RENOVAR MAIS, NOSSOS CAFEZAIS - Fundação Procafé
RENOVAR MAIS, NOSSOS CAFEZAIS - Fundação Procafé
RENOVAR MAIS, NOSSOS CAFEZAIS - Fundação Procafé
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A PALHA DE CAFÉ DEVE SER USADA NA ADUBAÇÃO DA LAVOURA<br />
J.B. Matiello, A.W. R. Garcia e A. F. Vilela – Engs Agrs Mapa e <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong><br />
No aproveitamento da palha de café, produzida na propriedade, deve-se dar prioridade para seu uso<br />
na adubação orgânica dos cafezais. Isto por que os nutrientes, nela contidos, correspondem a um retorno<br />
em torno de 40 -50% dos nutrientes retirados pela frutificação, já que a maioria dos nutrientes se encontra<br />
em partes semelhantes, nos grãos ou na palha, alguns, como o K, até mais na palha.<br />
Alem disso, sendo uma fonte de adubo orgânico produzida nas próprias propriedades, não são<br />
necessárias despesas adicionais, de aquisição e de transporte a longas distancias, que oneram o custo de<br />
outras fontes.<br />
Sabe-se que a adubação química, feita racionalmente, pode dispensar a adubação orgânica, mas<br />
esta não deixa de ser importante, especialmente para áreas com solos desgastados, com condições físicas<br />
menos adequadas (muito arenosos ou muito argilosos), para regiões com problemas de déficit hídrico e<br />
para lavouras em recuperação.<br />
A matéria orgânica auxilia no arejamento, na permeabilidade e na maior retenção de umidade no<br />
solo. Ela fornece nutrientes, lentamente disponíveis, ao cafeeiro (macro e micro-nutrientes); aumenta a<br />
capacidade de troca de cátions (CTC) do solo; melhora a assimilação do fósforo, mesmo na presença de Al,<br />
Fe e Mn; melhora o aproveitamento dos adubos químicos e ativa o crescimento dos micro-organismos do<br />
solo, que promovem a mineralização de N, P, S, B, etc.<br />
No quadro 1 podem ser observados resultados bem expressivos da associação de palha de café<br />
com adubos químicos em ensaio na FEX-Varginha. Dentre 3 fontes usadas, destaca-se aqui o uso da palha<br />
de café, em 3 doses, sendo a dose necessária para suprir todo o K, uma meia dose e a dose correspondente<br />
ao retorno da palha colhida na lavoura, sempre descontando os nutrientes contidos e complementando com<br />
NPK. Verificou-se que, na média de 2 safras úteis do ensaio, as maiores produtividades foram alcançadas<br />
com a combinação da palha com o químico, mesmo em dosagens menores de palha.<br />
Quadro 1: Produção de café sob efeito da associação de adubos orgânicos com adubos químicos, em<br />
cafeeiros, Varginha- MG, 1983<br />
Tratamentos<br />
Produtividade Índice<br />
Média de 2 safras<br />
(scs/ha)<br />
NPK- químico 33,4 166<br />
Palha de café suprindo o total de K + supl. N e 39,4 195<br />
P quim.<br />
Palha de café suprindo 50% K + supl. NPK 37,2 185<br />
quim.<br />
Retorno da palha de café produzida. + supl. 34,6 172<br />
NPK quim.<br />
Testemunha 20,2 100<br />
Fonte: Garcia et alli, Anais do 10 CBPC, IBC-Gerca, 1983 , p.282.<br />
No quadro 2 foram incluídos resultados de experimento, na Zona da Mata de Minas, com o uso,<br />
desde o plantio do café e durante 5 safras, de combinações de doses de palha de café, de 1 a 4 kg/planta, e<br />
esterco de curral , aplicados de modo enterrado ou em cobertura, com a adubação química. Verificou-se<br />
que o modo de aplicação dos adubos orgânicos em cobertura foi o mais eficiente. As maiores quantidades<br />
de palha ou esterco foram as que resultaram melhores produtividades, bastante superiores à adubação<br />
química exclusiva.<br />
Quadro 2 : Efeito da associação de doses de palha-de-café e de esterco de curral com a adubação química<br />
em 2 modos de aplicação, na produtividade de cafeeiros. Martins Soares-MG,2001.(scs. de 60 kg/há,<br />
média de 5 safras) .<br />
<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong><br />
Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400<br />
35 – 3214 1411<br />
www.fundacaoprocafe.com.br
Tratamentos<br />
4 kg de palha-de-café/pl + AQ<br />
2 kg de esterco curral/pl + AQ<br />
2 kg de palha-de-café/pl + AQ<br />
1 kg de palha-de-café/pl + AQ<br />
Adub. química exclusiva (AQ)<br />
Produtividade, em scs por ha<br />
Modos de aplicação<br />
Enterrado Cobertura Média<br />
51,6<br />
52,2<br />
37,6<br />
37,3<br />
31,1<br />
61,3<br />
50,2<br />
55,2<br />
39,8<br />
36,0<br />
56,6<br />
51,2<br />
46,3<br />
38,5<br />
33,5<br />
Média 41,8 48,5 45,2<br />
Fonte: Barros et alli – Anais 27º CBPC, Mapa/<strong>Procafé</strong>, 2001, p. 40-1.<br />
Obs.: adubação química (AQ). com 400 kg/ha de N e K2O, reduzindo o K2O, pelo conteúdo dos orgânicos, na<br />
orgânico + químico.<br />
associação<br />
A palha-de-café, em certos casos, vem sendo usada para queima nos secadores ou, então,<br />
comercializada para queima em fornos industriais, o que representa um desperdício, com a perda dos<br />
nutrientes, especialmente os voláteis, como o N e S. Fontes alternativas de celulose (C), para gerar energia,<br />
podem ser facilmente produzidas, como com o plantio de eucalipto.<br />
As palhas de café tem teores variados de nutrientes, assim como sua densidade varia de acordo<br />
com a sua origem ou método de preparo pós colheita. No quadro 3 esses teores podem ser observados,<br />
verificando-se que a palha do pergaminho é mais pobre e menos densa, nesse caso, essa parte sim poderia<br />
ser destinada aos secadores. Pode-se ver que a palha normal, do café coco, possui 3,8 vezes mais nutrientes<br />
do que o esterco de curral, este já bem compreendido como adubo orgânico e, mesmo sendo mais pobre,<br />
não vem sendo usado para queima.<br />
Quadro 3: Composição de NPK em alguns adubos orgânicos usados na cultura do café.<br />
Adubos orgânicos Teores médios (%)<br />
N P 2 0 5 K 2 0<br />
Esterco de curral 0,5 0,2 0,5<br />
Esterco de galinha (puro) 3 3 1,5<br />
Palha de café (coco) 1,5 0,15 3,0<br />
Casca do CD 3,0 0,15 3,9<br />
Pergaminho do CD 0,6 0,06 0,37<br />
Fonte – Matiello et alli, Cultura do Café no Brasi l- Manual de Recomendações, Mapa <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>, Ed 2010.<br />
Durante a formação do cafezal e na fase de produção, a palha de café deve ser distribuída entre<br />
covas ou debaixo da saia do cafeeiro, em camadas finas, sem formar montes, nos quais poderiam se<br />
desenvolver larvas de moscas, prejudiciais a animais bovinos. Nas áreas montanhosas, colocar na parte<br />
superior do declive. Hoje em dia existem, para as áreas mecanizadas, boas máquinas distribuidoras de<br />
palhas que facilitam todo o trabalho, antes considerado difícil.<br />
A aplicação deve ser feita, de preferência, após a colheita e antes da esparramação.<br />
A quantidade de nutrientes aplicada através da adubação orgânica deve ser descontada da adubação<br />
química. O uso da palha de café deve, sempre, considerar o equilíbrio entre o potássio e cálcio e magnésio<br />
no solo, visto que essa matéria orgânicas possui alto teor de K.<br />
<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong><br />
Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400<br />
35 – 3214 1411<br />
www.fundacaoprocafe.com.br