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Programas de Português do Ensino Secundário em ... - Exedra

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<strong>Português</strong>: Investigação e <strong>Ensino</strong><br />

Número t<strong>em</strong>ático - <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro 2012<br />

Melo 157 (1998, p.27) acentua também que, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a teoria <strong>de</strong> Bakhtin, o gênero <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong><br />

estar liga<strong>do</strong> somente a teoria da literatura e, passa a estar liga<strong>do</strong> as práticas gerais <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>.<br />

Surge daí a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que ao recorrer à diversos gêneros, a linguag<strong>em</strong> é essencialmente dialógica.<br />

Assim os gêneros terão valor preciso para a didáctica da literatura, pois, estes têm uma importante<br />

abrangência teórica.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, Mikhail Bakhtin (2003) esboça <strong>em</strong> seu ensaio “Os gêneros <strong>do</strong> discurso”, uma teoria<br />

capaz <strong>de</strong> reunir os gêneros e a concepção <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> voltada para as suas diversas<br />

manifestações, incluin<strong>do</strong> gêneros literários e não-literários. A “essência da língua, <strong>de</strong> uma forma ou<br />

<strong>de</strong> outra, resume-se à criativida<strong>de</strong> espiritual <strong>do</strong> indivíduo”. Bakthin (1992, p. 291) Mas, a varieda<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s gêneros requer “varieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s escopos intencionais daquele que fala ou escreve. O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

tornar seu discurso inteligível é apenas um el<strong>em</strong>ento abstrato da intenção discursiva <strong>em</strong> seu to<strong>do</strong>”.<br />

(BAKTHIN, 1992, p. 291)<br />

Geraldi (1991; p. 4) consi<strong>de</strong>ra que é nos acontecimentos discursivos que está a força produtora da<br />

linguag<strong>em</strong> sen<strong>do</strong> possível <strong>de</strong>terminar os três principais aspectos a ser<strong>em</strong> analisa<strong>do</strong>s nos<br />

acontecimentos interlocutivos: “a historicida<strong>de</strong> da linguag<strong>em</strong>, o sujeito e suas activida<strong>de</strong>s linguísticas<br />

e o contexto social das interacções verbais”. (GERALDI, 1991, p.7)<br />

No Brasil, a proposta <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> LP toman<strong>do</strong> por base os gêneros repercutiu, conforme<br />

explicita<strong>do</strong> anteriormente, a partir <strong>do</strong>s PCNLP que apontam uma perspectiva <strong>de</strong> trabalho com os<br />

gêneros discursivos/textuais escritos e orais ten<strong>do</strong> ti<strong>do</strong> influencia da teoria baktiniana, <strong>do</strong><br />

interacionismo sociodiscursivo, da linguística textual e da análise <strong>do</strong> discurso.<br />

Em relação ao Programa português percebe-se, pela observação <strong>do</strong> índice <strong>do</strong> texto que, o<br />

Programa apresenta uma vertente mais prática <strong>em</strong> relação aos PCNs.<br />

Também prevalece, no <strong>do</strong>cumento português, a concepção <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> cunho bakhtiniano:<br />

ênfase nos gêneros <strong>do</strong> discurso/textuais que segun<strong>do</strong> se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> da apresentação <strong>do</strong> programa, é<br />

entendi<strong>do</strong> como uma forma <strong>de</strong> interação pela linguag<strong>em</strong>.<br />

O <strong>do</strong>cumento português <strong>de</strong>clara inicialmente que o objetivo é capacitar os estudantes <strong>de</strong><br />

ferramentas que lhes possibilit<strong>em</strong> o uso a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> da língua materna sen<strong>do</strong> essa entendida como<br />

conteú<strong>do</strong> e como objeto da aprendizag<strong>em</strong>. A aula <strong>de</strong> Língua Portuguesa <strong>de</strong>ve favorecer então, tanto<br />

os conhecimentos explícitos como os conhecimentos implícitos da língua «atribuin<strong>do</strong> à escola a<br />

função <strong>de</strong> incr<strong>em</strong>entar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão e expressão oral e escrita <strong>do</strong> aluno». (2001,<br />

p.4)<br />

Diferent<strong>em</strong>ente <strong>do</strong>s PCNs, o Programa <strong>Português</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao secundário nas vertentes cursos<br />

Científicos Humanísticos e Cursos Tecnológicos 2001, centra-se mais no ensino da língua, numa<br />

abordag<strong>em</strong> mais voltada às diversas forma <strong>de</strong> manifestação da linguag<strong>em</strong>, conce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> «particular<br />

importância à reflexão sobre a estrutura e funcionamento da língua, proporcionan<strong>do</strong> a aprendizag<strong>em</strong><br />

e a sist<strong>em</strong>atização <strong>de</strong> conhecimentos e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma consciência metalinguística».<br />

Programa <strong>de</strong> <strong>Português</strong> (2001, p.4).Concluimos, portanto que, ambos os <strong>do</strong>cumentos reflet<strong>em</strong> os<br />

atuais estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>: os PCNs preocupam-se mais com a teorização e ligação da disciplina<br />

Língua Portguesa com as diversas formas <strong>de</strong> manifestação da linguag<strong>em</strong>; o Programa português<br />

157 Para Melo (1998), a discussão relativa a probl<strong>em</strong>ática <strong>do</strong>s gêneros é muito útil no momento actual quer se pense numa<br />

compreensão teórica, quer se pense numa compreensão hermenêutica da literatura já que, as <strong>de</strong>terminações arquitextuais<br />

atuam na consciência <strong>do</strong> leitor principalmente daqueles que estão <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> escolar pois, “os géneros <strong>de</strong>v<strong>em</strong> sua experiência à<br />

relação transtextual entre obras literárias” (1998, p. 37).<br />

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