12.07.2015 Views

Revista Coffea - Número 16 - Fundação Procafé

Revista Coffea - Número 16 - Fundação Procafé

Revista Coffea - Número 16 - Fundação Procafé

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ANO 5 - Nº <strong>16</strong> - Setembro/Dezembro - 2009


REVISTA BRASILEIRA DETECNOLOGIA CAFEEIRAFUNDAÇÃO PROCAFÉCONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLACapa: Floração abundante em cafeeiroconillon, oriundo de mudas de semente, emárea de altitude elevada, a 790 m, em SãoDomingos das Dores-MG. Plantio em dez;07,espaç. 3x1 m, florada em set;09. Foto do Eng.Agr. Márcio L. Carvalho.NOTA DO EDITORNeste numero da revista <strong>Coffea</strong>destacamos a pesquisa, com trabalhosescolhidos entre aqueles apresentadosno 35º CBPC, recentemente realizado,assunto de nossa reportagem. Na seçãode recomendação tratamos da escolhadas áreas onde plantar café e danecessidade de adubação equilibrada.As análises efetuadas mostram os tiposde atuação dos profissionais deagronomia e a importância da irrigaçãoem cafezais. Na reportagemmostramos o que aconteceu no 35ºCBPC e contamos um pouco dahistória deste tradicional Congresso.Nos produtos e equipamentosdestacamos 2 novos inseticidas, o usoacoplado de esqueletadeira edecotadeira, a nova sacaria e oequipamento moto-mexedor de café noterreiro.Graças aos recursos do convenioMAPA/ <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>, foi possíveleditar este numero. Agradecemos àSecretaria de Produção e Agroenergia eao DCAF do Ministério pelo apoio.Neste final de ano desejamos a todosnossos leitores boas festas e um ano de2010 cheio de paz e realizações nacafeicultura, esperando que Papai Noeltraga preços e renda melhores para ocafé.REPORTAGEMPESQUISANDORECOMENDANDOPANORAMAANÁLISE- Congresso de pesquisas de café fez 35 anos 03- Eficiência da aplicação de Flutriafol via pivô-lepa, no controle da ferrugem e efeitotõnico em cafézal06- Efeito do gesso em cobertura na formação da lavoura associada ou não a coberturamorta como irrigação branca do cafeeiro07- Desenvolvimento de bandeja semeadora para semeio de café08- Proteção com sombra, no pós-plantio, favorecendo o desenvolvimento inicial decafeeiros conillon em zona de altitude elevada, no Sul de Minas10- Ataque severo de phoma/ascochyta em cafeeiros conillon e resistência no robustaapoatã, em zona de média altitude no Espirito Santo11- Icatu IAC/Procafè 618 - tuiuiu, cultivar com boas características produtivas eresistência à ferrugem, com potencial de plantio comercial12- Manejo simplificado no despolpamento e secagem do café pós-colheita, na Zona daMata de Minas14- Produtividade do cafeeiro irrigado sob aplicação de diferentes doses de águaresiduária de suinocultura15- Efeito da nutrirrigação por pulsos e convencional na produtividade do cafeeiro, noSul de Minas Gerais17- Quantificação do processo de reciclagem de folhas em cafezais20- Onde plantar café?- A adubação da lavoura cafeeira deve ser racional e equilibrada- Programa Globo Repórter levanta a moral do café e da cadeia cafeeira- Novas publicações sobre manejo na lavoura cafeeira- Catucai vermelho 19/8 cv 380 - Japi, vai bem na zona montanhosa do Espirito Santo- Plantio direto de sementes e de mudas de raiz nua formam bem a lavoura de café irrigada- Importância da irrigação em cafézais- Sou agrônomo ou Engenheiro Agrônomo?SÉRIE CLIMÁTICA- Chuva de inverno provoca perdas de qualidade dos cafés da safra 2009 e menor edesigual floração para a safra de 201037ENTREVISTAANO 5 - Nº <strong>16</strong> - Setembro/Dezembro - 2009Neste número:RESPONDE- Oswaldo Henrique mostra sua visão sobre o apoio governamental à cafeiculturaPRODUTOS E EQUIPAMENTOS- Moto virador de café no terreiro- Nova sacaria para acondicionar o café- Dois novos inseticidas, em desenvolvimento e lançamento, para controle do bichomineirodo cafeeiro.- Esqueletadeira e decotadeira acopladas numa só operação, na poda de cafézais2223283131313233353839394040


CARTA AO CAFEICULTORAGUARDAR PARA VER COMO É QUE FICANo ano de 2009, que estamos encerrando, foi difícil para a cafeicultura. Viemos de um custo deprodução elevado, em função da alta dos insumos. Em muitas regiões foi um ano de safra baixa. Mesmoassim, em função da crise e da queda do dólar, especialmente nestes últimos meses do ano, os preços docafé não se elevaram, e, até caíram para os cafés de pior bebida e para o conillon.Tivemos, agravando a situação, chuvas de inverno, que depreciaram a qualidade do café e tendema prejudicar a produtividade e a qualidade da safra também de 2010, pela desuniformidade da florada (vermatéria da Série Climática, neste número). De qualquer modo teremos, por efeito do ciclo bienal, umasafra maior ano que vem. Agora os preços dos insumos baixaram, porem as perspectivas de preços futurosdo café não são nada animadoras.Tem havido muitas podas, abandonos e desânimo no setor produtivo do café. O Governo estátentando ajudar com prorrogações, créditos, opções etc (ver entrevista neste número). Devemos aguardarmais um pouco e ver como evolui a economia cafeira neste próximo ano. Se nada de novo e bom ocorrer,será, então, preciso adotar medidas mais arrojadas, com preços de garantia remuneradores, redução deoferta de café, via compra pelo governo, e outras soluções heterodoxas, pois do jeito que vai, lá na prentenão sobreviveremos.Ao produtor, assim, cabe trabalhar bem e aguardar mais um pouco para tomar a decisão maiscorreta sobre o que fazer com suas lavouras, se reduzir ou aumentar os tratos e suas áreas de café.MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTOMinistro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Reinhold StephanesSecretário-Executivo do MAPA: José Gerardo FontelesSecretário de Produção e Agroenergia (SPAE/MAPA): Manoel Vicente Fernandes BertoneDiretor do Departamento do Café (DCAF/SPAE): Lucas Tadeu FerreiraSecretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC/MAPA): Márcio Antônio PortocarreroSuperintendente Federal de Agricultura de MG (SFA/MG): Antonio do Valle Ramos<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>Presidente da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>: José Edgard Pinto PaivaUNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRASReitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães MendesREVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRAAno 5: nº <strong>16</strong> - SETEMBRO/DEZEMBRO - 2009.Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque deAlmeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia, André L. Garcia e A. V. Fagundes -MAPA/<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>, Carlos Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café.Diagramação e Impressão: Gráfica Santo Antônio Ltda. - (35) 3265-1717 - Três Pontas-MGComposição: Rosiana de Oliveira Pederiva, Cláudia Sgarboza e Thais N. Braga.Tiragem: 2000 exemplares.Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere37026-400 - Varginha/MG35. 3214-1411contato@fundacaoprocafe.com.breAv. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro20081-250 - Rio de Janeiro/RJ21. 2233-8593jb.matiello@yahoo.com.brÉ permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores.www.fundacaoprocafe.com.br


REPORTAGEMCongresso de pesquisas de café fez 35 anos03Depois do primeiro vieram mais 34 edições echegou-se a uma marca de muitos anos, dotradicional Congresso Brasileiro de PesquisasCafeeiras, neste ano acontecendo em Araxá, de 27-30 de outubro de 2009.Apesar desse longo período de trabalho, emprol do desenvolvimento tecnológico dacafeicultura, o Congresso se renova, a cada ano, e oânimo que os Técnicos demonstraram, aoapresentarem os seus trabalhos, parece embaladopela própria bebida – o café - que como se sabe éestimulante e revigorante. Mesmo os mais“experientes” não querem falar em aposentadoria.Em Araxá estiveram reunidos, paraapresentar e discutir as últimas novidadestecnológicas, as Equipes de pesquisadores ligadas àsdiferentes Instituições, das diversas regiões do pais.No mesmo fórum participaram os difusores detecnologia, aqueles que fazem parte da rede deassistência aos cafeicultores, e, ainda, os produtoreslideres e as autoridades ligadas ao setor. Mais de 700participantes estiveram no congresso, a elite técnicada cultura cafeeira.Na abertura Abertura do congressoNa abertura do Congresso, autoridadesimportantes compareceram, como o Deputado SilasBrasileiro, o Secretário de Agricultura de MGGilman Viana, representando o governador doestado, o Superintendente do MAPA em Minas,Antonio do Valle, o presidente da Caccer FranciscoAssis.e o Secretário da agricultura de Araxárepresentando o prefeito municipal, o Dr Aguinaldode Lima, presidente das câmaras setoriais de café doMapa, o Secretário executivo da <strong>Fundação</strong> Pricafé,Osvaldo H. Paiva, o Diretor geral do Cecafé,Guilherme Braga e o Presidente da Capal, AlbertoValle Junior Na solenidade de abertura foipromovido um debate sobre a política para odesenvolvimento da cafeicultura brasileira.Do programa de abertura constaram, ainda, olançamento de um livro sobre irrigação em cafezais,o lançamento da campanha “café seguro” e o dia-decampona Fazenda Experimental da CAPAL.A organização do evento também prestouhomenagens a pessoas que tem feito muitostrabalhos em prol do desenvolvimento dacafeicultura dos cerrados, sendo agraciados oDeputado Silas Brasileiro, o Dt. Aguinaldo J. deLima, e os Agrônomos Roberto Santinato e JoséEdgard P. Paiva.Trabalhos com qualidadeMais de 300 trabalhos de pesquisa foramapresentados, sendo incluídos no livro dos anais, osquais, alem de ser discutidos, servirão como fonte deconsulta posteriormente ao evento. Foi, ainda,editado um CD, este com os trabalhos do 35º etambém das 2 edições anteriores do Congresso, o 33ºe o 34º, os quais eram os únicos que ainda não sedispunha em CDs.Os trabalhos trataram dos diferentes setoresda cultura cafeeira, iniciando pelas doenças e pragas,pelos sistemas de plantio, nutrição, tratos culturais,fisiologia, colheita, preparo e qualidade do café,alem de estudos sócio-econômicos, agricultura deprecisão e certificação. Cento e dois trabalhos foramapresentados oralmente durante os 3 dias de sessãoem plenárioOs seminários, realizados no fim da tarde,todos os dias, discutiram temas mais aplicáveis àcafeicultura regional. O primeiro tratou da “ModernaMesa diretora dos trabalhos na abertura doCongresso. Da direita para a esquerda, Guilherme,Aguinaldo, Junior, Antonio do Valle, Gilman, Silas,Oswaldo Henrique, Francisco Sérgio e A. Wander.Alberto Valle Junior, presidente da CAPAL, recebede OsWaldo Henrique, Diretor da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>a homenagem como a Colaboradora da pesquisa doano de 2009, pela manutenção do campoexperimental em Araxá.


04 REPORTAGEMcafeicultura dos cerrados” nele atuando Dr AntonioNazareno M. Guimarães, Reitor da UFLA. comocoordenador e como palestrantes Francisco de Assis,da CACCER, fazendo um diagnóstico e RobertoSantinato e André Fernandes que falaram sobrenutrição e irrigação racionais para as lavouras docerrado..O segundo seminário abordou “A poda nomanejo de cafezais,” sendo coordenador RobertoThomazielo e palestrantes, J.B. Matiello, que faloudas finalidades das podas no manejo e Alisson Villelae André Garcia, que discutiram a época e modo depodar e o uso da poda para safra zero.No terceiro seminário o tema foi “Novasvariedades de café”, sob coordenação de Carlos H.Carvalho e participação de S. R. Almeida, L.C.Fazuoli e Antonio A. Pereira, cada um apresentandoas variedades novas desenvolvidas pelas suasInstituições e Equipes de trabalho.Dia-de-campo serve de demonstraçãoO dia de Campo ocorreu na manhã do dia 30,com demonstrações, nos campos experimentais, deirrigação, espaçamentos, adubação e variedades.Foram realizadas 5 estações de campo, a cargo doeTécnicos, J.B. Matiello e S.R. Almeida, quemostraram as novas variedades; R. Santinato, sobreadubação orgânica; Rodrigo Ticle, sobreespaçamentos; André Fernandes, sobre irrigação; eA.W. Garcia, sobre uso de gesso e silício.O dia de campo na Estação Experimental daCAPAL/Convênio com a <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong> foi umótimo instrumento para os participantes observarem,ao vivo, os resultados das pesquisas. A propósito, aCAPAL recebeu, da organização do Congresso, umahomenagem como a colaboradora da pesquisacafeeira do ano de 2009..Outras atividades e patrocinioDurante o evento foi possível, ainda,conhecer as novidades sobre produtos eequipamentos, nos stands de empresas ligadas aosetor cafeeiro e apreciar a exposição de pinturas“café com arte” da artista Valéria Vidigal.O Congresso teve o patrocínio do Ministérioda Agricultura, da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>, da Embrapacafé,da UFLA, UNIUBE, e Secretaria de agriculturade MG, com a parceria local da CAPAL e daCACCER. Colaboram e apoiaram o evento asCooperativas e Associações de cafeicultores, asEmpresas de pesquisa e Universidades, o CNC, aABIC, ABICS, o SEBRAE, o CECAFE. E Empresasprodutoras de insumos e maquinário para a lavouracafeeiraA programação completa do Congresso podeser verificada no site: www.maiscafe.com.br ouwww.fundacaoprocafe.com.br.Durante o evento os trabalhos e as palestrasforam transmitidas ao vivo pela internet. O colegaSérgio Parreira dá a dica para aqueles que nãopuderam acompanhar.Basta acessar: O Cardápio de Palestras estádisponível em:http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=20498&pag=1Coloquei também um link (banner) na paginaprincipal do MANEJO:http://www.peabirus.com.br/redes/form/comunidade?id=218.Foi uma surpresa agradável a mensagem querecebi do Eng. Agr. e Pesquisador da Colômbia, JairoLeguizamon, que acompanhou o congresso pelainternet. Veja na mensagem original por ele enviada,o que el diz: Apreciado José B Matiello: Los felicitopor la calidad del congreso de gran importancia parala Caficultura Brasileña y mundial. Tuvimos laoportunidad de seguir sus presentaciones víaInternet, con eficiente calidad.CONGRATULACIONES y esperamos queel próximo congreso tenga las mismas facilidades.A história dos congressosPara aqueles que acompanharam todos ou amaioria dos Congressos de Pesquisas Cafeeiras valea pena recordar, por onde passaram, ou quais estadose cidades onde ele foi realizado. Para os novostécnicos é bom conhecer a história e saber que muitotrabalho foi feito, tendo eles a obrigação dacontinuidade.Em 1973 foi o primeiro, em Vitória-ES,tendo o Estado recebido 4 edições do Congresso,sendo 3 em Guarapari, a 5ª, em 1977, a 20ª, em 1994e a 31ª, em 2005.O segundo Congresso ocorreu em Poços deCaldas-MG, em 1974, tendo o estado de MinasGerais, pela sua localização centralizada na regiãocafeeira, recebido a grande maioria das edições doevento, ao todo 21, sendo: :em Caxambu o 4º - 1976,o 12º, em 1985, o 21º, 1995, o 28º, 2002 e o 34º, em2008. Em Araxá ocorreram o 7º, em 1979, o 18º, em1992, o 29º, em 2003 e o 35º, em 2009. Poços deCaldas recebeu mais 3 edições: a 10ª, em 1983, a 24ª,em 1998, e a 32ª, em 2006. Ainda em Minas, SãoLourenço recebeu o 9º, em 1989, o 13º, em 1983 e o30º, em 2004. As cidades em Minas que receberamuma edição do Congresso em cada foram: Varginha,


REPORTAGEM 05o 17º, em 1991, Três Pontas, o 19º, em 1993,Manhuaçu, o 23º, em 1997, Uberaba, o 27º, em 2001e Lavras., o 33º, em 2007.O estado do Paraná recebeu 3 eventos, o 3ºem 1975, em Curitiba, e 11º, em 1984 e o 15º, em1989, em Londrina e Maringá..O estado de São Paulo teve 7 edições doCongresso: o 6º, em 1978, em Ribeirão Preto, o 8º,em 1980, em Campos do Jordão, o 14º, em 1987, emCampinas, o <strong>16</strong>º, em 1990, em E. S. Pinhal, o 22º, em1996, em Águas de Lindóia, o 25º, em 1999, emFranca e o 26º, em 2000, em Marilia.O começo, os méritos e as lembrançasA grande motivadora do Congresso foi aferrugem do cafeeiro, que gerou a execução de umextenso programa de pesquisas para seu controle e,em seguida, a renovação de cafezais, programasnascidos no âmbito do IBC-GERCA, a partir de1970. Tanto assim, que o primeiro congressochamava-se de Congresso Brasileiro de Pragas eDoenças do Cafeeiro. A partir do segundo o nomemudou para pesquisas cafeeiras, pois o problema daferrugem passou a ser tratado no todo da culturacafeeira, com a necessidade de adaptação datecnologia na condução de cafezais, paraconvivência com a temida doença.A idéia do Congresso partiu do Eng. Agr. J.B.Matiello, com o imediato apoio do então SecretárioExecutivo do Gerca, grande incentivador da Equipe,o também Eng. Agr. José Maria Jorge Sebastião.Muitas edições depois, sentimos saudades dealguns ilustres colegas que sempre participaram eque já se foram, podendo-se lembrar de AlcidesCarvalho, Ângelo Paes de Camargo, CoaracyFranco, Adolpho Chebabe, Euripedes Malavolta,Kepler Araújo Netto, João da Cruz, Roberto Abreu, J.C. Zattar, sem falar de Paula Motta, que dirigiu osetor da produção cafeeira do IBC, que dirigia asatividades do congresso, por longos anos.Alguns de nós, mesmo antigos, aindacontinuamos, com a graça de Deus e, saibam, combastante esforço. Os métodos mudaram, é natural.No inicio era o preparo dos trabalhos em máquinasde escrever, muitas ainda manuais. A apresentação sedava no retro projetor e nos projetores de slides.Agora é só no computador, pen drive e data show.Tivemos que evoluir junto com essas modernidades,que facilitam.No entanto, o maior valor do pesquisadorestá nele mesmo, nas suas idéias, sua criatividade emuito no seu trabalho. Por isso, a ele dedicamos estas35 edições do Congresso.Os homenageados pelo trabalho em prol dacafeicultura, em especial a dos cerrados, R.Santinato, Aguinaldo Lima e Silas Brasileiro, aocentro o Secretário Gilman Viana e {a esquerda oDiretor Oswaldo HenriqueO movimento de inscrição na Secretaria do EventoDurante o Seminário sobre variedades de café, vendoseo Coordenador Carlos em pé e na mesa ospalestrantes Antonio Pereira, Fazuoli e Saulo AlmeidaNa barraca de recepção do dia de campo na FdaExperimental os visitantes chegam e enquantoesperam vão logo tomar o cafezinho e aproveitar osquitutes ali oferecidos.


06PESQUISANDOEFICIÊNCIA DA APLICAÇÃO DE FLUTRIAFOLVIA PIVÔ-LEPA, NO CONTROLE DA FERRUGEME EFEITO TÕNICO EM CAFÉZALJ.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/<strong>Procafé</strong> e V. Josino, E. C. Aguiar e R.A. Araújo, Tecs. Agrop. São ThoméOs fungicidas do grupo dos Triazóis apresentamboa eficiência no controle da ferrugem do cafeeiro, sendo,aqueles de melhor absorção/translocação, eficientestambém quando aplicados via solo, para absorção pelosistema radicular.O Flutriafol tem comprovada eficiência contra aferrugem do cafeeiro, sendo especialmente indicado parauso via solo.O sistema normalmente usado na aplicação viasolo utiliza equipamento, manual ou tratorizado, queaplica, sobre o solo, um esguicho ou filete líquido com acalda fungicida, na linha junto aos troncos do cafeeiro,conhecido como sistema drench.Em grandes plantações de cafezais, como aquelasque vem sendo feitas na região de Pirapora-MG, comirrigação em Pivô-Lepa, em plantios circulares, o sistemade aplicação em esguicho encontra dificuldades pelomenor rendimento operacional ( 7-10 ha/dia) e pode tereficiência reduzida, pelo menor volume de água/caldaveiculada (20-50 ml/pl), sobre grande quantidade deresíduos orgânicos sob os cafeeiros.No sistema de plantio circular de café e com airrigação em pivô-lepa, a aplicação da água coincide sobre alinha de cafeeiros, caindo ao solo sob a copa das plantas.Essa aplicação facilita a ferti-irrigação, sendo uma opçãopara outros produtos via água., sendo que a quimigação,visando o uso de inseticidas, fungicidas e outros defensivosvia irrigaçãoainda é pouco estudada e utilizada.No presente trabalho objetivou-se testar aeficiência da aplicação de Flutriafol em um pivô-Lepa nocontrole da ferrugem em cafezal e avaliar o efeito tônicodo produto.O teste foi conduzido no ciclo 2008/09, em umpivô de 80 ha, com cafezal Catuai/144, com 4,5 anos,espaçamento 3,6 x 0,5 m, e produtividade de 95 scs/ha em2009. Foi aplicada a dose de 5 litros/ha do produto Impact(Flutriafol 125 SC), com o pivô rodando a 100%,aplicando 8mm dágua. A aplicação única do Impactocorreu em 20/11/08. O tratamento foi completado poruma aplicação foliar de Epoxiconazole a 0,6 l/ha em27/fev/09 mais duas foliares anteriores, em dez/jan, comcobre mais micro-nutrientes. Duas linhas (pequenas) decafeeiros no centro do pivô não receberam o Impact viasolo (sendo fechadas as lepas durante a aplicação) , sórecebendo o tratamento normal, foliar, com 2 aplicaçõesde Epoxiconazole e 2 linhas ficaram sem qualquertratamento.As avaliações da doença foram efetuadas em junho, nopico da doença tomando-se amostragens de folhas aoacaso, 10 de cada planta, em seu terço médio, em 30plantas ao acaso por tratamento. Após a colheita, emjulho/09 avaliou-se a desfolha em 4 ramos ao acaso/planta, nas mesmas plantas.Resultados e conclusões:Os resultados das amostragens de infecção edesfolha nos cafeeiros do campo estão colocados noquadro 1.Quadro 1- Infecção e desfolha em cafeeiros sob tratamentos com fungicida Flutriafol, via pivô-Lepa, Pirapora-MG,2009.De acordo com os dados do quadro 1 observa-se aforte evolução da ferrugem nos cafeeiros do tratamentotestemunha, atingindo 87% de infecção, função das boascondições de umidade e calor e devido à alta carga pendentena lavoura. Nessas condições favoráveis à doença, mesmotratamentos eficientes como o uso das aplicações foliares deEpoxiconazole permitiram um avanço significativo daferrugem e uma desfolha superior a 60%. No tratamentoonde entrou o Impact no solo, via Lepa, os níveis deinfecção e desfolha foram muito inferiores.O que chamou mais a atenção do tratamento com oImpact foi o bom enfolhamento que a lavoura apresentou nopós-colheita, mesmo após a alta produção colhida (95 scs/ha),mostrando que alem do controle da ferrugem houve um efeito


08 PESQUISANDOA cobertura morta era precedida da roçada do mato.direcionando a massa verde sob a saia dos cafeeiros. Airrigação do tratamento nº 1 foi feita de acordo com obalanço hídrico por gotejamento.Resultados e conclusões:O quadro 1 demonstra os resultados da 1ª e 2ªproduções, onde verifica-se, na 1ª produção, asuperioridade significativa do tratamento com a irrigação(+19%) em relação aos sequeiro, em e consequencia dodéficit hídrico elevado, de 186mm. Os tratamentos comgesso ou gesso mais cobertura morta não diferem dosequeiro sendo ligeiramente inferiores.Na 2ª produção, não houve diferença com otratamento irrigado, em vista do ano com déficit hídricobaixo (136 mm) são prejudicial. No gráfico 1 demonstrasea média das duas 1ª safras (1ª Biênio) e a 1ª e 2ª safraindividualizada: Nos gráficos 2, 3, 4 e 5; respectivamentepara Ca, Mg, K e S tem-se os valores no solo e foliar dasanálises aos 42 meses.Verificou-se que o Calcio aumentousignificativamente no solo em todas as profundidades 0-10; 10-20 e 20-40, e a análise foliar não apresentamcorrelações com os teores do solo. O Magnésio diminuiusignificativamente na presença do gesso, sem diferenciarde dose e profundidade, sugerindo que tenha sido levadopara camadas mais profundas que 40 cm. Houve umacorrelação com os teores foliares, estes deficientes de Mg,nos tratamentos com gesso; com teor médio de 2,78 g/kg.O K praticamente não sofreu alterações significativas,sendo ligeiramente inferior do gesso 1,6 a 2,1 contém 1,8a 2,4 mmolc/dm³. Não há correlação entre teores foliares eteor do solo. O Enxofre aumentou em todas asprofundidades sendo teores maiores com 7,5 ton/ha quecom 5 ton/ha; estes com 100 a 190 mg/dm³ de S, contra 34a 55 mg/dm³ das testemunhas sem gesso.Até a 2ª safra do cafeeiro (42 meses) pode-seconcluir que:1. As doses de gesso (5 e 7,5 ton/ha/ano) no total de 15ton/ha e 22,5 ton/ha não diferem do padrão sequeiro,sendo inferior à irrigação; não funcionando, portanto,como prática para substituir a irrigação; mesmo comcobertura morta associada ao gesso.2. As doses de gesso elevam significativamente o cálciono solo nas 3 camadas (0-10; 10-20 e 20-40 cm), semcorrelação com os níveis foliares.3. As doses de gesso reduziram os teores de K, e nãohouve correlação foliar.4. As doses de gesso foram reduzindo o Mgsignificativamente (altamente) nas camadas estudadas emostram uma correlação foliar com níveis deficientes.5. O enxofre elevou-se significativamente com as dosesde gesso,em 2 a 3 vezes, para sem correlação com osteores foliares.Quadro 1 - Produçõesiniciais de cafeeiros sobefeito do gesso comoirrigação branca naformação da lavouracom ou sem aberturamortaDESENVOLVIMENTO DE BANDEJA SEMEADORAPARA SEMEIO DE CAFÉJ.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa; <strong>Procafé</strong> e C.M. Barbosa, Tec. Agr. Café Brasil,M.L Carvalho, Eng. Agr. e Ronaldo Werner Eng. Mecanico. Fda RealezaA operação de semeio de café, mais usual sob aforma de colocação direta das sementes sobre o substrato,é feita de forma manual, posicionando, individualmente,cada uma a duas sementes, no centro dos recipientes,como as sacolinhas de polietileno, cheias de terra maisesterco mais adubo químico. Esta operação manual élenta, sendo que um trabalhador pode semear, em média,3 mil sacolinhas por dia.Em outras culturas, onde se exige grande numerode plantas, como ocorre com as hortaliças, o semeio éfeito, em sua maior parte, em sistemas automatizados, emmáquinas munidas de bandejas semeadoras, muitas avácuo. O uso de sistemas de semeio mais rápido desementes de café não havia, ainda, sido testado.O objetivo do presente trabalho foi o dedesenvolver e testar uma bandeja semeadora, parafacilitar o semeio de café.A idéia surgiu na medida em que, para plantios


PESQUISANDO 09adensados se exige grande numero de mudas e, para tal seexigia sistemas de produção de mudas mais econômicos.A primeira etapa foi a introdução da produção das mudasem bandejas plásticas, com células menores e de formaregular, à semelhança do que se usa na produção de mudasde hortaliças, de fruteiras e de essências florestais. Essadistribuição simétrica dos recipientes com o substratodespertou a atenção para a possibilidade do uso de umabandeja semeadora de café.Foi efetuado um trabalho de desenvolvimento etestagem na Zona da Mata de Minas Gerais, em Realeza, naFazenda Ouro Verde. A bandeja semeadora e o marcadorforam desenvolvidos a partir do envio de sementes de cafée das bandejas plásticas que seriam usadas para as mudas, afim de servir de base para a modelagem do marcador ebandeja semeadora, com o dimensionamento das células edas distâncias entre elas. A modelagem foi feita pelaEmpresa Semeart, especializada na confecção de bandejassemeadoras. O modelo fabricado foi testado em viveiro,para semeio e formação de 200 mil mudas de café naFazenda Ouro verde, no ciclo 2008/09.A bandeja foi desenvolvida a partir de madeiratratada, protegida, pintada e o molde final foi feito deplástico modelado quente e prensado. Para facilitar osemeio foi feito, também, um marcador, semelhante auma tábua, com protuberâncias, para fazer pequenasconcavidades sobre o substrato, no centro das células,onde ficarão as sementes. Este marcador foi feito demadeira protegida e pintada.A bandeja semeadora, possui depósito de sementes,onde as sementes de café são colocadas, em pequenaquantidade (cerca de 250 g). Este depósito possui, de um lado,uma separação, com concavidades distanciadas de 4,5 cm,onde as sementes, uma de cada vez, se encaixam. Então, abandeja semeadora é colocada sobre as bandejas plásticascheias do substrato, elas são coincididas e logo abre-se alamina inferior, deixando cair uma semente em cada célula dosubstrato, semeando, de uma vez, cada bandeja, com 72células e que resultarão em 72 mudas. Repete-se a operaçãoem outra bandeja e, rapidamente, semeia-se todo o viveiro.Em seguida ao semeio peneira-se uma camada fina dosubstrato sobre as sementes e está pronto.Uma vez acionada a abertura, apenas uma sementeé depositada em cada recipienteAqui pode-se observar a bandeja semeadora com oconjunto de sementes e cada orifício vai encaixarapenas uma sementerendimento na operação de semeio.c) A bandeja semeadora pode ser adaptada a qualquer tipode recipiente de mudas, desde que sejam distribuídos comboa regularidade em seu arranjo. Para tanto podendo serencomendadas bandejas especialmente modeladas.Resultados e conclusõesO rendimento observado no semeio com abandeja semeadora foi o equivalente a 3.600 mudas porhora trabalhada ou em média 30.000 mudas por dia.Pode, eventualmente, ocorrer falhas, observadas no teste,sendo menos de 3% de falhas, podendo ser feito,rapidamente, um repasse manual complementar, paraajuste do semeio feito com a bandeja semeadora.No teste efetuado, após o período de 5 meses asmudas semeadas tiveram uma formação uniforme, complantas normais, sem problemas de parte aérea ou desistema radicular. Com base no estudo dedesenvolvimento e testagem da bandeja semeadora, emescala de viveiro comercial, concluiu-se que:a) É possível semear as sementes de café através debandejas semeadoras que permitem o semeio de váriassementes de uma só vez.b) Com a bandeja semeadora pode-se obter altoNa primeira etapa dasemeadura, a tábuamarcadora é colocada sobrea bandeja com substrato,para fazer pequenasdepressões, onde ficarãoas sementesApós à semeaduracobre-se as sementes como substrato e molha-se


10 PESQUISANDOPROTEÇÃO COM SOMBRA, NO PÓS-PLANTIO, FAVORECENDOO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE CAFEEIROS CONILLONEM ZONA DE ALTITUDE ELEVADA, NO SUL DE MINASJ.B. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. e R. A. Ferreira, Tec. Agr. Mapa/procafée Carlos Alberto M. Rabello Jr. Eng. Agr. Bolsista, <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>O cafeeiro robusta, da espécie <strong>Coffea</strong> canephoraé tradicionalmente cultivado e adaptado em regiões debaixa altitude, em condições de temperaturas médiasanuais na faixa de 22-25º C. No Brasil se cultiva a cultivarConillon, em lavouras a pleno sol, à semelhança dasplantações de arábica, porem, em paises da África e Ásia,são comuns plantações de robusta sombreadas.A melhor condição de adaptação edesenvolvimento das plantas de café em ambiente desombra é bastante conhecida para a fase de produção demudas, em viveiros, onde ocorre maior fotossíntese ecrescimento sob meia-sombra.No pós-plantio, as mudas, ainda pequenas, temsua folhagem bem exposta ao sol. Nas regiões quentes,onde se cultiva o robusta-conillon e algumas lavourastambém de variedades arábica, tem sido observadasrespostas positivas no desenvolvimento inicial decafeeiros sob sombra provisória. (Matiello J.B. et alli, inAnais do 14° CBPC, p. 19, 1987 e Matiello J.B. et alli, inAnais do 30º CBPC, p. 2, 2004).Nas regiões tradicionais de cultivo de conillon,no estado do Espirito Santo, Vale do Rio Doce em Minas eSul da Bahia, é prática indicada e muito usada a proteçãoinicial, no pós-plantio das mudas de conillon, com hastesde palmeira.Com o interesse de produtores no plantio doconillon em regiões de altitude mais elevada, comtemperaturas mais baixas e menor insolação, porem commais ventos frios, torna-se necessário estudar a prática deproteção das mudas no pó-plantio nessas novas condiçõesambientais.O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar oefeito de diferentes tipos de proteção de mudas deconillon em região de altitude elevada, no Sul de MinasGerais.Foi conduzido, em sua primeira fase, um ensaio,na Fex da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>, em Varginha, a 950 m dealtitude, com 4 tipos de proteção no pós plantio de mudasde conillon. O ensaio foi delineado em blocos ao acaso,com 5 tratamento, 5 repetições e 6 plantas por parcela.As mudas de conillon, com 6 pares de folhas,formadas em sacolinhas plásticas comuns, foramplantadas, em fev/09, no espaçamento de 3,5 m x 1m,sendo aplicados os tratamentos discriminados no quadro1, constando do plantio normal, a pleno sol; o plantio maisprofundo, com a cova protegida com capim, sobre o solo;a proteção de sombra com 2 pequenas porções ou lascasde bambu gigante e a proteção com plantas de milho,plantadas em 2 modos, na linha, entre covas e nas ruas, em2 fileiras laterais em relação à linha dos cafeeiros.Os tratos foram os normais indicados no pósplantio, sem uso de irrigações ou molhações.As avaliações, nessa primeira fase, constaram daverificação do pegamento e da altura das plantas aos 6meses pós-plantio. Foi efetuada a análise estatística coma comparação pelo teste de Scott-Knott a 5%.Resultados e conclusões:Os resultados de avaliações do pegamento dasplantas e do seu crescimento em altura constam do quadro1.Quadro 1 - Pegamento de mudas, em numero de plantasvivas epercentagem, e altura das plantas, em Cm, no ensaiode diferentes modos de proteção de plantas de conillon nopós-plantio, Varginha-MG, 2009.Cafeeiro jovem plantado comproteção, sob palha de coqueiro


PESQUISANDODe acordo com os dados do quadro 1 verificou-seque as plantas sem proteção (trat 1 e 2) apresentaram umbaixo nível de pegamento, enquanto aquelas comproteção, especialmente o tratamento 5, com proteçãoimediata de colmos de bambu, apresentaram umpegamento superior significativamente. Quanto à alturadas plantas não foram observadas diferençassignificativas, embora se verifica melhordesenvolvimento e melhor aspecto no tratamento 5.Comparando-se os tipos de proteção observa-seque o plantio fundo, com capim, não funcionou. Quantoao plantio de milho houve boa melhoria em relação aotratamento sem proteção, com vantagem do plantio nalinha, com menor numero de plantas de milho. No plantiolateral houve um excesso de plantas de milho, queconcorreram inicialmente com as plantas de café.Também um desempenho ligeiramente inferior pode seratribuído à demora inicial na proteção de sombra, apesardo plantio do milho ter sido feito cerca de 1 mês antes doplantio do café.As observações de campo mostraram que asmudas sem proteção apresentaram no inicio folhasamareladas, seguindo-se rápida desfolha, ficandosomente o último par no topo das mudas, muitasapresentaram seca do ponteiro, emitindo grande numerode brotos na parte baixa do caule. As folhas novas saíramcom tamanho pequeno. As mudas protegidas mantiveramas folhas velhas, cresceram novas de tamanho grande e decor verde escura. Pelo aspecto das plantas no campo foipossível classificar os tratamentos em ordem decrescente,assim: 5, 3, 4, 1 e 2.11Os resultados das avaliações e as observações decampo permitem concluir que mesmo em regiões maisfrias a proteção das mudas de conillon melhora opegamento e desenvolvimento das plantas no pós-plantio.Para a proteção com milho deve-se cuidar para seu plantiomais antecipado e no uso de menos plantas (sementes) nabase de 1 planta cada 0,5 m.O efeito benéfico da cobertura e proteção dasmudas deve estar relacionado com a redução da perda deágua, a proteção contra o excesso de insolação e ventos e,principalmente, pelo melhor índice fotossintético nafolhagem sombreada. Isso se depreende, pois, quandomudas amareladas e sem desenvolvimento são cobertaselas logo mudam a coloração da folhagem e crescemfolhas grandes. Com o crescimento das plantas o autosombreamentoelimina os problemas iniciais.A proteção com palha pode ser usada noreplantio de falhas, como se observa na foto.ATAQUE SEVERO DE PHOMA/ASCOCHYTA EM CAFEEIROSCONILLON E RESISTÊNCIA NO ROBUSTA APOATÃ,EM ZONA DE MÉDIA ALTITUDE NO ESPIRITO SANTOJ.B. Matiello, Eng Agr Mapa/<strong>Procafé</strong> e C.A. Krohling, Eng Agr ConsultorO complexo de doenças que é causado peloataque de fungos dos gêneros Phoma e Ascochyta estárelacionado com a ocorrência de baixas temperaturas ealta umidade, condição presente nas regiões de altitudeelevada, onde se cultiva variedades de café arábica.Na região tradicional de cultivo do café robustaconillon,como ocorre no estado do Espírito Santo, asaltitudes são baixas, inferiores a 300m, e o clima é quentee seco, ai não tendo sido observados problemas de ataquesde Phoma/Ascochyta.Tem havido interesse de produtores no cultivo decafeeiros robusta em regiões de altitudes mais elevadas,justificando estudos para observação dos problemas comdoenças nessa nova condição ambiental de cultivo.No presente trabalho relata-se as observaçõessobre a ocorrência e resistência a Phoma/Ascochyta em 2regiões onde se cultiva cafeeiros robusta em altitudesmais elevadas.As observações foram feitas em campo deprodução de sementes de Apoatã em Marechal Floriano-ES, a 650 m de altitude e no CEPEC em Martins Soares a740 m de altitude, também com Apoatã, e numa lavoura


12 PESQUISANDOcomercial, de conillon, a 520 m de altitude, também emMarechal Floriano.No período frio do ano, de maio a agosto de 2009,foi avaliada a ocorrência de Phoma/Ascochyta, através daobservação dos sintomas nas folhas, ramos e nos botõesflorais, com verificações em períodos pós-ocorrência dechuvas finas e continuadas, condição que favorece oataque. As avaliações foram feitas sempre comparando oataque nos cafeeiros robusta em relação a cafeeirosarábica na mesma área.Resultados e conclusões:As observações de campo sobre a ocorrência dePhoma/Ascochyta em cafeeiros robusta mostraram quenão foram constatados sintomas da doença nos cafeeirosApoatã, em nenhuma das áreas observadas, confirmandoobservações anteriores dos autores sobre provávelresistência desse material genético a este complexo defungos. Já, para os cafeeiros conillon, verificou-se umforte ataque da doença na condição de altitude um poucomais elevada, atacando folhas, ramos e, principalmente,Rosetas de frutinhos da cultivar Apoatã,sem ataque de PhomaBotões e frutinhos de conillon, a 520 m dealtitude queimados por ataque de Phomaafetando botões florais e inflorescências, queimando-asem nível grave. Nesse cultivar, ainda não foramobservadas quaisquer plantas que apresentassemresistência. Verificou-se, somente, algumas plantas commenor ataque dentro da plantação. Em um talhão, davariedade Catuai, as plantas apresentavam ataque dadoença em níveis muito inferiores, em relação ao forteataque no Conillon, parecendo ser este cultivar robustamais susceptível do que o padrão arábica.Pode-se concluir que a cultivar de robusta Apoatãapresenta boa resistência ao complexo Phoma/Ascochyta,enquanto a cultivar Conillon pode ser severamenteatacada por essa doença, quando cultivada em condiçõesde temperatura e umidade favoráveis, as quais ocorremem zonas de altitude mais elevadas.Deste modo, deve-se adotar cuidados deacompanhamento e controle de Phoma/Ascochyta naslavouras de conillon em altitudes mais elevadas,devendo-se buscar, no futuro, a adoção de plantio declones obtidos de plantas de robustas mais resistentes aestas doenças.ICATU IAC/PROCAFÈ 618 - TUIUIU, CULTIVAR COM BOASCARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS E RESISTÊNCIA ÀFERRUGEM, COM POTENCIAL DE PLANTIO COMERCIALJ.B. Matiello, e S.R. Almeida, Engs. Ars. Mapa/<strong>Procafé</strong>, L.C. Fazuoli, Eng. Agr. IAC,A. R. Queiroz, Eng. Agr. Mapa/<strong>Procafé</strong> e C.H.S. Carvalho, Eng. Agr. Embrapa-Café.A pesquisa para combinar resistência à ferrugeme produtividade em variedades de café foi iniciada, naSeção de Genética do IAC, mesmo antes do aparecimentoda doença no Brasil, em 1970. Uma das linhas de trabalhodesenvolvida foi aquela a partir de cruzamento interespecificode arábica com o robusta, que deu origem aomaterial de Icatu.Inúmeros ensaios foram conduzidos ao longo das3 últimas décadas procurando avaliar a produtividade e aresistência de diferentes seleções doe Icatu. Algumas


PESQUISANDOlinhagens foram lançadas, como os Icatus Vermelhos4040 e 4045 e os amarelos 2944 e 3282(precoce). Nogeral, houve pouca aceitação do Icatu, tendo em vista suaprodutividade inferior aos padrões Mundo Novo e Catuai,sua pequena tolerância à seca, seu porte alto, seusproblemas de qualidade das sementes, com linhagens defrutos muito pequenos, como o 3282, ou com muitosconchas, como o 2944. Alem disso, a rápida perda deresistência à ferrugem foi a característica que mais pesounas dificuldades de expansão dos plantios de Icatu.Apesar dessas dificuldades os trabalhos deseleção foram continuados e no âmbito do <strong>Procafé</strong> foramdestacadas 2 linhagens que tem apresentado ótimacapacidade produtiva e resistência à ferrugem, tratandoseda Linhagem de Icatu Amarelo 2944 cv 859 cv 190, e dalinhagem de Icatu Vermelho que se originou da LC 3696.A linhagem 2944-859-190 tem apresentado problemas deum índice elevado de conchas, tem diâmetro de saia muitogrande e é menos tolerante a stress hídrico.O objetivo do presente trabalho é relatar os bonsresultados obtidos, ao longo de 24 anos, inicialmente noIBC e depois no <strong>Procafé</strong>, em parceria com o IAC, com aseleção dentro da linhagem 3696, visando melhorar suascaracterísticas, buscando seu potencial de plantio emescala comercial.A primeira referência de introdução da linhagem3696, oriunda do IAC, data de 1985, no ex-IBC, emLondrina, no Paraná (Dr Kaiser). O numero de introduçãofoi 85009, tendo ali sido selecionada e enviada ao IBC,em Caratinga, a planta 85009-9, recebendo, então onumero FEX 1367. Daí as melhores plantas foramenviadas à FEX do IBC, atualmente <strong>Procafé</strong>, emVarginha.Em Caratinga dispõe-se de dados de ensaio decompetição com vários materiais, sendo a seleção deIcatu (FEX 1367) a segunda mais produtiva, com 27sacas/ha, na média das 3 primeiras safras, perdendoapenas para a linhagem de Catuai amarelo 32, com 29scs/ha.(Queiroz et alli, Anais do 22º CBPC, 1996).Em Varginha, com material enviado deCaratinga, no primeiro ensaio de competição foi obtida aprodutividade no Icatu de 14 scs/ha, contra <strong>16</strong> sacas noCatuai vermelho 81, na média das 3 primeiras safras(Almeida e Carvalho, Anais do 17º CBPC, 1991). Foi aíselecionada a cova 618, a qual foi colocada em outroensaio em Varginha, produzindo 32 scs/ha, na média das 2primeiras safras, contra 41 sacas/ha, no padrão CatuaiVermelho 144. (Matiello et alli, Anais do 26º CBPC,2000).A melhor planta do ensaio foi enviada para testeno CEPEC-Heringer, em Martins Soares, onde se dispõede dados de produtividade média em 7 safras, tendo oIcatu 618 sido o terceiro mais produtivo do ensaio (commédia de 103 scs/ha), só perdendo ligeiramente para oCatucai Amarelo 24/137 (101 scs/ha) e para o Icatu 859 cv190 (95 scs/ha).( Matiello et alli, Anais do 35º CBPC,13A cultivar Icatu IAC;<strong>Procafé</strong> 618, Tuiuiu, vendo-se oscafeeiros no ensaio na FEX Varginha, mais atrás otuiuiú, com alto vigor e na frente cafeeiros devariedades menos vigorosas de outras variedades(ensaio Mg-3-25). Cafeeiros com 10 anos de idade.2009). Neste ensaio a avaliação da infecção pelaferrugem, feita em 24 plantas da seleção do Icatu 618, nãomostrou qualquer pústula de ferrugem nas plantas,enquanto nos materiais susceptíveis, como o Catuaiamarelo 74 e o Acaiá 474/19, a infecção atingiu o nível de95% das folhas. Outros Icatus no ensaio, como o 2945-5-5e o 4287-788 e 108, foram igualmente susceptíveis, com91-95% de infecção (Matiello et alli, Anais do 34º CBPC,p.9, 2008).. Certamente por isso, em função do controleda ferrugem, nos 4 últimos anos, ter sido feito de formaprotetiva, com 3 aplicações foliares de fungicidascúpricos, o padrão do ensaio, o Catuai amarelo/74produziu, na média das 8 safras, 67 sacas/ha e o Acaiá 64scs/ha.Em ensaio em Varginha, da geração do Icatu 618,foram feitas mais 2 gerações, com a cova 403-cv581, estaresultando na produção média de 7,5 kg de frutoscereja/planta na média de 7 safras.Os estudos feitos nos frutos do Icatu 618mostraram ausência de defeitos, com favas de tamanhomédio, com peneira ligeiramente superior ao padrãoCatuai, com numero normal de grãos chatos, com baixosíndices de chochos e conchas. A maturação dos frutos émédia, semelhante ao Mundo Novo.As plantas da seleção de Icatu 618 são de portealto, porem com menor diâmetro de saia em relação aosdemais Icatus.Os resultados aqui apresentados mostram boascaracterísticas produtivas e de resistência à ferrugem, dalinhagem de Icatu denominada Icatu IAC/<strong>Procafé</strong> 618-Tuiuiu, podendo a mesma ser potencialmente adequadapara plantios comerciais, inicialmente em pequenaescala. Ela se torna especialmente indicada para aquelesprodutores que tem preferência por variedades de portealto, em substituição ao Mundo Novo, principalmente nossistemas de safra zero, onde o vigor das brotações e aresistência à ferrugem são muito importantes.


14 PESQUISANDOMANEJO SIMPLIFICADO NO DESPOLPAMENTO E SECAGEMDO CAFÉ PÓS-COLHEITA, NA ZONA DA MATA DE MINASJ.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/<strong>Procafé</strong> e Ubiratan V. Barros, Eng. Agr. Central CampoO sistema de preparo do café pós-colheita éimportante na definição da qualidade do produto,especialmente nas regiões ou nos anos em que a umidadefica elevada no inverno, período da maturação e colheita.Com a preparação de cafés através do sistema cerejadescascado ou do despolpamento, elimina-se boa parte damucilagem e acelera-se a secagem, diminuindo apossibilidade de ocorrência de fermentaçõesindesejáveis, que poderiam conduzir à formação debebidas inferiores.O despolpamento exige maquinário especial,gasta bastante água, gera custos adicionais e resulta emlíquidos que podem se tornar poluentes das fontes deágua.O objetivo do presente trabalho foi o de testar um manejosimplificado no pós-colheita do café, visando facilitar asecagem e favorecer a qualidade de café, a custo maisbaixo, para atender ao pequeno produtor e nas condiçõesonde a água é escassa, condições essa presentes nacafeicultura da Zona da Mata, em Minas Gerais.Foi conduzido um trabalho no Sitio João deBarro, em Reduto-MG, onde foram testados 6 tipos depreparação dos frutos colhidos, conforme detalhado noquadro 1, constando do café da roça e do café cereja(separado no lavador), com preparo em 3 formas, pordespolpamento pelo “debulhamento” no terreiro e onormal com os frutos indo direto para o terreiro.O café foi colhido na fazenda, em junho de 2009,tendo 60% de frutos cereja, 20% de verdes e 20% depassas/secos. Em seguida foi levado à instalação depreparo, sendo ali separados ou não no lavador/separador,e utilizados os 6 tipos de preparo constantes do quadro 1.Cada tratamento constou de 900 litros de café.O café “debulhado” ou preparo simplificado foiobtido através de 2 passadas sobre os frutos, no terreiroParcela de frutos cereja secos ao naturalcimentado, com o trator agrícola.A secagem, para todos os tipos de preparo, foifeita em terreiro cimentado, utilizando a proporção de 30litros de café por metro quadrado de superfície de terreiro.A secagem foi considerada completa quando cada tipo decafé atingisse a umidade final de 12%, registrando-se onumero de dias gastos na secagem.As amostram dos 6 tratamentos foramcodificadas e distribuídas para 2 classificadoresprovadores experientes, da praça de Manhuaçu, os quaisfizeram a determinação da bebida na forma usada nocomércio regional, provando 8 xícaras ou copos de cadaamostra.Resultados e conclusões:Os resultados do tempo de secagem dosdiferentes tratamentos no pós-colheita e da bebida nasamostras desses café constam no quadro 1.Quanto ao tempo de secagem, verificou-se umaredução de 2-5 dias de acordo com o sistema de preparousado. Ao se comparar o tempo em matéria prima maisParcela de frutos de cereja debulhados,para facilitar a secagem e melhorar a bebidaParcela de frutos cereja descascados


PESQUISANDOuniforme, no caso, os frutos cereja separados, verificouseuma redução de 4 dias entre os frutos cereja secos aonatural ( trat 3, com 17 dias) e aqueles despolpados oudebulhados (trats. 4 e 5, com 13 dias), correspondente auma redução de 23,5%. Merece destacar a semelhança dotempo entre o café despolpado e o “debulhado”, esteúltimo as cascas permanecendo junto às sementes.As observações feitas no terreiro mostraram queos frutos “debulhados” logo apresentam a cascainicialmente marrom depois preta, enquanto os cerejanaturais permanecem vermelhos por muitos dias. Aabertura/morte da casca, a expulsão de parte da polpa esua exposição ao sol favorecem a redução no tempo desecagem.Com relação à bebida, os provadores constatarama maioria de xícaras com bebida dura, porem, nostratamentos 1, 3 e 6 apareceram 2-3 xicaras com bebidario, coincidindo com os sistemas de preparo onde a seca15foi mais lenta (maior tempo) e onde a casca dos frutospermaneceu envolvendo as sementes (trats. 1 e 3), nessacondição com maior fermentação ligada ao gosto rio.O despolpamento deu origem a amostras de cafécom bebida dura (limpa), ficando apenas ligeiramenteinferior o café preparado pelo sistema simplificado, com2 xicaras de duro-fermentado e, mesmo o“debulhamento” feito no café da roça resultou naeliminação da bebida rio.Os resultados obtidos e as observações efetuadasno trabalho permitem concluir que é possível reduzir otempo de seca e melhorar a bebida do café usando sistemasimplificado de preparo no pós-colheita , a baixo custo.Quadro 1 - Tempo médio de secagem, em dias para atingira umidade de 12%, e bebida em amostras de café em 6 tiposde preparação no pós colheita, Reduto-MG, 2009.PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO IRRIGADO SOB APLICAÇÃO DEDIFERENTES DOSES DE ÁGUA RESIDUÁRIA DE SUINOCULTURAALT Fernandes – Dr. Engenharia de Água e Solo, Prof. UNIUBE/FAZU (andre.fernandes@uniube.br),LCD Drumond - Professor Doutor UFV, Campus de Rio Paranaíba, LFS Coelho - Acadêmico Agronomia FaculdadesAssociadas de Uberaba, Bolsista CBPD Café, EF Fraga Júnior - Acadêmico Agronomia Faculdades Associadas deUberaba, Bolsista CNPq, JPAC Pereira Acadêmico Agronomia Faculdades Associadas de Uberaba, Bolsista CBPD Café,OJ Barbosa Netto - Acadêmico Agronomia Faculdades Associadas de Uberaba, Bolsista CBPD CaféPor se tratar de uma forma de exploraçãopecuária intensiva, a suinocultura é uma atividadeconcentradora de dejetos, com grande quantidade decarga poluidora, e sua forma de aplicação sendo feitaambientalmente correta, estará transformando o resíduode uma atividade em insumo de outra atividade dentro dapropriedade agrícola.Para que seja possível recomendar a melhorforma de aplicação de dejetos líquidos e a dosagemadequada sem prejuízo do meio ambiente, torna-senecessário se definir parâmetros básicos como: ondeaplicar, tipo de cultura, avaliação do crescimento eprodução sob diferentes doses de água residuária desuinocultura (ARS) e possibilidade de aplicação viairrigação por aspersão.O maior problema enfrentado por produtores etécnicos, tem sido a dificuldade de distribuir a ARS nasáreas da propriedade. Uma das formas que viabiliza adistribuição de dejetos líquidos é sistema de irrigação poraspersão em malha, por se tratar de um sistema de baixocusto de implantação, baixo consumo de energia e boauniformidade de aplicação e que já é bastante utilizado em


<strong>16</strong> PESQUISANDOirrigação de café, pastagem, cana-de-açúcar e capineiras.A aplicação desses dejetos na cultura de cafépode diminuir substancialmente o custo com a adubação,dando sustentabilidade a integração das atividadessuinícolas e cafeeiras. Neste sentido, buscou-se avaliar odesenvolvimento vegetativo e a produtividade docafeeiro, sob diferentes doses de água residuária desuinocultura.O experimento foi conduzido na Fazenda Escolada Universidade de Uberaba, localizada na rodovia BR050 Km 045, altitude 750 m, em Latossolo VermelhoEscuro fase arenosa, com café Catuaí 144, plantado emdezembro do 1998 no espaçamento de 4,0 x 0,5m. Osistema de irrigação utilizado no experimento é o deaspersão em malha. O sistema de irrigação é por aspersãosemiportátil, isto é, linhas principais e laterais fixasenterradas, com mudança apenas dos aspersores,constituindo uma rede malhada. Esse sistema já seencontra instalado na área. O aspersor utilizado foi oNaanDan, modelo 5035, bocais 5,0 x 2,5 mm, pressão deserviço 280 kPa, vazão 1,874 m³ h-1, espaçamento <strong>16</strong> x 18m, ângulo de inclinação do jato igual a 23º e intensidadede precipitação 5,78 mm h-1, compostos por umregulador de pressão FABRIMAR de 280 kPa.Para efeito de comparação, foram mantidas paraos diferentes tratamentos as mesmas lâminas de águaaplicadas no solo. As adubações foram realizadas combase no nível de extração, de acordo com a demanda dacultura. Foi adotado o delineamento inteiramentecasualizado (DIC) onde as doses de água e de águaresiduária de suinocultura constituiu a fonte de variação,com 5 repetições para cada tratamento, conformedescrito:Os tratamentos utilizados foram:· T1 – 100 m³ ha-1 ano-1 de ARS (água residuária desuinocultura);· T2 – 200 m³ ha-1 ano-1 de ARS;· T3 – 400 m³ ha-1 ano-1 de ARS;· T4 – Sem aplicação de ARS.Resultados e conclusões:Na avaliação do número de internódios, verificaseuma relação crescente entre o número de internódios edose de aplicação de ARS, sempre verificando um maiornúmero de internódio no tratamento com maior dose deARS (T4), conforme a Figura 1.FIGURA 1 - Variação do número de internódios em função de diferentes doses de ARS.Na primeira avaliação não verificou-sediferença significativa entre os valores observados.Na segunda e terceira avaliação o T4 destaca-se como maior número de internódios. Entre os T2 e T3,respectivamente 100 e 200 m³ ha-1 ano-1, não foiobservado diferença entre ambos. O T1, que nãorecebeu aplicação de ARS, sempre aparece com omenor número de internódios, diferenciando-seestatisticamente do T4, porém não se diferenciandodas duas doses intermediárias (T2 e T3) nas duasultimas avaliações realizadas.Esta taxa crescente de internódios reflete oincremento imposto pela adição da ARS no solo,gerando um aumento da matéria orgânica no solo,proporcionando um aumento de qualidade físicoquímicado solo (VIEIRA, 1997).Na Tabela 1, constam, respectivamente, asmédias de produção por hectare em litros em cereja,quilos em cereja, quilos café em coco e sacasbeneficiadas por hectare.


PESQUISANDO17*Médias seguidas de mesma letra não se diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.Tabela 1 - Produtividade litros planta, médias Litros.ha-1, kilogramas Seco.ha-1, kilogramas Coco.ha-1 e Sacasbeneficiadas.ha-1 para os diferentes tratamentos, Fazenda escola da Uniube, Uberaba-MG.Na condição específica do experimento, pode-se concluir que:1 - O aumento da dose de ARS contribuiu linearmente o crescimento vegetativo do cafeeiro.2 - Nota-se que nas avaliações: L, Kg Seco e Kg Coco ha-1 o tratamento T4 (sem aplicação de ARS) diferiuestatisticamente dos tratamentos que receberam ARS.3 - Os tratamentos T2 e T3 proporcionam as maiores produtividades em sacas beneficiadas, nãodiferenciando-se estatisticamente.EFEITO DA NUTRIRRIGAÇÃO POR PULSOS E CONVENCIONALNA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO, NO SUL DE MINAS GERAISC.E.J.Sanches – Engsº. Agrº. Netafim Brasil, R.N.Paiva e R.P.R.Junior – Engsº. Agrsº. <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>, R.J.Andrade e S.V. Ramos - Técs. Agrs. <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>Nas regiões consideradas aptas àcafeicultura, tradicionalmente produtoras, como osul de Minas Gerais, a ocorrência de estiagensprolongadas nas fases críticas de demanda de águapela cultura, tem promovido uma reduçãosignificativa na produção. Este fato, juntamente comos objetivos de se obter altas produtividades, temprovocado o interesse de técnicos e produtores noque diz respeito à irrigação de lavouras de café no Sulde Minas. Nas lavouras irrigadas o sistema maisusado é o gotejamento, devido suas característicasintrínsecas de eficiência e efetividade de água,energia e quimigação.Para melhor avaliar o desempenho dasplantas de café, instalou-se um experimento naFazenda Experimental de Varginha, localizada nomunicípio de Varginha-MG. A precipitação anualmédia é de 1.500 mm, altitude média de 1.000 m e atemperatura média anual de 19,6 0C, com o objetivode estudar a produtividade do cafeeiro submetido aosistema de irrigação e fertirrigação por gotejamento.Para a realização desse experimento foramCafeeiros da parcela com uma linha de gotejo


18 PESQUISANDOutilizadas plantas de café da variedade CatuaíVermelho IAC 144 , espaçadas entre si em 3,50 x0,70 m, e plantadas em 2006, compreendendo umaárea de 0,5 hectare. Deu-se início ao ensaio em01/03/2006 após o plantio da lavoura.O delineamento experimental utilizado foi ode blocos casaulizados, com 5 tratamentos e 7repetições. As plantas foram irrigadas com irrigaçãolocalizada por gotejamento convencional (T1) e porirrigação localizada por gotejamento através de pulsosintensivos (T2, T3 e T4), sendo T0: tratamento semirrigação, T1: 1 linha de gotejadores com vazão de 1,6L/h, espaçados em 0,60 m, T2: 2 linhas de gotejadoresanti-drenantes com vazão de 2,00 L/h, espaçados em0,20m, T3: 3 linhas de gotejadores anti-drenantes comvazão de 1,25 L/h, espaçados em 0,20m, e finalmenteT4: 4 linhas de gotejadores anti-drenantes com vazãode 1,25 L/h, espaçados em 0,20 m.Figura 1 - Distribuição dos tubo gotejadores nas linhas de café, fazenda exprimental de Varginha.Detalhe da boa frutificação e crescimentodos ramos nos cafeeiros da parcelacom uma linha de gotejamento.O tratamento T1 recebeu uma lâmina de águade 270mm e 227mm anuais em 2006 e 2007respectivamente , sendo esta estabelecida de acordocom a umidade do solo medida por tensiômetros,conectados ao sistema de monitoramento em temporeal - Irriwise, instalados nas profundidades de 15, 30e 50 cm. O limites utilizados foram de 12-18 kpapara determinação da faixa ótima de umidade oucapacidade de campo.No ano agrícola de 2007/2008, ostratamentos por pulsos T2, T3 e T4 receberam lâminadiária de água , totalizando 1.600mm, 800mm e1.200mm, respectivamente, também estabelecida deacordo com a umidade do solo medida portensiômetros, instalados nas profundidades de 05, 15e 40 cm e os limites utilizados foram de 7-12 kpapara determinação da faixa ótima de umidade. Adistribuição da irrigação ocorreu entre o período das7:00 ás 17:00 horas, portanto, utilizando-se apenaspulsos de irrigações nas horas quentes do dia, sendoesta de acordo com a curva de radiação solar.A partir de 2007, utilizou-se um sistema defertirrigação avançado, com injetores do tipoventuri, onde, o tratamento T1, de uma linha degotejo recebeu 350 e 315 Kg de nitrogênio e depotássio por hectare, na forma de nitrato de amônio, eK2O na forma de cloreto de potássio branco,respectivamente, adicionados de três aplicaçõesfoliares com 1,0% de cobre, mais 0,5% de boro,zinco, cloreto de potássio; e em 2008/2009 foramaplicados 400 kg de N/ha e 350 kg de K2O/ha.


PESQUISANDONo ciclo agrícola 2008/2009 o tratamento T1recebeu uma lâmina de água de 200mm anuais, e ostratamentos por pulsos T2, T3 e T4 receberam lâminadiária de água, totalizando 1.600mm, 658mm e1.159mm respectivamente. O regime pluviométricoregistrado na Fazenda Experimental de Varginhaneste período de setembro de 2008 a agosto de 2009foi de 1.531mm anuais.Também foi feito um tratamento fitosanitáriocom a aplicação de um fungicida/inseticidade solo em novembro de 2006, 2007 e 2008, e 1complementação por ano com um fungicidasistêmico aplicado via foliar. O tratamento T5(sequeiro), recebeu o mesmo manejo, os mesmostratos fito-sanitários, e as mesmas doses deadubações do tratamento T1 (1 linha gotejoconvencional), porém as adubações de solo foramrealizas em 3 etapas.Os tratamentos de pulsos de irrigação (T2, T3e T4), receberam todos os nutrientes necessários parao desenvolvimento da cultura cafeeira, de formacontínua, sendo a dosagem efetuada porconcentração na água de irrigação. A variação dessaconcentração ao longo dos anos agrícolas de 2006 e2007 ocorreram de acordo com as fases fenológicasda cultura. Para os teores de nitrogênio esses valoresvariaram de 15 a 50 ppm, os teores de fósforo entre 5e 20 ppm e os teores de potássio entre 10 e 40 ppm,sendo para tal utilizado 1400 kg/ha de nitrato decálcio e 2500 kg/ha de Café Rico cuja formulaçãoapresenta 7,0; 7,0 e 12,0 % de nitrogênio, fósforo epotássio, respectivamente, e micronutrientes.No ano agrícola de 2007/2008, somandotodas as fontes de fertilizantes, os tratamentos porpulsos se basearam na aplicação aproximada de 400kg de N/ha, <strong>16</strong>0 kg de P2O5/ha e 310 kg de K2O/ha.No ciclo de 2008/2009 o tratamento compulsos T2 recebeu 457 kg de N/ha, 170 kg deP2O5/ha e 320 kg de K2O/há, o tratamento T3recebeu 188 kg de N/ha, 70 kg de P2O5/ha e 131 kgde K2O/há e o tratamento T4 recebeu 331 kg deN/ha, 123 kg de P2O5/ha e 231 kg de K2O/há.Resultados e conclusões:Os resultados referentes à produtividade da19Cafeiros do ensaio de irrigação, em primeiro planoplantas da testemunha, muito desfolhadas após àcolheita e acima os cafeeiros gotejados, maisenfolhados.safra de 2008, 2009 e média da lavoura de CatuaíVermelho IAC 144 estão dispostos na tabela 1.Verifica-se que, quanto a produtividade, noano de 2008, o tratamento T5 não irrigado (sequeiro)obteve uma produtividade média de 12,6 sacas porhectare, produtividade esta inferior ao tratamento deirrigação convencional T1 com uma linha degotejadores, de 47,7 sacas por hectare que por suavez não se diferenciou estatisticamente dotratamento T3 de pulsos com 3 linhas com 51,0 sacaspor hectare.Observa-se também que não houve diferençasignificativa entre os tratamentos de pulsos de 2 e 4linhas, T2 e T4 com 60,5 e 69,3 sacas por hectare,respectivamente, no entanto estes superaram aprodutividade média de 51,0 sacas por hectare, dotratamento de 3 linhas.No ano de 2009, os tratamentos T1 irrigaçãoconvencional (70,9 sc) e o T4 pulsos com 4 linhas(69,9 sc) produziram estatísticamente iguais atestemunha (sequeiro – 68,0 sc), e estes se mostraramsuperiores aos tratamentos T2 (38,3 sc) e T3 (40,7sc), pulsos com 2 e 3 linhas de gotejadores.Na média das duas safras os tratamentos T1gotejamento convencional e T4 pulsos com 4 linhasde gotejo se mostraram superiores aos tratamentosT2, T3 e ao sequeiro.Tabela 1 - Avaliação da produtividade das safras de 2008, 2009 emédia de lavoura de Catuai Vermelho IAC 144 irrigada porgotejamento no sul de Minas Gerais. Varginha - MG, 2009.ns - As médias seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si na coluna , pelo Teste Scott Knott a 5 % de probabilidade


20 PESQUISANDOConcluiu-se, preliminarmente, que:a) A irrigação por gotejamento convencional (59,3sc/ha) foi eficiente, com incremento de 47% naprodutividade média das duas safras, em relação aotratamento sem irrigação (40,3 sc/ha).b) A irrigação por pulsos com 2 e 3 linhas degotejamento foram inferiores ao gotejamentoconvencional e ao pulso com 4 linhas na média dasduas safras.c) Após estas duas safras o gotejamentoconvencional se assemelha ao pulso de 4 linhas nãose diferenciando estatísticamente.QUANTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE RECICLAGEMDE FOLHAS EM CAFEZAISJ.B.. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. Mapa/<strong>Procafé</strong> e G.N. Rosa. Eng. Agr. eSinésio Leite filho, Tec. Agr. e E, C, Aguiar, R.A. Araújo e V. Josino, Tecs. Agropecuária São ThoméO cafeeiro é uma planta de folhas perenes,diferentemente de outras plantas de folhas caducas,em que todos os anos, na mesma época, as folhascaem totalmente.Sabe-se, entretanto, que nas condiçõesnormais de cultivo, as folhas de cafeeiro tem umaduração média de 1,5 ano, havendo desfolhascausadas por diferentes fatores de stress das plantas,como nutrição inadequada, deficiência de água nosolo, carga excessiva das plantas, ataque depragas/doenças, operação de colheita, etc.Em lavouras sombreadas, a folhagem docafeeiro permanece muito tempo, já, na condição decafeicultura a pleno sol, como no Brasil, no períodode pós-colheita é normal a ocorrência de desfolhasnas plantas, com queda de 30-70% das folhas e, emcasos graves, de quase 100% das folhas.As folhas caídas, ao se decomporem,fornecem ao solo e às plantas, os nutrientes nelascontidos, servindo para o crescimento e produção nasafra seguinte. Os trabalhos de pesquisa queprocuraram determinar a necessidade de nutrientespara vegetação do cafeeiro, através de análise detodas as partes das plantas que cresceram de um ano aoutro, chegaram à conclusão que o total varia com acondição da lavoura, do numero de plantas e da suaprodutividade. Para a condição de cafeicultura desequeiro, com 34 scs/ha, a retirada para vegetaçãocorrespondeu a cerca de 60 kg de N, 4 kg de P2O5 e40 kg de K20 por ha, enquanto em lavoura irrigada,com 75 sacas por ha, a retirada para vegetaçãocorrespondeu a 235 kg de N, 10 kg de P2 O5 e <strong>16</strong>0 kgde K20 Santinato et alli, Anais do 32º CBPC, 2006).Grande quantidade de folhas caídas, apósa colheita, ao lado da linha de cafeeiros,em lavoura mecanizada, em Pirapora-MGConsiderando que a reciclagem de folhaspode ser aproveitada na economia da adubação, oobjetivo do presente trabalho foi o de avaliar aquantidade de folhas caídas dos cafeeiros, emdiferentes situações de lavouras e, em decorrência,conhecer o potencial de nutrientes na sua reciclagem.O trabalho foi conduzido, nas safras de 2008 e2009, em 2 áreas, sendo uma lavoura comercial,irrigada, em Pirapora e outra num ensaio deespaçamento, no Cepec-Heringer, na região Norte eZona da Mata de Minas Gerais. Em Pirapora a coleta defolhas caídas foi feita em lavoura de Catuai vermelhoIAC 144, aos 7 anos de idade, espaçamento de 3,6 x 0,5m e produtividade média, nos 2 últimos anos, de 72scs/ha. No Cepec, o ensaio compreende 3 espaçamentosna rua, sendo 4 m, 2 m e 1 im, e 3 distâncias na linha, de0,5m, 0,75 m e 1,0 m. sendo a variedade CatuaiVermelho IAC 44, com idade de 13 anos.


PESQUISANDOA metodologia foi simples, efetuando-se, em2 anos seguidos, a coleta das folhas que seencontravam caídas no pós colheita, em ago/set, emuma porção de rua de cafeeiros, sendo adotadas 5áreas em cada amostragem, para compor a média,rastelando todas as folhas, secando-as e pesando. Emseguida os números eram expandidos por hectare,observando o espaçamento. No Cepec retirou-seuma alíquota das folhas secas recolhidas edeterminou-se, por contagem, o numero médio defolhas presentes.Resultados e conclusões:Na lavoura em Pirapora, na média dos 2 anos,a quantidade de matéria seca das folhas coletadascorrespondeu a 7,4 toneladas por hectare, que,considerados os níveis médios comuns de NPKencontrados, de 3% de N, 1,7% de K e 0,12% de P,teríamos uma disponibilidade, pela reciclagem, de222 kg de N, 8,9 kg de P e 125 kg de K.Na condição dos espaçamentos do ensaio doCepec, a quantidade de folhas correspondeu a 3,3toneladas por hectare no espaçamento de 4 m de rua,4,5 toneladas/ha no espaçamento de 2 m e 7toneladas/ha no espaçamento de 1 m, mostrando quea quantidade de folhas caídas é maior na medida emque aumenta o numero de plantas por área. O mesmocálculo pode ser aplicado para conhecer os nutrientescontidos nas folhas. Apenas para exemplificar com onitrogênio, a reciclagem resultaria em 99 kg/ha noespaçamento de 4 m, 135 kg/ha no de 2m e 210kg/ha no de 1m.A contagem das folhas, em amostra de 100gresultou na média de 410 folhas secas, que expandiapor hectare resulta em 13,5 milhões de folhas/ha para21o espaçamento de 4m, 18,4 milhões para 2m e 28,7milões de folhas por hectare para 1m. um numero queresulta numa queda média, dos 3 espaçamentos, de2600 folhas por planta. É possível que a quantidadede qeda seja ainda maior, pois folhas que caírammuito cedo no ciclo, que entraram em decomposiçãoe outra que ainda venham a cair podem acrescentar10-15% a mais na queda acumulada.Verifica-se, assim, que a queda de folhas émuito significativa mesmo diante dos tratosracionais dispensados ás lavouras nas 2 condiçõesestudadas.Nas recomendações mais recentes deadubação, feitas pelos Técnicos do MAPA/<strong>Procafé</strong>,diante da conjuntura de baixos preços do café e daalta dos adubos, é indicado dispensar nos cálculos,nas lavouras adultas, a quantidade de nutrientesnecessária à vegetação, justamente em função dareciclagem das folhas, outros restos de ramos e dopróprio mato. Os resultados do presente trabalhomostram o acerto dessa indicação, dando base segurapara uma adubação mais racional e econômica.Os resultados obtidos permitem concluir que:a) Ocorre uma grande queda de folhas em cafezais,mesmo sob tratos racionais, sendo a quantidadevariável com o tipo da lavoura e espaçamentos.b) A reciclagem dos nutrientes, pela decomposiçãodas folhas caídas, leva à incorporação de elevadasquantidades de nutrientes ao solo, sendo eles deorigem orgânica e de bom aproveitamento pelasplantas.c) O fornecimento de nutrientes pela reciclagempode dispensar a parcela do cálculo correspondente àextração de nutrientes para vegetação, tornando aindicação da adubação mais econômica.Manto de folhas caídas sob os cafeeirosnoensaio de espaçamento adensado (2x 0,5m),no CEPEC, em M. Soares-MGNo espaçamento super-adensado, de1 x0,5 m, no ensaio do CEPEC, areciclagem de folhas é muito elevada


22Consulte pelo E-mail:contato@fundacaoprocafe.com.brRESPONDESou responsável por um projeto de café aqui em Minas.Estou com problemas de ataque de alguma praga que come os ramosponteiros dos cafeeiros. Os ramos laterais tem destruída uma porçãodo lenho, até a medula, dobram e acabam secando. O que pode ser?Lázaro S. Pereira, Bocaiúva-MG<strong>Coffea</strong>: Senhor Lázaro.Pelos sintomas ou, mais propriamente, pelossinais descritos por você, parece que o mais provávelna sua lavoura é um ataque de ratos, conforme vocêjá desconfiavaEm outros locais este mesmo ataque foiidentificado, tratando-se de camundongos, oupequenos ratos. Na lavoura fazem pequenos buracosno chão, sob a copa dos cafeeiros, ou, quando emáreas fechadas podem fazer seus ninhos nasuperfície, no meio do cisco.O ataque nos ramos parece a última saídaalimentar desses ratos. Eles roem os ramoslongitudinalmente, sempre aqueles superiores, maispróximos ao ponteiro, talvez mais tenros, sempredestruindo a sua parte superior, desejando atingir e sealimentar da medula do ramo. Os ramos com o lenhodestruído pendem, quebram e secam.A situação mais comum desses ataques é odesequilíbrio, ou por falta de um outro alimento,como milho e outros cereais na redondeza, ou pelaausência de cobras, suas predadoras Neste caso nãose sabe o que é pior. Correr o risco das picadas decobra ou ter os cafeeiros danificados pelos ratos.Brincadeira a parte, é curioso o fato do ataque deratos em cafeeiros, pela sua raridade, sendo quepoucos sabem reconhecer os sinais.Quanto ao combate, duas alternativas podemser adotadas: a primeira seria distribuir iscasespecíficas nos locais do ataque, para envenenar osratos. A segunda, testada com sucesso na Bahia, foi apulverização com enxofre, que parece dar umarepelência para ratos. Uma terceira seria colocaralgumas espigas de milho como alimentoalternativo, até para observar o nível de infestação darataiada. No mais, ainda em tom de brincadeira, efazendo trocadilho, seria a de colocar gatos nalavoura.Agradecemos o envio da foto dos ramosatacados, o que vai facilitar a outras pessoas, nofuturo, o reconhecimento das causas.Detalhe do ataque, comdestruição longitudinaldo lenho, até a nervurado ramoIsca raticida, penduradana planta atacada,para controle dos ratosRamos cortados e secando juntoao ponteiro do cafeeiro por ataque de ratos


RECOMENDANDOONDE PLANTAR CAFÉ?23J.B. Matiello, A.W.R. Garcia e S.R. Almeida.Muito embora a situação de rentabilidade dacultura cafeeira esteja em momento critico, com custos deprodução altos e preços baixos do produto, sempre temgente querendo plantar café.Os plantios de café ocorrem, em sua maior parte,nas próprias propriedades que já possuem essa cultura,substituindo lavouras velhas ou ampliando áreas. Outromovimento importante é o de agricultores ou empresáriosde outros setores que querem entrar na cafeicultura.Por isso, a resposta à pergunta onde plantar cafécompreende a análise em 2 situações distintas, ou seja, em2 níveis:a) As condições técnico-economicas ligadas à escolha daregião e da propriedade;b) As características agronômicas da área a ser destinadaao cafezal dentro da propriedade.1 - Condições econômicasA lavoura cafeeira no Brasil tem evoluído emciclos, com fases de expansão e retração, nos plantios etratos, influenciados pela condição econômica do balançoentre os preços do café e os custos de produção, que afeta,a médio prazo, o nível das safras e da oferta de café aomercado.Nessa evolução, ao longo dos anos, a culturacafeeira no pais tem mostrado seu caráter itinerante entreas regiões. Saiu da região Norte, do Pará, onde foiintroduzida, em 1727, caminhando para o Centro-Sul, noEstado do Rio de Janeiro e Vale do Paraíba em São Paulo(1780-1920), depois se expandindo mais para o Sul, emSão Paulo e no Paraná (1930-1960) e também para oEspírito Santo nessa época. Nos anos mais recentes, apartir da década de 1970 e, principalmente, da década de1980 para cá, o café passou a ocupar as maiores áreas noeixo Minas Gerais-Espirito Santo-Bahia, com ainda áreasmenores remanescentes e renovadas em São Paulo,Paraná e, também, em Rondônia..No passado o fator econômico preponderantepara a escolha de uma região para café era a existência deterras de mata, com boa fertilidade.Na cafeicultura atual, as lavouras ocupam regiões desolos pobres, como as regiões de cerrado, ou áreasempobrecidas pelo mau uso anterior, muitas com opróprio café, não existindo mais áreas férteissignificativas disponíveis. Assim, são exigidos maioresinvestimentos no uso de insumos e de tecnologiasadequadas.Deste modo, sob os aspectos econômicos, aescolha das regiões e das propriedades para plantar cafédeve levar em conta a disponibilidade/custo dosprincipais fatores de produção, citando-se como maisprioritários:a) O custo mais baixo das terras;b) Disponibilidade de áreas planas, com facilidade demecanização, fator importante para reduzir custos deprodução;c) A existência de financiamentos e/ou incentivos fiscaisna região;d) A existência de boa infra-estrutura regional, deestradas, fornecedores de insumos próximos, facilidadede escoamento da safra, disponibilidade de mão de obra,braçal e especializada, presença de Cooperativas/e ouEmpresas comercializadoras de café etc;e) Existência de pólos cafeeiros já instalados na região oupróximos;f) Existência e outorga de água para irrigação;g) Contar com consultoria/assistência técnicaespecializada.A disponibilidade/custo dos fatores de produçãoapontados deve ser analisada diante do sistema deexploração a ser adotado, se vai ser uma cafeiculturaempresarial, ou de médio produtor ou, então, umacafeicultura familiar, variando dentre eles a importânciade cada fator.2 - Aspectos climáticosOs fatores climáticos que influenciam no processode crescimento e produção do cafeeiro são, principalmente,a temperatura e as chuvas e, em menor escala, os ventos, aumidade do ar e a luminosidade.A ação climática ocorre diretamente sobre ocafeeiro e indiretamente, agindo sobre outros organismosque compõem o ambiente da lavoura (pragas/doenças,organismos responsáveis pelas fermentações etc.),havendo, assim, uma interação desses efeitos, sobre odesenvolvimento e a produtividade das plantas e sobre aqualidade dos cafés produzidos.a) Efeito da temperaturaCom base nos conhecimentos obtidos da cafeicultura, noBrasil e no exterior, foram estabelecidos parâmetrostérmicos para indicar a aptidão básica para a culturacafeeira das espécies arabica e canephora (robusta),conforme quadro em seguida, sendo esses níveis detemperatura considerados nos trabalhos de zoneamentoagro-climático efetuados para a cafeicultura brasileira.


24 RECOMENDANDOQuadro 1 - Produção, nas 5 primeiras safras, em cafeeirosCatuaí e Conillon, em 2 pisos altitudinais - em Mutum,240m e Martins Soares, 740m de altitude– 2004.Nas regiões com temperaturas médias anuaissuperiores a 22-23ºC é comum ocorrer problemas deabortamento das flores e formação de estrelinhas noscafeeiros arábica, prejudicando sua frutificação. (Fig. 1)Fig. 1 - Formação de flores anormais, tipo estrelinhas, emramo de cafeeiro catuai, em região quente, sem stress hídrico.No entanto, tem-se verificado que regiões comtemperaturas mais altas se mostram adequadas a sistemasde cultivo de alta tecnologia, com irrigação, pois nessacondição os cafeeiros arábica respondem rapidamenteaos tratos, crescem praticamente o ano todo, resultandoem altos níveis de produtividade.Veja-se os exemplos de produtividade em cafezaisconduzidos em Utinga (BA), em condições de temperaturamédia próxima a 24º C, onde se obteve 42 sacas/ha na 1ªsafra, 85 sacas na 2ª e 80 sacas na 3ª, em lavoura Catuaí 1,8 x0,7m, irrigada por aspersão. Em Pirapora – MG (24,5°C)obteve-se, nas 5 primeiras safras, média de 74 scs/ha emlavoura 3,8 x 0,5m, irrigada sob pivô.Da mesma forma que o café arábica pode descera serra, cultivado em zonas de baixa altitude, o cafeeiroConillon, caso desejável, pode ser cultivado em regiõesde altitude elevada. Experiência na Zona da Mata deMinas, comparando a produtividade do Conillon aoCatuaí, a 240 e 760m de altitude (tª média de 24 e21,5ºC), mostrou, nas 5 primeiras safras, média de 78sacas/ha para o Conillon e 49 para o Catuaí, ambos noespaçamento 2 x 1m. Na área quente ou fria o Catuaíproduziu de forma semelhante (q.1).Fonte: Matiello et alli, Anais 30ºCBPC, MAPA/PROCAFÉ, 2004, P.15.Em função dos bons resultados obtidos, dasnovas pesquisas e das observações em lavourascomerciais, nas regiões tradicionalmente consideradastermicamente inaptas, foi possível concluir que oabortamento floral ocorre devido aos botões floraisamadurecerem rapidamente nessas regiões mais quentes,e, deste modo, estariam aptos a abrirem em flores maiscedo. Então, se não houver um diferencial hídricoadequado, o que se promove através de stress seguido deretomada de irrigação mais cedo, os botões abortam.Deste modo, sob condições de cafezais irrigados,pode-se, com segurança, cultivar variedades apropriadasde café arábica em climas mais quentes, sendo indicado,ainda, para melhorar o micro-clima, o plantio adensado(auto-sombreamento) e a arborização.Essas constatações atuais estão de acordo com oque se observava, antigamente, nas zonas baixas equentes dos Estados do Espírito Santo e Rondônia. Naépoca, com solos de mata e períodos mais chuvosos, todaa produção nessas regiões era de cafés arábica. Somente omunicípio de Colatina-ES, a 150m de altitude e comtemperatura média de 23,6ºC, chegou a produzir 1,5milhão de sacas de café arábica (na época Bourbon) nasdécadas de 1950-60.Deve-se considerar que sob condições detemperaturas mais elevadas a evapo-transpiraçãoaumenta e também a exigência de água na irrigação émaior. É preciso aumentar a dose de adubo nitrogenado naadubação, ter cuidados com a escaldadura, com bichomineiro,com ácaros e com a cercosporiose e os ciclos depoda devem ser mais curtos, a intervalos menores.O efeito de temperaturas altas sobre o cafeeiro foiaqui destacado, mesmo por que, com o fenômeno doaquecimento global, é previsto o aumento dastemperaturas e os estudos de zoneamento estão prevendoo deslocamento da cafeicultura, especialmente a de caféarábica, mais para o Sul do pais e, até, para paisesvizinhos, como Argentina e Uruguai.Não se pode esquecer, no entanto, nossa velhaconhecida - a geada, que muitas vezes dizimou acafeicultura no Paraná, em São Paulo e até no Sul deMinas. Embora pouco freqüentes nos últimos anos, sabe-


RECOMENDANDOse que temperaturas baixas, abaixo de 2ºC (no abrigo), porgeadas ou ventos frios, levam à queima dos tecidos docafeeiro, podendo atingir folhas, ramos e o próprio troncodo cafeeiro.No aspecto macro-climático os estudos dezoneamento para a cafeicultura em cada região, efetuadospelo convenio IAC/IBC nas décadas de 1970-80 e, maisrecentemente, os efetuados pela Embrapa, dão uma idéiadas regiões aptas, marginais e inaptas para a cafeicultura,seja para as variedades de arábica ou conillon. Ali sãolevados em conta: as faixas adequadas de temperatura e aschuvas e o melhor condicionamento climático que podeser obtido, mesmo em áreas marginais, através dairrigação e da arborização.b) Efeito das chuvas/déficit hídricoA necessidade de umidade no solo, para ocafeeiro, é variável de acordo com as fases do ciclo daplanta. No período de vegetação e frutificação, que vaide outubro a maio, o cafeeiro precisa de umidadedisponível no solo. Na fase de colheita e repouso, dejunho a setembro, a exigência é menor, o solo podendoficar mais seco (até quase ao ponto de murcha), semgrandes prejuízos para a planta. Uma deficiênciahídrica, nesse período, chega mesmo a estimular oabotoamento do cafeeiro, conduzindo, ainda, a umaflorada mais uniforme, quando no reinicio das chuvasou da irrigação. Nas regiões de inverno mais quentes,as pesquisas mostram que é preciso ter cuidado aointerromper as irrigações para promover o “stress”.As regiões mais secas, no período de colheita,25produzem cafés de melhor qualidade (bebida dura paramelhor), como ocorre nas zonas de “cerrado” em MinasGerais (Sul de Minas e Triângulo Mineiro) e na Mogiana,em São Paulo e em outras regiões semelhantes (OesteBaiano, Goiás etc).No que diz respeito às áreas cafeeiras do Centro-Sul do país, chuvas anuais acima de 1200 mm podem serconsideradas adequadas ao bom desenvolvimento dacafeicultura de café arábica, enquanto as lavouras derobusta podem ser cultivadas em zonas com precipitaçõesmenores, acima de 900-1000 mm anuais. Deficiênciashídricas de até 150 mm, no período de junho a setembro,podem ser bem suportadas pelo cafeeiro arábica e, até 400mm, de forma marginal, pelas variedades robusta(Conillon).Nas figuras 2 e 3 foram incluídos os dados debalanço hídrico em duas regiões típicas de cafeicultura,uma região onde teóricamente não seria necess[arioirrigar e outra onde a irrigação é imprescindível.O balanço hídrico da região de Varginha (Sul deMinas) exemplifica uma região adequada ao café arábica. Acurva do balanço normal indica excedentes hídricos nosmeses chuvosos, sendo que o pequeno déficit hídrico noinverno, na fase de maturação (colheita) e dormência, éfavorável, resultando em uma florada uniforme ematuração mais igualada. As curvas do balanço dos anos de2006 e 07 exemplificam a ocorrência, nos últimos anos, dedéficits acumulados de quase 400mm anuais, resultando,nos ensaios de irrigação de cafeeiros, conduzidos na Faz.Experimental, em acréscimos de produtividade de 37% namédia de 8 safras nas parcelas irrigadas (quadro 2).Quadro 2 - Níveis de deficitshídricos críticos nos anos eperda percentual de safra emcafeeiros, sem irrigação emrelação aos irrigados. Varginha-MG, 2007.Em Araguari, no Triângulo Mineiro, ocorredeficiência hídrica excessiva no inverno e naprimavera, sendo necessárias duas a três irrigaçõessuplementares, uma em maio e, depois, duas a trêsem agosto-setembro.Com relação ao fator hídrico, as observaçõese as experiências efetuadas nas várias regiõescafeeiras permitiram chegar aos seguintesparâmetros de aptidão:


26 RECOMENDANDOEm complementação aos aspectos do macroclima, deve-se observar, também, as condições de topoclima,buscando a localização das lavouras de acordo coma face de exposição do terreno e sua posição em relação aodeclive, assim:a) Deve-se desprezar os fundos de terreno, pelo acúmulode umidade e de ar frio (nas regiões sujeitas a geadas) e asbaixadas, pela má drenagem no solo.b) Os topos de morro devem ser evitados, pois sãoterrenos mais secos e muito expostos a ventos frios, o queé importante em regiões mais sujeitas a esse fenômeno.c) Nas regiões montanhosas deve-se preferir faces deexposição leste a norte, batidas pelo sol da manhã e menosexpostas ao sol da tarde, sendo esse aspecto maisimportante nos extremos de altitude (áreas baixas oumuito altas).d) Deve-se escolher áreas com declive entre 5 e 50%,evitando áreas muito planas, nas chapadas, ou áreas muitoinclinadas.Fig. 2 - Disponibilidade de água no solo (mm), balançomédio da região e dos anos de 2008 (próximo do normal),2006 e 2007(anos com maior déficit).Fig. 3 – Curva do balanço hídrico (em mm) em Araguari-MG, alt. 820 m, ta média 21,9º3 - Características do soloO solo, através de suas características físicas,químicas e biológicas, deve fornecer suporte adequado aocafeeiro, influindo diretamente sobre o volume e aprofundidade das raízes e condicionando melhordesenvolvimento e produção na parte aérea da planta. Sãoimportantes no solo: a disponibilidade de água, de ar e denutrientes. A água e o ar dependem das condições físicas, eos nutrientes, das condições químicas e biológicas do solo.Na escolha das áreas devem ser observadas, comprioridade, as condições físicas do solo, que são difíceisde alterar. As características químicas e biológicaspodem ser mais facilmente melhoradas, através decalagens, adubações e manejo correto do solo.Nas condições físicas externas do solo deve-severificar o relevo, a presença de pedras, cascalhos e onível de erosão do terreno.O relevo pode ser identificado dentro de 4categorias: plano; suave ondulado a ondulado; forteondulado e montanhoso.Em relevo plano (declividade entre 0 e 2,5%)podem ocorrer áreas em forma de baixadas, de tabuleiros oude chapadas. As baixadas e os tabuleiros são, geralmente,contra-indicados para o cafeeiro, por possuírem solospesados e mal drenados e, também, por possibilitarem oacúmulo de ar frio. Essas áreas, entretanto, podem serutilizadas nas regiões quentes e mais secas (áreas de caférobusta). As chapadas podem apresentar problemas deadensamento sub-superficial (camada adensada a 50-60cm), além de serem mais sujeitas a ventos frios, exigindo oemprego de quebra-ventos.Em relevo suave ondulado a ondulado (declive de2,5 a 12%) encontram-se áreas de terreno bastanteadequadas ao café, principalmente aquelas acima de 5%de declividade, pois, nesse caso, não apresentamproblemas de drenagem e de acúmulo de ar frio. São áreasperfeitamente apropriadas para lavouras mecanizáveis.Em relevo forte ondulado (declives entre 12 e50% ) encontram-se áreas ainda mecanizáveis ( até 15-20% declividade), aquelas entre 20 e 30% onde é possívelo cultivo a tração animal, modalidade praticamente semuso na cultura cafeeira, e acima de 30% onde só seaplicam os tratos manuais.Em relevo montanhoso as áreas apresentamdeclives acima de 50%, dificultando o controle da erosãoe a execução de todos os tratos do cafezal, como aspulverizações, a colheita etc., só devendo ser utilizadasem último caso.Nas áreas com presença, em grande quantidade,de pedras e cascalhos, deve-se evitar o plantio de café, poisos tratos ficam dificultados e ocorre a redução da massa desolo, deixando-o extremamente drenado (seco) e dificulta,ainda, o desenvolvimento das raízes.A erosão ocorre sob a forma laminar, em sulcos eem voçorocas. Nos dois primeiros graus pode-se,perfeitamente, usar as áreas para o plantio de café,


RECOMENDANDOadotando cuidados especiais, a fim de interromper,imediatamente, as causas da erosão, usando o manejo domato, os cordões, os sulcos, os renques etc. Nas áreas comvoçorocas, comuns nas zonas de solo de arenito, deve-se,previamente, efetuar um trabalho de tapagem dosburacos, usando tratores com lâminas, ou, então, isolar asáreas próximas às voçorocas, protegendo-as comvegetação especial (bambu, eucalipto, napier etc).Quanto às condições físicas internas do solodeve-se observar a textura, a estrutura, o gradientetextural , a profundidade e a porosidade na área onde sedeseja plantar café. Sempre que necessário deve-serecorrer à análise física de amostras em laboratórios.A textura é determinada pela quantidade e pelotamanho das partículas (argila, silte e areia) na massa dosolo, não podendo ser alterada de forma econômica. Atextura é argilosa se o solo contiver mais de 35% de argila,arenosa se tiver mais de 85% de areia e barrenta se tivermenos de 35% de argila e menos de 85% de areia,existindo ainda várias classes intermediárias. Ela teminfluência direta sobre: a retenção de nutrientes; acapacidade de armazenamento, liberação e infiltração daágua; o arejamento do solo; a temperatura da superfície dosolo e a resistência à erosão. No que diz respeito àspráticas culturais, a textura influi sobre o rendimento dopreparo das áreas e das capinas, o desgaste dosimplementos e ferramentas e a evolução e disseminaçãode pragas e doenças das raízes. Quanto maior o número departículas finas (argila e silte) maior será a capacidade dosolo de retenção dos nutrientes (cátions) e da água. Ossolos de partículas maiores (arenosos) têm pequenacapacidade de armazenamento, não sendo, portanto,indicados para o cafeeiro os solos com menos de 15 a 20%de argila, salvo em condições especiais de suprimento deágua, de matéria orgânica e de nutrientes. Os solosexcessivamente argilosos (mais de 50% de argila)dificultam o desenvolvimento das raízes e, a menos que aestrutura e a porosidade sejam muito apropriadas, não sãoindicados para o café. De um modo geral, os solos comtextura média são os mais favoráveis ao desenvolvimentodas raízes do cafeeiro.A estrutura indica a forma de arranjo daspartículas do solo. Elas podem se agrupar formandogrânulos, grumos e blocos. A agregação se deve,principalmente, à ação cimentante dos colóidesminerais (argila) ou orgânicos (humus), sendo maisadequada a estrutura granular ou em grumos, detamanho médio e moderadamente desenvolvida. Elaexerce influência sobre o armazenamento de água, de ar(arejamento) e de nutrientes no solo. Uma estruturaadequada pode reduzir os problemas causados por umatextura muito pesada. O gradiente textural é a relaçãoentre o teor de argila dos horizontes A e B e reflete oadensamento do solo. O adensamento é influenciadopela textura, pela estrutura, pela porosidade e pelomanejo do solo, sendo bastante prejudicial e em certos27casos impeditivo do cultivo do cafeeiro. Pode-severificar problemas de adensamento através de buracos(trincheiras) onde se testa, com uma lamina, a durezadas camadas no perfil do solo, ou com trado ou compenetrômetro, ou pelo aspecto das raízes das plantas, asquais, na presença de adensamento, se encurvam ecrescem horizontalmente, logo acima da camadaadensada. Em casos graves, um cafeeiro que cresceu emáreas com problema e depois foi arrancado podepermanecer de pé, em razão da forma das raízes, que seassemelham a um pé-de-galinha.A profundidade do solo influi sobre a suacapacidade de armazenamento de água e nutrientes. Ocafeeiro necessita pelo menos de 1,5m deprofundidade de solo, em boas condições de textura eestrutura, para que possa manter um sistema radicularsuficiente. Essa profundidade é mais importante nasregiões de clima seco, não se devendo plantar café emsolos com pequena profundidade, a menos que seadote a irrigação. A maior parte das raízes ativas(finas) do cafeeiro concentra-se na primeira camadado solo, até 30 cm de profundidade, embora emcafeeiros adultos, em solos bem corrigidos e com boascondições físicas, existam raízes finas de importânciaaté 2-2,5 m.A porosidade do solo é oriunda do espaço,sob a forma de poros (macro e micro), ocupadopelo ar e pela água. Ela afeta o desenvolvimentodas raízes, o armazenamento de água e ar no solo ea perda de nutrientes por infiltração/lixiviação.As raízes do cafeeiro precisam de um bomarejamento no solo, pois se desenvolvem melhorem meio oxidante. A cor do solo indica o seu nívelde drenagem, sendo que as tonalidades amareloclara,esbranquiçada e acinzentada resultam dedrenagem deficiente; as cores mosqueadas, ouseja, apresentando manchas, indicam períodos debaixa e alta umidade e as cores amarelo escuro eavermelhadas indicam boa drenagem . Um bomequilíbrio de partículas sólidas, água e ar acha-seem torno de 50% para a primeira e 25% para cadauma das demais.4 - Condições agronômicasAs áreas escolhidas para plantio de cafezais, dentroda propriedade, devem atender a condições que ofereçammaior facilidade para a implantação e manejo futuro docafezal. Deve-se observar, principalmente, a topografia, asvias de acesso, a cobertura vegetal presente, o uso anteriorda área e a disponibilidade/proximidade de água.As áreas devem ter topografia que facilitem amecanização, pois as práticas mecanizadas, desde oplantio até a colheita, normalmente reduzem bastante ocusto de produção do café, além de possibilitar aexploração em maior escala. Em regiões de montanha


28 RECOMENDANDOadotar as áreas com topografia mais favorável, até 50 ouno máximo 70% de declividade.A cobertura adequada é de pasto nativo oucapoeira leve; ou cultura anual, não devendo ser mata(pela questão ambiental e pela dificuldade e custo comdesmate e tocos), devendo-se evitar, sempre que possível,àquelas com capins persistentes (brachiarias etc), se bemque com o uso de herbicidas pós-emergentes, quefacilitam a desinfestação de ervas problemáticas, esseaspecto perdeu sua importância.Quanto à cultura anterior, sendo lavoura de cafévelha, deve-se verificar se não há problemas de pragas desolo, como nematóides (fig. 4), cochonilhas, moscas,cigarras etc, e adotar, sempre que possível, um descansoou rotação de culturas (1 ano), usando variedadestolerantes ou mudas enxertadas para o caso de nematóidesou usar produtos inseticidas-nematicidas e adubosorgânicos na cova/sulco de plantio.As facilidades no acesso à área escolhidapara plantio favorecem todo o transporte de insumospara a lavoura e desta o café colhido para asinstalações de preparo.A disponibilidade de água próxima e, sepossível, acima da área a plantar café, é importantepara os tratamentos em pulverização, além defacilidade diante de uma necessidade para irrigação,tornando-se um fator estratégico para localização dalavoura nas regiões com problema de déficit hídrico.Na figura m5 pode-se observar a facilidade de água ,oriunda do Rio São Francisco, para projeto decafeicultura irrigada da Agropecuária São Thomé,em Pirapora-MG.Fig. 4 - Raízes finas, de cafeeiros velhos, apresentandogalhas pelo nematóide M. exígua.Figura 5 - Vista aérea do projeto de cafeicultura irrigada daAgropecuária São Thomé, em Pirapora-MG, vendo-se aofundo o Rio São Francisco, que supre água ás lavouras.A adubação da lavoura cafeeira deveser racional e equilibradaJ.B. Matiello e A.W. R. Garcia, Engs Agrs MAPA/<strong>Procafé</strong> e Luciano A. R.Tannuri, Eng. Agr. COOPADAPA adubação racional, como o próprio nome indica,pressupõe uma nutrição mais adequada dos cafeeiros,através do uso conjunto dos variados nutrientes, oriundosdos corretivos e dos adubos apropriados, sempre de formaequilibrada e observando as necessidades, diante dascaracterísticas do solo e da lavoura a ser adubada. Busca,assim, evitar faltas ou excessos. Objetiva, também, associarboa eficiência nutricional com um adequado retornoeconômico dos gastos efetuados.O sistema de manejo empregado no cafezal deveser levado em conta na indicação da adubação, a fim deadota-la coincidindo modos e épocas apropriados, parafacilitar e baratear sua execução. A integração da adubaçãocom as demais práticas na lavoura, especialmente aquelas


RECOMENDANDOque suprem água e as que protegem as plantas, também nãodeve ser esquecida, pois de nada adianta adubar bem se nãohouver bom suprimento de água e se aspragas/doenças/ervas promoverem, do outro lado, adesfolha e o desgaste dos cafeeiros.Pela lei do mínimo, o crescimento e aprodutividade das lavouras podem ficar limitados porapenas um ou poucos nutrientes, que se encontram emquantidades insuficientes, de nada adiantando teraplicado muito dos demais.29desequilíbrio para K (pelo antagonismo com Mg e Ca docalcário).b) Falta de correção do solo – Menor índice deaproveitamento dos adubos NPK aplicados.c) Excesso de nitrogênio - deficiência de B, Cu, Zn e Fe emaior susceptibilidade a Phoma e Pseudomonas.d) Excesso de P no plantio - deficiência de Zn e Cu.e) Excesso de K - deficiência de Mg e Ca e muitas vezesde B.f) Excesso de matéria orgânica - deficiência de cobreEquilíbrios necessáriosA adubação e a calagem devem suprir osnutrientes em quantidade suficiente, sem esquecer doequilíbrio adequado entre os vários nutrientes, visandoseu melhor aproveitamento. O excesso de alguns éprejudicial, tanto pelo maior gasto necessário, como pelosdesequilíbrios e antagonismos causados. A falta,igualmente, leva ao desequilíbrio e a deficiências.É comum o produtor efetuar sua adubação semprecom uma fórmula padrão NPK e não prestar atenção nem nadisponibilidade, já existente no solo, que pode influir na dose ena relação entre esses 3 nutrientes, nem se preocupar com osuprimento de outros nutrientes importantes, como o Ca e Mg eos micro-nutrientes. Além disso, essas aplicações padronizadasde NPK podem levar a desequilíbrios prejudiciais, afetandorelações desejadas, como K/Ca/Mg, P/Zn etc.Um trabalho de pesquisa pioneiro, realizado peloIAC, em Batatais-SP, mostra (figura 1) que a maiorprodução de café foi obtida nos cafeeiros com adubaçãocompleta, onde foram utilizados adubações contendo NPK+ Ca e Mg + Micro (Zn e B), caindo, progressivamente,quando faltaram os micro, ou os micro e a calagem (sóNPK). Sem adubo, a lavoura, naquela área de cerrado,muito pobre, quase não produziu (só 2 sacas/ha).Os principais desequilíbrios que podem ocorrerem lavouras de café são os seguintes:a) Excesso de calcário ou outro corretivo - deficiênciade micro-nutrientes, Zn, B, Cu, Fe e Mn e provávelFigura 1 - Resultado pioneiro de resposta do cafeeiro àcalagem , à adubação NPK e micro, em solos de campocerrado,Batatais-SP - 1956 (média de 10 produções).Um exemplo clássico de desequilíbrio, que ocorre,muito freqüentemente, em cafezais, pode ser observado nosdados obtidos de pesquisa realizada em Martins Soares-MG (ver quadro 1). O teor de K se encontrava alto no solo e,assim, as doses da adubação potássica aplicadas nãoaumentaram a produção, ao contrário, provocaramreduções em relação às plantas da testemunha, as quais nãoreceberam K. Pode-se verificar que, na condição do solo dalavoura ensaiada, os níveis de K se mantiveram muito altosnos tratamentos que receberam doses de K2O, enquanto osteores de Ca e Mg no solo se mantiveram baixos, emdesequilíbrio. Por isso, deve-se, sempre, considerar aanálise de solo para a recomendação correta.CTC do solo= 11 eq mg ou cmolc/dm3Fonte: Matiello et alli – Anais 30ºCBPC, MAPA/PROCAFE, 2004, p.35.A deficiência de magnésio é muito comum porexcesso (desequilibrio) de K e Ca, vendo-se oamarelecimento entre nervuras das folhas velhasQuadro 1 - Produção de café, na 1ª safra útil após asadubações, e teores de K no solo em ensaio de doses deK2O, Martins Soares - MG, 2004.


30 RECOMENDANDOA lei do mínimo, já citada anteriormente,condiciona o desempenho vegetativo e produtivo docafeeiro à situação daquele ou daqueles nutrientes que seencontram em falta e reforça a necessidade de orientar aadubação/calagem como um conjunto nutricional, quenão deve esquecer, também: as condições já presentes nosolo (químicas e físicas); as características da lavoura(idade, variedade, carga etc.); e a qualidade e modo deuso dos adubos/corretivos.Avaliação dos desequilíbriosA avaliação da ocorrência de desequilíbriosnutricionais em uma lavoura cafeeira pode ser feitaatravés do exame dos resultados das análises, quanto aosteores de nutrientes constatados no solo e nas folhas.Para um técnico que atua em determinadaregião é possível avaliar os desequilíbrios maiscomuns, também a nível regional. Basta colocar emuma planilha os resultados de análise de diversaslavouras e de diversos produtores.Um exemplo deste trabalho pode ser observadono quadro 2, que reuniu os dados de resultados de análisede solo de 227 áreas na região da Cooperativa de SãoGotardo, no Alto Paranaíba, em Minas. Nesta tabelaestão colocados os resultados médios das análises dosparâmetros de fertilidade e as freqüências, percentuais,de ocorrência dos dados em 3 níveis: baixos, adequadose altos, com base na comparação feita com a tabela depadrões de fertilidade constante do livro “Manual deRecomendações Cultura de Café no Brasil“ (Matielo,Santinato, Garcia, Almeida e Fernandes, ed. 2005), doMAPA/<strong>Procafé</strong>.Pode-se verificar que a saturação de basesnos solos, em sua maioria, é baixa, assim como sãobaixas as saturações de K, Ca e, principalmente, demagnésio, tornando suas relações desequilibradas.Observa-se que o alumínio está baixo, ou seja, deforma adequada, o enxofre está igualmenteadequado ou até alto, sem problemas. O fósforo estáem boa parte em níveis adequados e os micronutrientesse encontram em nível muito baixo,especialmente o manganês, o boro e o cobre. OZinco, em grande parte, está deficiente ou muito alto.Com base nos dados observados o Técnicopoderia, fácilmente, concluir que: Existemproblemas de solo a serem corrigidos nas lavouras decafé na região, visando melhorar a saturação e oequilíbrio das bases, especialmente de magnésio.Pode verificar, ainda, que os micro-nutrientes boro,cobre e manganês, em falta, devem ser supridos eLavouras mal adubadas apresentam fortedesfolha e stress depois da colheitaavaliados também por análises foliares, sendo que ozinco pode estar prejudicando, em alguns casos, porexcesso.A organização e a análise em conjunto dosresultados das amostras de solo constitui destaforma, uma metodologia adequada para oconhecimento da realidade numa região e parafornecer informações úteis aos Técnicosrecomendantes.Tabela 1 - Níveis médios e freqüências de resultados deanálises de solo em 227 amostras (0-20 cm) em áreascafeeiras da região de São Gotardo-MG, 2009


PANORAMA31Programa Globo Repórter levanta a moral do café e da cadeia cafeeiraO programa Globo Repórter, da TV Globo, que foi ao arna sexta, dia de teve grande repercussão, muito positiva, tantosobre o publico em geral, na maioria consumidores da bebidacafé, como sobre os variados setores da economia cafeeira.Apresentado pelo repórter Alberto Gaspar, ex-GloboRural e ex-correspondente em Israel, a experiência dele e daequipe foi muito importante para enfocar aquilo que o caférealmente é, ima bebida saudável, benéfica para estimular ainteligência e a capacidade de trabalho e para fornecer antioxidantesbenéfico à saúde . Mostrou, alem disso, parte doprocesso de preparo dos cafés, desde a colheita e a importânciado produto na geração de empregos e de receitas ao pais.Na própria noite em que o programa foi ao ar e nassemanas seguintes foi possível avaliar a boa repercussão damatéria veiculada, por inúmeros telefonemas e-mails emensagens tratando do esclarecimentos e de demonstrações desatisfação pelo bom nível das informações e da qualidade dosentrevistados e das imagens. Mantido no site da Globo etambém do Peabirus o programa recebeu milhares de acessos.Dos profissionais que conhecemos, destacamos aparticipação no programa do médico/professor Darcy Ribeiro,do Eng. Agr. J.B. Matiello e do colega Alaerte classificadorprovadordo ex- IBC.Deixamos aqui nossos votos de louvor. À Rede Globo, àEquipe do Globo Repórter, em especial a Alberto Gaspar e AnaA equipe do Globo Repórter, reunida naFazenda Sertãozinho-MG, tendo ao centroAnarita Mendonça e sua colega, diretorasda reportagem, logo à direita o Jornalista/repórterAlberto Gaspar, e os 2 cinegafistas na lateraldireita. À esquerda os Engs. Agrs. Matielloe José Renato, este com seu Filho.Rita, e agradecemos a eles pelo alto padrão e o bom teor dasinformações. Foi, sem dívida, um programa muito benéfico,como o café. Ele levantou seu nome, Vamos, então, continuarmosa tomar aquele cafezinho, saudável e também saboroso.Novas publicações sobre manejo na lavoura cafeeiraDuas novas publicações foram editadas,recentemente, pelo MAPA/<strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong> Trata-se doBoletim “Controle do mato em cafezais” e o livreto“Simplificando a irrigação em cafézais. O primeiro de autoriade J.B. Matiello, André Garcia e U.V. Barros e o segundo de J.B.Matiello, André Fernandes e R. Santinato, experientes técnicosque lidam na pesquisa e AT em cafeicultura.O boletim de controle do mato trata dos prejuízoscausados pelas ervas e sobre épocas e os métodos adequados decontrole, contendo 48 páginas de texto e 12 de ilustrações, a cores.Seu objetivo é fornecer informações técnicas para o controle domato, aproveitando as vantagens das ervas daninhas no cafezal,suprindo matéria orgânica e melhorando o ambiente.O livreto “Facilitando a irrigação de cafezais”, como onome indica, procurou tornar mais acessíveis as informações parapermitir, mesmo aos técnicos de campo, com pouca experiênciaem irrigação, entender a importância da prática, como indica-la eorientar os processos mais adequados a cada caso, semprelevando em conta os custos/benefícios e o uso racional da água.As informações ocupam 78 páginas de texto e 10 de ilustrações.Os recursos utilizados nas publicações vieram doConvenio entre o MAPA e a <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>.Os interessados nas publicações podem ter acesso aelas na <strong>Fundação</strong>, através de pedidos pelo e-mailcontato@fundacaoprocafe.com.brCatucai vermelho 19/8 cv 380 - Japi, vai bem na zona montanhosa do Espirito SantoAs observações de campo feitas, recentemente, emensaios e em áreas de multiplicação de sementes implantadosna região de Marechal Floriano-ES, mostram que a linhagem decatucai vermelho 19/8 cv 380, chamada de Japi, temapresentado boa adaptação àquelas condições de clima frio eúmido, onde ocorrem, simultaneamente as doençasPhoma/Ascochyta e a ferrugem. O material vem apresentandobom vigor e alta produtividade. A resistência à ferrugem é


32 PANORAMAelevada e parece que o material tem alguma tolerância à Phoma.Os campos e experimentos se encontram instalados nalocalidade de Santa Maria do Marechal, nas propriedades do colega CésarKroelling e de José Stockl, os quais recebem as visitas dos Técnicosespecializados nas variedades, Saulo Almeida e J.B. Natiello. Eles temfeito o controle das produções e do vigor das diferentes variedades emteste. Uma observação interessante é a de que os cafeeiros da linhagemJapi sempre ficam com a folhagem bem verde, parecendo mais tolerantesaos períodos secos.Na foto pode-se ver o exemplo de um cafeeiro da linhagem, bemvigoroso, no ensaio. Na média de 5 safras nesse ensaio, a linhagem Japiproduziu, em média 44,5 scs/ha, enquanto o melhor catuai padrão, ocatuai amarelo IAC 39 produziu 43,7scs/ha.Plantio direto de sementes e de mudas de raiz nuaformam bem a lavoura de café irrigadaVista geral da lavoura formada comsemeio direto e com mudas de raiz nua, sobmamoeiros e com gotejamento, Pirapora-MGNo passado, em terrenos de mata, era comum o plantiodireto de sementes de café em covas fundas, visando, com aassociação de matéria orgânica e ambiente sombrio, agerminação e crescimento das mudas em boas condições e aformação mais econômica da lavoura. Atualmente, o plantio decafé é feito com o uso de mudas formadas nos viveiros e levadasao campo com 6-8 meses de idade. Dois tipos de recipientes sãoos mais empregados: as sacolinhas plásticas e os tubetes.A necessidade de aumentar a população de plantas de cafépor área (stand), objetivando adequar maiores produtividades emciclos curtos, em sistemas de plantio adensado, super adensado, ouem safra-zero, justifica o estudo de novas alternativas para reduzir ocusto das mudas e do plantio de cafeeiros.Foram conduzidos 2 campos de observação, com 400plantas cada, em uma área irrigada com gotejamento, naAgropecuária São Thomé, em Pirapora-MG, a 520m de altitudee temperatura média anual de 24,3°C. Na primeira área foiestudado o semeio direto das sementes e no segundo foi feito oplantio de mudas de raiz-nua.Para o semeio direto foram utilizadas 10 sementesjunto à área de gotejo, sendo semeadas em linha, a 1cm deprofundidade e, sobre a superfície do solo, após o semeio,colocou-se uma camada de mato seco, obtida no local. Airrigação de gotejo foi aplicada da forma usual, comgotejadores a cada 0,7m e capacidade para gotejar 4 litros deágua por hora. A área se encontrava com mamoeiros plantadosa 3 x 2m. Após a germinação das sementes de café, no estágiopalito de fósforo, retirou-se o capim e as mudas cresceramnormalmente, até o 2º par de folhas, quando se efetuou o raleio,deixando 1 muda a cada 40-50 cm.Para o campo de raiz-nua as mudas foram formadasem canteiro preparado com terra+esterco+super-simples,sendo o semeio em linhas, a cada 5 cm, e com sementesseguidas. Com 2 pares de folhas, as mudas receberam umaaplicação de Triadimenol (Bayfidan 250 CE) à razão de 1,5 mlpara cada 100 mudas (através de regador, diluindo em água).Houve retenção no crescimento e amarelecimento das mudas,com grande formação de raízes finas. Elas foram arrancadascom cuidado e plantadas no campo, fazendo-se um furo comchucho de madeira. Foram estudadas 3 situações: Plantio sob asombra de mamoeiros, sob sombra de hastes de palmeira e apleno sol. Foi plantada uma muda a cada gotejador. (0,7m).Completada a fase de formação dos cafeeiros com aavaliação da produção na primeira safra, em 2009, verificou-se,conforme quadro de resultados aqui apresentado, que aprodutividade foi semelhante entre os diferentes sistemas deplantio, com ligeira superioridade do plantio direto de semente,seguindo-se as mudas de raiz nua com sombra, permanecendoum pouco inferior os cafeeiros plantados a pleno sol,Pode-se verificar, portanto, que é possível formarlavoura de forma normal a partir de semeio direto ou commudadas de raiz nua em área irrigada por gotejo e sob sombra demamoeiros.Quadro de resultados: Parâmetros de crescimento(altura das plantas) e primeira produção em cafeeiros sobdiferentes sistemas de mudas e plantio, Pirapora-MG, 2009


ANÁLISEImportância da irrigação em cafézais33J. B. Matielo, R. Santinato e André L. FernandesNa foto aérea pode-se ver um projeto com grande número de pivôs, sistema que viabilizaa cafeicultura irrigada em grandes fazendas, como esta no Oeste da Bahia.A irrigação de lavouras de café era quase umtabu, até a década de 1990, dizendo-se que ela eradesnecessária, onerosa e de difícil execução, devidoà suficiência de chuvas nas regiões produtoras e aocaráter extensivo da cultura cafeeira.Com a ampliação de áreas cafeeiras, emregiões mais secas, e com o aumento do déficithídrico mesmo em regiões tradicionalmente aptas, ouso da prática de irrigação cresceu bastante,mostrando retornos produtivos vantajosos e comótimo benefício/custo.A utilização da irrigação, no entanto, nãodeve ser encarada apenas como uma maneira deaplicar água, para reduzir o déficit hídrico. Ela seinclui num conceito mais amplo, onde se tornaessencial no aumento da produtividade e narentabilidade, especialmente nos sistemas dep r o d u ç ã o d e c a f é m a i s t e c n i f i c a d o s ,complementando efeitos e eliminando riscos sobreos investimentos realizados em todo o processoprodutivo.A tecnologia para a irrigação em cafezaistambém evolui muito, com melhores definiçõessobre os sistemas, épocas e quantidade de águaaplicada, na forma mais adequada, visando, sempre,maior eficiência e economia.As pesquisas e a prática nas lavouras de caféirrigadas mostram que ficou mais fácil irrigar.Funções da água para o cafeeiroNa lavoura cafeeira a água tem funçõesessenciais no desenvolvimento e na produção dasplantas.Sem a água o cafeeiro não absorve osnutrientes pelas raízes e nem transporta essesnutrientes para sua copa, ou seja, não se alimenta.A água entra no processo de produção deenergia, através da fotossíntese. Ela é responsávelpela manutenção da temperatura nas folhas, pelatranspiração, promovendo o resfriamento dafolhagem, evitando a desidratação dos tecidos, .àsemelhança do que ocorre com o organismo humano.A folhagem do cafeeiro possui cerca de 85% de águae os frutos maduros 60%.Sem a água a planta murcha, perde folhas, ocorre aseca de folhas e ramos, o crescimento diminui e aprodução também cai muito.Com falta de água, e com poucas folhas nocafeeiro, a produção de energia para a planta ficareduzida, o bombeamento de água é diminuído e opegamento da florada e, consequentemente, a cargade frutos, ficam prejudicados.No processo de floração/frutificação, a faltade água prejudica a indução floral, provoca a quedade botões florais e de chumbinhos, causa a formaçãode flores anormais ( estrelinhas ou pequenas), as


34 ANÁLISEquais não se abrem normalmente, provoca ochochamento e o coração negro em frutos e reduz seutamanho.O planeta terra vem se aquecendo, comaumentos de temperaturas esperados nos próximosanos. Com tempo mais quente as plantas transpirammais e, assim, precisam de mais água.Sabemos que para suprir a água a maneiramais segura é a irrigação, reduzindo a dependência ecomplementando o suprimento natural, pelaschuvas, muitas vezes insuficientes e irregulares.As novas lavouras de café, sempre quepossível, devem ser implantadas em locais onde existauma boa fonte de água, devendo-se passar a localizaros cafezais em áreas mais próximas dessas águas.Necessidade de irrigação e regiões cafeeirasprioritáriasA utilização da irrigação em cafezais deve serprecedida de uma análise de risco, com base noregistro histórico de chuvas e de balanços hídricospara uma determinada área, avaliando-se o risco defalta de água para o cafeeiro. Por exemplo, em umlocal que apresentava, no período l980 a l995, ouseja, em l5 anos, 6 anos com déficits de l50-200 mm,3 anos acima de 200 mm e 6 anos menor que l00 mmanuais, significa que há 20% de risco de perdasgraves e 40% de perdas parciais, o que indica que airrigação vai compensar.O cafeicultor deve, assim, ficar atento eanalisar, em cada região e em sua propriedade, orisco que a área oferece quanto à deficiência de água,que possa resultar em perdas significativas,analisando, por outro lado, os custos e os benefíciosda irrigação, sempre levando em conta oinvestimento a ser efetuado e a conjuntura cafeeira(preços do café etc).As regiões cafeeiras no Brasil prioritáriaspara irrigação, onde a prática tem se tornandonecessária e com boas respostas são:a) Alto Paranaiba, Triângulo Mineiro, Norte eNoroeste de Minas e Goiás.b) Região cafeeira no Nordeste do país - Bahia,Pernambuco e Ceará.c) Zona de café Conillon - Na maior parte do Estadodo Espirito Santo, extremo-sul da Bahia e até emcertas áreas em Rondônia e Mato Grosso.d) Áreas de café arábica da Zona da Mata de Minas,do Jequitinhonha, E.Santo e Estado do Rio deJaneiro, situadas nos limites mais baixos de altitude,nas faces continentais das serras (sombras de chuva).e) Áreas de altitude mais baixa no Oeste e Sul deMinas, na Mogiana e Araraquarense em São Paulo,também em bolsões de seca.Embora não se tenham trabalhosexperimentais, a longo prazo, mostrando respostas àirrigação em variadas condições de déficit pode-seestimar que:l) Áreas com déficit anuais inferiores a l00 mm nãorespondem à irrigação.2) Áreas com déficit de l00-l50 mm respondem airrigações eventuais, normalmente.na pré e pós-florada.3) Áreas com l50-200 mm de déficit necessitam deirrigações sistemáticas.4) Áreas com déficit acima de 200mm sãoconsideradas não aptas para café arábica e sódevem ser exploradas com base em irrigaçõespreviamente planejadas.Para o cafeeiro Conillon, até l50-200 mm dedéficit não ocorrem problemas sensíveis e entre 200-300 mm é necessário irrigar, com prioridade nosperíodos críticos, de florada e granação.Detalhe do terminal de irrigação poraspersão em malha larga, vendo-se o tubode subida, de 50 mm de diâmetro, oregistro, e o aspersor (8 m3 /h).funcionando,a cada 36 m. (Utinga-BA)Efeito da irrigação no desenvolvimento eretenção foliar em cafeeiros, vendo-se àdireita talhão irrigado, bem enfolhado epreparado par a próxima safra e à esquerdasem irrigação., já com desfolha acentuada.


ANÁLISESou agrônomo ou Engenheiro Agrônomo?35J.B. Matiello- Eng. Agr. MAPA/<strong>Procafé</strong>Recebi do colega Hélio Casale um comunicadoem que o MEC- Ministério da Educação estava querendomudar o nome do curso de ENGENHARIAAGRONÔMICA para AGRONOMIA e da titulação deENGENHEIRO AGRÔNOMO para AGRÔNOMO.Pedia para que votássemos, via internet, manifestando aoMEC nossa vontade para que o curso e a denominação doprofissional permanecessem como estão. Pedia, assim,para que empregassemos alguns minutos nesseencaminhamento em defesa de nossa profissão.Achei oportuna a defesa, porem considerei maisadequado aconselhar ao MEC que use seu tempo, e não onosso, fazendo coisas mais úteis, melhorando o ensino e,não, simplesmente, mudando nomes.Pensei, também, na necessidade de nós mesmosfazermos uma análise sobre que tipo de profissionaldeveríamos ser, não em relação ao nome, mas, sim, emrelação às nossas atividades junto ao setor agropecuário.Ano que vem faço 45 anos de formado. Faz muitotempo que sai da Universidade. É quase uma vida, ondeaprendi e ensinei. Fiz um pouco de tudo. Fiz planejamentoe gerenciamento de programas de desenvolvimentoagrícola. Fiz pesquisas e assistência técnica. Escrevilivros, boletins, trabalhos científicos. Fiz muitas palestrase ministrei centenas de cursos. Conheci, convivi etrabalhei com milhares de colegas.Assim, com minha experiência, e diante dadiscussão do tema levantado, quanto à nossa profissão, façoaqui uma breve análise sobre como deveríamos atuar e sobreos tipos de profissionais que tenho encontrado atuando.A profissão do futuro no presenteAssim como se diz que o Brasil é o pais do futuro,se fala que a profissão agronômica também o é. Isso porque a agro-pecuária é a fonte de suprimento dosalimentos para a sobrevivência da humanidade, onde apopulação está sempre crescente.Nessa condição, o profissional de agronomiaencontra extraordinárias possibilidades de trabalho,porem, também, muitas dificuldades, diante doesgotamento dos recursos naturais, do empobrecimentodos solos, do desequilíbrio climático e do crescenteproblema com as pragas e doenças, que em conjunto,afetam os cultivos e dificultam as soluções destinadas àgarantia alimentar..Se por um lado se abrem muitas potencialidadespara uso dos conhecimentos, da inteligência, dacriatividade e da dinâmica de trabalho, por outro, oprofissional de agronomia ainda se mostra muito lento edespreparado para assumir seu papel, aquele de mostraros caminhos para que os resultados, a colheita e os frutosEngs. Agrs. César Krohling e José Onofre, comdiferentes atividades, o primeiro faz consultorias epesquisas, privadas, enquanto o segundo assisteprodutores através de AT oficial, da INCAPER.Na foto observando O Catucai 2 SL, plantado paracomemorar o dia de campo realizado há 2 anos, emSanta Maria do Marechal-ES. Foto, Nov de 2009do seu trabalho, se tornem cada vez mais presentes.Tipos de profissionaisComo já dissemos, a convivência no trabalhopode indicar o agrupamento de atuação dos profissionaisde agronomia em 6 tipos principais: O Agrônomo sabetudo,o Agrônomo vendedor, o Agrônomo agricultor, oAgrônomo voador, o Agrônomo ecologeiro, e oAgrônomo tecnológico.Não vai aqui qualquer critica, apenas aconstatação, mesmo por que, cada um pode se enquadrarou se ajustar a seu tipo preferido. Eu mesmo, acho, tenhoum pouco de vários dos 6 tipos.Então, aqui vai a definição do primeiro: oAgrônomo sabe- tudo. Este tipo de atuação é muito comumnos recém-formados e, também, nos pós graduados,mestres ou doutores. Os recém-formados saem dasfaculdades com pouca vivencia prática. Indo a campo,acham, por ter seu titulo, que podem chegar logo dandoaulas ao produtor. ou aquela receita que só ele sabe. Ledoengano. Muitos produtores, pelo seu conhecimento prático,sabem mais do que ele e, assim, ficam sabendo que ele, narealidade, pouco sabe. O comportamento adequado aosrecém formados é o de ouvir mais e falar menos,aproveitando a experiência do produtor e sobre ela procuraracrescentar algo mais técnico e racional. Já os pósgraduadoscolocam logo o seu titulo antes do próprio nome.


36 ANÁLISEEles se esquecem que um pouco mais de estatística ou demetodologia que aprendem em seus cursos e mostram emsuas teses, na maioria das vezes pouco aproveitáveis, nãosubstituem o conhecimento da realidade, o qual só chegacomo fruto do seu interesse, no dia a dia do seu trabalho.O segundo tipo, o Agrônomo vendedor, tem hojeuma importância grande, pois, como a assistência técnicaoficial está pouco presente, este profissional acaba tendomaior contato com os produtores, podendo influir bastanteno uso de tecnologia. Algumas empresas, nesse sentido,vem preparando seus profissionais, para uma chamadavenda assistida, fazendo-o conhecer outros aspectosligados ao sucesso da cultura e não apenas aquele ligado àvenda do determinado produto. Ocorre, no entanto, que emfunção das metas de venda, a necessidade do emprego e,muitas vezes, diante da existência de produtos não muitoconfiáveis, acabam tendo que vender gato por lebre. Muitosacabam se especializando num linguajar pouco técnico emais parecem um pastor daqueles que vendem milagres.Sabemos que parte dessa culpa recai sobre os Órgãosregistradores e reguladores, pois muitas coisas autorizadasa vender nem sempre foram adequadamente testadas.. Ai,falando em animais, o agricultor é quem paga o pato.O terceiro tipo é definido como Agrônomo voador,no sentido de que está sempre mudando suas idéias, o queem parte é bom, pelo estilo inovador, porem em excessoprejudica. Sempre que fala vem logo com uma novidade,lida aqui ou ali, assistida pela tv, obtida num seminário etc.É preciso que saiba que o processo de adoção de tecnologiadeve partir de uma base, que chamamos feijão com arroz, esobre ela adicionar novos ganhos, gradativamente. Muitanovidade, alguns sonhos, podem confundir o produtor epodem levar à perda do foco principal.O quarto tipo, muito comum, este nos profissionaismais velhos, é o Agrônomo agricultor. Ele decorre, em boaparte, da própria função exercida junto aos produtores,especialmente pelos serviços de Assistência técnica nointerior. Deixados atuar sem uma atualização técnicaadequada, os profissionais acabam, naturalmente,absorvendo muito do que pensa o produtor e acabamfalando como ele. Normalmente compram um sitio, o qual,O eng. Agr. Lázaro Soares vai aocampo, com o Técnico agrícola,avaliar as pragas no cafeeiro, naatividade de gerenciamento de projetoagrícola em Bocaiuva-MG, Nov 2009tocado com os poucos recursos de que dispõe e, ainda mais,sem a presença imprescindível do dono, acabam emfracasso, e, assim, realimentam suas idéias como produtor.Não sou especialista em extensão, mas a vivencia mostraque é, sim, importante compreender como o agricultorpensa e age, para usar esse conhecimento na mudançatecnológica a ser implantada.O quinto tipo é o Agrônomo chamado deecologeiro. É aquele que jogou fora todo o conhecimentotécnico e a ciência que aprendeu na escola e passa a se guiarmais pela ideologia. Dá valor apenas à natureza, quandosabe que o homem, ele mesmo, é um ser estranho à ela. Falasó de orgânico, de ONGs, de produtos naturais, mas age aocontrário. Gosta de trabalhar com ar condicionado, mascombate as hidroelétricas, gosta de tomar os melhoreswiskies, andar sempre alinhado, mas condena a vidamoderna. Eles ensinam aos produtores os métodos maisatrasados, querem que eles usem as sementes e as plantasnativas, menos produtivas e eficientes, quando se sabe queo sustento da humanidade, sempre crescente, depende doprogresso dos fertilizantes, defensivos e da biotecnologia,para o desenvolvimento e a proteção das plantações, que,assim, garantirão os alimentos necessários.O sexto tipo de profissional é o meu preferido.Trata-se do Agrônomo tecnológico, caracterizado comoaquele que associa seus conhecimentos técnicos aosaspectos práticos das questões. É o profissional que dáimportância à tecnologia, assim, procurando sempre estaratento às inovações, porem indica o mais racional, aquiloque se aplica, aquilo mais econômico. Ele procuraconhecer os problemas do campo, entende o que oagricultor pensa, mas, gradativamente, procura melhoraro nível do seu assistido.Um sétimo tipo de Agrônomo, não vou dizer onome, porem muitos colegas do ex-IBC vão entender porque. Acho um desperdício usar profissionais tão bempreparados nessa função nada técnica, a qual poucosresultados traz ao setor agrícola e onde qualquer pessoapoderia atuar.Afinal, quem somos?Nós somos aquilo que queremos e muito o quefazemos. Nossa função depende de cada um.Somos verdadeiros Engenheiros quando usamosas ferramentas de planejamento, execução e controle dosprojetos agropecuários. Quando desenvolvemos novasvariedades, novos produtos e métodos culturais maisracionais, aplicando os conhecimentos tecnológicos embeneficio do produtor e de toda a cadeia agrícola,finalizando no alimento adequado ao consumidor.Trabalhamos com seres vivos, plantas e animais, e com todoo ambiente que os rodeiam. Lidamos com biologia, umaciência complexa, muito mais difícil de entender do que asexatas matemática e física, dominadas pelos doutosEngenheiros. Somos até um pouco mais do que eles, poisdependem de nós, do alimento que ajudamos a produzir,eles e os burocratas que desejam mudar nossa carreira.


SÉRIE CLIMÁTICAChuva de inverno provoca perdas de qualidade dos cafés dasafra 2009 e menor e desigual floração para a safra de 201037J.B. Matiello e L.B. Japiassu- Engs. Agrs. Mapa e <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>Falta de chuva é ruim, e excesso também. Istoé verdade na lavoura cafeeira.Neste ano de 2009 foi o excesso de chuvas,em período de inverno, que causou problemas.Primeiro na qualidade do café da colheita, feita emperíodo de maior umidade, condição em que osfrutos de café demoram a secar, tanto aqueles daplanta, como, especialmente, os que caem ao chão.Com chuvas a queda de frutos é maior e aumenta aproporção de cafés de varrição.Com a umidade ocorrem as fermentaçõesindesejáveis e piora a bebida do café. O excesso deumidade também piora o tipo, com maior presençade grãos ardidos e pretos, alem de prejudicar oaspecto dos grãos que ficam com uma cor chumbo,chamados de cafés chuvados.Grande proporção de cafés de bebida riada erio, de qualidade inferior, foi constatada nos cafésrecebidos pelas Cooperativas de Cafeicultores naregião Sul de Minas, onde os padrões de bebidapredominante normalmente são de duro a mole.A observação dos dados de chuva no períodode abril a setembro/outubro, na estaçãometeorológica da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>, em Varginha,mostra o diferencial registrado em 2009 em relação àmédia normal, dos últimos 25 anos, conforme podeser verificado no gráfico aqui incluído.Também em função dessa anormalidade daschuvas, tem-se observado uma grande irregularidadena floração, que dará origem à safra de 2010. Comose conhece, as gemas florais do cafeeiro são seriadase sua maturação em botões se dá gradualmente. Umperíodo seco na pré-florada, de julho a setembro,favorece a uniformização no abotoamento e, emseguida, com as chuvas, de outubro/novembro aflorada vem mais uniforme.Neste ano observou-se pequenas florações,desde agosto até agora, e temos ainda botões paraabrir, junto a frutinhos já formados. Isto podeprejudicar a produtividade do ano que vem, poisquanto mais uniforme a frutificação tanto maior é aqueda de frutos. Alem disso, florada desigual vaidificultar a operação de colheita e a qualidade dapróxima safra. Na época, se colher cedo, vai terbastante frutos verdes. Se atrasar vai ter muito caféno chão, aqueles que amadureceram antes.Florada desigual, vista no ramo, onde se observafrutos em 2 estágios, chumbão e chumbinhose ainda botões para abrirem futuramente,leva a problemas na colheitaPrecipitação (mm) registradana média normal (período 1974 a2008) e chuva observada no mesmoperíodo no ano de 2009 - FazendaExperimental de Varginha, MG


38ENTREVISTAOswaldo Henrique mostra sua visão sobre oapoio governamental à cafeiculturaO Eng. Agr. Oswaldo Henrique Paiva Ribeiro éum exemplo de profissional voltado para as atividadesassociativistas na cafeicultura.Oswaldo é natural de Varginha-MG,importante pólo cafeeiro da principal região produtora,o Sul de Minas. Ele é filho de cafeicultores, do SeuPedro e Dona Dalva, de quem herdou a tradição no cafée seguiu na carreira agronômica do produto, assistindoe liderando os produtores. Em 1969 formou-se pelaUFV e em 1970 foi trabalhar na Emater, até 1973,quando ingressou na Cooperativa de PatrocínioPaulista, no Convenio com o IBC, sendo em 1975transferido para o Escritório de Assistência Técnica daAutarquia em Varginha. Em 1992 com a extinção doIBC, foi transferido para o MAPA, onde trabalhou atése aposentar, em 1998.Durante sua vida profissional nosso colegaOswaldo Henrique desempenhou, por 4 anos apresidência do CNC-Conselho Nacional do Café etambém por 15 anos a presidência da Cooperativa dosCafeicultores de Varginha. Atualmente ocupa aDiretoria da <strong>Fundação</strong> <strong>Procafé</strong>Pela sua experiência profissional, nossa revistaachou oportuno conhecer a visão atual de OswaldoHenrique sobre as ações de apoio governamental àlavoura cafeeira. Vamos a ela.Oswaldo cita como importantes os programasde alongamento das dividas contraídas no passadopelos produtores; o sistema PEPRO, que concede umamargem de nos preços do café; e o sistema de opçõesde compra. No entanto, considera ainda insuficientes asmetas de troca de divida por café, cujo preço do caféestipulado para a troca é baixo. Ele indica que a políticagovernamental deveria, de fato, estabelecer umagarantia de preços para aquisição efetiva do café, apreços compatíveis com os custos de produção, e suaretirada temporária do mercado, regulando a oferta efavorecendo, em seguida, a recuperação nos preços. Oquantitativo para aquisição deveria ser ao redor de 10milhões de sacas, admitindo a compra de cafés depadrão inferiores, aqueles que vem tendo maiordificuldade de venda e de preços no mercado e cujaorigem se deve a problemas de chuvas no período decolheita da safra em 2009.Como Eng. Agr. e participante, na época doIBC, no trabalho de previsão de safra e nocadastramento de produtores, considera essencialdispor de um sistema mais confiável para odimensionamento real do parque cafeeiro e de suassafras, elementos influentes no mercado e na tomada dedecisão pelos produtores quanto à redução ou expansãode suas lavouras.No setor tecnológico do café, Oswaldo defendeo aperfeiçoamento do sistema do atual Consórcio dasInstituições de Pesquisa, evoluindo para a implantaçãode um Centro Coordenador e Executor das ações dedesenvolvimento e difusão de tecnologia cafeeira, comvistas a integrar os conhecimentos, visando resolver osproblemas de forma mais eficiente e econômica,evitando duplicidades nos trabalhos e o uso derecursos, oriundos do setor(FUNCAFÉ), em projetosque atendam prioridades levantadas no campo e não napreferência dos pesquisadores ou de interesse de suasteses.Finalmente, ele enxerga que, a médio prazo, acafeicultura deixará sua atual fase de crise, cumprindoseu papel de geradora de renda e de empregos nasregiões cafeeiras. Enquanto isso, cita a necessidade doprodutor selecionar suas lavouras, aquelas querespondem aos tratos, para alcançar maiores níveis deprodutividade e racionalizar os custos de produção.


PRODUTOS E EQUIPAMENTOS 39Moto virador de café no terreiroMoto riscador de café operando em terreiro de café,no Sitio João de Barro, em Reduto-MGUma idéia até certo ponto simples, mas muitocriativa é a motocicleta adaptada para revolver o caféno terreiro, durante a seca.As empresas que montam este equipamento,sendo a principal de Araguari-MG, usam motosdescartadas, especialmente aquelas sem documentaçãoem dia, que compram em leilões, ai adaptam um tipo derastelo metálico ou de madeira, grande, na parte traseirae 2 rodas para sustentação, ficando como um triciclo.A operação é feita por uma pessoa, podeser até um jovem, que monta na moto e ela vaiandando na direção desejada, sobre a camada defrutos no terreiro, fazendo as mexidas e reviradasdo café, para expor, melhor, os frutos ao sol,facilitando a seca.O mais curioso é que com a adaptação nacaixa de marcha ela anda, também, de ré, o quefacilita as manobras e dá boa eficiência operacional.Nova sacaria para acondicionar o caféA sacaria usual para acondicionar os grãos decafé é fabricada com fibras vegetais, sendo no Brasil,de juta ou malva e na Colômbia de sisal. O uso dessamatéria prima foi defendido em vistas da suaprodução na Amazônia, porem, ultimamente essaprodução decaiu e as fibras, em sua maioria, sãoimportadas de paises asiáticos. Foi desenvolvida eestá sendo comercializado um novo tipo de sacaria,feita com fibra sintética, de poli-propileno.O desenvolvimento foi feito pela empresaSacaria Imperial. A cor e as malhas ficaram muitosemelhante à sacaria de juta, sendo o peso de sómentecerca de 250g, enquanto a normal pesa cerca de 0,5 kg,.A embalagem não apresenta qualquer cheiro estranho,Outra característica da fibra sintética, toda produzidano Brasil, é a de não ser atacada por insetos-traças, oque é comum na sacaria de fibras vegetais.Matiello examina uma saca de café feita depoli-propileno na instalação de beneficioda Fazenda Sertãozinho-MG.


40 PRODUTOS E EQUIPAMENTOSDois novos inseticidas, em desenvolvimento e lançamento,para controle do bicho-mineiro do cafeeiro.Dois novos inseticidas, de grupos químicosdiferenciados dos atuais, estarão, brevemente, nomercado, para o controle do bicho-mineiro docafeeiro, praga mais importante desta lavoura.O primeiro, recentemente lançado, da EmpresaDupont é o produto Altacor, nome técnicoRynaxypyr, indicado na dose de 90 g/há, tendoapresentado, nos ensaios, boa eficiência e bom efeitoresidual de controle.O segundo é o produto Belt, da Bayer, queainda está em fase de testes, e vem apresentandoboa eficiência de controle, tendo a formulação 480,do técnico Flubendiazole, sendo eficiente na dose de150 ml do pc/ha.A entrada de novos grupos químicosinseticidas para controle do bicho mineiro éimportante pois tem havido problemas de eficiênciade vários produtos atualmente no mercado. Parece,sem comprovação, que as populações estão ficandomais resistentes aos produtos inseticidas. Em algunscasos, nas regiões problemas como o cerradomineiro e norte de Minas, produtores tem usado até12 aplicações ao ano sem bons resultados.Cafeeiros com ponteiros desfolhadospor forte ataque de bicho mineiro, ádireita e com bom controle à esquerdaEsqueletadeira e decotadeira acopladas numasó operação, na poda de cafézaisTem surgido, ultimamente, no mercado,equipamentos hibridos e conjugados com o objetivode reduzir os custos operacionais, os quais estãocada vez mais elevados. Alem disso, osequipamentos estão levando em conta a boaqualidade final do trabalho.Nesse sentido foi integrada a esqueletadeirae a decotadeira para efetuar as 2 podassimultâneamente.A esqueletadeira é acoplada na dianteira dotrator e acionada pelo sistema hidráulico. Adecotadeira vem atrás do trator acionada pela TDF.Sendo a esqueletadeira diianteira ficou fácil conjugálacom a Decotadeira trabalhando ao mesmo tempo .Assim a decotadeira pode atuar nas 2 passadas daesqueletadeira, de cada lado da linha, com issoelimina-se praticamente todo o repasse manual queera feito para o decote de ponteiros desalinhados.Aqueles que não forem decotados na primeirapassada certamente não escaparão da serradecotadeira na segunda.Outras vantagens da esqueletadeira dianteirasão: suas navalhas/facas que fazem um corteperfeito sem lascar os ramos; ainda, facilita oalinhamento da máquina na linha de cafeeirosoferecendo ao operador boa visão de operação eajuste na distância de corte desejada. Maioresinformações no site www. mundo.uaivip.com.br outel : (34) 88053436 e (34) 91064546.Na foto pode-se observar o acoplamentoduplo no trator, da esqueletadeiradianteira e do decotador trazeiro.


Estação de Avisos Fitossanitários: Boletins mensais com condições climáticas eacompanhamento do crescimento do cafeeiro e evolução das pragas e doenças noSul de Minas.Laboratório de Solos e Folhas presta serviços de análise de macro emicronutrientes. Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere - CEP: 37026-400 - Varginha, MG.Venda de Sementes de Café categoria S1 das principais cultivares. Consulte adisponibilidade.S e r v i ç o d e A t e n d i m e n t o e C o n s u l t a s p o r e - m a i l(contato@fundacaoprocafe.com.br) ou por telefone (0xx35-3214-1411 ou0xx21-2233-8593).Com 100 anos, é reconhecida como uma das melhores Instituições de Ensino doPaís, e seu reconhecimento se deve à inquestionável capacitação física e humanaa serviço do ensino, pesquisa e extensão; considerada pelo Ministério daEducação como “Centro de Excelência”.Oferece os seguintes cursos de graduação: Agronomia, Administração,Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal, Zootecnia, Medicina Veterinária,Ciência da Computação, Engenharia de Alimentos, Química e CiênciasBiológicas.Possui também 80 (oitenta) cursos de Pós-Graduação, entre LATO SENSU,STRICTO SENSU e Doutorado.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!