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MARINHA GRANDE Uma cidade com 25 anos - Jornal de Leiria

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<strong>MARINHA</strong> <strong>GRANDE</strong><br />

14 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2013 3<br />

RICARDO GRAÇA<br />

Marinha Gran<strong>de</strong>,<br />

<strong>25</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> crescimento<br />

DETERMINAÇÃO<br />

ADOLESCENTE FAZ<br />

DE VILA CIDADE<br />

Carlos Caetano tinha 19 <strong>anos</strong> quando <strong>de</strong>cidiu que a vila on<strong>de</strong> nascera ser<br />

<strong>cida<strong>de</strong></strong>. Corria o ano <strong>de</strong> 1984, quando iniciou, sozinho, o longo processo da<br />

elevação, que viria a ser concluído a 11 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1988. Satisfeito <strong>com</strong> a<br />

conquista, o empresário frisa que não são precisos partidos ou movimentos<br />

para erguer um projecto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja válido e fundamentado.<br />

Dia 11 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2013 foi uma data<br />

histórica para a Marinha Gran<strong>de</strong>, que<br />

assinalou <strong>25</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> elevação a <strong>cida<strong>de</strong></strong>.<br />

A vila que em 1988 contava <strong>com</strong> cerca <strong>de</strong> <strong>25</strong> mil<br />

habitantes cresceu. Hoje só a Freguesia da<br />

Marinha Gran<strong>de</strong> tem mais <strong>de</strong> 31 mil habitantes,<br />

e o concelho, que em 2001 passou a integrar a<br />

Freguesia da Moita, totaliza mais <strong>de</strong> 38 mil<br />

resi<strong>de</strong>ntes. Mas nem só <strong>de</strong> habitantes se fez o<br />

crescimento <strong>de</strong>sta terra.<br />

Com uma vivência <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre ancorada na<br />

indústria, a Marinha Gran<strong>de</strong> conheceu nestes<br />

últimos <strong>25</strong> <strong>anos</strong> <strong>com</strong>o que uma segunda revolução<br />

industrial, uma viragem do fabrico artesanal<br />

do vidro para a automatização do sector.<br />

A transformação levou ao encerramento <strong>de</strong><br />

muitas fábricas, e à consolidação <strong>de</strong> outras,<br />

que tanto no vidro, <strong>com</strong>o no sector dos mol<strong>de</strong>s,<br />

acabaram por se evi<strong>de</strong>nciar <strong>com</strong>o referências<br />

<strong>de</strong> tecnologia e <strong>de</strong> inovação em vários pontos<br />

do globo.<br />

No domínio da cultura, foi também nos últimos<br />

<strong>25</strong> <strong>anos</strong> que se ergueram nesta <strong>cida<strong>de</strong></strong> os gran<strong>de</strong>s<br />

espaços museológicos, e foram lançados<br />

alguns dos projectos culturais mais emblemáticos.<br />

À intensa activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> clubes e associações<br />

do concelho, hão-<strong>de</strong> juntar-se, ainda este<br />

ano, as conferências, o cinema e o teatro na<br />

nova Casa da Cultura.<br />

O futuro passará certamente por manter a<br />

pujança industrial da <strong>cida<strong>de</strong></strong>, e fazer <strong>com</strong> que<br />

essa capa<strong>cida<strong>de</strong></strong> empreen<strong>de</strong>dora contagie<br />

outras esferas, <strong>com</strong>o a activida<strong>de</strong> <strong>com</strong>ercial,<br />

por exemplo, que se tem mantido adormecida.<br />

Algumas bases foram lançadas nesse sentido,<br />

<strong>com</strong> a criação <strong>de</strong> novos espaços <strong>de</strong> <strong>com</strong>ércio,<br />

que serão inaugurados em Maio, no edifício da<br />

Resinagem. Ainda em projecto estão outros<br />

equipamentos igualmente relevantes, <strong>com</strong>o o<br />

mercado ou a piscina municipal. ●<br />

Tem permanecido na sombra, em cada uma das <strong>com</strong>emorações,<br />

mas a “data redonda”, <strong>de</strong> <strong>25</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> elevação<br />

a <strong>cida<strong>de</strong></strong>, impunha que se <strong>de</strong>sse a conhecer. Carlos Caetano<br />

(na foto) ace<strong>de</strong>u ao convite e falou ao JORNAL DE<br />

LEIRIA, para mostrar que a persistência <strong>de</strong> um só homem<br />

chega para erguer um bom projecto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a i<strong>de</strong>ia<br />

seja boa e bem fundamentada.<br />

Carlos Caetano nasceu Marinha Gran<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> residiu até<br />

aos 14 <strong>anos</strong>. Foi nessa altura, ao mudar-se para Alcobaça,<br />

que percebeu o quanto tinha <strong>de</strong>ixado na sua terra. Na<br />

Marinha Gran<strong>de</strong> tinha ficado, além dos amigos, um conjunto<br />

<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas que ainda não eram praticadas<br />

na terra que o acolheu. “Na Marinha Gran<strong>de</strong> fazia<br />

judo e atletismo, alguns amigos andavam na patinagem,<br />

e outros no basquetebol, coisas que não existiam em Alcobaça.”<br />

Também por essa altura, muitas localida<strong>de</strong>s estavam a<br />

tornar-se <strong>cida<strong>de</strong></strong>s, levando o jovem a querer pesquisar<br />

mais sobre a lei e os requisitos da elevação. “Descobri que<br />

a Marinha Gran<strong>de</strong> já cumpria os requisitos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1960”,<br />

recorda Carlos Caetano. Num período pós Revolução <strong>de</strong><br />

Abril, sentia-se na Marinha Gran<strong>de</strong> algum distanciamento<br />

entre pessoas <strong>de</strong> diferentes facções i<strong>de</strong>ológicas, “o que<br />

me levou a pensar que a elevação da <strong>cida<strong>de</strong></strong> po<strong>de</strong>ria ser<br />

uma causa unificadora”.<br />

Além disso, estava em curso a divisão do território através<br />

da criação das regiões administrativas, e era necessário<br />

garantir alguma força nesta localida<strong>de</strong>, sob pena <strong>de</strong><br />

ser engolida por <strong>Leiria</strong>. A proximida<strong>de</strong> <strong>com</strong> <strong>Leiria</strong> tem <strong>de</strong>stas<br />

coisas, aponta Carlos Caetano: “se <strong>de</strong> vez em quando<br />

não nos colocarmos em bicos <strong>de</strong> pés, não nos sobra nada”.<br />

A i<strong>de</strong>ia tomava cada vez mais forma na sua mente, mas<br />

ninguém levava a sério um rapaz <strong>de</strong> 19 <strong>anos</strong>. “Como vou<br />

fazer isto?, perguntava-me. É preciso notar que não havia<br />

internet.” Nesta altura vivia já em Lisboa e por isso a solução<br />

passava por <strong>de</strong>dicar muitas horas <strong>de</strong> pesquisa na<br />

Assembleia da República, e outras tantas na Biblioteca<br />

Nacional.<br />

“Foi assim que redigi o projecto <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> alto a baixo, <strong>com</strong><br />

todos os argumentos inscritos, para justificar a elevação<br />

a <strong>cida<strong>de</strong></strong>, dactilografado à máquina <strong>de</strong> escrever”, afiança<br />

ADRIANA GUARDA<br />

Carlos Caetano. Foi por intermédio <strong>de</strong> um amigo que<br />

conheceu Rui Vieira, então <strong>de</strong>putado na Assembleia da<br />

República por <strong>Leiria</strong>. E foi <strong>com</strong> espanto que o <strong>de</strong>putado<br />

recebeu <strong>de</strong>ste jovem um projecto <strong>de</strong> lei pronto, que acabaria<br />

por ser aprovado pela Assembleia da República, sem<br />

que fosse alterada uma única vírgula.<br />

O mais caricato, recorda, é que a Câmara da Marinha Gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sconfiou sempre das suas intenções, pensando que<br />

estaria a encobrir qualquer interesse político. Foi preciso<br />

apresentar o projecto, e <strong>de</strong>spertar o interesse <strong>de</strong> outras<br />

câmaras do distrito, para que o principal interessado, o<br />

Município da Marinha Gran<strong>de</strong>, viesse a apoiar a i<strong>de</strong>ia.<br />

Arrependido? Não. “Por que havemos <strong>de</strong> esperar que<br />

outros tomem a iniciativa, quando po<strong>de</strong>mos ser nós a fazer<br />

coisas?” Além disso, “uma <strong>cida<strong>de</strong></strong> não é só um local <strong>com</strong><br />

muitas lojas, fábricas, é também um local <strong>com</strong> colectivida<strong>de</strong>s,<br />

iniciativas culturais, pessoas, e portanto o estatuto<br />

<strong>de</strong> <strong>cida<strong>de</strong></strong> continua a justificar-se”.<br />

Carlos Caetano voltou para a Marinha Gran<strong>de</strong> em 1995.<br />

É empresário e membro da direcção do Sport Operário<br />

Marinhense. ●<br />

FICHA TÉCNICA<br />

EDIÇÃO: JORLIS - EDIÇÕES E PUBLICAÇÕES, LDA. / Director: João Nazário Redacção: Daniela Franco Sousa / Serviços Comerciais: Rui Pereira / Paginação: Isilda Trinda<strong>de</strong> e Rita Carlos/ Impressão: Grafedisport / Tiragem: 15.000 exemplares /<br />

Nº <strong>de</strong> registo: 109980 / Depósito legal nº: 5628/84 / JORNAL DE LEIRIA, Edição n.º 1496, 14 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2013

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