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Albinos do Meu Brasil: a luta para não passar em ... - Diversitas - USP

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<strong>Albinos</strong> <strong>do</strong> <strong>Meu</strong> <strong>Brasil</strong>: a <strong>luta</strong> <strong>para</strong> <strong>não</strong> <strong>passar</strong> <strong>em</strong> branco<br />

Oralidades<br />

num <strong>do</strong>s principais jornais <strong>do</strong> país serviu <strong>para</strong> que pessoas albinas<br />

ou <strong>não</strong> começass<strong>em</strong> a prestar atenção à página. Dependia de mim,<br />

difundi-la e torná-la multivocal, a fim de representar verdadeiramente<br />

um coletivo.<br />

Era mister abrir espaço <strong>para</strong> outras vozes, além da minha. Se<br />

a proposta era observar o mun<strong>do</strong> através de uma “perspectiva albina”,<br />

fazia-se necessária a presença de experiências diversas, <strong>para</strong><br />

comprovar a multiplicidade de nossas identidades, sen<strong>do</strong> a albina<br />

apenas uma entre várias. A minha é a história de um hom<strong>em</strong> já de<br />

meia-idade, profissional b<strong>em</strong>-sucedi<strong>do</strong>, que atingiu alto grau de escolarização,<br />

provavelmente minoria dentro da minoria. Interessava<br />

ouvir a experiência de albinos jovens, de mulheres s<strong>em</strong> melanina e<br />

também de seus amigos e familiares.<br />

Recorri ao amigo José Carlos Sebe Bom Meihy, que conheci no<br />

início de meu mestra<strong>do</strong> na <strong>USP</strong>. Gostaria que os relatos possuíss<strong>em</strong><br />

certa homogeneidade, a fim de se constituír<strong>em</strong> <strong>em</strong> possível material<br />

de pesquisas futuras sobre as PCAs brasileiras. Nossa invisibilidade<br />

censitária e midiática reflete-se também na acad<strong>em</strong>ia, especialmente<br />

na área de Humanas, carente de estu<strong>do</strong>s sobre nós. S<strong>em</strong>pre prestativo<br />

e célere, o professor elaborou <strong>do</strong>is roteiros <strong>para</strong> a escrita de<br />

narrativas: um <strong>para</strong> as PCAs e outro <strong>para</strong> seus familiares e amigos.<br />

A resposta <strong>do</strong>s albinos foi rápida. Dia 25 de março, publiquei a<br />

história de Raimun<strong>do</strong> de Castro, jov<strong>em</strong> webdesigner maranhense,<br />

que me contatara no mesmo dia <strong>em</strong> que a matéria da Folha de São<br />

Paulo fora publicada 11 . Desde então, diversas PCAs têm envia<strong>do</strong><br />

suas histórias.<br />

De destaque, o caso de Miguel José Naufel, 53, da cidade paulista<br />

de Mococa. Naufel tornou-se colabora<strong>do</strong>r frequente e espécie<br />

de cronista albino da página, revelan<strong>do</strong> diversas passagens alegres<br />

e tristes de sua vida. Ele relata que o contato com outras PCAs<br />

via Orkut, Facebook e o Albino Incoerente elevou sua autoestima,<br />

despertou a esperança perdida e possibilitou-lhe contato com gente<br />

que partilha de suas mesmas características, me<strong>do</strong>s, probl<strong>em</strong>as e<br />

esperanças. A potencial impessoalidade da máquina serviu a Miguel<br />

como facilita<strong>do</strong>r <strong>para</strong> a criação de uma comunidade, da qual parti-<br />

11 A história <strong>do</strong> Castro está disponível <strong>em</strong>: . Acesso <strong>em</strong>: 27 maio 2012.<br />

192<br />

Oralidades - Ano 6 n.11 - jan-jul/2012

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