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ENTREVISTA<br />
Em Alcobaça há um movimento<br />
artístico que, para<br />
Ricardo Coelho, só o futuro e<br />
a história po<strong>de</strong>m vir a explicar.<br />
Humil<strong>de</strong>, diz que gosta<br />
<strong>de</strong> ver a ascensão dos Loto<br />
como uma escada<br />
Pág 5<br />
EVASÕES<br />
A história dos 150 anos dos<br />
comboios portugueses corre<br />
paralela com a do país. As<br />
estações foram sempre pontos<br />
<strong>de</strong> partida e <strong>de</strong> chegada,<br />
locais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero e <strong>de</strong><br />
amor, <strong>de</strong> lágrimas e <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s<br />
Pág 15<br />
AGENDA<br />
Luís <strong>de</strong> Matos apresenta<br />
sábado, dia 28, o espectáculo<br />
<strong>de</strong> ilusionismo<br />
Enigma, às 21 horas, no<br />
Parque Municipal <strong>de</strong> Exposições,<br />
Marinha Gran<strong>de</strong>. A<br />
entrada é gratuita<br />
Pág 7<br />
RICARDO GRAÇA<br />
JORNAL DE LEIRIA | EDIÇÃO 1162| 26 DE OUTUBRO DE 2006<br />
| d | e | s | t | a | c | á | v | e | l |<br />
Batalha <strong>de</strong> Aljubarrota<br />
em filme
| V | I | V | E | R | 2 |<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006<br />
Abertura<br />
As filmagens do<br />
documentário<br />
sobre a Batalha <strong>de</strong><br />
Aljubarrota, que<br />
será exibido no<br />
centro <strong>de</strong><br />
interpretação do<br />
campo militar <strong>de</strong><br />
S. Jorge, Porto <strong>de</strong><br />
Mós, terminaram<br />
no sábado<br />
passado. Segue-se<br />
agora a pós-<br />
-produção, que,<br />
entre outras<br />
coisas, irá<br />
“multiplicar”<br />
soldados, cavalos<br />
e setas. Realizado<br />
por Margarida<br />
Cardoso, o<br />
trabalho envolveu<br />
perto <strong>de</strong> 1.200<br />
pessoas, entre<br />
equipa técnica,<br />
actores, pessoal<br />
<strong>de</strong> apoio e<br />
figurantes.<br />
O JORNAL DE<br />
LEIRIA esteve na<br />
sexta-feira em<br />
Montejunto, on<strong>de</strong><br />
acompanhou parte<br />
das filmagens<br />
RICARDO GRAÇA<br />
Documentário sobre Batalha <strong>de</strong> Aljubarrota envolve perto <strong>de</strong> 1.200 pessoas<br />
O filme da Batalha Real<br />
“Todos às suas posições. Silêncio<br />
total. Som, câmara, acção!”<br />
À or<strong>de</strong>m, gritada por Ângela<br />
Sequeira, primeira assistente <strong>de</strong><br />
realização, o acampamento castelhano<br />
ganha vida. Um soldado<br />
<strong>de</strong>ita água numa panela, que<br />
aquece sob uma fogueira, outro<br />
rebola uma pipa. Há ainda quem<br />
organize lanças ou ultime a<br />
montagem <strong>de</strong> uma tenda. Visivelmente<br />
doente, D. Juan I <strong>de</strong><br />
Castela chega ao local, transportado<br />
numa liteira (espécie<br />
<strong>de</strong> maca), <strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sce amparado<br />
por dois soldados, que o<br />
encaminham ao interior da tenda.<br />
A cena repete-se mais quatro<br />
vezes. Pelo meio, um cavalo<br />
<strong>de</strong>ita-se e leva o soldado que<br />
o monta ao chão. Alguém chama,<br />
em jeito <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira,<br />
pelas senhoras da maquilhagem<br />
para tratar da lama que<br />
sujou a cela e o animal. O assunto<br />
fica resolvido com um pouco<br />
<strong>de</strong> água e uma escova e as<br />
filmagens prosseguem até que,<br />
à quinta vez, a realizadora manifesta-se<br />
satisfeita com o resultado.<br />
“Ficou bem. Só mais uma<br />
vez”, diz Margarida Cardoso<br />
[produtora do filme A costa dos<br />
murmúrios].<br />
Depois <strong>de</strong> uma breve interrupção,<br />
que serve para mudar<br />
a câmara e retocar actores e<br />
figurantes, as filmagens continuam<br />
agora <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma tenda,<br />
emprestada pelo exército<br />
português e on<strong>de</strong> se tenta recriar<br />
o local on<strong>de</strong>, em 1385, o rei<br />
D. Juan, já com as tropas a<br />
tomar posições no planalto <strong>de</strong><br />
S. Jorge, terá discutido com<br />
nobres e conselheiros que o<br />
acompanhavam se avançavam<br />
para o confronto. “Todos muito<br />
sérios, porque o rei está muito<br />
transtornado”, pe<strong>de</strong> a realizadora<br />
aos figurantes e actores.<br />
A cena exige silêncio absoluto.<br />
De tal forma que o trânsito<br />
é cortado temporariamente na<br />
estrada junto aos terrenos on<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>correm os trabalhos.<br />
As cenas, filmadas na sexta-feira<br />
passada em Montejunto<br />
(próximo da Ota), fazem parte<br />
do documentário sobre a<br />
Batalha <strong>de</strong> Aljubarrota, com<br />
cerca <strong>de</strong> 25 minutos <strong>de</strong> duração,<br />
que recreará o conflito que,<br />
a 14 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1385, opôs<br />
o exército português ao castelhano.<br />
Produzida pela Filmes<br />
do Tejo para a Fundação Batalha<br />
<strong>de</strong> Aljubarrota (FBA), a fita<br />
será exibida no futuro centro<br />
<strong>de</strong> interpretação do campo militar<br />
<strong>de</strong> S. Jorge, que <strong>de</strong>verá abrir<br />
ao público durante o primeiro<br />
trimestre <strong>de</strong> 2007.<br />
As filmagens <strong>de</strong>correram no<br />
último mês, com o grosso do<br />
trabalho a <strong>de</strong>senrolar-se no<br />
campo <strong>de</strong> tiro <strong>de</strong> Alcochete, um<br />
local que permitiu “uma aproximação<br />
muito real ao verda<strong>de</strong>iro<br />
Campo Militar <strong>de</strong> S. Jorge<br />
e recriar no terreno algumas<br />
especificida<strong>de</strong>s da Batalha <strong>de</strong><br />
Aljubarrota, tais como o fosso,<br />
as covas do lobo ou as abatizes<br />
(troncos <strong>de</strong> árvores empilhados<br />
que formavam um dispositivo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa”, explica a<br />
FBA). Houve ainda cenas filmadas<br />
em Alcobaça e no Castelo<br />
<strong>de</strong> S. Jorge, em Lisboa.<br />
A par da equipa <strong>de</strong> produção<br />
e <strong>de</strong> realização, constituída<br />
por cerca <strong>de</strong> 60 elementos,<br />
e do staff <strong>de</strong> apoio, é <strong>de</strong> salientar<br />
a presença diária <strong>de</strong> mais<br />
<strong>de</strong> 150 figurantes, entre profissionais<br />
contratados a empresas<br />
da especialida<strong>de</strong>, membros<br />
do exército e da GNR (agentes<br />
a cavalo) e moradores <strong>de</strong> S. Jorge.<br />
Segundo Rui Coelho, funcionário<br />
da FBA, inscreveramse<br />
11 pessoas da localida<strong>de</strong>,<br />
embora a maioria tenha tido<br />
participações esporádicas, por<br />
“dificulda<strong>de</strong>s em conciliar os<br />
estudos com os horários das filmagens”.<br />
DE S. JORGE<br />
PARA O CINEMA<br />
Patrique Silva, 26 anos, <strong>de</strong>ixou<br />
por um mês a profissão <strong>de</strong><br />
técnico comercial para se <strong>de</strong>dicar<br />
à sétima arte. Resi<strong>de</strong>nte em<br />
S. Jorge, o jovem aceitou o <strong>de</strong>safio<br />
da FBA para participar no<br />
documentário, por consi<strong>de</strong>rar<br />
que “faz todo o sentido ter filhos<br />
PUB<br />
Av. D. Nuno Álvares Pereira, n.º 45- 2.ºDt.º . S. Jorge<br />
2480-062 CALVARIA DE CIMA<br />
Tel.: 244 482 087 . Fax: 244 482 277<br />
E-Mail: mmbatalha@mail.telepac.pt
RICARDO GRAÇA<br />
da terra on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u a batalha<br />
a participar num trabalho que<br />
preten<strong>de</strong> recriar um dos episódios<br />
mais importantes da história<br />
do País”.<br />
Um dos pontos altos da participação<br />
<strong>de</strong> Patrique Silva no<br />
documentário aconteceu na sexta-feira,<br />
dia em que o JORNAL<br />
DE LEIRIA esteve no local das<br />
filmagens, on<strong>de</strong> o jovem assumiu<br />
o papel <strong>de</strong> guarda <strong>de</strong> honra<br />
e <strong>de</strong> sentinela do rei <strong>de</strong> Castela.<br />
“Nestas cenas, apareço mais<br />
próximo <strong>de</strong> alguns dos actores<br />
principais”, diz o figurante, que<br />
<strong>de</strong>sempenhou o papel <strong>de</strong> soldado<br />
português, inglês e francês,<br />
cada um com características<br />
específicas, que o obrigavam<br />
a contactar com diferentes técnicas<br />
<strong>de</strong> luta. Mas o mais complicado<br />
foi suportar o peso do<br />
guarda-roupa e do armamento,<br />
que, em alguns casos, tinha<br />
entre 30 a 40 quilos.<br />
“Quem anda por gosto não<br />
cansa, mas não é fácil andar<br />
com este peso todo”, diz Henrique<br />
Gonçalves, 29 anos, outro<br />
dos figurantes oriundos <strong>de</strong> S.<br />
Jorge, que se manifesta especialmente<br />
surpreendido com o<br />
realismo com que <strong>de</strong>correram<br />
as filmagens. De tal forma, que<br />
chegou a haver alguns aci<strong>de</strong>ntes.<br />
“Um guarda da GNR<br />
teve <strong>de</strong> levar alguns pontos e<br />
houve outros pequenos ferimentos”,<br />
conta o jovem, licenciado<br />
em Relações Internacionais,<br />
que vestiu a pele <strong>de</strong><br />
homem <strong>de</strong> armas, cavaleiro e<br />
besteiro português e espanhol.<br />
“Estive dos dois lados da barricada”,<br />
conta com ironia, consi<strong>de</strong>rando-se<br />
um “privilegiado”.<br />
“Conheci a batalha em<br />
profundida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>i um pequeníssimo<br />
contributo para explicar<br />
parte do nosso passado histórico.”<br />
CALOS NOS DEDOS<br />
Arqueiro inglês, nobre francês,<br />
homem <strong>de</strong> armas castelhano<br />
e português foram alguns<br />
dos papéis <strong>de</strong>sempenhados por<br />
Alexandre Patrício Gouveia,<br />
presi<strong>de</strong>nte da FBA, que trabalhou<br />
ainda como figurante na<br />
abertura das covas do loba.<br />
“Ainda tenho algumas marcas<br />
nos <strong>de</strong>dos”, confi<strong>de</strong>ncia, justificando<br />
a sua participação com<br />
a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envolver o<br />
Escudos feitos em <strong>Leiria</strong><br />
Os 36 escudos usados no documentário<br />
foram feitos no Telheiro, <strong>Leiria</strong>,<br />
em casa <strong>de</strong> Carlos Costa, que coor<strong>de</strong>nou<br />
a equipa responsável pelo<br />
armamento dos actores e figurantes.<br />
“Estão ali muitas horas <strong>de</strong> trabalho”,<br />
diz o armeiro. Mas o trabalho<br />
<strong>de</strong> Carlos Costa e dos seus filhos<br />
Alexandre e César, não se resumiu<br />
ao fabrico dos escudos. A equipa foi<br />
responsável pelo armamento usado no documentário, para o<br />
qual foram necessárias cerca <strong>de</strong> 70 armaduras, a maioria<br />
das quais alugadas em França. “Ajudávamos os actores e<br />
figurantes a aplicar a equipamento e reparávamos as armas<br />
que iam sofrendo estragos”, conta Carlos Costa, especialista<br />
em recriações históricas e um dos autores do ecoparque sensorial<br />
da Pia do Urso, na Batalha.<br />
maior número possível figurantes.<br />
O presi<strong>de</strong>nte da FBA explica<br />
que a i<strong>de</strong>ia inicial era a <strong>de</strong><br />
fazer a recriação da batalha em<br />
computador, mas a instituição<br />
acabou por aceitar a sugestão<br />
da Filmes do Tejo para avançar<br />
para o documentário, apesar<br />
da solução apresentar um<br />
esforço financeiro acrescido.<br />
“Entre fazer um produto bom<br />
ou um muito bom, optámos pela<br />
segunda hipótese. É um espectáculo<br />
que será mostrado durante<br />
vários anos. Por isso, convém<br />
que a qualida<strong>de</strong> seja a<br />
melhor possível”, afirma, sublinhando<br />
que o documentário,<br />
que será traduzido para inglês,<br />
francês e espanhol, apenas po<strong>de</strong>rá<br />
ser visto no centro <strong>de</strong> interpretação,<br />
“não sendo reproduzido<br />
em DVD ou exibido na<br />
televisão”.<br />
Maria Anabela Silva<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006<br />
| V | I | V | E | R | 3 |<br />
As <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> figurantes que<br />
participaram nas cenas <strong>de</strong> luta vão<br />
agora ser “multiplicados” em computador,<br />
para atingir os cerca <strong>de</strong><br />
6.500 soldados portugueses e os<br />
perto <strong>de</strong> 31 mil espanhóis que estiveram<br />
envolvidos em combate.<br />
“Em estúdio vamos multiplicar os<br />
Computador multiplica soldados<br />
cavalos, as pessoas e as setas disparadas,<br />
para dar o maior realismo<br />
possível”, explica Filipe Ver<strong>de</strong>,<br />
chefe <strong>de</strong> produção do<br />
documentário, adiantando que<br />
foram usados cerca <strong>de</strong> 300 fatos,<br />
alguns alugados, outros criados<br />
para o efeito.<br />
“As cotas [revestimento até à<br />
altura dos joelhos usado sobre a<br />
parte superior da armadura <strong>de</strong> um<br />
cavaleiro] <strong>de</strong> malha foram feitas<br />
propositadamente na Índia”, revela<br />
o responsável, realçando o apoio<br />
da GNR e do Exército, nomeadamente,<br />
no empréstimo <strong>de</strong> cavalos<br />
e na cedência <strong>de</strong> cinco tendas militares<br />
e <strong>de</strong> geradores.<br />
As celas foram alugadas em<br />
Espanha, a uma empresa especialista<br />
em filmes <strong>de</strong> época, enquanto<br />
<strong>de</strong> França veio gran<strong>de</strong> parte do<br />
armamento usado e dois cavalos<br />
“falsos”, para simular animais mortos.<br />
As peças do guarda-roupa e<br />
do equipamento militar, feitos propositadamente<br />
para o documentário,<br />
“reverterão para a FBA e<br />
<strong>de</strong>verão ser usados em activida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> animação do campo militar”,<br />
adianta Alexandre Patrício<br />
Gouveia.<br />
RICARDO GRAÇA
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006 | V | I | V | E | R | 4 |<br />
Entre<br />
o Céu...<br />
ISABEL<br />
BAPTISTA<br />
Os esforços da<br />
Associação<br />
Forense do<br />
Oeste, presidida<br />
pela juíza<br />
Isabel Baptista,<br />
para aproximar o cidadão da<br />
justiça foram 'premiados' pelo<br />
apoio da tutela e <strong>de</strong> cinco<br />
câmaras da região à criação do<br />
IFOJUS. Um espaço se<strong>de</strong>ado no<br />
Tribunal <strong>de</strong> Caldas da Rainha,<br />
on<strong>de</strong> estará um advogado que<br />
proporcionará atendimento<br />
especializado e ao qual os cidadãos<br />
po<strong>de</strong>rão ace<strong>de</strong>r a partir<br />
das instalações das autarquias<br />
que a<strong>de</strong>riram ao projecto (Bombarral,<br />
Caldas da Rainha, Óbidos,<br />
Peniche e Rio Maior).<br />
ANTÓNIO LUCAS<br />
A Câmara da<br />
Batalha não<br />
quer <strong>de</strong>sistir<br />
do projecto<br />
Farmácias<br />
Sociais, que<br />
permitiria a<br />
recolha <strong>de</strong><br />
medicamentos<br />
para distribuir pelas pessoas<br />
mais carenciadas do concelho.<br />
Depois do cancelamento da iniciativa,<br />
por imposição do Infarmed<br />
(Instituto Nacional da Farmácia<br />
e do Medicamento),<br />
alegando razões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública,<br />
a autarquia tem insistido<br />
junto <strong>de</strong>sse organismo para que<br />
indique soluções para uma correcta<br />
implementação do projecto,<br />
mas os esforços têm-se<br />
revelado infrutíferos.<br />
| Pessoalíssimo|<br />
Bom apetite<br />
No dia 14,<br />
os quatro golos<br />
marcados ao<br />
União <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong><br />
abriram o<br />
apetite dos<br />
jogadores do<br />
Benfica, como<br />
<strong>de</strong>monstra o<br />
olhar glutão <strong>de</strong><br />
Simão Sabrosa.<br />
Bastou Giovanni<br />
Fortrese, proprietário do Mr. Pizza, no Centro<br />
Comercial D. Dinis, entrar <strong>de</strong> rompante no autocarro dos<br />
encarnados para que as sete pizzas que trazia <strong>de</strong>saparecessem<br />
num ápice. Pior foi a azia <strong>de</strong> golos no jogo contra<br />
o Celtic.<br />
Reflexão risonha<br />
Pelos sorrisos <strong>de</strong> Carlos Noivo, <strong>de</strong> José Maria Ferreira e <strong>de</strong><br />
Yolanda Noivo (Américo Coelho está <strong>de</strong> costas) é natural que a<br />
conversa não tenha sido cinzenta e muito menos quadrada. O<br />
pior veio <strong>de</strong>pois, com as reflexões sobre a campanha do candidato<br />
do PS à Câmara <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>.<br />
A cantiga da presi<strong>de</strong>nte<br />
A presi<strong>de</strong>nte da Câmara <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, Isabel Damasceno, subiu ao<br />
palco da Gala da Central FM, em Fátima, na passada sexta-feira,<br />
para entregar um troféu aos Pólo Norte. A Norte parece estar Emília<br />
Pinto, directora da rádio, com a cantiga da presi<strong>de</strong>nte. Será que<br />
está a pensar na cantiga do subsídio, que a autarquia este ano<br />
<strong>de</strong>cidiu não atribuir ao evento?<br />
Por Portugal e por S. Jorge<br />
O grito <strong>de</strong> guerra dos<br />
portugueses que em 1385<br />
<strong>de</strong>rrotaram os castelhanos<br />
na Batalha <strong>de</strong> Aljubarrota<br />
esteve também<br />
presente no espírito <strong>de</strong><br />
Henrique Gonçalves e<br />
Patrique Silva, dois jovens<br />
figurantes do filme que<br />
irá recriar o combate. Indiferentes<br />
ao peso das armaduras,<br />
que chegavam aos<br />
30 quilos, e às 'maratonas'<br />
<strong>de</strong> filmagens, os<br />
improvisados actores, que<br />
resi<strong>de</strong>m junto ao Campo<br />
Militar <strong>de</strong> S. Jorge, ingressaram<br />
nas fileiras dos dois<br />
exércitos, <strong>de</strong>monstrando<br />
um verda<strong>de</strong>iro espírito<br />
guerreiro.<br />
YOLANDA NOIVO<br />
A <strong>de</strong>selegância<br />
para com o seu<br />
antigo cliente,<br />
Raul Castro, já<br />
que foi a sua<br />
empresa que<br />
trabalhou a<br />
imagem do<br />
candidato do<br />
PS à Câmara <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, foi notória,<br />
com a agravante do visado<br />
se encontrar ausente. Isto num<br />
jantar <strong>de</strong> "reflexão" com sabor<br />
a lavagem <strong>de</strong> roupa suja.<br />
... e o<br />
Inferno<br />
“Muitos colegas,<br />
quando lhes dizia que<br />
estava a fazer<br />
investigação sobre a<br />
velhice respondiam-<br />
-me: estudar os velhos<br />
para quê? Eles vão<br />
morrer<br />
“<br />
ANTÓNIO FONSECA,<br />
PSICÓLOGO E PROFESSOR<br />
UNIVERSITÁRIO<br />
| N a p o n t a d a l í n g u a |<br />
“Por se ser<br />
português, é-se olhado<br />
<strong>de</strong> lado. De Portugal só<br />
fado, futebol e<br />
Cristiano<br />
Ronaldo<br />
“<br />
RICARDO COELHO,<br />
VOCALISTA DOS LOTO<br />
“Não temos que<br />
nos pôr em bicos <strong>de</strong><br />
pés. Se for preciso<br />
vamos <strong>de</strong><br />
joelhos<br />
“<br />
JOSÉ GONÇALVES SAPINHO,<br />
PRESIDENTE DA CÂMARA DE<br />
ALCOBAÇA, SOBRE O<br />
CONCELHO NO CONTEXTO<br />
REGIONAL<br />
“Não há problemas<br />
<strong>de</strong> sucessão quando as<br />
pessoas são competentes.<br />
Só se colocam quando há<br />
nabos<br />
“<br />
BELMIRO DE AZEVEDO,<br />
PRESIDENTE DA SONAE
Entrevista<br />
Ricardo Coelho, vocalista dos Loto<br />
“Não aparecemos<br />
<strong>de</strong> pára-quedas”<br />
Em Alcobaça há um<br />
movimento artístico<br />
que, para Ricardo<br />
Coelho, só o futuro e<br />
a história po<strong>de</strong>m vir a<br />
explicar. Humil<strong>de</strong>, diz<br />
que gosta <strong>de</strong> ver a<br />
ascensão dos Loto<br />
como uma escada e a<br />
participação <strong>de</strong><br />
músicos famosos em<br />
Beat Riot po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>spertar a<br />
curiosida<strong>de</strong><br />
internacional. O hip-<br />
-hop, fruto do<br />
fenómeno Morangos<br />
com Açúcar, tem sido<br />
uma espécie <strong>de</strong> filão<br />
<strong>de</strong> ouro para as<br />
editoras. Alcobaça<br />
tem mais oferta<br />
cultural que <strong>Leiria</strong><br />
The Gift, Samuel Jerónimo e<br />
Spartak são algumas das bandas<br />
que nasceram em Alcobaça. Existe<br />
realmente algo que se possa<br />
chamar <strong>de</strong> “som <strong>de</strong> Alcobaça” da<br />
mesma maneira que se fala do<br />
som da Motown?<br />
Não. Po<strong>de</strong> falar-se <strong>de</strong> um movimento<br />
<strong>de</strong> pessoas, não só ligado<br />
à música, mas à arte em geral:<br />
Fotógrafos, realizadores, músicos<br />
e artistas plásticos. É difícil explicar.<br />
Talvez seja uma coincidência<br />
ou o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> passar as fronteiras<br />
<strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> com sete mil<br />
habitantes. Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser curioso.<br />
Como é que uma cida<strong>de</strong> tão<br />
pequena consegue ter tanta coisa<br />
boa? Talvez o futuro e a história<br />
possam vir a explicar isso.<br />
RICARDO ROSENHEIM RODRIGUES<br />
Os Loto produzem pouco, mas<br />
são muito populares. Porquê?<br />
Os Loto são uma história antiga.<br />
Não aparecemos <strong>de</strong> pára-quedas.<br />
Começámos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> miúdos e<br />
somos amigos <strong>de</strong> infância. Em<br />
1999, no segundo concerto, tivemos<br />
a sorte <strong>de</strong> actuar no festival<br />
Pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Coura. Foi um arrancar<br />
auspicioso. Depois gravámos<br />
um EP, que nos <strong>de</strong>u o primeiro<br />
contacto com a imprensa. Em 2004,<br />
gravámos o primeiro álbum e, esse<br />
sim, foi mediático. Agora com Beat<br />
Riot já são três. Gosto mais <strong>de</strong> ver<br />
as coisas como uma escada. A nossa<br />
ascensão meteórica talvez não<br />
seja tão evi<strong>de</strong>nte e este é mais um<br />
<strong>de</strong>grau.<br />
Em Beat Riot contam com a<br />
participação <strong>de</strong> Peter Hook (Joy<br />
Division, New Or<strong>de</strong>r) e do guitarrista<br />
Del Marquis (Scissor Sisters).<br />
É <strong>de</strong> alguma forma uma<br />
tentativa <strong>de</strong> internacionalizar os<br />
Loto e conseguir actuar no estrangeiro?<br />
Sim. Quando estabelecemos os<br />
Pink Floyd, Beatles e as revistas<br />
Se a música <strong>de</strong>r para o torto uma licenciatura em Relações<br />
Internacionais levará Ricardo Coelho a “uma carreira diplomática”,<br />
diz convicto. Natural <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, sabe on<strong>de</strong> fica o “quartinho”<br />
on<strong>de</strong> nasceu na antiga Casa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, que lamenta “esteja<br />
ao abandono”. Os discos dos Pink Floyd e dos Beatles, que o<br />
pai ouvia sem cessar, e as revistas especializadas do irmão levaram-no<br />
à música: A dita anglo-saxónica. Histórias engraçadas?<br />
Tantas! Quase partiam para a agressão quando viam Loto<br />
escrito com dois tês ou se nos concertos, os mimavam com<br />
“bingos e linhas”. Entrevistado como vocalista, não se cansa <strong>de</strong><br />
lembrar que os Loto são três. Actuar no Super Bock Super Rock<br />
antes dos New Or<strong>de</strong>r e ouvir elogios da parte do baterista do<br />
grupo foi um momento que não esquecerá.<br />
CURTAS<br />
The Gift: Persistência,<br />
<strong>de</strong>dicação e exemplo<br />
Anos setenta: Funky disco<br />
Programa <strong>de</strong> televisão:<br />
Duarte e companhia e os<br />
Simpsons<br />
New Or<strong>de</strong>r: Referência<br />
fundadora<br />
<strong>Leiria</strong>: União <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> e José<br />
Mourinho<br />
Políticos: Factor cunha<br />
Coltura (com o): Faz falta<br />
“colturizar” os portugueses<br />
Ar <strong>de</strong> Rock: Beat Riot<br />
contactos foi tudo muito informal.<br />
Enviámos a música a sete ou<br />
oito pessoas que consi<strong>de</strong>rávamos<br />
os nossos heróis. Pedimos que<br />
ouvissem o CD e que nos <strong>de</strong>ssem<br />
uma opinião. O mais engraçado<br />
foi o período <strong>de</strong> feed-back, em que<br />
recebemos respostas on<strong>de</strong> diziam<br />
que tinham adorado as músicas e<br />
on<strong>de</strong> se ofereciam para gravar<br />
connosco. Foi fantástico. Ainda<br />
por cima sabendo que foi tudo<br />
directo e que não havia managers<br />
pelo meio. Nunca se falou sequer<br />
na questão monetária. Eles são<br />
estrelas <strong>de</strong> rock e não tínhamos<br />
condições para lhes pagar. Quanto<br />
ao actuar no estrangeiro, é mais<br />
uma questão <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong>. Quando<br />
se vê, por exemplo, a participação<br />
do Peter Hook, isso <strong>de</strong>sperta<br />
curiosida<strong>de</strong> nas pessoas. Como é<br />
que uma banda <strong>de</strong>sconhecida consegue<br />
estas participações? É um<br />
objectivo, mas estamos em fase<br />
embrionária.<br />
Recolheram-se numa casa à<br />
beira-mar para realizar este disco.<br />
Os Loto são “uns meninos<br />
bem comportadinhos”?<br />
Se soubesse o que aconteceu<br />
nessa casa... Estou a brincar. Foi<br />
como uma partida <strong>de</strong> futebol. Foi<br />
a bola no meio campo. É uma fase<br />
complicada na concepção <strong>de</strong> um<br />
disco. Fechámo-nos numa zona<br />
on<strong>de</strong> não se passava nada, on<strong>de</strong><br />
não tínhamos vizinhos e podíamos<br />
fazer barulho. Se somos bem<br />
comportados? Acho que somos<br />
basicamente simples, mas com os<br />
nossos momentos. Sou um tipo<br />
politicamente correcto.<br />
António Manuel Ribeiro, dos<br />
UHF, disse há dias que “é preciso<br />
muita coragem para cantar<br />
em português, que o inglês é mais<br />
fácil e que não traz valor acrescentado<br />
quando se fala <strong>de</strong> música<br />
portuguesa. Concorda?<br />
Não concordo. As pessoas têm<br />
que ser naturais e espontâneas. Se<br />
as minhas referências não são os<br />
UHF ou os Xutos & Pontapés e se<br />
passei a minha infância a ouvir<br />
Smiths, New Or<strong>de</strong>r ou Joy Division<br />
quando estou à frente <strong>de</strong> um<br />
teclado ou <strong>de</strong> uma guitarra as coisas<br />
saem naturalmente em inglês.<br />
Sou português e muito orgulhoso<br />
da minha língua, mas em termos<br />
artísticos faço aquilo que é<br />
mais natural. Em chinês, inglês ou<br />
eslovaco, a preocupação da música<br />
é transmitir uma mensagem.<br />
Ouvimos todos os dias bandas<br />
estrangeiras com muito menos<br />
qualida<strong>de</strong> a passar nas rádios.<br />
Porque é que as nacionais não<br />
vingam no estrangeiro?<br />
Muito simples. Só o chamado<br />
World Music consegue ter espaço<br />
lá fora. Quando uma editora<br />
portuguesa pega em alguém, o<br />
objectivo é só Portugal. Só cá é<br />
que isto acontece. Em França e<br />
Inglaterra o objectivo é o mundo.<br />
Temos que ser nós a mostrar o<br />
nosso trabalho e muitas vezes, por<br />
se ser português, é-se olhado <strong>de</strong><br />
lado. De Portugal só fado, futebol<br />
e Cristiano Ronaldo. Só o que tem<br />
marca <strong>de</strong> portugalida<strong>de</strong> é que consegue.<br />
É o caso da Mariza.<br />
Concorda que existe uma overdose<br />
<strong>de</strong> hip-hop na música portuguesa<br />
actual?<br />
Em Portugal as pessoas gostam<br />
muito <strong>de</strong> capitalizar as modas.<br />
O hip-hop, fruto do fenómeno<br />
Morangos com Açúcar, tem sido<br />
uma espécie <strong>de</strong> filão <strong>de</strong> ouro. As<br />
editoras já perceberam isso. Vai<br />
ser mais uma moda passageira.<br />
Existe alguma rivalida<strong>de</strong> no<br />
seio das novas bandas nacionais,<br />
ou há lugar para todos?<br />
Devia haver. Infelizmente não<br />
há rivalida<strong>de</strong> nenhuma entre bandas.<br />
Damo-nos todos muito bem.<br />
Se existissem revistas cor-<strong>de</strong>-rosa<br />
da música se calhar existiram rivalida<strong>de</strong>s.<br />
Há espaço para todos.<br />
Que críticas tem a fazer à indústria<br />
discográfica portuguesa?<br />
As editoras tem todas falta <strong>de</strong><br />
rumo. Têm tido dificulda<strong>de</strong> em<br />
perceber o que está a acontecer<br />
com o po<strong>de</strong>r da internet. Pergunto-me<br />
o que é que eles andam aqui<br />
a fazer. Conheço casos muito interessante<br />
que não conseguem passar.<br />
Depois, vemos a televisão e a<br />
rádio inundadas com projectos<br />
que foram feitos claramente para<br />
ven<strong>de</strong>r. Todos esses produtos fabricados<br />
da TVI e da SIC. Parece que<br />
há uma conspiração entre eles para<br />
passar artistas que muito ficam a<br />
<strong>de</strong>ver ao talento.<br />
Acha que po<strong>de</strong>rão um dia chegar<br />
a um top?<br />
Seria um bom sinal mas não<br />
penso muito nisso. Aquilo que<br />
fazemos, se calhar não é para um<br />
público tão vasto. Só vivo obcecado<br />
em dar bons concertos e fazer<br />
com que sejamos associados a uma<br />
festa. Que as pessoas se sintam<br />
obrigadas a dançar.<br />
Alcobaça tem-se distinguido<br />
no distrito pela sua oferta cultural.<br />
A que é isto se <strong>de</strong>ve?<br />
Depois <strong>de</strong> um marasmo <strong>de</strong> cinco<br />
ou seis anos as pessoas abriram<br />
a pestana. Deveu-se à abertura<br />
do Clinic (bar em Alcobaça),<br />
ao ressurgimento do Cine-Teatro<br />
com bailados, teatro... Acaba por<br />
ser engraçado porque esta aposta<br />
dá frutos. Além das bandas,<br />
temos o melhor trombonista nacional,<br />
um dos melhores tocadores<br />
<strong>de</strong> tuba do mundo, as marionetas<br />
e por aí fora. Alcobaça tem sido<br />
um polo <strong>de</strong> megalomania cultural.<br />
Tem muito mais oferta cultural<br />
que <strong>Leiria</strong>.<br />
Ricardo Rosenheim Rodrigues<br />
| V | I | V | E | R | 5 |<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006
| V | I | V | E | R | 6 |<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006<br />
Memórias<br />
“1 <strong>de</strong> Novembro,<br />
Dia <strong>de</strong> Todos-os-<br />
-Santos e <strong>de</strong> Pão<br />
por Deus. As<br />
crianças<br />
espalham-se pelas<br />
ruas e batem às<br />
portas: “Pão por<br />
Deus”! Nas arcas<br />
há nozes,<br />
castanhas e figos<br />
secos... e a<br />
tradição manda<br />
que não se<br />
encham bornais<br />
com «tenha<br />
paciência». Os<br />
pobres tiram o<br />
pão da boca para<br />
os filhos dos<br />
pobres. E os ricos<br />
saco<strong>de</strong>m as<br />
migalhas, em<br />
nome <strong>de</strong> Deus, Dia<br />
<strong>de</strong> Todos-os-<br />
-Santos, Dia <strong>de</strong><br />
Todos os Pobres”,<br />
in Esteiros, <strong>de</strong><br />
Soeiro Pereira<br />
Gomes<br />
Dia <strong>de</strong> Todos-os-Santos e Pão por Deus<br />
Santos, santinhos<br />
e bolinhos<br />
FOTOS: DR<br />
No dia 1 <strong>de</strong> Novembro, logo<br />
pela manhã, ranchos <strong>de</strong> crianças<br />
circulam pelas ruas das al<strong>de</strong>ias,<br />
vilas e cida<strong>de</strong>s, com sacos a tiracolo,<br />
batendo às portas ou tocando<br />
às campainhas dos prédios,<br />
gritando “Pão por Deus!” Em alguns<br />
casos, entoam um recitativo que<br />
diz “Bolinhos, bolinhos, por alma<br />
dos seus <strong>de</strong>funtinhos!” Ou “Ó tia<br />
dá bolinho, em louvor dos seus<br />
santinhos!”<br />
Mas, embora a tradição diga<br />
que se <strong>de</strong>ve dar maçãs, nozes, castanhas,<br />
e sobretudo bolinhos, hoje<br />
em dia banalizou-se a oferta <strong>de</strong><br />
rebuçados e outros doces comprados<br />
no supermercado. Mas o<br />
que as crianças mais cobiçam é<br />
mesmo o dinheiro, que também<br />
se torna mais prático para quem<br />
abre a porta para oferecer.<br />
Segundo o etnomusicólogo,<br />
José Alberto Sardinha, no seu livro<br />
Tradições Musicais da Estremadura,<br />
a origem da expressão Pão<br />
por Deus <strong>de</strong>ve estar no costume<br />
que Leite <strong>de</strong> Vasconcelos (Etnografia<br />
Portuguesa) assinala relativamente<br />
a vários pontos do País:<br />
por ocasião <strong>de</strong> um enterro, dava-<br />
-se esmola a estranhos, sobretudo<br />
pobres, encontrados ao acaso,<br />
por se acreditar que neles podia<br />
estar abrigada a alma do morto.<br />
No enterro <strong>de</strong> um rico, o pagamento<br />
que havia <strong>de</strong> fazer-se ao<br />
padre e ao sacristão, <strong>de</strong>via dar-se<br />
aos pobres, que <strong>de</strong>pois passavam<br />
a receber esmola em dias certos.<br />
Ainda hoje, a localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Soutos<br />
da Caranguejeira, <strong>Leiria</strong>, é um<br />
dos exemplos on<strong>de</strong> os adultos têm<br />
também um ritual a cumprir: durante<br />
a tar<strong>de</strong>, toda a gente tem a porta<br />
aberta e uma mesa com bolinhos<br />
e vinho à discrição para<br />
receber familiares e amigos.<br />
No seu livro Comunida<strong>de</strong> rural<br />
ao norte do Tejo, o sociólogo Moisés<br />
do Espírito Santo, explica que,<br />
no dia <strong>de</strong> Todos-os-Santos, os habitantes<br />
que cultivam milho e azeite<br />
<strong>de</strong>vem fazer bolos para oferecer<br />
aos vizinhos mais pobres e<br />
àqueles que os ajudaram nas li<strong>de</strong>s<br />
agrárias. Para as crianças pobres,<br />
é o dia do Santoro, palavra que<br />
em latim significa pão dos santos.<br />
E todos <strong>de</strong>vem participar nesta<br />
partilha, oferecendo do que têm:<br />
pão, frutos ou tremoços. Esta celebração<br />
integra-se no ciclo das<br />
colheitas e da partilha, no qual se<br />
inclui também a festivida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
S. Martinho (11 <strong>de</strong> Novembro).<br />
O dia <strong>de</strong> Todos-os-Santos foi<br />
criado pela Igreja Católica, no início<br />
do século VII, através do Papa<br />
Bonifácio IV, para os honrar a<br />
“todos”. É que no calendário da<br />
Igreja cada dia tem o seu santo,<br />
só que há mais santos do que os<br />
365 dias do ano. No século X, a<br />
mesma Igreja <strong>de</strong>dicou o dia 2 <strong>de</strong><br />
Novembro às almas, em memória<br />
<strong>de</strong> todos os falecidos. Ainda<br />
S. CRISTOVÃO, PATRONO<br />
DE CARANGUEJEIRA, LEIRIA<br />
para Moisés do Espírito Santo, os<br />
santos são invocados por motivos<br />
<strong>de</strong> uma doença, pelo regresso <strong>de</strong><br />
um familiar ou por uma questão<br />
comercial. “É, no entanto, necessário<br />
<strong>de</strong>finir qual é o exacto papel<br />
que eles <strong>de</strong>sempenham. Duvidamos<br />
da noção do santo que cura.<br />
Os santos são evocados a favor da<br />
saú<strong>de</strong> mas os fiéis não consi<strong>de</strong>ram<br />
que eles próprios curem: apenas<br />
conce<strong>de</strong>m graças, que são uma<br />
ajuda psicológica reconfortante”.<br />
Mas não <strong>de</strong>ve pensar-se, esclarece<br />
ainda este sociólogo das religiões,<br />
que é “exclusivamente a<br />
gente do povo que recorre aos santos.<br />
É nas igrejas das cida<strong>de</strong>s e das<br />
vilas, entre as classes médias, que<br />
mais se encontram estas práticas,<br />
relacionadas com a solidão e com<br />
o <strong>de</strong>senraizamento”.<br />
Há igualmente algumas curiosida<strong>de</strong>s<br />
relacionadas com a vida<br />
dos santos. No seu livro A religião<br />
popular portuguesa, Moisés do<br />
Espirito Santo escreve: “Todas as<br />
narrativas referentes aos santos<br />
populares (e a muitos dos que são<br />
venerados pela Igreja) apresentam<br />
estas constantes: não são casados<br />
e não fazem menção da sua família<br />
e renunciaram ao estatuto <strong>de</strong><br />
macho e <strong>de</strong> pai. Os teólogos misóginos,<br />
como os apóstolos Paulo e<br />
João, dirão que os «santos são<br />
aqueles que não se sujaram com<br />
as mulheres» (in Apocalipse) «<strong>de</strong>ssas<br />
mulherzinhas carregadas <strong>de</strong><br />
pecados, arrastando toda a espécie<br />
<strong>de</strong> vícios e que, sempre a apren<strong>de</strong>r,<br />
são incapazes <strong>de</strong> atingir o<br />
conhecimento da verda<strong>de</strong>» (in<br />
Segunda Epístola a Timóteo).<br />
GM<br />
S. SIMÃO<br />
Há mais santos que dias do ano<br />
Em Alcobaça, são venerados no próximo sábado, dia 28, dois apóstolos: São Simão e São Judas Ta<strong>de</strong>u.<br />
São Simão, também chamado <strong>de</strong> Zelote ou Cananeu, é o apóstolo sobre o qual as escrituras contêm menos<br />
informações. Nascido na Galileia era, segundo a tradição, parente <strong>de</strong> Jesus. Como os outros apóstolos também<br />
percorreu os caminhos da Palestina, pregando o Evangelho. Passou pelo Egipto, Norte <strong>de</strong> África, Espanha,<br />
Bretanha e Ásia Menor. Terá sido morto já com 120 anos. Pelo São Simão a São Judas já colhidas são<br />
as uvas e Pelo São Simão, quem não faz um magusto, não é cristão são apenas dois dos muitos provérbios<br />
sobre este santo. São Judas (patrono das causas <strong>de</strong>sesperadas) é também <strong>de</strong>signado por Ta<strong>de</strong>u (que significa<br />
o corajoso). É um dos 12 Apóstolos escolhidos por Jesus para o acompanhar na sua vida pública. Irmão <strong>de</strong><br />
S. Tiago Menor, primo <strong>de</strong> Jesus, <strong>de</strong>dicou-se à pregação do Evangelho na Ju<strong>de</strong>ia, Samaria, Mesopotâmia (hoje<br />
região do Iraque) e na Pérsia, aon<strong>de</strong> viria a morrer martirizado, juntamente com o Apostolo São Simão. Costuma<br />
ser representado com uma moca ou cacete na mão porque foi assassinado à paulada. O seu corpo foi<br />
trazido para Roma, on<strong>de</strong> é venerado na Basílica <strong>de</strong> São Pedro, no Vaticano. Um escritor eclesiástico assegura<br />
que “entre os <strong>de</strong>votos <strong>de</strong> S. Judas, poucos há que não tenham recebido provas especiais da sua assistência<br />
nas doenças, nos assuntos mais difíceis e mesmo no <strong>de</strong>sespero, temores, <strong>de</strong>sgostos, calúnias, pobreza,<br />
miséria, e nas ocasiões em que toda a esperança humana parecia perdida”.<br />
S. JUDAS TADEU
Agenda<br />
Sábado, na Marinha Gran<strong>de</strong><br />
O Enigma<br />
<strong>de</strong> Luís <strong>de</strong> Matos<br />
Luís <strong>de</strong> Matos apresenta<br />
sábado, dia 28, o espectáculo<br />
<strong>de</strong> ilusionismo Enigma, às 21<br />
horas, no Parque Municipal <strong>de</strong><br />
Exposições, Marinha Gran<strong>de</strong>.<br />
A entrada é gratuita e os bilhetes<br />
estão disponíveis para reserva<br />
e levantamento até amanhã,<br />
sexta-feira, na recepção<br />
daquele recinto. Este espectáculo<br />
marca o encerramento da<br />
6ª Bienal <strong>de</strong> Artes Plásticas da<br />
Marinha Gran<strong>de</strong> – Prémio Pintor<br />
Fernando <strong>de</strong> Azevedo. Um<br />
ano <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter vindo à Marinha<br />
Gran<strong>de</strong>, o conhecido ilusionista<br />
português regressa com<br />
um novo e ainda mais elaborado<br />
espectáculo. Novas ilusões<br />
e apresentações diferentes<br />
<strong>de</strong> alguns clássicos vão ser<br />
exibidos ao público. Sucessor<br />
do espectáculo Close-Up, do<br />
ano passado, Enigma promete<br />
obter um êxito ainda maior<br />
junto do público.<br />
DR<br />
| V | I | V | E | R | 7 |<br />
●<br />
|quinta|<br />
26<br />
Volver (voltar), <strong>de</strong> Pedro<br />
Almodóvar (maiores <strong>de</strong> 12<br />
anos), no Teatro Miguel<br />
Franco, LEIRIA, às 15:45,<br />
18:45 e 21:45 horas. Este<br />
filme, com Penélope Cruz e<br />
Cármen Maura, ficará em<br />
exibição até 1 <strong>de</strong> Novembro.<br />
Nos dias 27, 28 e 31 po<strong>de</strong><br />
também ser visto às 00:15<br />
horas<br />
●<br />
|sexta|<br />
27<br />
Hora do<br />
Conto, com<br />
a história<br />
Sempre ocupado<br />
Sebastião,<br />
pelas<br />
contadoras<br />
Luísa e<br />
Tânia. Às 14:30 horas, na<br />
Biblioteca Municipal <strong>de</strong> LEI-<br />
RIA<br />
Concerto pela Banda Filarmónica<br />
Vermoilense, às 21<br />
horas, seguido da actuação<br />
do grupo <strong>de</strong> dança Nova<br />
Geração, no recinto do Bodo<br />
das Castanhas, VERMOIL,<br />
Pombal<br />
Projecção <strong>de</strong> Live in New<br />
York, concerto <strong>de</strong> Amália no<br />
Town Hall em New York, a 2<br />
<strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1990, às<br />
21:30 horas, no auditório do<br />
Edifício Cultural <strong>de</strong> PENICHE<br />
Grupo Musicantiga interpreta<br />
obras <strong>de</strong> Rosenmüller,<br />
Buxthehu<strong>de</strong>, Ariosti,<br />
Rameau, Bach e Monteverdi,<br />
às 21:30 horas, no auditório<br />
municipal Casa da Música,<br />
ÓBIDOS. O espectáculo integra-se<br />
na Temporada <strong>de</strong><br />
Cravo <strong>de</strong> Óbidos, <strong>de</strong>dicada<br />
aos 250 anos do nascimento<br />
<strong>de</strong> Mozart<br />
●<br />
|sábado|<br />
28<br />
Atelier <strong>de</strong><br />
bijutaria, a<br />
cargo <strong>de</strong><br />
Liliana<br />
Maia,<br />
entre as<br />
14 e as<br />
17;30<br />
horas, na Livraria Arquivo,<br />
LEIRIA<br />
Espectáculo pelo Grupo e<br />
Cantares Pinhal D´El-Rei e<br />
Grupo <strong>de</strong> Cantares da<br />
Casa do Povo do Arrabal<br />
pelas 21:30 horas, no<br />
auditório da Junta <strong>de</strong> Freguesia<br />
do ARRABAL, <strong>Leiria</strong>.<br />
Uma iniciativa inserida<br />
no projecto Rotas da<br />
Música, organizado pelo<br />
primeiro grupo com o<br />
patrocínio da Câmara<br />
Municipal<br />
Canções e filmes <strong>de</strong> sempre<br />
(A canção <strong>de</strong> Lisboa,<br />
Pátio das cantigas ou<br />
Menina da rádio), com<br />
Dulce Guimarães e Tozé<br />
Morais, pelas 15 horas, no<br />
gran<strong>de</strong> auditório do Cineteatro<br />
<strong>de</strong> ALCOBAÇA<br />
Pedro Tochas e o seu lado<br />
B (espectáculo para maiores<br />
<strong>de</strong> 16 anos), às 21:30<br />
horas, no Teatro-Cine <strong>de</strong><br />
POMBAL, integrado no<br />
Festival <strong>de</strong> Teatro<br />
Concerto comemorativo do<br />
82º aniversário da Filarmónica<br />
Ilhense, pelas 21horas, no<br />
Salão Paroquial da Ilha,<br />
POMBAL<br />
Festival <strong>de</strong> folclore com grupos<br />
<strong>de</strong> Colmeias e Carni<strong>de</strong>,<br />
pelas 15 horas, no recinto do<br />
Bodo das Castanhas, VER-<br />
MOIL, Pombal<br />
Concerto com Seven Stichese<br />
W.AK.O., às 22 horas, no<br />
Centro da Juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
FIGUEIRA DA FOZ<br />
Encontro <strong>de</strong> coros infantis<br />
do concelho, pelas 16 horas,<br />
na se<strong>de</strong> dos Bombeiros<br />
Voluntários <strong>de</strong> CALDAS DA<br />
RAINHA<br />
Encerramento da Temporada<br />
<strong>de</strong> Cravo <strong>de</strong> Óbidos, às 21:30<br />
horas, no auditório municipal<br />
Casa da Música, ÓBIDOS,<br />
com o Grupo <strong>de</strong> Música<br />
Antiga da OP - Companhia<br />
Portuguesa <strong>de</strong> Ópera, com a<br />
obra A <strong>de</strong>scida <strong>de</strong> Orfeu aos<br />
infernos, <strong>de</strong> Marc-Antoine<br />
Charpentier<br />
O sabor <strong>de</strong> uma história<br />
integrada na Hora do conto<br />
para pais e filhos, pelas 16<br />
horas, na Biblioteca Municipal<br />
<strong>de</strong> POMBAL<br />
●<br />
|domingo|<br />
29<br />
Espectáculo<br />
Teatro <strong>de</strong><br />
sombras, a<br />
cargo do<br />
Museu <strong>de</strong><br />
Imagem em<br />
Movimento, às 15 horas, no<br />
auditório da Casa-Museu<br />
João Soares, CORTES, <strong>Leiria</strong>.<br />
Entrada livre<br />
Concerto pela Escola <strong>de</strong><br />
Música Sport Operário Marinhense<br />
e corais do Orfeão<br />
<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>/Conservatório <strong>de</strong><br />
Artes, a partir das 16:30<br />
horas, no Parque Municipal<br />
<strong>de</strong> Exposições da MARINHA<br />
GRANDE<br />
O Grupo <strong>de</strong> Teatro Amador<br />
<strong>de</strong> Almagreira apresenta,<br />
pelas 15 horas, a peça As<br />
torres da má hora, na se<strong>de</strong><br />
do Grupo Desportivo e<br />
Recreativa <strong>de</strong> Cavadas, LOU-<br />
RIÇAL, Pombal<br />
Concerto peça Orquestra<br />
Académica Metropolitana,<br />
às 16 horas, no espaço Coto<br />
- Areco, CALDAS DA RAI-<br />
NHA<br />
●<br />
|segunda|<br />
30<br />
Physicomic,<br />
teatro pela<br />
Associação<br />
Cultural -<br />
Encerrado<br />
para obras,<br />
às 21:30<br />
horas, no<br />
Teatro Académico Gil Vicente,<br />
COIMBRA<br />
●<br />
|quarta|<br />
01<br />
A gata borralheira,<br />
peça <strong>de</strong><br />
teatro para<br />
maiores <strong>de</strong><br />
14 anos,<br />
sobe ao<br />
palco do<br />
Cine-teatro <strong>de</strong> ALCOBAÇA,<br />
pelas 21:30 horas. Com texto<br />
<strong>de</strong> Robert Walser e encenação<br />
<strong>de</strong> Ricardo Aibéo,<br />
trata-se <strong>de</strong> uma co-produção<br />
da Artemre<strong>de</strong>, Teatro<br />
Viriato e Cultergest, on<strong>de</strong><br />
estreou no passado mês <strong>de</strong><br />
Setembro<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006 | V | I | V | E | R | 8 |<br />
Agenda<br />
Exposições<br />
DR<br />
Várias exposições no Orfeão Velho <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong><br />
Espectáculos<br />
<strong>de</strong> A Kowalski em fotos<br />
Na Rota do Mito Napoleónico, exposição<br />
<strong>de</strong> fotografia, alusiva à recriação<br />
histórica dos 195 anos do Combate da<br />
Redinha, que se realizou em Março passado<br />
naquela freguesia <strong>de</strong> Pombal. De<br />
autoria <strong>de</strong> Mário Lino, a mostra fica patente<br />
ao público até 23 <strong>de</strong> Novembro, na<br />
galeria <strong>de</strong> exposições do Teatro-Cine <strong>de</strong><br />
POMBAL<br />
Cruz 33 é o nome da instalação <strong>de</strong><br />
Nuno Bettencourt, em exposição na Casa<br />
Alguns dos espectáculos já encenados<br />
por Andrzej Kowalski po<strong>de</strong>m ser revistos<br />
numa exposição fotográfica, patente no<br />
Orfeão Velho <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, no âmbito do XI<br />
Acaso - Festival <strong>de</strong> Teatro, a cargo do grupo<br />
O Nariz, que tem início hoje na Batalha<br />
e se prolonga até 2 <strong>de</strong> Dezembro. Em simultâneo,<br />
estão também em exposição naquele<br />
espaço uma mostra <strong>de</strong> fotografia <strong>de</strong> teatro<br />
(produções <strong>de</strong> O Nariz), da autoria <strong>de</strong><br />
Paulo Azevedo e outra <strong>de</strong> ilustração, da<br />
autoria <strong>de</strong> Rui Cardoso. As fotografias dos<br />
| N o v a s |<br />
dos Barcos, CALDAS DA RAINHA, integrada<br />
nos Projectos Estaminais do Festival<br />
Sonda<br />
espectáculos <strong>de</strong> Andrzej Kowalski são da<br />
autoria da sua filha, Maria Kowalski. Este<br />
encenador é polaco mas há vários anos que<br />
vive em <strong>Leiria</strong>, on<strong>de</strong> casou. Uma das suas<br />
muitas criações é a peça Puta <strong>de</strong> Prisão (na<br />
foto), <strong>de</strong> Isabel do Carmo e Fernanda Fráguas,<br />
em parceria com a Cooperativa Bonifrates.<br />
Este encenador vai também integrar<br />
a temporada do Teatro Nacional D. Maria<br />
II, dirigido por Carlos Fragateiro, através <strong>de</strong><br />
Namanha Makbunhe, trabalho com um grupo<br />
<strong>de</strong> guineenses.<br />
Fotografia <strong>de</strong> Jorge<br />
Mol<strong>de</strong>r em exposição<br />
no Centro <strong>de</strong> Artes<br />
Visuais, no Pátio da<br />
Inquisição, COIMBRA,<br />
até 28 <strong>de</strong> Janeiro. Com<br />
curadoria <strong>de</strong> Delfim<br />
Sado, a mostra Condições<br />
<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> é o “corolário” <strong>de</strong><br />
27 anos <strong>de</strong> colaboração do fotógrafo em<br />
diversos encontros <strong>de</strong> fotografia, e também<br />
com o Projecto Mnemosyne, em 2000<br />
Exposição multifacetada, composta por<br />
trabalhos diversos executados por pessoas<br />
da paróquia <strong>de</strong> POUSOS, <strong>Leiria</strong>, a<br />
inaugurar no próximo dia 11, pelas 15:30<br />
horas, no salão paroquial. A finalida<strong>de</strong> é<br />
angariar fundos para a construção <strong>de</strong> uma<br />
nova igreja<br />
| A d e c o r r e r |<br />
ALCOBAÇA<br />
A história da cerâmica da<br />
região (<strong>de</strong> 1860 a 1918) está<br />
contada, através <strong>de</strong> uma mostra<br />
<strong>de</strong> 250 peças, na Galeria da Ala<br />
Sul do Mosteiro <strong>de</strong> Santa<br />
Maria, até dia 31<br />
Exposição <strong>de</strong> pintura <strong>de</strong> Mário<br />
Rodrigues (elementos sobrepostos<br />
num aparente caos), na<br />
galeria da Caixa Agrícola, até<br />
30 <strong>de</strong> Novembro<br />
BATALHA<br />
Opera Múltipla<br />
é o nome da<br />
mostra <strong>de</strong> Júlio<br />
Pomar, composta<br />
por cerca <strong>de</strong><br />
30 peças da sua<br />
autoria, entre<br />
pintura, gravura<br />
e escultura,<br />
patente até 13 <strong>de</strong> Novembro,<br />
na Galeria <strong>de</strong> Exposições Mouzinho<br />
<strong>de</strong> Albuquerque<br />
CALDAS DA RAINHA<br />
Cerâmica contemporânea japonesa,<br />
exposição patente no<br />
Museu <strong>de</strong> Cerâmica, até 23 <strong>de</strong><br />
Novembro. Com o alto patrocínio<br />
da Embaixada e da Fundação<br />
do Japão, esta mostra conta<br />
com 44 obras <strong>de</strong> uma nova<br />
geração <strong>de</strong> ceramistas <strong>de</strong> referência<br />
daquele país<br />
Um percurso na colecção do<br />
Museu <strong>de</strong> José Malhoa, mostra<br />
patente na Galeria Municipal<br />
Osíris<br />
A Galeria umnome tem patente,<br />
até final <strong>de</strong>ste mês, uma exposição<br />
<strong>de</strong> escultura <strong>de</strong> David Oliveira,<br />
O namoro<br />
FÁTIMA<br />
Exposição <strong>de</strong> trabalhos realizados<br />
pelos resi<strong>de</strong>ntes do<br />
Centro <strong>de</strong> Fátima da Comunida<strong>de</strong><br />
Vida e Paz, até final <strong>de</strong>ste<br />
mês<br />
Sou o Anjo da Paz, mostra<br />
sobre iconografia angélica, na<br />
sala <strong>de</strong> exposições temporárias<br />
do Museu <strong>de</strong> Arte Sacra e<br />
Etnologia, até 1 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong><br />
2007<br />
Terna e sublime presença<br />
(obras seleccionadas do concurso<br />
<strong>de</strong> artes plásticas A<br />
Figura dos Anjos, levado a<br />
efeito pelo Santuário <strong>de</strong> Fátima<br />
junto das escolas do ensino<br />
secundário e superior, no<br />
Centro Pastoral Paulo VI.<br />
Estará patente ao público até<br />
7 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2007<br />
LEIRIA<br />
Enigmas da visibilida<strong>de</strong>, exposição<br />
individual <strong>de</strong> Vivil<strong>de</strong><br />
Ferreira patente na Galeria<br />
57, até 18 <strong>de</strong> Novembro. A<br />
mostra apresenta os mais<br />
recentes trabalhos <strong>de</strong>sta<br />
artista <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, 29 anos,<br />
licenciada em Pintura, pela<br />
Escola Universitária Artística<br />
<strong>de</strong> Coimbra<br />
Histórias para<br />
ver e ler, mostra<br />
<strong>de</strong> pintura<br />
<strong>de</strong> Sílvia Patrício<br />
na galeria<br />
da Livraria<br />
Arquivo, até 2<br />
<strong>de</strong> Novembro<br />
O mundo dos insectos é o título<br />
da exposição patente na Biblioteca<br />
Municipal Afonso Lopes<br />
Vieira. Organizada pela Câmara<br />
Municipal e pelo Museu <strong>de</strong> História<br />
Natural da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Ciências do Porto, a mostra<br />
estará patente até 12 <strong>de</strong><br />
Novembro<br />
A nova vida das imagens, pintura<br />
restaurada da colecção do<br />
Município <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, séculos<br />
XVI-XVIII, patente no edifício<br />
Banco <strong>de</strong> Portugal, até final do<br />
ano<br />
Pintura <strong>de</strong> Joaquim Mota<br />
Urgeiro, na Galeria Capitel, até<br />
6 <strong>de</strong> Novembro<br />
MARINHA GRANDE<br />
6ª Bienal <strong>de</strong> Artes Plásticas da<br />
Marinha Gran<strong>de</strong>, até 29 <strong>de</strong><br />
Outubro, no Parque Municipal<br />
<strong>de</strong> Exposições, em simultâneo<br />
com a exposição Everything is<br />
Broken, do artista plástico<br />
holandês Bert Holvast<br />
Walking the Dog, exposição <strong>de</strong><br />
Barbara Walraven, no Museu do<br />
Vidro. A mostra, que fica patente<br />
até dia 10 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong><br />
2007, retrata a relação que a<br />
artista tem com os cães, esculpindo-os<br />
em vidro, em conjugação<br />
com outros materiais<br />
Exposição <strong>de</strong> fotografia Impressões<br />
do Olhar, <strong>de</strong> Afonso Lopes<br />
Vieira, patente na Casa-Museu<br />
Afonso Lopes Vieira, São Pedro<br />
<strong>de</strong> Moel<br />
NAZARÉ<br />
Exposição Pesca do bacalhau -<br />
Campanha 1967 - Navio Vimieiro,<br />
até domingo, no Centro Cultural<br />
OURÉM<br />
Individual <strong>de</strong> pintura <strong>de</strong> Hugo<br />
Nunes, na Galeria Municipal,<br />
até final <strong>de</strong>ste mês, das 10 às<br />
19 horas.<br />
PEDRÓGÃO GRANDE<br />
Mostra fotográfica <strong>de</strong> orquí<strong>de</strong>as<br />
silvestres, da autoria <strong>de</strong> José<br />
Alfredo Monteiro, na sala polivalente<br />
da Biblioteca Municipal,<br />
até 30 <strong>de</strong> Novembro<br />
PENICHE<br />
Exposição bibliográfica e discográfica<br />
intitulada À <strong>de</strong>scoberta<br />
do Fado… a canção <strong>de</strong> Portugal,<br />
na Biblioteca Municipal, até<br />
final do mês<br />
POMBAL<br />
O amor é o tema comum da<br />
pintura <strong>de</strong> Humberto Pinto, em<br />
exposição no Scó Bar, até final<br />
do mês<br />
Mostra <strong>de</strong> chapéus, cedida pelo<br />
Museu da Chapelaria <strong>de</strong> São<br />
João da Ma<strong>de</strong>ira, no Museu<br />
Marquês <strong>de</strong> Pombal, até final<br />
<strong>de</strong>ste mês<br />
PORTO DE MÓS<br />
Bordados artesanais e licores,<br />
confeccionados por Denisa<br />
Rosário, 70 anos, até à próxima<br />
segunda-feira, no posto <strong>de</strong><br />
turismo
Agenda<br />
Feira <strong>de</strong> São Simão em Alcobaça<br />
Frutos secos<br />
A Feira <strong>de</strong> São Simão<br />
tem início amanhã, pelas<br />
19 horas, no MercoAlcobaça.<br />
O evento prolonga-<br />
-se até 1 <strong>de</strong> Novembro,<br />
com gastronomia regional<br />
e cozinha típica do<br />
concelho. Uma das características<br />
<strong>de</strong>sta feira é a<br />
participação das associações<br />
locais que exploram<br />
as tasquinhas. Também<br />
não faltam frutos secos e<br />
produtos alimentares regionais,<br />
dos enchidos aos queijos.<br />
A entrada é gratuita.<br />
Numa organização da<br />
Câmara Municipal <strong>de</strong> Alcobaça,<br />
o certame integra<br />
vários espectáculos, entre<br />
eles com o Grupo Típico<br />
Os Cal<strong>de</strong>nses (dia 27, às<br />
DR<br />
21 horas), <strong>de</strong>monstração<br />
etnográfica pelo Rancho<br />
Papoilas do Campo (dia<br />
28, às 14 horas), Grupo <strong>de</strong><br />
Cantares <strong>de</strong> S. Martinho<br />
(dia 29, às 14 horas), Grupo<br />
Os Cavaquinhos das<br />
Caldas (dia 31, às 20 horas)<br />
e actuação etnográfica do<br />
Rancho dos Moleanos (dia<br />
1, às 14 horas).<br />
Também em Alcobaça,<br />
está a <strong>de</strong>correr a quinzena<br />
gastronómica da Maçã,<br />
com alguns restaurantes<br />
da região a confeccionar,<br />
até domingo, dia 29, pratos<br />
tendo como base a<br />
maçã <strong>de</strong> Alcobaça, classificada<br />
com Indicação<br />
Geográfica Protegida. As<br />
ementas propõem, como<br />
entrada, folhadinhos <strong>de</strong><br />
maçã e presunto, morcela<br />
<strong>de</strong> arroz com maçã<br />
caramelizada, torradinhas<br />
com doce <strong>de</strong> maçã. A sopa<br />
e os pratos <strong>de</strong> peixe e carne,<br />
bem como a sobremesa,<br />
também contemplam<br />
este fruto.<br />
Festival em Óbidos<br />
Frutas e legumes <strong>de</strong> chocolate<br />
| V | I | V | E | R | 9 |<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006<br />
DR<br />
Um mercado tradicional<br />
<strong>de</strong> réplicas <strong>de</strong> frutas e legumes<br />
e peixes e mariscos em<br />
chocolate, assim como esculturas<br />
coloridas <strong>de</strong> personagens<br />
<strong>de</strong> banda <strong>de</strong>senhada<br />
e cinema são as novida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>ste ano do Festival do<br />
Chocolate <strong>de</strong> Óbidos. Em<br />
quinta edição, o certame<br />
<strong>de</strong>corre <strong>de</strong> 2 a 12 <strong>de</strong> Novembro<br />
naquela vila histórica.<br />
Para atrair o público adulto<br />
e as crianças que passam<br />
pela Casa do Chocolate, outra<br />
novida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta edição, é que<br />
se po<strong>de</strong>rão retirar e comer<br />
chocolate das pare<strong>de</strong>s. Além<br />
do mercado, duas toneladas<br />
e meia <strong>de</strong> chocolate estão<br />
também já a ser utilizadas<br />
na construção das esculturas,<br />
a cargo <strong>de</strong> 15 profissionais<br />
do Centro <strong>de</strong> Formação<br />
Profissional para o<br />
Sector Alimentar da Pontinha<br />
(Lisboa). A concepção<br />
das esculturas tem, este ano,<br />
como tema <strong>de</strong> inspiração a<br />
banda <strong>de</strong>senhada e o cinema<br />
<strong>de</strong> animação. Em exposição<br />
vão estar personagens<br />
dos filmes Shreck, Ida<strong>de</strong> do<br />
Gelo, Batman, Homem Aranha<br />
ou Tintim. E, ao contrário<br />
dos anos anteriores,<br />
em que as esculturas eram<br />
<strong>de</strong> chocolate preto e branco,<br />
este ano terão muita cor.<br />
O homem aranha será azul<br />
e vermelho e o shreck será<br />
ver<strong>de</strong>.<br />
O evento inclui ainda<br />
uma passagem <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />
com chocolate e os<br />
concursos chocolatier português<br />
do ano, concurso<br />
<strong>de</strong> peças artísticas ao vivo<br />
e concurso internacional<br />
<strong>de</strong> receitas <strong>de</strong> chocolate.<br />
A produção do festival do<br />
chocolate custa ao município<br />
400 mil euros.<br />
Batalha<br />
Música e doces conventuais<br />
Um concerto amanhã,<br />
pelas 20:30 horas, com<br />
Mónica Brito e Acustic<br />
Sound, antece<strong>de</strong> um fim<br />
<strong>de</strong> semana doce, na Pires<br />
Paladares, no Centro Comercial<br />
Rino & Rino, Batalha.<br />
Nesta segunda edição da<br />
Feira <strong>de</strong> Doces Conventuais,<br />
nos dias 28 e 29,<br />
po<strong>de</strong>m ser apreciados e<br />
provados doces característicos<br />
<strong>de</strong> diversas regiões<br />
<strong>de</strong> Portugal, tais como Sericaia,<br />
<strong>de</strong> Elvas, Bolo <strong>de</strong><br />
amêndoa e chila, do Algarve,<br />
Charcada Alentejana,<br />
Palha <strong>de</strong> Abrantes e Pingos<br />
da Tocha. Da zona <strong>de</strong><br />
<strong>Leiria</strong>, também não faltam<br />
os doces característicos,<br />
tais como Brisas do Liz,<br />
Queijadas, <strong>de</strong> Alcobaça,<br />
Canudos, <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, Doce<br />
<strong>de</strong> abóbora com nozes,<br />
Ovos folhados ou Migas<br />
do Pobre
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006 | V | I | V | E | R | 10|<br />
Agenda<br />
DR<br />
Teatro Miguel Franco<br />
Filmes premiados em Berlim<br />
Misto <strong>de</strong> documentário e dramatização<br />
<strong>de</strong> eventos reais, o<br />
filme O Caminho para Guantanamo<br />
inicia hoje, pelas 21:30<br />
horas, no Teatro Miguel Franco,<br />
<strong>Leiria</strong>, o ciclo Cinco filmes<br />
premiados no Festival Internacional<br />
<strong>de</strong> Berlim, numa organização<br />
da Câmara Municipal<br />
e Inatel. Os bilhetes custam dois<br />
euros por sessão (1,5 euros para<br />
associados do Inatel), po<strong>de</strong>ndo<br />
também ser adquiridos passes<br />
para os cinco filmes ao preço<br />
<strong>de</strong> seis euros. O Caminho para<br />
Guantanamo narra a terrível<br />
exibidos em <strong>Leiria</strong><br />
história <strong>de</strong> quatro cidadãos britânicos<br />
<strong>de</strong> origem paquistanesa.<br />
A sua saga tem início quando<br />
partem, em 2001, para um<br />
casamento no Paquistão. Três<br />
<strong>de</strong>les acabam capturados pelas<br />
tropas americanas e levados<br />
para a prisão militar <strong>de</strong> Guantanamo,<br />
Cuba, sem qualquer<br />
acusação formal. Filme polémico,<br />
ganhou o Urso <strong>de</strong> Prata<br />
<strong>de</strong> melhor direcção no Festival<br />
<strong>de</strong> Berlim <strong>de</strong> 2006. O ciclo continua<br />
com Sophie Scholl, os<br />
últimos dias (27), vencedor neste<br />
festival <strong>de</strong> dois Ursos <strong>de</strong> Prata:<br />
Melhor Realizador, para Marc<br />
Rothemund e Melhor Actriz,<br />
para Julia Jentsch. Sophie Scholl<br />
é estudante, activista e membro<br />
do grupo da resistência<br />
conhecido como Weisse Rose<br />
(Rosa Branca), criado durante<br />
a Segunda Guerra Mundial. Os<br />
membros da Rosa Branca, principalmente<br />
Sophie Scholl, são<br />
ainda hoje respeitados na Alemanha.<br />
Todas as terras têm ruas<br />
com os seus nomes, em memória<br />
dos estudantes que tentaram,<br />
<strong>de</strong> forma heróica, pôr fim<br />
à cruelda<strong>de</strong> e indiferença existente<br />
na Alemanha daqueles<br />
tempos.<br />
Seguem-se os filmes Thumbsucker<br />
- chupa no <strong>de</strong>do (28),<br />
Vai e vive (29) e Headon - A<br />
esposa turca (29). O Festival<br />
Internacional <strong>de</strong> Cinema <strong>de</strong> Berlim,<br />
iniciado em 1951, é um dos<br />
mais importantes do mundo.<br />
Caracteriza-se por ser um encontro<br />
da indústria cinematográfica,<br />
<strong>de</strong> discussão, arte e divertimento,<br />
a que assistem<br />
jornalistas creditados <strong>de</strong> cerca<br />
<strong>de</strong> 80 países e mais <strong>de</strong> 150 mil<br />
bilhetes que ven<strong>de</strong> por edição.<br />
Hoje na Batalha<br />
O Canto do cisne<br />
abre Acaso<br />
O Festival <strong>de</strong> Teatro Acaso,<br />
numa organização do grupo<br />
<strong>de</strong> Teatro O Nariz, inicia-se<br />
hoje, dia 26, às 21:30 horas,<br />
no auditório municipal da Batalha.<br />
O grupo organizador do<br />
evento apresenta O Canto do<br />
Cisne, que constitui o seu último<br />
trabalho, baseado num texto<br />
<strong>de</strong> Tchekov.<br />
A acção passa-se no palco<br />
<strong>de</strong> um teatro <strong>de</strong> província <strong>de</strong><br />
segunda or<strong>de</strong>m, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>correm<br />
múltiplos acontecimentos.<br />
Pedro Oliveira e Henrique Martins<br />
são as principais personagens.<br />
A entrada é livre. O festival<br />
continua sábado, dia 28, pelas<br />
22horas, no auditório do Orfeão<br />
Velho <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>. Desta vez, O<br />
Nariz – Teatro <strong>de</strong> Grupo apresenta<br />
O Fetichista, <strong>de</strong> Michel<br />
Tournier. A encenação é <strong>de</strong><br />
Pedro Wilson e a interpretação<br />
<strong>de</strong> Pedro Oliveira.<br />
DR<br />
Cine-Teatro <strong>de</strong> Alcobaça<br />
Barraca apresenta Os Renascentistas<br />
O Grupo <strong>de</strong> Acção Teatral A<br />
Barraca apresenta amanha, dia<br />
27, em Alcobaça, a peça Os<br />
Renascentistas. O espectáculo<br />
sobe ao palco do Cine-Teatro <strong>de</strong><br />
Alcobaça, pelas 21:30 horas. De<br />
Hel<strong>de</strong>r Costa, a peça tenta<br />
<strong>de</strong>monstrar que não existe antagonismo<br />
real entre cultura elaborada<br />
a partir <strong>de</strong> forte erudição<br />
(Gil Vicente, Camões, Damião<br />
<strong>de</strong> Góis) e o pensamento e a<br />
escrita que florescem na prática<br />
da vida e na raiz popular (Fernão<br />
Men<strong>de</strong>s Pinto e Chiado). A<br />
interpretação está a cargo dos<br />
actores Carla Alves, Catarina<br />
Santana, Sara Noronha, Gil Filipe,<br />
Luís Thomar, Pedro Estorninho<br />
e Sérgio Moras. A entrada<br />
custa quatro euros.
Música<br />
The Gift apresentam novo disco no dia 12 em Alcobaça<br />
Fácil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />
FOTOS: DR<br />
O grupo The Gift lança, na próxima<br />
segunda-feira, dia 30, o seu<br />
primeiro DVD e um álbum, on<strong>de</strong><br />
incluem duas músicas inéditas:<br />
Nice and sweet e 6-4-5. Segundo<br />
disse à Lusa fonte do grupo, há<br />
também “novos arranjos para músicas<br />
antigas da banda, do tempo <strong>de</strong><br />
Vynil (1998) ou do mais recente<br />
trabalho, AM/FM, até porque a<br />
banda passou a integrar Mário Barreiros<br />
na bateria”. A publicação<br />
inclui duas edições distintas. Uma<br />
especial, fácil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r, em formato<br />
<strong>de</strong> livro com fotografias, gravação<br />
dos dois concertos em duplo<br />
CD e DVD. A outra, Essencial, é<br />
composta por um CD e DVD com<br />
o melhor <strong>de</strong> duas noites, em que<br />
o grupo actuou em Loures. Além<br />
dos concertos, o DVD inclui o<br />
makingof e excertos da digressão<br />
realizada ao Brasil, em Fevereiro<br />
último.<br />
A banda apresentará este novo<br />
disco no Centro Cultural Olga Cadaval,<br />
em Sintra, no próximo dia 10,<br />
sendo o ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> uma<br />
digressão nacional, ainda em<br />
Novembro. Segue-se o Cine-Teatro<br />
Municipal <strong>de</strong> Alcobaça (dia 12),<br />
Faro (dia 16), Figueira da Foz (dia<br />
18) e Santa Maria da Feira (dia 25).<br />
Esta banda <strong>de</strong> Alcobaça participa<br />
em Janeiro no primeiro festival<br />
<strong>de</strong> música do ano em Espanha.<br />
O Actual 2007, em Logronho,<br />
contará com presenças como os<br />
norte-americanos Cypress Hill. No<br />
total, são cerca <strong>de</strong> 15 grupos que<br />
participam no festival, que terá<br />
noites temáticas <strong>de</strong>dicadas ao rock,<br />
flamenco, hip-hop e música electrónica,<br />
além <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s paralelas<br />
<strong>de</strong> cinema, exposição e <strong>de</strong>bates.<br />
Os The Gift nasceram em 1994,<br />
sendo este o seu quarto álbum. O<br />
AM/FM foi lançado em 2004,<br />
Vynil em 1998 e Film em 2001.<br />
O quarteto, originário <strong>de</strong> Alcobaça,<br />
é composto por Sónia Tavares,<br />
Nuno Gonçalves, John Gonçalves<br />
e Miguel Ribeiro, juntando-se<br />
à banda Mário Barreiros (bateria).<br />
O ano passado receberam o Prémio<br />
MTV para a melhor banda<br />
portuguesa.<br />
| V | I | V | E | R | 11 |<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006<br />
Figueiró dos Vinhos<br />
Joel Xavier ao vivo<br />
RICARDO GRAÇA<br />
Consi<strong>de</strong>rado um dos melhores guitarristas<br />
latinos do mundo, Joel Xavier actua ao<br />
vivo, no próximo sábado, dia 28, pelas 21:30<br />
horas, na Casa da Cultura <strong>de</strong> Figueiró dos<br />
Vinhos. Joel Xavier nasceu em Lisboa, precisamente<br />
no dia 25 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1974. Começou<br />
a tocar guitarra eléctrica como autodidacta<br />
aos 15 anos e, um ano <strong>de</strong>pois, foi<br />
convidado pela BMG Portugal para gravar<br />
dois álbuns a solo, o primeiro dos quais entitulado<br />
18.<br />
Internacionalmente, o reconhecimento<br />
veio quando Joel Xavier ganhou o concurso<br />
Namm-Show, em Los Angeles, ficando à<br />
frente <strong>de</strong> 70 guitarristas <strong>de</strong> várias nacionalida<strong>de</strong>s.<br />
Tinha apenas 19 anos. Dois anos<br />
<strong>de</strong>pois, edita Sr. Fado e, com apenas 23 anos,<br />
foi convidado pela BMG-Espanha para gravar<br />
Palabra <strong>de</strong> guitarra latina, ao lado <strong>de</strong><br />
alguns dos melhores guitarristas do Mundo,<br />
como Larry Cryell, Bireli Lagrene, Ray Gomes,<br />
Luis Salinas, Rene Toledo e Tomatito, entre<br />
outros. Recebeu, na passada sexta-feira, em<br />
Fátima, o Troféu Melhor Guitarrista do Ano,<br />
na Gala da Central FM.<br />
Orfeão <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong><br />
Corais nas Repúblicas Bálticas<br />
Lituânia, Estónia e Letónia<br />
vão estar, no próximo Verão, na<br />
rota das actuações dos Corais<br />
do Orfeão <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>. Com os convites<br />
para festivais <strong>de</strong> música<br />
nas Repúblicas Bálticas, e eventualmente<br />
em S. Petersburgo, a<br />
instituição <strong>de</strong>terminou já uma<br />
estratégia específica para a temporada<br />
em curso. Essa preparação<br />
começou com a participação<br />
em dois concertos para coro,<br />
orquestra e solistas, no Festival<br />
<strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Coimbra <strong>de</strong>ste ano.<br />
O Orfeão celebra este ano o seu<br />
60º aniversário com um programa<br />
que se esten<strong>de</strong> até Maio<br />
próximo, mês em que <strong>de</strong>correrá<br />
a 25ª edição do Festival Música<br />
em <strong>Leiria</strong>. Nessa altura, os<br />
Corais do Orfeão, reforçados com<br />
o Coro <strong>de</strong> Câmara da Escola <strong>de</strong><br />
Música, e por alguns dos melhores<br />
alunos das classes <strong>de</strong> Canto<br />
e dos Coros Escolares, apresentarão,<br />
em estreia absoluta, uma<br />
obra para coro, orquestra e solistas,<br />
encomendada pelo Festival<br />
ao compositor José Luís Tinoco.<br />
Com a apresentação <strong>de</strong>sta<br />
será também feita a edição <strong>de</strong><br />
um novo CD. Este jovem mas já<br />
consagrado compositor, é neto<br />
<strong>de</strong> D. Maria Carlota Tinoco, um<br />
dos ex-libris do Orfeão <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong><br />
e animadora <strong>de</strong> excelência<br />
da vida cultural <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, nas<br />
décadas 40 e 50 do século passado.<br />
Pombal<br />
Coro aceita<br />
inscrições<br />
O Coro Municipal Marquês<br />
<strong>de</strong> Pombal tem abertas<br />
as inscrições para novos<br />
coralistas. Se gosta <strong>de</strong> cantar,<br />
po<strong>de</strong> assistir a um ensaio<br />
do coro, todas as sextasfeiras,<br />
das 21 às 23 horas,<br />
no mini-auditório do Teatro-Cine<br />
<strong>de</strong> Pombal.
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006 | V | I | V | E | R | 12|<br />
Eventos<br />
Comunicação foi o mote da 14ª<br />
Gala da Central FM, apresentada<br />
na passada sexta-feira, no auditório<br />
Paulo VI, em Fátima. Cerca<br />
<strong>de</strong> dois mil convidados da região,<br />
entre eles muitas forças vivas, disseram<br />
presente a mais este espectáculo,<br />
apresentado como sempre<br />
pela directora <strong>de</strong>sta rádio <strong>de</strong><br />
<strong>Leiria</strong>, Emília Pinto. Para receberem<br />
os respectivos troféus, passaram<br />
pelo palco muitos nomes<br />
da música, cultura e televisão,<br />
nacional e local. Entre os <strong>de</strong>stacados<br />
a nível local, esteve Carlos<br />
Matos, que recebeu o troféu Li<strong>de</strong>rança/Nova<br />
Geração. Detentor <strong>de</strong><br />
uma gran<strong>de</strong> cultura musical, Emília<br />
Pinto consi<strong>de</strong>ra-o mesmo o<br />
guru da juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>. O<br />
advogado Victor Faria foi distinguido<br />
com o trofeu Mérito Cultural,<br />
cabendo o <strong>de</strong> Revelação<br />
Local à cantora <strong>de</strong> jazz, Lydie Gouveia,<br />
também <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> mas actualmente<br />
a estudar Medicina em Paris.<br />
A Dina Rodrigues, natural da Nazaré,<br />
mas há muito radicada em Bruxelas,<br />
coube a distinção Troféu<br />
Comunida<strong>de</strong>s, enquanto o grupo<br />
Tocándar, da Marinha Gran<strong>de</strong>, foi<br />
distinguido com o Melhor Grupo<br />
<strong>de</strong> Percussão. Filomena Gonçalves,<br />
embora não residindo na<br />
região, tem familiares em Soutocico,<br />
freguesia <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>. A actriz,<br />
que <strong>de</strong>u corpo a Ferreirinha, na<br />
série televisiva escrita pelo marido,<br />
Moita Flores (presi<strong>de</strong>nte da<br />
Câmara Municipal <strong>de</strong> Santarém,<br />
pelo PSD) recebeu o Troféu Prestígio<br />
Cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> e Fátima.<br />
14ª Gala da Central FM em Fátima<br />
Canções e emoções<br />
FOTOS: RICARDO GRAÇA<br />
1<br />
2 3 4<br />
1 A presença <strong>de</strong> Maria José<br />
Ritta surpreen<strong>de</strong>u o<br />
advogado Vitor Faria<br />
2 Feliciano Barreiras Duarte,<br />
em palco, em nome da<br />
amiza<strong>de</strong> ao casal Filomena<br />
Gonçalves e Moita Flores<br />
3 José Teixeira (professor) e<br />
José Frazão (empresário),<br />
entre as muitas centenas <strong>de</strong><br />
convidados da região<br />
4 Carlos Matos com a<br />
companheira Célia Lopes,<br />
foi galardoado com o Troféu<br />
Li<strong>de</strong>rança/Nova Geração<br />
5 6 7<br />
5 Júlio Isidro recebeu o<br />
Troféu Carreira/Prestígio<br />
6 Luís Represas, pela sua<br />
carreira, já acumula vários<br />
troféus <strong>de</strong>sta rádio<br />
7 O Troféu Mo<strong>de</strong>lo do Ano foi<br />
entregue a Nayma<br />
8 Rita Guerra, já em fim <strong>de</strong><br />
gravi<strong>de</strong>z, emociona-se com a<br />
presença surpresa <strong>de</strong> Paulo<br />
<strong>de</strong> Carvalho<br />
9 A versátil Marina Mota<br />
canta Estados <strong>de</strong> alma, num<br />
dos momentos menos bons<br />
da sua carreira<br />
8 9 10<br />
10 Carlos Pinto Coelho,<br />
professor <strong>de</strong> Rodrigo Gue<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Carvalho, entregou-lhe o<br />
Troféu Melhor Comunicador<br />
do Ano
Música<br />
Rima é o novo álbum <strong>de</strong> Samuel Jerónimo<br />
Elitismo e pretensão<br />
Dois anos <strong>de</strong>pois do disco <strong>de</strong><br />
estreia, Redra Ändra Endre De<br />
Fase, Samuel Jerónimo, músico<br />
nascido na Nazaré em 1979, está<br />
<strong>de</strong> regresso aos registos <strong>de</strong> longa<br />
duração com a edição do seu segundo<br />
álbum intitulado Rima. Com<br />
uma capa lindíssima da autoria<br />
<strong>de</strong> Ricardo Pacheco, esta obra chega<br />
ao mercado, tal como o disco<br />
anterior, através da proeminente<br />
Thisco.<br />
Quando ace<strong>de</strong>mos ao pressrelease<br />
<strong>de</strong>sta nova edição po<strong>de</strong>mos<br />
ler o seguinte: “Se no seu<br />
registo <strong>de</strong> estreia, Redra Ändra<br />
Endre De Fase, o compositor se<br />
<strong>de</strong>bruçava sobre três processos <strong>de</strong><br />
mudança (contínuos, cíclicos e<br />
graduais), em Rima a sua atenção<br />
centra-se sobretudo na justaposição<br />
dos resultados que advêm <strong>de</strong>sses<br />
três processos, nomeadamente<br />
nas continuida<strong>de</strong>s (transparências)<br />
e nos rompimentos estéticos (perdas<br />
por assimilação), preten<strong>de</strong>ndo<br />
<strong>de</strong>sta forma estabelecer musicalmente<br />
uma linha temporal on<strong>de</strong><br />
o Passado, o Presente e o Futuro<br />
se unam num único ponto". Esta<br />
introdução revela simultaneamente<br />
a pretensão <strong>de</strong> intelectualizar a<br />
música que faz e a necessida<strong>de</strong><br />
intrínseca <strong>de</strong> a explicar, revelando<br />
objectivos que vão, ao que se<br />
supõe, muito para além da componente<br />
lúdica. É o próprio Samuel<br />
Jerónimo que se acha difícil <strong>de</strong><br />
escutar, senão não teria <strong>de</strong> abrir<br />
o referido press-release com uma<br />
espécie <strong>de</strong> justificação: “O século<br />
XX foi pródigo no aparecimento<br />
<strong>de</strong> novas linguagens que provocaram<br />
pela primeira vez a repulsa<br />
perante a novida<strong>de</strong>, quer pela<br />
extrema radicalida<strong>de</strong> das propostas,<br />
quer por tudo aquilo que<br />
punham em causa. Tal repulsa provocou<br />
junto dos criadores uma<br />
enorme necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> justificação<br />
das suas obras, <strong>de</strong> forma a<br />
melhor se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem dos ataques,<br />
e sobretudo porque estas<br />
novas linguagens necessitavam<br />
<strong>de</strong> uma gramática nova, tal era a<br />
DR<br />
DR<br />
vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> romper com o passado."<br />
Mas tanto o incauto cidadão<br />
comum como o mais ávido e exigente<br />
dos melómanos, ao abordar<br />
este disco, sem ter acesso ao<br />
texto que o enquadra, sem saber<br />
o método <strong>de</strong> composição ou o processo<br />
que levou ao resultado final,<br />
não o po<strong>de</strong>rá analisar do ponto<br />
<strong>de</strong> vista racional, mas sim do ponto<br />
<strong>de</strong> vista emocional, respon<strong>de</strong>ndo<br />
apenas pelas sensações, agitações,<br />
perturbações ou <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns<br />
que a obra lhe sugere, tal e qual<br />
como qualquer outra obra pop.<br />
Como o escriba que em baixo assina<br />
não gosta <strong>de</strong> partir em vantagem,<br />
opinará sobre esta obra ignorando<br />
contextos, métodos ou<br />
processos, <strong>de</strong>screvendo-a socorrendo-se<br />
apenas do que lhe é dado<br />
a escutar objectivamente. Rima<br />
não é um disco <strong>de</strong> assimilação<br />
fácil. A sua difusão pública arranca,<br />
habitualmente, expressões similares<br />
ou como esta: “é pá, isto é<br />
uma seca!". Na verda<strong>de</strong>, não é.<br />
Mas em relação ao disco anterior,<br />
esperava-se algo mais dinâmico,<br />
mais vivo, menos… religioso.<br />
Rima é um disco que requer<br />
quarenta e três minutos <strong>de</strong> concentrada<br />
atenção. Quem não lhe<br />
<strong>de</strong>votar esse tempo não o usufrui,<br />
e mesmo quem o <strong>de</strong>dica po<strong>de</strong>rá<br />
não ter estofo par o <strong>de</strong>sfrutar. O<br />
disco intercala duas peças ambientais<br />
(Verso 1 e Verso 3) ligeiramente<br />
mortiças, on<strong>de</strong> só alguns<br />
sons concretos lhe conferem interesse.<br />
Há profundida<strong>de</strong>, alguns<br />
crescendos, dimensão (a utilização<br />
<strong>de</strong> coros - que nos remetem<br />
para os universos <strong>de</strong> Ligeti ou<br />
Constança Cap<strong>de</strong>ville - são o<br />
momento mais magistral do disco),<br />
faltando-lhes explosão, picos<br />
<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, apogeus. No outro<br />
vértice <strong>de</strong> Rima encontramos as<br />
já famosas peças circulares <strong>de</strong><br />
Samuel Jerónimo, afinal característica<br />
que conferiu ao disco <strong>de</strong><br />
estreia do músico, Redra Ändra<br />
Endre De Fase, excelentes críticas.<br />
Verso 2 é mais interessante, dinâmica,<br />
nervosa, agitada. É, sem<br />
dúvida, a melhor peça escrita até<br />
agora por Samuel Jerónimo. O disco<br />
remata com Verso 4, uma composição<br />
com uma primeira parte<br />
algo insonsa, lenta, para <strong>de</strong>pois se<br />
transformar numa <strong>de</strong>monstração<br />
<strong>de</strong> quase virtuosismo. Ambas são<br />
executadas por emuladores sonoros<br />
que emitam a sonorida<strong>de</strong> dos<br />
órgãos <strong>de</strong> igreja, pelo que o ambiente<br />
é fortemente litúrgico.<br />
Quando Samuel Jerónimo tiver<br />
a ousadia <strong>de</strong> misturar diversos<br />
outros instrumentos diferentes na<br />
mesma composição, dará, na minha<br />
singela opinião, um passo que o<br />
dispensará <strong>de</strong> textos introdutórios<br />
e contextuais. Aí a sua música<br />
ganhará vida e autonomia suficientes<br />
para pren<strong>de</strong>r as atenções<br />
<strong>de</strong> incautos e melómanos comuns.<br />
Para já, a sua música revela-se<br />
hermética, <strong>de</strong>masiado codificada,<br />
dirigida a doutos na matéria e, por<br />
isso, elitista.<br />
Carlos Matos<br />
| V | I | V | E | R | 13 |<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006<br />
Bar Alfa com dose dupla<br />
Bulllet e Ban<strong>de</strong>x<br />
PAULO ROMÃOP BRÁS<br />
O mês da Chiado Records chega ao fim no<br />
Bar Alfa, situado em A-do-Barbas (Maceira<br />
- <strong>Leiria</strong>) com as prestações <strong>de</strong> Bulllet (nesta<br />
sexta-feira, dia 27 <strong>de</strong> Outubro) e na próxima<br />
terça-feira, dia 31 <strong>de</strong> Outubro, com os Ban<strong>de</strong>x.<br />
Os concertos tem início às 23.30 horas<br />
e os bilhetes custam 2,50 euros para cada dia.<br />
Bulllet é um dos muitos projectos <strong>de</strong> Armando<br />
Teixeira, músico <strong>de</strong> créditos firmados no<br />
panorama nacional. Aqui Vladimr Orlov (alter<br />
ego <strong>de</strong> Armando Teixeira) explora o hip hop<br />
instrumental on<strong>de</strong> as bandas sonoras produzidas<br />
para filmes <strong>de</strong> espionagem nos anos<br />
70, o easy listening, os toques <strong>de</strong> dub, jazz,<br />
soul e funk representam papeis mais ou menos<br />
importantes numa narrativa muito própria.<br />
Já os Ban<strong>de</strong>x, formados por Nuno Gelpi<br />
(samplers, guitarra); Mário Moral (guitarra);<br />
Miguel Gelpi (contrabaixo); Daniel Meliço<br />
(bateria), enveredam por uma sonorida<strong>de</strong><br />
lounge, com resquícios rock e apontamentos<br />
jazz.<br />
CM
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006 | V | I | V | E | R | 14|<br />
Livros<br />
Alunos escrevem livro<br />
Vamos<br />
<strong>de</strong>spoluir<br />
o nosso Rio<br />
Da autoria dos alunos<br />
da Escola <strong>de</strong> Souto <strong>de</strong> Baixo,<br />
Caranguejeira, <strong>Leiria</strong>,<br />
o livro Vamos <strong>de</strong>spoluir o<br />
nosso Rio será lançado<br />
domingo, dia 29, pelas 16<br />
horas, na se<strong>de</strong> da Junta <strong>de</strong><br />
Freguesia <strong>de</strong> Santa Eufémia,<br />
<strong>Leiria</strong>. O livro será<br />
apresentado por Cláudio<br />
Jesus, administrador <strong>de</strong>legado<br />
da SIMLIS. A edição<br />
é da Folheto Edições &<br />
Design<br />
Café literário<br />
Gue<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Carvalho<br />
nas Caldas<br />
Rodrigo Gue<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Carvalho, autor <strong>de</strong><br />
Mulher em branco, A<br />
Casa quieta e Daqui a<br />
nada é o convidado do<br />
Café literário que <strong>de</strong>corre<br />
amanhã, dia 27, em<br />
Caldas da Rainha, numa<br />
iniciativa da livraria Loja<br />
107. O jornalista, que<br />
nasceu no Porto, é licenciado<br />
em Comunicação<br />
Social, trabalhou na RTP<br />
e está na SIC <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
sua fundação. Em 1997<br />
recebeu o prémio Especial<br />
do Júri do Festival<br />
Internacional FIGRA,<br />
em França, com uma<br />
Gran<strong>de</strong> Reportagem sobre<br />
urgências hospitalares.<br />
Estreou--se na ficção<br />
com o romance Daqui<br />
a Nada (1992) vencedor<br />
do prémio Jovens Talentos<br />
da ONU. Foi co-argumentista<br />
<strong>de</strong> tele-filme<br />
Alta Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, exibido<br />
na SIC, e argumentista<br />
da longa metragem<br />
Coisa Ruim, que mereceu<br />
honras <strong>de</strong> Abertura<br />
Oficial do Fantasporto<br />
2006.<br />
DR<br />
“Era uma vez… Uma formiga chamada<br />
Matil<strong>de</strong> farta <strong>de</strong> seguir o carreiro e com um<br />
sonho: <strong>de</strong>itar-se <strong>de</strong> barriga para o Sol e não<br />
pensar no Inverno, nem sequer no dia <strong>de</strong><br />
amanhã! E <strong>de</strong>pois?<br />
Depois a mãe continua a contar. A menina<br />
ri! E, todas as noites, adormece no meio<br />
<strong>de</strong> um abraço, ao som do canto da mãe que<br />
espanta o medo dos lobos.”<br />
Dora Batalim apresenta, no próximo dia<br />
4, pelas 16 horas, na Livraria Arquivo, <strong>Leiria</strong>,<br />
o livro Coisas <strong>de</strong> Mãe, da autoria <strong>de</strong> Sílvia<br />
Alves e João Caetano. Um livro para<br />
crianças, pequenas e gran<strong>de</strong>s…, numa edição<br />
A Paulinas Editora e Livraria Arquivo.<br />
Também no próximo dia 4, no Alinhavar,<br />
pelas 19 horas, será inaugurada uma exposição<br />
dos originais das ilustrações <strong>de</strong>ste<br />
Ontem não te vi em Babilónia<br />
ANTÓNIO LOBO ANTUNES<br />
EDITORA: DOM QUIXOTE<br />
Um livro que marca uma<br />
nova etapa na obra do escritor<br />
Uma noite ninguém dorme,<br />
e durante a meia-noite e<br />
as cinco da manhã, as pessoas<br />
sonham acordadas no<br />
sono: contam e inventam as<br />
suas vidas e as suas histórias, ou as histórias<br />
em que transformam as suas vidas, ou<br />
as vidas que transformaram em histórias.<br />
Po<strong>de</strong>m ser vidas cruéis, <strong>de</strong> medo, <strong>de</strong> uma<br />
cicatriz interior, <strong>de</strong> algo que talvez fosse o<br />
Estado português <strong>de</strong> outros tempos. Po<strong>de</strong>m<br />
ser vidas <strong>de</strong> amores passados, <strong>de</strong> lápi<strong>de</strong>s varridas,<br />
<strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> uma vida inteira, <strong>de</strong><br />
se po<strong>de</strong>r ser feliz sem pensar. Nestas histórias,<br />
nestes silêncios <strong>de</strong>stas falas, nos risos e<br />
nas traições, vamos i<strong>de</strong>ntificando a noite <strong>de</strong><br />
um país, a noite cheia <strong>de</strong> vozes <strong>de</strong> todos nós,<br />
e a noite silenciosa que é o isolamento <strong>de</strong><br />
cada um. Como diz o autor - "porque aquilo<br />
que escrevo po<strong>de</strong>r ler-se no escuro".<br />
Livro <strong>de</strong> Sílvia Alves e João Caetano<br />
Coisas <strong>de</strong> Mãe<br />
Pombal<br />
Mito napoleónico em livro<br />
De Pombal à Redinha – Na rota<br />
do mito napoleónico - 195 anos<br />
<strong>de</strong>pois é o título do livro da autoria<br />
DR<br />
livro, <strong>de</strong> João Caetano, e uma outra mostra<br />
<strong>de</strong> Lídia Vilalobos, Coisas da Arte Culinária.<br />
<strong>de</strong> Mário Lino, a apresentar amanhã,<br />
dia 27, pelas 21:30 horas, na<br />
galeria <strong>de</strong> exposições do Teatro-Cine<br />
<strong>de</strong> Pombal. Mário Lino, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> uma família do Louriçal, nasceu<br />
em Caldas da Rainha em 1947.<br />
É autor dos livros Figuras e factos<br />
da história do <strong>de</strong>sporto cal<strong>de</strong>nse, O<br />
Cine-Teatro Pinheiro Chagas e o<br />
Salão Ibéria, Louriçal – imagens da<br />
freguesia e José Tanganho na Volta<br />
a Portugal.<br />
S U G E S T Õ E S<br />
A formula <strong>de</strong> Deus<br />
JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS<br />
EDITORA: GRADIVA<br />
Um inesperado encontro<br />
lança Tomás na rota da crise<br />
nuclear com o Irão e da mais<br />
importante <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> Albert<br />
Einstein, um achado que penetra<br />
no maior mistério da História:<br />
a prova científica da existência<br />
<strong>de</strong> Deus. Uma história<br />
<strong>de</strong> amor, uma intriga <strong>de</strong> traição, perseguição<br />
implacável, busca espiritual. Baseada nas últimas<br />
e mais avançadas <strong>de</strong>scobertas científicas<br />
nos campos da física, da cosmologia e da matemática,<br />
A Fórmula <strong>de</strong> Deus transporta-nos,<br />
numa espécie <strong>de</strong> percurso iniciático, numa<br />
empolgante e primordial viagem até às origens<br />
do tempo, à essência do universo e ao<br />
sentido da vida.<br />
Sílvia Alves nasceu em Trás-os-Montes,<br />
em 1965 e tem dois filhos. Foi professora<br />
<strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> 1987 a 2000 e é autora e responsável<br />
pela Bruxinha, revista infantil.<br />
Coisas <strong>de</strong> Mãe é o seu primeiro livro para<br />
crianças. pequenas e maiores… João Caetano<br />
nasceu em Moçambique em 1962. Tem<br />
o curso <strong>de</strong> Pintura, da Escola Superior <strong>de</strong><br />
Belas Artes do Porto. Desenvolve profissionalmente<br />
a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ilustrador <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
1981. Ilustrou cerca <strong>de</strong> 20 títulos na área<br />
do livro infanto-juvenil, em Portugal e Espanha.<br />
Recebeu menções honrosas do Prémio<br />
Nacional <strong>de</strong> Ilustração pelos livros: Os mais<br />
belos contos tradicionais (Ed. Civilização,<br />
em 1998), Conto estrelas em ti (Ed. Campo<br />
das Letras) e A maior flor do mundo <strong>de</strong> José<br />
Saramago (Ed. Caminho).<br />
Amanhã no IPJ <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong><br />
Palavras no ar<br />
A escritora Bela Aires conduz amanhã, dia 27, pelas<br />
14:15 horas, um evento <strong>de</strong>signado Palavras no ar. Estes<br />
momentos <strong>de</strong> leitura terão lugar na Loja Ponto Já, na<br />
<strong>de</strong>legação <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> do Instituto Português da Juventu<strong>de</strong>.<br />
É uma iniciativa da Fe<strong>de</strong>ração das Associações<br />
Juvenis do Distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> e Folheto Edições & Design.<br />
A Minha Andorinha<br />
MIGUEL ESTEVES CARDOSO<br />
EDITORA: ASSÍRIO E ALVIM<br />
Não há nada pior que um<br />
ajuntamento espontâneo <strong>de</strong><br />
populares. [...] É para ver<br />
quem morreu ou para espancar<br />
um <strong>de</strong>sgraçado que matou<br />
os filhos e as galinhas. É para<br />
jogar à vermelhinha ou para<br />
comprar Lacostes da treta<br />
que, em vez <strong>de</strong> um crocodilo, têm um sardão<br />
das Berlengas. À mínima <strong>de</strong>sculpa os populares,<br />
que estão maçados e anseiam distracção,<br />
juntam-se. Deveria ser proibido, fora <strong>de</strong><br />
feiras e romarias. Bem vistas as coisas, também<br />
<strong>de</strong>veriam ser proibidas as feiras e as<br />
romarias […] Mas não divaguemos porque há<br />
muito para <strong>de</strong>sbastar. Por exemplo,[...]., Aquelas<br />
senhoras que sabem os nomes <strong>de</strong> todos<br />
os bolos e fazem gala disso. Em vez <strong>de</strong> apontar<br />
com o <strong>de</strong>do, para a montra, como os mortais<br />
comuns que têm mais que fazer, começam<br />
a recitar as suas cabalas maçónicas: «Um<br />
jesuíta, uma margarida, um charleston, um<br />
torno-mecânico-<strong>de</strong>-seis-bicos, um berimbau,<br />
um gonzaguinha e dois pastéis <strong>de</strong> nata.»<br />
Miguel Esteves Cardoso<br />
Com o apoio da LIVRARIA ARQUIVO
Evasões<br />
O cavalo fumegante<br />
No comboio <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />
Vinha tudo à gargalhada.<br />
Uns por verem rir os outros<br />
E os outros sem ser por nada.<br />
No comboio <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />
De Queluz à Cruz Quebrada…<br />
Fernando Pessoa<br />
| V | I | V | E | R | 15 |<br />
Aconteceu na<br />
manhã do dia 28 <strong>de</strong> Outubro<br />
<strong>de</strong> 1856. Às <strong>de</strong>z e meia, no<br />
antigo Cais dos Soldados, actual<br />
Estação <strong>de</strong> Santa Apolónia, o<br />
marquês <strong>de</strong> Loulé dava início<br />
à cerimónia oficial da inauguração<br />
do primeiro troço <strong>de</strong> caminho-<strong>de</strong>-ferro<br />
no nosso país. A<br />
essa hora, no castelo <strong>de</strong> S. Jorge,<br />
o foguetório subia aos céus<br />
<strong>de</strong> Lisboa lembrando aos distraídos<br />
que a festa era rija e que<br />
um acontecimento ímpar iria<br />
modificar <strong>de</strong>cisivamente a face<br />
<strong>de</strong> um Portugal economicamente<br />
débil, já então na cauda<br />
europeia.<br />
Como em qualquer acontecimento<br />
<strong>de</strong> importância semelhante,<br />
nunca falha nestas coisas<br />
a benzedura das locomotivas.<br />
A função foi cumprida a preceito<br />
pelo car<strong>de</strong>al patriarca, do<br />
modo que Guerra Junqueiro<br />
<strong>de</strong>screveu no seu famoso livro<br />
A Velhice do Padre Eterno: "A<br />
obra está completa. A máquina<br />
flameja/Desenrolando o fumo<br />
em ondas pelo ar./Mas, antes<br />
<strong>de</strong> partir, man<strong>de</strong>m chamar a<br />
Igreja,/Que é preciso que um<br />
bispo a venha baptizar.//(…) Atirem-lhe<br />
uma hóstia à boca famulenta/Preguem-lhe<br />
alguns sermões,<br />
ensinem-lhe a rezar/E<br />
lancem na cal<strong>de</strong>ira um jorro d'<br />
água benta,/Que com água do<br />
Céu talvez não possa andar."<br />
Esta cerimónia contou com<br />
a presença <strong>de</strong> D. Pedro V e da<br />
família real, membros do governo<br />
e numerosos convidados,<br />
tendo-se notado a ausência <strong>de</strong><br />
Fontes Pereira <strong>de</strong> Melo, o gran<strong>de</strong><br />
obreiro do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
alcançado na segunda meta<strong>de</strong><br />
do século XIX, ausente por<br />
razões familiares.<br />
Na viagem inaugural o comboio<br />
<strong>de</strong> 14 carruagens, puxado<br />
por duas locomotivas, cobriu<br />
a distância <strong>de</strong> 36,5 quilómetros<br />
entre Lisboa<br />
e o Carregado<br />
em cerca <strong>de</strong> 40 minutos. A este<br />
primeiro comboio, que transportou<br />
a família real, seguiuse<br />
um outro que transportava<br />
os accionistas dos caminhos<strong>de</strong>-ferro<br />
e os convidados. Se<br />
tudo correu bem na ida, no<br />
regresso as coisas complicaram-se,<br />
tornando-se a viagem<br />
muito <strong>de</strong>morada <strong>de</strong>vido a avaria<br />
da segunda locomotiva.<br />
Foram necessárias duas horas<br />
para chegar a Lisboa, tendo<br />
diversas carruagens sido abandonadas<br />
ao longo da linha, esperando<br />
que uma nova máquina<br />
se <strong>de</strong>slocasse <strong>de</strong> Sacavém para<br />
as rebocar.<br />
Depois <strong>de</strong>ste acontecimento<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento da re<strong>de</strong> ferroviária<br />
foi fulgurante na segunda<br />
meta<strong>de</strong> do século XIX, apresentando<br />
actualmente quase a<br />
mesma configuração. Portugal<br />
não fugia à i<strong>de</strong>ia da necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> alargar e melhorar as<br />
vias e os meios <strong>de</strong> transporte<br />
como, aliás, acontecia nos países<br />
europeus mais <strong>de</strong>senvolvidos.<br />
Utilizando uma palavra<br />
que entrou no vocabulário da<br />
moda, as "acessibilida<strong>de</strong>s" estavam<br />
na or<strong>de</strong>m do dia.<br />
POR MONTES E VALES<br />
O comboio do Douro <strong>de</strong>sfruta<br />
o mais belo panorama <strong>de</strong><br />
Portugal, mesmo que o seu trajecto<br />
tenha sido amputado das<br />
poucas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> quilómetros<br />
que separam o Pocinho <strong>de</strong> Barca<br />
<strong>de</strong> Alva. No último Verão,<br />
lembrando uma velha paixão,<br />
entrei em Caldas <strong>de</strong> Aregos, a<br />
Tormes imortalizada por Eça <strong>de</strong><br />
Queirós em A Cida<strong>de</strong> e as Serras,<br />
e segui, rio acima, até ao<br />
Pinhão. Ao coração do vinho<br />
do Porto cheguei,<br />
com as águas apaziguadas<br />
aos pés. Ao sair do<br />
comboio, viajante espantado,<br />
parei fascinado pelos painéis<br />
<strong>de</strong> azulejos que recordam a velha<br />
labuta do homem contra a terra<br />
agreste que se espreme em<br />
mosto. Essas imagens, penso,<br />
culminam da melhor maneira<br />
a bela viagem.<br />
O século XIX foi, <strong>de</strong> facto,<br />
o século do vapor,<br />
distante ainda do fulgor dos<br />
motores que viriam a transformar<br />
os transportes na centúria<br />
<strong>de</strong> novecentos. E, utilizando<br />
essa forma <strong>de</strong> energia, <strong>de</strong>stacou-se<br />
o caminho-<strong>de</strong>-ferro, instrumento<br />
dinamizador do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
industrial pelas suas<br />
capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escoamento da<br />
produção.<br />
O comboio é o mais romântico<br />
dos transportes. Quem<br />
nunca sonhou com as fantásticas<br />
e misteriosas viagens<br />
do "Expresso do Oriente"<br />
e do "Transiberiano",<br />
cenários i<strong>de</strong>ais para algumas<br />
das mais belas páginas<br />
da literatura mundial, cuja<br />
aura ainda hoje atrai viajantes<br />
<strong>de</strong> todo o mundo?<br />
Portugal não escapou à sedução<br />
dos belos "cavalos <strong>de</strong> ferro",<br />
como lhes chamaram os<br />
índios americanos, que se tornaram<br />
elementos essenciais da<br />
nossa paisagem. Apesar da<br />
assassinada e criminosa <strong>de</strong>struição<br />
<strong>de</strong> algumas das mais<br />
belas linhas, como a que ligava<br />
o Pocinho a Duas Igrejas,<br />
os comboios continuam a galgar,<br />
<strong>de</strong> terra em terra, a paisagem<br />
<strong>de</strong>slumbrante que só<br />
um país <strong>de</strong> perdição, como o<br />
nosso, po<strong>de</strong> oferecer.<br />
A história dos 150 anos dos<br />
comboios portugueses corre<br />
paralela com a do país. As estações<br />
foram sempre pontos <strong>de</strong><br />
partida e <strong>de</strong> chegada, locais<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero e <strong>de</strong> amor, <strong>de</strong><br />
reencontros e <strong>de</strong>sencontros,<br />
<strong>de</strong> lágrimas e <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s.<br />
Pu<strong>de</strong>ssem as velhas e honradas<br />
estações, com os seus relógios<br />
ver<strong>de</strong>s sempre certos,<br />
falar…<br />
A realida<strong>de</strong>, contudo, permanece<br />
imune à paragem saudosa<br />
do tempo. E os novos dias<br />
apontam caminhos diferentes,<br />
naturalmente ousados, para<br />
estes cavalos que, há muito,<br />
<strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser fumegantes.<br />
Agora, o vapor que corre nas<br />
velhas veias das máquinas só<br />
surge <strong>de</strong> vez em quando para<br />
encantar turistas ansiosos.<br />
De ternura se nos enche o<br />
olhar, nem que seja só <strong>de</strong> ver<br />
partir os outros. À distância<br />
<strong>de</strong> um sopro aponta o flamejante<br />
comboio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>,<br />
enquanto os cais se<br />
enchem <strong>de</strong> sombras e <strong>de</strong> vida.<br />
Orlando Cardoso<br />
orlccardoso@clix.pt<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006
| V | I | V | E | R | 16|<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006<br />
| Em cartaz |<br />
LEIRIA O PAÇO<br />
SALA 1<br />
VOLVER<br />
Quinta a quarta, às 15h45, 18h45 e 21h45.<br />
Sexta e Sábado, às 00h15.<br />
SALA 2<br />
THE CHILDREN OF MEN<br />
Quinta a quarta, às 15h30, 18h30 e 21h30. Sexta e Sábado, às<br />
00h00.<br />
LEIRIA TEATRO MIGUEL FRANCO<br />
ANIMAL<br />
Segunda e Terça, às 21h30<br />
FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE BERLIM<br />
A CAMINHO DE GUANTANAMO<br />
Quinta, às 21h30.<br />
SOPHIE SCHOOL, DIE LETZTEN<br />
Sexta, às 21h30<br />
THUMBSUCKER - CHUPA NO DEDO<br />
Sábado, às 21h30<br />
VAI E VEM - Domingo, às 15h30<br />
HEAD ON - A ESPOSA TURCA - Domingo, às 21h30<br />
BATALHA AUDITÓRIO MUNICIPAL<br />
GARFIELD 2 - VP<br />
Sábado, às 21h30<br />
MONTE REAL CINE-TEATRO<br />
O NOVO MUNDO<br />
Sexta a Domingo, às 21h30<br />
NAZARÉ CINE-TEATRO<br />
A SENHORA DA ÁGUA<br />
Sexta a Quarta, às 21h45<br />
OURÉM CINE-TEATRO<br />
VOO 93<br />
Sabado e Domingo, às 21h30<br />
POMBAL AUDITÓRIO MUNICIPAL DE POMBAL<br />
WORLD TRADE CENTER<br />
Segunda a Sexta, às 15h30h e 21h30. Sábados, às 15h30,<br />
17h30, 21h30 e 24h00. Domingos, às 15h30, 17h30h e<br />
21h30<br />
SESSÃO INFANTIL<br />
A CASA FANTASMA<br />
Sábado e Domingo, 15h30<br />
POMBAL POMBALCINE<br />
CLICK<br />
Quinta a Quarta, às 21h30<br />
PORTO DE MÓS - AUDITÓRIO MUNIVIPAL<br />
VOO 93<br />
Sexta a Segunda, às 21h30. Domingo, às 16h30<br />
VOLTAR<br />
| A ver vamos |<br />
O título <strong>de</strong>ste filme não po<strong>de</strong>ria ser mais a<strong>de</strong>quado ao<br />
conteúdo. Volta-se para trás, para casa. Mortos voltam a<br />
viver, enfim, uma série <strong>de</strong> regressos. O próprio Almodóvar<br />
regressa aos seus sucessos, agora numa fita menos<br />
autobiográfica, mas reminiscente do seu primeiro gran<strong>de</strong><br />
sucesso comercial: "Mulheres à beira <strong>de</strong> um ataque <strong>de</strong><br />
nervos".<br />
Sempre com uma inusitada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ilustrar<br />
personagens femininas, Almodóvar lança-se num conto<br />
insólito e sobrenatural acerca <strong>de</strong> duas irmãs, Raimunda<br />
(Penélope Cruz) e Sole (Lola Dueñas) que vão visitar a<br />
campa da mãe, falecida há muitos anos num incêndio, e<br />
uma tia que, senil e algo apoucada, pensa receber<br />
assistência real da mãe das nossas heroínas, Irene (Carmen<br />
Maura).<br />
Entra ainda na história a filha <strong>de</strong> Raimunda, Paula (Yohana<br />
Cobo), que mata o pai, que afinal parece que não o era tanto<br />
assim...<br />
E assim fica um cheirinho <strong>de</strong> mais uma (sobretudo) comédia<br />
<strong>de</strong>lirante do mais prolífero realizador espanhol da actualida<strong>de</strong>.<br />
Digo comédia, mas é um filme que retrata com muito realismo<br />
e profundida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma forma leve que lhe dá, porventura,<br />
mais serieda<strong>de</strong>, assuntos como o amor, a vida, a lealda<strong>de</strong>, a<br />
família, num contexto provinciano que acaba por servir <strong>de</strong><br />
microcosmos das nossas socieda<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> quer que estejamos.<br />
Neste gineceu, Almodóvar pinta um quadro relacional <strong>de</strong><br />
índole eminentemente matriarcal on<strong>de</strong> os homens são vistos<br />
como animais semi-domesticados que servem funções<br />
específicas e nos quais não se po<strong>de</strong>, nem <strong>de</strong>ve confiar.<br />
Louvor seja feito à banda sonora que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> "Fala com ela"<br />
seria difícil <strong>de</strong> ultrapassar - e não o é - mas mantém a bitola<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />
Meu caro Pedro, com filmes assim tens autorização para<br />
"Voltar", sempre!<br />
Classificação: 3<br />
4 - A não per<strong>de</strong>r<br />
3 - A ver<br />
2 - Vale o dinheiro<br />
1 - Proceda com cautela<br />
0 - Não, por favor, mais não<br />
MARINHA GRANDE TEATRO STEPHENS<br />
LASSIE<br />
Sábado, às 21h30<br />
VIEIRA DE LEIRIA - CINE-TEATRO ACTOR ÁLVARO<br />
HÁ DIAS DE AZAR<br />
Domingo, às 21h00<br />
Nuno Bon <strong>de</strong> Sousa<br />
QUINTA, 26<br />
SEXTA, 27<br />
SÁBADO, 28 DOMINGO, 29 SEGUNDA, 30 TERÇA, 31<br />
RTP1<br />
06.30<br />
10.00<br />
13.00<br />
14.10<br />
15.15<br />
19.00<br />
20.00<br />
21.00<br />
21.30<br />
22.45<br />
02.00<br />
06.05<br />
Bom Dia Portugal<br />
Praça da Alegria<br />
<strong>Jornal</strong> da Tar<strong>de</strong><br />
Os Ricos também choram<br />
Portugal no coração<br />
Preço Certo em Euros<br />
Telejornal<br />
Gran<strong>de</strong> entrevista<br />
Um contra todos<br />
Danças com lobos<br />
Casos Arquivados: Greed<br />
Nós<br />
RTP1<br />
06.30<br />
13.00<br />
14.10<br />
15.15<br />
17.15<br />
20.00<br />
21.00<br />
21.15<br />
21.45<br />
22.45<br />
23.00<br />
00.45<br />
Bom Dia Portugal<br />
<strong>Jornal</strong> da tar<strong>de</strong><br />
Os Ricos também Choram<br />
Portugal no Coração<br />
Lingo<br />
Telejornal<br />
Cuidado com a língua<br />
Câmara Café<br />
Um contra todos<br />
Contra informação<br />
Da Rússia com amor<br />
Casos arquivados: Maternal Instinct<br />
RTP1<br />
08.00<br />
09.30<br />
10.00<br />
13.00<br />
14.15<br />
15.45<br />
17.30<br />
20.00<br />
21.15<br />
23:15<br />
01.00<br />
01.30<br />
Brinca Comigo<br />
Ecoman<br />
Lobos<br />
<strong>Jornal</strong> da Tar<strong>de</strong><br />
Top+<br />
Reencontro com o passado<br />
O que uma rapariga quer<br />
Telejornal<br />
Dança Comigo<br />
Alex e Emma<br />
Ganhar a vida<br />
A hora da sorte<br />
RTP1<br />
07.00<br />
08.00<br />
11.00<br />
12.00<br />
13.00<br />
14:15<br />
15.15<br />
17.00<br />
18.30<br />
20.00<br />
21:00<br />
00.30<br />
Brincar a Brincar<br />
Brinca comigo<br />
África, o Serengeti<br />
A minha sogra é uma bruxa<br />
<strong>Jornal</strong> da tar<strong>de</strong><br />
Só Visto!<br />
Invasão: Re<strong>de</strong>mption<br />
Dança comigo<br />
Viagem ao parque pré-Histórico<br />
Telejornal<br />
As Escolhas <strong>de</strong> Marcelo R. Sousa<br />
Arthur, O Alegre Conquistador<br />
RTP1<br />
07.00<br />
10.00<br />
13.00<br />
14.10<br />
15.15<br />
17.15<br />
20.00<br />
21.00<br />
21.30<br />
22.30<br />
01.00<br />
01.45<br />
Bom Dia Portugal<br />
Praça da Alegria<br />
<strong>Jornal</strong> da Tar<strong>de</strong><br />
Os ricos também choram<br />
Portugal no Coração<br />
Lingo<br />
Telejornal<br />
Notas Soltas<br />
Um Contra Todos<br />
Prós e Contras<br />
Casos Arquivados<br />
Sessão da Meia-Noite: a Designar<br />
RTP1<br />
06.30<br />
10.00<br />
13.00<br />
14.15<br />
15.15<br />
18.10<br />
19.45<br />
21.30<br />
22.00<br />
23.00<br />
00.00<br />
Bom Dia Portugal<br />
Praça da Alegria<br />
<strong>Jornal</strong> da Tar<strong>de</strong><br />
Os ricos também choram<br />
Portugal no Coração<br />
O preço certo<br />
Futebol:<br />
Bayern Munique x Sporting<br />
Telejornal<br />
Um contra todos<br />
Portugal <strong>de</strong>...<br />
Casos arquivados<br />
DOIS<br />
07.25<br />
14.00<br />
15.30<br />
16.00<br />
17.00<br />
17.30<br />
18.30<br />
19.00<br />
19.45<br />
21.15<br />
22.00<br />
22.30<br />
Zig Zag<br />
Socieda<strong>de</strong> Civil: o cancro da mama<br />
A Alma e a Gente<br />
Entre nós<br />
National Geographic:<br />
Hora discovery<br />
A Fé Dos Homens<br />
Iniciativa<br />
Zig Zag<br />
Hora discovery<br />
<strong>Jornal</strong> 2<br />
A Quinta Dimensão<br />
DOIS<br />
07.25<br />
14.00<br />
15.30<br />
16.30<br />
17.00<br />
18.30<br />
19.00<br />
19.45<br />
20.45<br />
21.15<br />
22.00<br />
23.30<br />
Zig Zag<br />
Socieda<strong>de</strong> Civil<br />
A Alma e a Gente<br />
Euronews<br />
National Geographic<br />
A Fé Dos Homens<br />
Haja Saú<strong>de</strong><br />
Zig Zag<br />
Dois Homens e Meio<br />
Hora Discovery<br />
<strong>Jornal</strong> 2<br />
Christian Dior: o homem por <strong>de</strong>trás do mito<br />
DOIS<br />
07.30<br />
12.30<br />
15.00<br />
19.00<br />
19.30<br />
20.00<br />
20.15<br />
21.00<br />
21.50<br />
22.00<br />
22.30<br />
23.00<br />
África 7 Dias<br />
Câmara Clara<br />
Desporto 2<br />
Couto e Coutadas<br />
Vida <strong>de</strong> João<br />
Kulto<br />
Gato Fedorento<br />
O Despertar da China<br />
A Hora Da Sorte<br />
<strong>Jornal</strong> 2<br />
Calma Larry<br />
Mondovino<br />
DOIS<br />
08.30<br />
11.00<br />
11.30<br />
13.30<br />
15.00<br />
19.00<br />
20.00<br />
20.30<br />
21.00<br />
22.00<br />
22.30<br />
23.15<br />
Áfric@Global<br />
Da terra ao mar<br />
Consigo<br />
National Geographic<br />
Desporto 2<br />
A revolta dos pastéis <strong>de</strong> nata<br />
A cida<strong>de</strong> dos porcos<br />
Futurama<br />
Bombordo<br />
<strong>Jornal</strong> 2<br />
Diga Lá Excelência<br />
Negro como a noite<br />
DOIS<br />
07.00<br />
07.25<br />
14.00<br />
15.30<br />
19.00<br />
20.45<br />
21.15<br />
22.00<br />
22.30<br />
00.00<br />
00.30<br />
01.15<br />
Euronews<br />
Zig Zag<br />
Socieda<strong>de</strong> Civil<br />
A Alma e a Gente<br />
Euro<strong>de</strong>putados<br />
Dois Homens e Meio<br />
Hora Discovery<br />
<strong>Jornal</strong> 2<br />
Perto <strong>de</strong> Casa<br />
National Geographic<br />
Noites da 2: O Tutor<br />
Universida<strong>de</strong>s<br />
DOIS<br />
07.25<br />
14.00<br />
16.30<br />
19.00<br />
20.45<br />
21.15<br />
22.00<br />
22.30<br />
23.30<br />
00.30<br />
01.15<br />
01.45<br />
Zig Zag<br />
Socieda<strong>de</strong> Civil<br />
Euronews<br />
2010<br />
Dois homens e meio<br />
Hora Discovery<br />
<strong>Jornal</strong> 2<br />
Sem Rasto<br />
Por outro Lado<br />
Noites da 2: “O Tutor”<br />
Universida<strong>de</strong>s<br />
National Geographic<br />
SIC<br />
07.00<br />
08.30<br />
10.00<br />
13.00<br />
14.15<br />
19.00<br />
20.00<br />
21.30<br />
22.15<br />
23.15<br />
00.15<br />
01.15<br />
Sic Kids<br />
Floribella<br />
Fátima<br />
Primeiro <strong>Jornal</strong><br />
O Profeta<br />
Sinhá Moça<br />
<strong>Jornal</strong> da noite<br />
Floribella<br />
Cobras & Lagartos<br />
Jura<br />
C.S.I. Miami<br />
Bang Bang<br />
SIC<br />
07.00<br />
08.40<br />
10.00<br />
13.00<br />
14.15<br />
15.30<br />
19.00<br />
20.00<br />
21.30<br />
22.15<br />
23.15<br />
00.15<br />
Sic Kids<br />
Floribella<br />
Fátima<br />
Primeiro <strong>Jornal</strong><br />
O Profeta<br />
Contacto<br />
Sinhá Moça<br />
<strong>Jornal</strong> da Noite<br />
Floribella<br />
Cobras e Lagartos<br />
Jura<br />
O Crime do Padre Amaro<br />
SIC<br />
07.00<br />
08.45<br />
11.55<br />
13.00<br />
14.00<br />
15.00<br />
20.00<br />
21.15<br />
21.45<br />
22.30<br />
00.15<br />
02.15<br />
Sic Kids<br />
Disney Kids<br />
Nosso Mundo<br />
Primeiro <strong>Jornal</strong><br />
Êxtase<br />
Filme<br />
<strong>Jornal</strong> da Noite<br />
Exclusivo<br />
Floribella<br />
Cobras e Lagartos<br />
C.S.I. Las Vegas V<br />
Celeste na Cida<strong>de</strong><br />
SIC<br />
07.00<br />
08.35<br />
11.10<br />
12.00<br />
13.00<br />
14.00<br />
15.00<br />
17:30<br />
20.00<br />
21.00<br />
22.15<br />
23.15<br />
Sic Kids<br />
Disney Kids<br />
Uma Aventura... nas férias gran<strong>de</strong>s<br />
BBC Vida Selvagem<br />
Primeiro <strong>Jornal</strong><br />
Filme a <strong>de</strong>signar<br />
Filme a <strong>de</strong>signar<br />
Filme a <strong>de</strong>signar<br />
<strong>Jornal</strong> da Noite<br />
Reportagem SIC<br />
Aqui não há quem viva<br />
Herman Sic<br />
SIC<br />
07.00<br />
10.00<br />
13.00<br />
14.00<br />
17.15<br />
19.00<br />
20.00<br />
21.30<br />
22.15<br />
23.15<br />
00.15<br />
01.15<br />
Sic Kids<br />
Fátima<br />
Primeiro <strong>Jornal</strong><br />
Laços <strong>de</strong> Familia<br />
Floribella<br />
Sinhá Moça<br />
<strong>Jornal</strong> da Noite<br />
Floribella<br />
Cobras e Lagartos<br />
Jura<br />
Sexo e Cida<strong>de</strong><br />
Bang Bang<br />
SIC<br />
07.00<br />
08.30<br />
13.00<br />
14.00<br />
15.30<br />
17.15<br />
19.00<br />
20.00<br />
21.30<br />
22.15<br />
23.15<br />
00.15<br />
Sic Kids<br />
Floribella<br />
Primeiro <strong>Jornal</strong><br />
Laços <strong>de</strong> Família<br />
Contacto<br />
Floribella<br />
Sinhá Moça<br />
<strong>Jornal</strong> da Noite<br />
Floribella<br />
Cobras e Lagartos<br />
Jura<br />
CSI Nova Iorque<br />
TVI<br />
07.00<br />
10.00<br />
13.00<br />
14.00<br />
16.00<br />
18.00<br />
20.00<br />
21.15<br />
22.45<br />
00.15<br />
01.45<br />
03.15<br />
Diário da Manhã<br />
Você na TV<br />
<strong>Jornal</strong> da Uma<br />
Anjo selvagem<br />
Quem quer ganha<br />
Morangos Com Açúcar IV<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional<br />
Tempo <strong>de</strong> Viver<br />
Fala-me <strong>de</strong> Amor<br />
Num3ros: Uncertainty Principle<br />
Cinebox<br />
No limite do mal<br />
TVI<br />
07.00<br />
10.05<br />
13.00<br />
14.00<br />
16.00<br />
18.00<br />
20.00<br />
21.15<br />
21.30<br />
22.15<br />
23.45<br />
01.00<br />
Diário da Manhã<br />
Você na TV<br />
<strong>Jornal</strong> da Uma<br />
Anjo selvagem<br />
Quem Quer Ganha<br />
Morangos com Açúcar IV<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional<br />
Euromilhões<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional<br />
Tempo <strong>de</strong> Viver<br />
Fala-me <strong>de</strong> Amor<br />
Fiel ou infiel<br />
TVI<br />
07.00<br />
08.45<br />
10.30<br />
13.00<br />
14.00<br />
15.45<br />
17.00<br />
20.00<br />
21.15<br />
23.15<br />
00.30<br />
02.00<br />
Batatoon<br />
Morangos Com Açúcar<br />
O Banco dos Quatro<br />
<strong>Jornal</strong> da Uma<br />
Um <strong>de</strong>sejo tão simples<br />
Tudo por elas <strong>de</strong> novo<br />
Filme a <strong>de</strong>signar<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional<br />
Morangos Com Açúcar IV<br />
Fala-me <strong>de</strong> Amor<br />
On<strong>de</strong> está o carro, meu?<br />
O Júri<br />
TVI<br />
07.00<br />
08.45<br />
11.00<br />
13.00<br />
14.00<br />
16.00<br />
18.15<br />
20.00<br />
22.00<br />
00.00<br />
01.45<br />
04.15<br />
Batatoon<br />
Barbie Lago dos Cisnes<br />
Missa: Eucaristia Dominical<br />
<strong>Jornal</strong> da Uma<br />
Coração <strong>de</strong> Dragão<br />
Tornado<br />
SuperLiga - Golos<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional<br />
Canta por mim<br />
Superliga - Jornada<br />
A Força dos punhos<br />
As Feiticeiras VIII<br />
TVI<br />
07.00<br />
10.05<br />
13.00<br />
14.00<br />
17.00<br />
18.00<br />
20.00<br />
21.15<br />
22.30<br />
23.30<br />
01.00<br />
02.45<br />
Diário da Manhã<br />
Você na TV<br />
<strong>Jornal</strong> da Uma<br />
Anjo Selvagem<br />
Clube Morangos com Açúcar<br />
Morangos com Açúcar IV<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional<br />
Pedro, o milionário<br />
Tempo <strong>de</strong> Viver<br />
Doce Fugitiva<br />
“Stell - O Home <strong>de</strong> Aço”<br />
“Grinch”<br />
TVI<br />
07.00<br />
10.05<br />
13.00<br />
14.00<br />
18.00<br />
20.00<br />
21.15<br />
22.00<br />
23.30<br />
00.00<br />
01.45<br />
03.15<br />
Diário da Manhã<br />
Você na TV<br />
<strong>Jornal</strong> da Uma<br />
Anjo Selvagem<br />
Morangos com Açúcar IV<br />
<strong>Jornal</strong> Nacional<br />
Morangos com Açúcar IV<br />
Tempo <strong>de</strong> Viver<br />
Fala-me <strong>de</strong> Amor<br />
“O Círculo <strong>de</strong> Sangue”<br />
O Protector<br />
No Limte do Mal