Cartilha de estudo - Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
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Hidrelétricas no Rio Ma<strong>de</strong>ira: energia para quê e para quem? 7<br />
é consi<strong>de</strong>rada uma das fontes <strong>de</strong> maior lucro<br />
aos chama<strong>dos</strong> “donos da energia”. A<br />
hidroeletricida<strong>de</strong> apresenta uma “base natural<br />
vantajosa” em relação às <strong>de</strong>mais fontes, motivo<br />
da brutal corrida das multinacionais para<br />
dominar este setor, tanto na geração como na<br />
distribuição.<br />
Vejamos algumas características da<br />
fonte hídrica<br />
A energia hídrica apresenta alta produtivida<strong>de</strong>,<br />
ou seja, eficiência<br />
energética <strong>de</strong> 94%, enquanto a térmica<br />
apresenta, no máximo, 30% <strong>de</strong> eficiência.<br />
Apresenta baixo custo <strong>de</strong> produção,<br />
ou seja, a matéria prima utilizada nas turbinas<br />
(água) não apresenta nenhum custo<br />
<strong>de</strong> produção, ao contrário da energia<br />
térmica, cuja matéria prima é o petróleo,<br />
que custa muito caro.<br />
É ‘renovável’, alterando apenas sua intensida<strong>de</strong><br />
conforme as estações do ano,<br />
conforme a intensida<strong>de</strong> das chuvas, e<br />
permite o armazenamento da água em<br />
gran<strong>de</strong>s lagos para uso posterior.<br />
A mesma água <strong>de</strong> um rio po<strong>de</strong> ser utilizada<br />
diversas vezes, através da construção<br />
<strong>de</strong> diversas hidrelétricas num<br />
mesmo rio.<br />
O chamado “Sistema Interligado Nacional”<br />
permite levar e ce<strong>de</strong>r energia <strong>de</strong><br />
uma região para outra, conforme a intensida<strong>de</strong><br />
das chuvas, fazendo os lagos<br />
das hidrelétricas funcionarem como uma<br />
gran<strong>de</strong> caixa <strong>de</strong> água e obter ganhos <strong>de</strong><br />
até 22% na eficiência. Ou seja, permite<br />
o controle sobre todo rio, sobre a Bacia<br />
Hidrográfica, inter-bacias, inter-regiões<br />
e entre países.<br />
Com as privatizações, a energia elétrica<br />
passou a ser controlada e colocada a serviço<br />
das gran<strong>de</strong>s empresas transnacionais. A geração<br />
elétrica tem como <strong>de</strong>stino abastecer os gran<strong>de</strong>s<br />
consumidores, a chamada indústria<br />
eletrointensiva (celulose, alumínio, ferro, aço,<br />
entre outras) e os gran<strong>de</strong>s supermerca<strong>dos</strong><br />
(shoppings), oferecendo a estes energia subsidiada.<br />
No Brasil, existem 665 gran<strong>de</strong>s consumidores<br />
<strong>de</strong> energia e sozinhos consomem aproximadamente<br />
30% <strong>de</strong> toda energia elétrica brasileira,<br />
além disso, recebem energia ao preço<br />
<strong>de</strong> custo real. Enquanto que ao povo brasileiro<br />
os preços da energia elétrica representam um<br />
verda<strong>de</strong>iro roubo.<br />
Para os próximos 25 anos (até 2.030),<br />
conforme o “Plano Nacional <strong>de</strong> Energia 2030”,<br />
há uma previsão <strong>de</strong> acrescentar mais 130.113<br />
MW <strong>de</strong> energia elétrica ao sistema brasileiro.<br />
Deste total, 94.700 MW <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong> fonte<br />
hídrica (87.700 MW através <strong>de</strong> hidrelétricas <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> <strong>por</strong>te e 7.000 MW através <strong>de</strong> Pequenas<br />
Centrais Hidrelétricas). Em questão <strong>de</strong> investimentos,<br />
prevê-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 286 bilhões<br />
<strong>de</strong> dólares (mais <strong>de</strong> 500 bilhões <strong>de</strong> reais). Levando<br />
em consi<strong>de</strong>ração somente os próximos<br />
<strong>de</strong>z anos, o Plano Decenal <strong>de</strong> Expansão <strong>de</strong><br />
Energia Elétrica 2007/2016 apresenta um conjunto<br />
<strong>de</strong> 90 usinas hidrelétricas a serem<br />
construídas, que totalizam uma geração prevista<br />
<strong>de</strong> 36.834 MW.<br />
Na região amazônica até agora há potencial<br />
para cerca <strong>de</strong> 304 hidrelétricas (46 já<br />
construídas e 258 inventariadas) e recentemente,<br />
a Empresas <strong>de</strong> Pesquisa Energética iniciou<br />
<strong>estudo</strong>s <strong>de</strong> inventário em mais alguns rios. Em<br />
Rondônia, 39 hidrelétricas estão planejadas. As<br />
prioritárias são as hidrelétricas do Rio Ma<strong>de</strong>ira,<br />
que são parte do plano <strong>de</strong> Iniciativa <strong>de</strong><br />
Integração da Infra-estrutura Regional Sul<br />
Americana (IIRSA). Este plano vem sendo pensado<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos noventa e que ganhou força<br />
logo após a inviabilização do projeto original<br />
da Área <strong>de</strong> Livre Comércio das Américas<br />
(ALCA).<br />
Além das hidrelétricas no Rio Ma<strong>de</strong>ira,<br />
na Amazônia está em andamento a construção<br />
<strong>de</strong> várias outras hidrelétricas como o complexo<br />
hidrelétrico <strong>de</strong> Belo Monte, no Rio Xingu;<br />
a hidrelétrica <strong>de</strong> São Luiz, no Rio Tapajós e<br />
várias no Rio Tocantins e Araguaia, que já se<br />
encontram em construção e ou planejadas.<br />
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16/1/2009, 16:38