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RICARDO GRAÇA<br />
da terra on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u a batalha<br />
a participar num trabalho que<br />
preten<strong>de</strong> recriar um dos episódios<br />
mais importantes da história<br />
do País”.<br />
Um dos pontos altos da participação<br />
<strong>de</strong> Patrique Silva no<br />
documentário aconteceu na sexta-feira,<br />
dia em que o JORNAL<br />
DE LEIRIA esteve no local das<br />
filmagens, on<strong>de</strong> o jovem assumiu<br />
o papel <strong>de</strong> guarda <strong>de</strong> honra<br />
e <strong>de</strong> sentinela do rei <strong>de</strong> Castela.<br />
“Nestas cenas, apareço mais<br />
próximo <strong>de</strong> alguns dos actores<br />
principais”, diz o figurante, que<br />
<strong>de</strong>sempenhou o papel <strong>de</strong> soldado<br />
português, inglês e francês,<br />
cada um com características<br />
específicas, que o obrigavam<br />
a contactar com diferentes técnicas<br />
<strong>de</strong> luta. Mas o mais complicado<br />
foi suportar o peso do<br />
guarda-roupa e do armamento,<br />
que, em alguns casos, tinha<br />
entre 30 a 40 quilos.<br />
“Quem anda por gosto não<br />
cansa, mas não é fácil andar<br />
com este peso todo”, diz Henrique<br />
Gonçalves, 29 anos, outro<br />
dos figurantes oriundos <strong>de</strong> S.<br />
Jorge, que se manifesta especialmente<br />
surpreendido com o<br />
realismo com que <strong>de</strong>correram<br />
as filmagens. De tal forma, que<br />
chegou a haver alguns aci<strong>de</strong>ntes.<br />
“Um guarda da GNR<br />
teve <strong>de</strong> levar alguns pontos e<br />
houve outros pequenos ferimentos”,<br />
conta o jovem, licenciado<br />
em Relações Internacionais,<br />
que vestiu a pele <strong>de</strong><br />
homem <strong>de</strong> armas, cavaleiro e<br />
besteiro português e espanhol.<br />
“Estive dos dois lados da barricada”,<br />
conta com ironia, consi<strong>de</strong>rando-se<br />
um “privilegiado”.<br />
“Conheci a batalha em<br />
profundida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>i um pequeníssimo<br />
contributo para explicar<br />
parte do nosso passado histórico.”<br />
CALOS NOS DEDOS<br />
Arqueiro inglês, nobre francês,<br />
homem <strong>de</strong> armas castelhano<br />
e português foram alguns<br />
dos papéis <strong>de</strong>sempenhados por<br />
Alexandre Patrício Gouveia,<br />
presi<strong>de</strong>nte da FBA, que trabalhou<br />
ainda como figurante na<br />
abertura das covas do loba.<br />
“Ainda tenho algumas marcas<br />
nos <strong>de</strong>dos”, confi<strong>de</strong>ncia, justificando<br />
a sua participação com<br />
a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envolver o<br />
Escudos feitos em <strong>Leiria</strong><br />
Os 36 escudos usados no documentário<br />
foram feitos no Telheiro, <strong>Leiria</strong>,<br />
em casa <strong>de</strong> Carlos Costa, que coor<strong>de</strong>nou<br />
a equipa responsável pelo<br />
armamento dos actores e figurantes.<br />
“Estão ali muitas horas <strong>de</strong> trabalho”,<br />
diz o armeiro. Mas o trabalho<br />
<strong>de</strong> Carlos Costa e dos seus filhos<br />
Alexandre e César, não se resumiu<br />
ao fabrico dos escudos. A equipa foi<br />
responsável pelo armamento usado no documentário, para o<br />
qual foram necessárias cerca <strong>de</strong> 70 armaduras, a maioria<br />
das quais alugadas em França. “Ajudávamos os actores e<br />
figurantes a aplicar a equipamento e reparávamos as armas<br />
que iam sofrendo estragos”, conta Carlos Costa, especialista<br />
em recriações históricas e um dos autores do ecoparque sensorial<br />
da Pia do Urso, na Batalha.<br />
maior número possível figurantes.<br />
O presi<strong>de</strong>nte da FBA explica<br />
que a i<strong>de</strong>ia inicial era a <strong>de</strong><br />
fazer a recriação da batalha em<br />
computador, mas a instituição<br />
acabou por aceitar a sugestão<br />
da Filmes do Tejo para avançar<br />
para o documentário, apesar<br />
da solução apresentar um<br />
esforço financeiro acrescido.<br />
“Entre fazer um produto bom<br />
ou um muito bom, optámos pela<br />
segunda hipótese. É um espectáculo<br />
que será mostrado durante<br />
vários anos. Por isso, convém<br />
que a qualida<strong>de</strong> seja a<br />
melhor possível”, afirma, sublinhando<br />
que o documentário,<br />
que será traduzido para inglês,<br />
francês e espanhol, apenas po<strong>de</strong>rá<br />
ser visto no centro <strong>de</strong> interpretação,<br />
“não sendo reproduzido<br />
em DVD ou exibido na<br />
televisão”.<br />
Maria Anabela Silva<br />
JORNAL DE LEIRIA | 26 DE OUTUBRO DE 2006<br />
| V | I | V | E | R | 3 |<br />
As <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> figurantes que<br />
participaram nas cenas <strong>de</strong> luta vão<br />
agora ser “multiplicados” em computador,<br />
para atingir os cerca <strong>de</strong><br />
6.500 soldados portugueses e os<br />
perto <strong>de</strong> 31 mil espanhóis que estiveram<br />
envolvidos em combate.<br />
“Em estúdio vamos multiplicar os<br />
Computador multiplica soldados<br />
cavalos, as pessoas e as setas disparadas,<br />
para dar o maior realismo<br />
possível”, explica Filipe Ver<strong>de</strong>,<br />
chefe <strong>de</strong> produção do<br />
documentário, adiantando que<br />
foram usados cerca <strong>de</strong> 300 fatos,<br />
alguns alugados, outros criados<br />
para o efeito.<br />
“As cotas [revestimento até à<br />
altura dos joelhos usado sobre a<br />
parte superior da armadura <strong>de</strong> um<br />
cavaleiro] <strong>de</strong> malha foram feitas<br />
propositadamente na Índia”, revela<br />
o responsável, realçando o apoio<br />
da GNR e do Exército, nomeadamente,<br />
no empréstimo <strong>de</strong> cavalos<br />
e na cedência <strong>de</strong> cinco tendas militares<br />
e <strong>de</strong> geradores.<br />
As celas foram alugadas em<br />
Espanha, a uma empresa especialista<br />
em filmes <strong>de</strong> época, enquanto<br />
<strong>de</strong> França veio gran<strong>de</strong> parte do<br />
armamento usado e dois cavalos<br />
“falsos”, para simular animais mortos.<br />
As peças do guarda-roupa e<br />
do equipamento militar, feitos propositadamente<br />
para o documentário,<br />
“reverterão para a FBA e<br />
<strong>de</strong>verão ser usados em activida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> animação do campo militar”,<br />
adianta Alexandre Patrício<br />
Gouveia.<br />
RICARDO GRAÇA