Agora foram incluídos<br />

advogados e administradores, que possuem<br />

conhecimento sobre os aspectos jurídicos dos<br />

O primeiro-secretário Dr. Fernando Matos (D) e o assessor jurídico<br />

Toni Kunzler (E) representam o <strong>Cremers</strong> na Comissão<br />

contratos e o ponto de vista econômico-financeiro<br />

da questão”, frisou. Matos acrescenta<br />

que “quando se discute honorários com as<br />

operadoras, é necessário um amplo conhecimento.<br />

Esta comissão tem mais chances<br />

de avançar nas negociações”.<br />

Oderige Zardo<br />

Câmara dos Deputados aprova Projeto de Lei<br />

sobre a Classificação de Honorários<br />

Aprovado pelo plenário<br />

da Câmara dos Deputados<br />

por unanimidade,<br />

dia 31 de maio, o Projeto de<br />

Lei 3466/04 cria o Rol de Procedimentos<br />

e Serviços Médicos<br />

(RPSM) que será editado com<br />

base na Classificação Brasileira<br />

Hierarquizada de Procedimentos<br />

Médicos (CBHPM) até o final de<br />

março de cada ano. O PL se encontra<br />

agora no Senado, onde a<br />

tramitação deve ser mais rápida.<br />

A elaboração do rol será tarefa<br />

da Agência Nacional de Saúde<br />

Suplementar (ANS) que contará<br />

com uma câmara técnica paritária<br />

composta por representantes<br />

das partes envolvidas. Além de<br />

garantir aos pacientes a cobertura<br />

dos mais modernos e avalizados<br />

procedimentos médicos, esta sistemática<br />

tende a preservar o equilíbrio<br />

financeiro nos contratos entre<br />

médicos e planos de saúde.<br />

A aprovação do projeto é resultado<br />

de uma forte e constante mobilização<br />

das entidades médicas ao<br />

longo de três anos. O PL 3466/04<br />

foi apresentado pelo deputado<br />

Inocêncio Oliveira em maio de<br />

2004. No mês seguinte, provocou<br />

uma manifestação no auditório<br />

Nereu Ramos, com cerca de mil<br />

médicos trajando jalecos brancos<br />

ocupando o local para ressaltar<br />

a importância da proposta aos<br />

parlamentares. O resultado foi a<br />

aprovação pela Comissão de Seguridade<br />

Social e Família, na forma<br />

de substitutivo do relator Rafael<br />

Guerra. Foi aprovado, depois, por<br />

outras comissões.<br />

No mesmo dia em que o projeto<br />

de lei 3466/04 foi aprovado<br />

pelos deputados, outra grande<br />

vitória da classe médica consolidava-se<br />

na Agência Nacional de<br />

Saúde Suplementar. O Comitê<br />

de Padronização de Informações<br />

(Copiss) decidiu, por unanimidade,<br />

adotar a nomenclatura e<br />

a codificação da CBHPM como<br />

referência para o setor.<br />

A CBHPM foi lançada em<br />

julho de 2003, em Vitória (ES),<br />

durante a gestão de Eleuses Paiva,<br />

baseada na metodologia da<br />

Fundação Instituto de Pesquisas<br />

Econômicas da USP. No mês<br />

seguinte, o Conselho Federal de<br />

Medicina publicou a resolução<br />

1673, adotando-a como padrão<br />

mínimo e ético de remuneração.<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong><br />

15


Orientação<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Orientação<br />

Quiropraxia não é profissão regulamentada<br />

No início de junho, o<br />

<strong>Cremers</strong>, através do<br />

primeiro-secretário Fernando<br />

Matos, enviou ofício ao<br />

Ministério da Educação consultando<br />

sobre a regulamentação<br />

do curso superior e da profissão<br />

de quiroprático. Em resposta, o<br />

diretor do Departamento de Supervisão<br />

da Educação Superior,<br />

Dirceu do Nascimento, refere<br />

que as portarias do MEC nº 902<br />

e 903 de 10 de abril de 2006<br />

reconhecem o diploma do curso<br />

de quiropraxia apenas para<br />

fins de registro, desvinculado do<br />

exercício profissional pela Lei<br />

de Diretrizes e Bases da Educação<br />

Nacional – Lei nº 9.349 de<br />

20 de dezembro de 1996.<br />

Nascimento cita que a desvinculação<br />

se deu, de acordo com<br />

o parecer CNE/CES nº 136/2003,<br />

porque o diploma atesta a formação<br />

do graduado para exercer a<br />

profissão, cabendo ao respectivo<br />

Conselho Profissional estabelecer<br />

as condições para o início desse<br />

exercício. O parecer esclarece<br />

que “as condições para o início de<br />

exercício profissional não residem<br />

no diploma, mas no atendimento<br />

dos parâmetros do controle de<br />

exercício profissional a cargo dos<br />

respectivos Conselhos”.<br />

O parecer do consultor jurídico<br />

do <strong>Cremers</strong>, Jorge Perrone,<br />

corrobora a posição ao afirmar<br />

que a existência de um curso,<br />

ainda que com diploma reconhecido,<br />

não autoriza, por si,<br />

o exercício de uma profissão<br />

como tal se esta não é regulamentada<br />

legalmente.<br />

Processo-Ético Profissional: casos julgados<br />

A partir desta edição, estaremos relatando casos de PEPs que foram instaurados – e concluídos – no <strong>Cremers</strong> para informar e dar subsídios<br />

aos médicos sobre situações que podem levar o profissional a incorrer em infração ética.<br />

Descredenciamento de convênio<br />

Médico descredenciado (‘Dr. A’), sem<br />

justificativa, de um determinado convênio<br />

solicitou parecer principalmente sobre prejuízos<br />

aos pacientes antigos com tratamento<br />

de longo prazo, que ficam prejudicados<br />

com a decisão.<br />

Ao ser questionado, o Diretor Técnico<br />

(‘Dr. B’) alegou que a decisão de<br />

descredenciamento foi administrativa e<br />

que tais assuntos não são discutidos com<br />

a auditoria médica. Acrescentou que em<br />

momento algum foi consultado ou comunicado<br />

do fato.<br />

O parecer do conselheiro sindicante<br />

destacou: “...o convênio ‘X’ desobedeceu<br />

o contido na Resolução CFM 1.616/2001 e,<br />

embora o ‘Dr. B’ alegue ser decisão administrativa<br />

da operadora, o disposto no art.<br />

5º determina ser o Diretor Técnico responsável<br />

pelo cumprimento desta norma – e o<br />

médico citado reconhece ocupar tal função<br />

ante a ANS e o <strong>Cremers</strong>”.<br />

Em sua defesa, o ‘Dr. B’ reforçou que<br />

não teve participação no desligamento do<br />

colega e que sequer faz parte da diretoria<br />

do convênio ‘X’, apenas respondendo como<br />

“responsável técnico” pelo ambulatório<br />

médico mantido por aquela empresa. Não<br />

caberia, a ser ver, o artigo 142 do Còdigo<br />

de Ética Médica e os dispositivos da Res.<br />

CFM 1.616/2001.<br />

O médico descredenciado, ‘Dr A’, ao<br />

depor, disse que trabalhou na empresa<br />

durante onze anos; que recebeu uma carta<br />

comunicando o descredenciamento sem<br />

informar o motivo; que procurou esclarecimentos,<br />

mas não os recebeu; que sempre<br />

teve o ‘Dr. B’ como Diretor Técnico da<br />

empresa; que há no processo documento<br />

em que o ‘Dr. B’ aparece como DT;<br />

que durante todos os anos nunca sofreu<br />

qualquer tipo de questionamento ao seu<br />

trabalho, nem pelos pacientes, nem pelo<br />

convênio, nem pelos hospitais aos quais<br />

prestava serviço.<br />

Aberto em 2004, o Processo Ético-Profissional<br />

(PEP) foi concluído em <strong>2007</strong>. O<br />

‘Dr. B’ foi considerado culpado por maioria<br />

de votos, por infração do art. 142 do<br />

CEM, por não ter providenciado o cumprimento<br />

das normas dos artigos 1º, 3º, 4º<br />

e 5º da Res. CFM 1.616/01, sendo aplicada<br />

a pena prevista na letra ‘a’ do art. 22 da<br />

Lei 3.268 de 30 de setembro de 1957.<br />

16<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong>


Integração<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Integração<br />

Painel debate conflitos entre médicos Peritos,<br />

médicos Assistenciais e do Trabalho<br />

A<br />

relação entre médicos peritos, assistenciais<br />

e do trabalho marcou o primeiro<br />

painel do dia 30 de junho, que<br />

teve como tema “indicações, limites e ética de<br />

atestados, pareceres e laudos”. Na mesa, conduzida<br />

pelo coordenador das Câmaras Técnicas<br />

do <strong>Cremers</strong>, conselheiro Rogério Wolf<br />

de Aguiar, estavam integrantes das CTs de<br />

Medicina do Trabalho (Sérgio Xavier da Costa,<br />

Cláudio Schmitt e Antônio Mário Guimarães)<br />

e Perícias Médicas (Nélson Antônio Tombini,<br />

Gérson Petrillo Nunes, Tatiana Della Giustina<br />

e Débora Maria Vargas de Lima).<br />

O presidente da CT de Perícias Médicas,<br />

Nélson Antônio Tombini , iniciou sua participação<br />

propondo uma maior integração com a<br />

CT de Medicina do Trabalho, coordenada pelo<br />

conselheiro Iseu Milman. Depois, criticou o<br />

fato de os cursos de medicina não incluírem<br />

nos currículos uma disciplina sobre perícia<br />

médica. Observou que o trabalho do perito<br />

é complicado basicamente porque envolve a<br />

concessão ou negativa de dinheiro.<br />

Tatiana Della<br />

Giustina abordou<br />

a questão do laudo<br />

pericial, citando<br />

os artigos 120 e 121<br />

do Código de Ética<br />

Médica e reforçando<br />

que o compromisso<br />

do perito é essencialmente<br />

com quem<br />

o incumbiu do trabalho,<br />

não com o<br />

paciente. Salientou<br />

também que a principal diferença entre o perito<br />

e o médico assistencial é que o segundo<br />

“tem estreito vínculo com o paciente”.<br />

Pesquisa realizada em 1998 por um grupo<br />

de médicos da Faculdade de Medicina da<br />

Ufrgs sobre o conflito entre médico perito e<br />

segurado foi o foco central da participação<br />

de Gérson Petrillo. “Ficou nítido que está<br />

embutida na questão da violência a expectativa<br />

do segurado diante do médico perito”,<br />

Debate reuniu integrantes das CTs Medicina do Trabalho e Perícias Médicas<br />

observou. Para ele, é fundamental uma forte<br />

campanha de esclarecimento aos segurados<br />

sobre a perícia médica.<br />

O vice-presidente do <strong>Cremers</strong>, Cláudio<br />

Franzen, pediu a palavra para informar que<br />

a atuação do Conselho na agência do INSS<br />

em São Leopoldo havia produzido resultados<br />

positivos em poucos dias. “Os colegas<br />

que trabalham no local já contam com melhores<br />

condições e mais segurança”, disse.<br />

Ética na relação entre prestadores, operadoras e indústria<br />

Painel encerrou o encontro entre Delegacias e CTs<br />

O evento foi encerrado com um<br />

debate envolvendo prestadores de serviço,<br />

operadoras e indústria farmacêutica<br />

dentro do painel sobre Protocolos em<br />

Oncologia. Participaram<br />

do painel o vicepresidente<br />

do Conselho,<br />

Cláudio Franzen, o<br />

coordenador das CTs,<br />

Rogério Wolf de Aguiar,<br />

e os representantes das<br />

CTs de Cancerologia<br />

(Hernani Robin Júnior),<br />

Auditoria em Saúde<br />

(Eduardo Dias Lopes)<br />

e Marco Antônio Azevedo<br />

(Ética Médica e Bioética).<br />

Em sua explanação, Robin Júnior falou<br />

sobre a relação entre prestadores de<br />

serviços, operadoras e indústria farmacêutica,<br />

destacando que há hoje um equilíbrio<br />

negativo, autofágico, entre essas<br />

três forças da área da saúde.<br />

Marco Antônio Azevedo falou sobre os<br />

conflitos de interesses na área de saúde,<br />

abordando as relações capitalistas existentes<br />

no setor.<br />

Eduardo Dias Lopes, da Câmara Técnica<br />

de Auditoria em Saúde, relatou que<br />

a saúde deve ser abordada como negócio,<br />

mas sempre com o foco no resultado<br />

positivo, beneficiando a sociedade.<br />

“O sistema de saúde, descontrolado<br />

como está e manipulado pela indústria<br />

farmacêutica, não tem boas perspectivas”,<br />

completou.<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong><br />

17


Integração<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

O<br />

primeiro encontro promovido<br />

entre as Delegacias<br />

Seccionais e as<br />

Câmaras Técnicas do <strong>Cremers</strong> na<br />

atual gestão aconteceu nos dias 29<br />

e 30 de junho, reunindo representantes<br />

desses órgãos do Conselho<br />

em torno de seu funcionamento e<br />

a importância de sua integração.<br />

O vice-presidente Cláudio Franzen<br />

abriu a sessão, afirmando que<br />

“o momento que estamos passando<br />

na medicina é grave, e<br />

nossa preocupação é desenvolver<br />

ações que produzam frutos<br />

para os médicos. É a hora de<br />

tomar posições”, frisou.<br />

Franzen ainda levantou a<br />

questão dos honorários médicos,<br />

que não são reajustados há 14<br />

anos, as medidas do SUS que vêm<br />

substituindo médicos por outros<br />

profissionais e a contratualização.<br />

“É importante que toda a classe<br />

médica se una para poder reagir,<br />

por isso a importância do entrosamento<br />

entre os médicos da<br />

Capital e do Interior”, afirmou.<br />

Integração<br />

Conselho aproxima Delegacias Seccionais<br />

e suas Câmaras Técnicas<br />

Evento realizado no final de junho reuniu dirigentes, delegados, conselheiros e integrantes das Câmaras Técnicas<br />

União de médicos da<br />

Capital e Interior<br />

A seguir, o primeiro-secretário<br />

Fernando Weber Matos falou<br />

sobre os objetivos do evento<br />

e destacou os motivos que levaram<br />

à criação das CTs: “Foi<br />

devido à necessidade de trazer<br />

médicos que proporcionassem<br />

apoio técnico aos conselheiros<br />

diante de decisões em processos<br />

e sindicâncias”. Sobre as delegacias,<br />

ressaltou serem órgãos que<br />

costumavam trabalhar isolados<br />

em suas regiões, e reforçou a importância<br />

da aproximação com<br />

o Conselho: “Trazendo as delegacias<br />

para dentro do Conselho<br />

conseguimos maior participação<br />

e melhores condições de trabalho<br />

nas regiões do Estado”.<br />

Maior agilidade<br />

nas sindicâncias<br />

O tesoureiro Isaias Levy esclareceu<br />

o funcionamento das<br />

finanças do Conselho: “Somos<br />

submetidos a auditorias do CFM,<br />

devendo obedecer à previsão<br />

orçamentária e suas orientações”.<br />

O corregedor Régis Porto falou<br />

brevemente sobre as novidades<br />

do órgão, citando a retomada do<br />

cargo de subcorregedor. “Agora,<br />

o corregedor trabalha predominantemente<br />

com os processos,<br />

e o subcorregedor com as sindicâncias”,<br />

esclareceu.<br />

O subcorregedor Joaquim José<br />

Xavier complementou a participação<br />

com alguns números da<br />

Corregedoria: “Estamos trabalhando<br />

forte para concluir as sindicâncias<br />

relativas a 2005 e 2006”.<br />

Acrescentou que “a nova forma<br />

de trabalho das câmaras de julgamento<br />

torna mais ágil e eficiente<br />

a solução dessas pendências”.<br />

O coordenador da Ouvidoria,<br />

Antônio Celso Ayub, prestou<br />

contas da atividade do setor<br />

e apresentou os ouvidores da<br />

atual gestão, Céo Paranhos de<br />

Lima e Ércio Amaro Filho. De<br />

acordo com Ayub, o setor tem<br />

se mostrado “de préstimos incalculáveis,<br />

avaliado pelo número<br />

de atendimentos prestados ao<br />

longo dos meses de trabalho<br />

deste novo grupo. Estamos à<br />

disposição de todos os médicos<br />

do Estado a qualquer hora do<br />

dia e da noite”, enfatizou.<br />

Regionalizar a fiscalização<br />

O conselheiro também falou<br />

sobre as atividades da Comissão<br />

de Fiscalização, da qual é coordenador,<br />

mencionando com destaque<br />

o caso da interdição ética<br />

do PACS. Em seguida apresentou<br />

os demais membros da Comissão<br />

– o tesoureiro Isaias Levy<br />

e o corregedor Régis Porto – e<br />

o médico fiscal Mário Henrique<br />

Osanai. “Devido a esse acúmulo<br />

de atividades dos conselheiros<br />

existe a idéia de implantar, em<br />

curto prazo, comissões regionais<br />

de fiscalização, porque se<br />

acumulam pedidos de vistorias<br />

nos pontos mais remotos do<br />

Estado”, acrescentou.<br />

O Diretor de Patrimônio Iseu<br />

18<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong>


Integração<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Integração<br />

Milman detalhou as características<br />

da nova função, destacando a importância<br />

da coordenação adequada<br />

do patrimônio do Conselho.<br />

“Muitas vezes a diretoria envolviase<br />

profundamente com questões<br />

éticas e de outras esferas, e sentia<br />

a necessidade de alguém que<br />

cuidasse da estrutura básica mais<br />

de perto. Os prédios e bens das<br />

delegacias são abrangidos por essa<br />

diretoria”, esclareceu.<br />

O segundo-secretário Ismael<br />

Maguilnik salientou sobre suas<br />

atribuições no cargo: “Nossa<br />

grande preocupação é com<br />

o médico legalmente habilitado<br />

para o exercício profissional. Há<br />

uma avalanche de tentativas de<br />

médicos não legalmente habilitados,<br />

formados no exterior e<br />

sem revalidação, de exercer a<br />

medicina. Temos feito o possível<br />

para barrar essas tentativas”,<br />

afirmou. Maguilnik lembrou, ainda,<br />

a importância da educação<br />

médica continuada, reforçando<br />

a retomada dos programas éticocientíficos<br />

do Conselho.<br />

Delegacias Seccionais e<br />

descentralização<br />

Representando a Amrigs, Alfredo<br />

Cantalice Neto, membro<br />

da Câmara Técnica de Pediatria,<br />

cumprimentou a iniciativa do<br />

<strong>Cremers</strong> em promover a integração<br />

de seus órgãos.<br />

A seguir foram detalhados o<br />

histórico, as atividades e números<br />

das delegacias. A apresentação<br />

contou com a participação<br />

dos funcionários envolvidos em<br />

seu funcionamento, abrangendo<br />

as áreas operacional, técnica e<br />

de fiscalização. O coordenador<br />

das Delegacias Seccionais, vice-presidente<br />

Cláudio Franzen,<br />

salientou que “a principal função<br />

das delegacias é descentralizar o<br />

trabalho do Conselho, tornando<br />

o serviço mais ágil e acessível<br />

aos médicos do interior”.<br />

O coordenador das Câmaras<br />

Técnicas, Rogério Aguiar, ressaltou<br />

a importância da discussão,<br />

dinamização e valorização das<br />

atividades das Câmaras no apoio<br />

técnico a assuntos do Conselho.<br />

“Este braço técnico-científico<br />

auxilia nas questões de educação<br />

continuada, julgamentos e<br />

sindicâncias, entre outros, analisando<br />

e emitindo pareceres”,<br />

esclareceu. Aguiar perpassou o<br />

histórico, a formação e o funcionamento<br />

das Câmaras, destacando<br />

seu papel agregador<br />

entre as entidades e os médicos<br />

em geral.<br />

Em seguida, houve a participação<br />

efetiva dos delegados e<br />

membros das Câmaras Técnicas<br />

com questionamentos e propostas<br />

para o melhor funcionamento<br />

e integração dessas áreas.<br />

Seção Delegado Fone Endereço<br />

Alegrete Dr. Décio Passos Sampaio Péres (55) 3422.4179 R. Vasco Alves, 431/402<br />

Bagé Dr. Airton Torres de Lacerda (53) 3242.8060 R. General Neto, 161/204<br />

Cachoeira do Sul Dr. Mário Both (51) 3723.3233 R. Pinheiro Machado, 1020/104 | crmcachoeiradosul@yahoo.com.br<br />

Camaquã Dr. Vitor Hugo da Silveira Ferrão (51) 3671.3191 R. Júlio de Castilhos, 235<br />

Carazinho Dr. Airton Luís Fiebig (54) 3330.1038 R. Bernardo Paz, 162<br />

Caxias do Sul Dr. Alexandre Ernesto Gobbato (54) 3221.4072 R. Bento Gonçalves, 1759/702 | cremers_caxiasdosul@yahoo.com.br<br />

Cruz Alta Dr. João Carlos Stona Heberle (55) 3324.2800 R. Venâncio Aires, 614 salas 45 e 46 | CEP 98005-020 | crmcruzalta@terra.com.br<br />

Erechim Dr. Juliano Sartori (54) 3321.0568 Av. 15 de Novembro, 78/305 | cremersere@via-rs.net<br />

Ijuí Dra. Miréia Simões Pires Wahys (55) 3332.6130 R. Siqueira Couto, 93/406 | cremersijui@terra.com.br<br />

Lajeado Dr. Roberto da Cunha Wagner (51) 3714.1148 R. Fialho de Vargas, 323/304 | cremerslajeado@certelnet.com.br<br />

Novo Hamburgo Dr. Jorge Luiz Siebel (51) 3581.1924 R. Joaquim Pedro Soares, 500/sl. 55/56<br />

Osório Dr. Ângelo Mazon Netto (51) 3663.2755 R. Barão do Rio Branco, 261/08-9<br />

Palmeira das Missões Dr. Áttila Sarlo Maia Júnior (55) 3742.1503 R. César Westphalen, 195<br />

Passo Fundo Dr. Alberto Villarroel Torrico (54) 3311.8799 R. Bento Gonçalves, 190/207 | cemerspf@tpo.com.br<br />

Pelotas Dr. Marco Antônio Silveira Funchal (53) 3227.1363 R. General Osório, 754/602 | crmpel.sul@terra.com.br<br />

Rio Grande Dr. Job José Teixeira Gomes (53) 3232.9855 R. Zalony, 160/403 | cremers@terra.com.br<br />

Santa Cruz do Sul Dr. Mauro José Thies (51) 3713.1532 R. Ramiro Barcelos, 1365<br />

Santa Maria Dr. João Alberto Larangeira (55) 3221.5284 Av. Pres. Vargas, 2135/503 | crmsm@zaz.com.br<br />

Santa Rosa Dr. Omar Celso Ceccagno dos Reis (55) 3512.8297 R. Fernando Ferrari, 281/803 | CEP 98900-000 | cremers_santarosa@yahoo.com.br<br />

Santana do Livramento Dr. Leandro Nin Tholozan (55) 3242.2434 R. 13 de Maio, 410/501<br />

Santo Ângelo Dr. Ubiratã Gomes de Almeida (55) 3313.4303 R. Três de Outubro, 256/202 | cremers.santoangelo@yahoo.com.br<br />

São Borja Dr. João Umberto Del Fabro (55) 3431.3433 Av. Presidente Vargas, 1440<br />

São Gabriel Dr. Clóvis Renato Friedrich (55) 3232.2713 R. Jonathas Abbot, 636<br />

São Jerônimo Dra. Lori Nídia Schmitt (51) 3651.1361 R. Salgado Filho, 435<br />

São Leopoldo Dr. Renato Brufatto Machado (51) 3592.1646 R. Feitoria, 178<br />

Três Passos Dr. Dary Pretto Filho (55) 3522.2324 R. Bento Gonçalves, 222 | CEP 98600-000<br />

Uruguaiana Dr. Jorge Augusto Hecker Kappel (55) 3412.5068 R. Dr. Domingos de Almeida, 3.801<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong><br />

19


Ética e Ciência<br />

<strong>Cremers</strong>: ações com resultados concretos<br />

Ética e Ciência<br />

Encontro ético-científico<br />

Evento debate a polêmica questão dos<br />

bancos de sangue de cordão umbilical<br />

Programação ético-científica do <strong>Cremers</strong> recomeça com debate sobre transplante de células-tronco e as<br />

questões éticas que envolvem bancos públicos e privados de sangue de cordão umbilical e placenta<br />

A<br />

retomada da programação<br />

ético-científica do <strong>Cremers</strong><br />

foi marcada pelo debate<br />

sobre a divergência de interesses<br />

de bancos públicos e privados de<br />

sangue de cordão umbilical, realizado<br />

no dia 26 de julho. O coordenador<br />

do evento, Antônio Ayub,<br />

esclareceu na abertura que “o fato<br />

motivador deste encontro foi um<br />

editorial publicado na imprensa<br />

sobre três médicos que foram denunciados<br />

aplicando o golpe das<br />

células-tronco em pó. Isto é a<br />

ponta de um iceberg que inclui<br />

ilusões vendidas por bancos privados<br />

que prometem esperanças de<br />

cura”. Ayub ressaltou ainda o papel<br />

dos Conselhos de Medicina, como<br />

norteadores da atividade médica,<br />

no combate a esse tipo de golpe:<br />

“Vivemos uma época em que o<br />

conflito de interesses é a grande<br />

chaga da medicina”, completou.<br />

O primeiro palestrante, o médico<br />

Jorge Neumann, iniciou sua<br />

participação falando sobre doação<br />

e bancos de medula óssea, repassando<br />

seu histórico e funcionamento.<br />

“Os bancos de medula são<br />

virtuais, contando apenas com as<br />

informações do doador, enquanto<br />

os de cordão umbilical são físicos,<br />

armazenando o material congelado”,<br />

esclareceu, demonstrando as<br />

distintas características e utilizações<br />

das células-tronco colhidas<br />

da medula e do sangue de cordão.<br />

A seguir, Neumann apontou as<br />

diferenças entre bancos públicos<br />

e privados de sangue de cordão,<br />

afirmando que “a única indicação<br />

para a criação de banco privado<br />

é o histórico familiar de um irmão<br />

com alto risco de leucemia<br />

ou linfomas”.O médico finalizou<br />

sua participação alertando para o<br />

perigo da propaganda feita pelos<br />

bancos privados, criando a idéia<br />

de que as células-tronco curam<br />

qualquer doença. “É perigoso fazer<br />

esse tipo de afirmação, pois assim<br />

se vendem falsas esperanças”, ressaltou<br />

Neumann.<br />

O assunto foi acompanhado com muita atenção pelo público<br />

Drs. João Pedro Marques Pereira, Antônio Ayub e Jorge Neumann<br />

A seguir, o hematologista João<br />

Pedro Marques Pereira retomou<br />

pontos sobre o transplante de medula,<br />

citando que no Brasil são feitos<br />

5.100 transplantes ao ano. Marques<br />

Pereira também mencionou<br />

os programas brasileiros de doação<br />

de medula e sangue de cordão,<br />

como REDOME, REREME e BrasilCord,<br />

além de explicar como<br />

são feitos a doação e o armazenamento<br />

do material. Ao falar sobre<br />

o conflito entre bancos públicos<br />

e privados de sangue de cordão,<br />

Marques Pereira ponderou que os<br />

primeiros “utilizam-se de um momento<br />

de fragilidade, o parto, para<br />

fazer com que os pais se sintam<br />

obrigados a ‘garantir’ a saúde do<br />

filho no futuro, mesmo que a cura<br />

de várias doenças através das células-tronco<br />

ainda seja hipotética”.<br />

O médico apontou que na França<br />

e na Espanha é proibido constituir<br />

bancos privados de sangue de<br />

cordão, refletindo uma tendência<br />

mundial. Marques Pereira encerrou<br />

dizendo que “a doação não garante<br />

a preservação do material nem<br />

prioridade do paciente em caso de<br />

necessidade de transplante”.<br />

No espaço aberto para debates,<br />

um dos participantes relatou<br />

que sua equipe tem sido constantemente<br />

procurada por um<br />

determinado banco privado de<br />

sangue de cordão, pressionando<br />

e até oferecendo dinheiro por<br />

cada paciente encaminhado para<br />

coleta. Marques Pereira demonstrou-se<br />

“impactado pela notícia”.<br />

Já Jorge Neumann afirmou que<br />

a situação é auto-explicativa: “Se<br />

os bancos privados fossem tão<br />

bons, não haveria necessidade<br />

desse tipo de atitude".<br />

20<br />

JORNAL DO CREMERS ● JULHO <strong>2007</strong>

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