28 RECOMENDANDOadotar as áreas com topografia mais favorável, até 50 ouno máximo 70% de declividade.A cobertura adequada é de pasto nativo oucapoeira leve; ou cultura anual, não devendo ser mata(pela questão ambiental e pela dificuldade e custo comdesmate e tocos), devendo-se evitar, sempre que possível,àquelas com capins persistentes (brachiarias etc), se bemque com o uso de herbicidas pós-emergentes, quefacilitam a desinfestação de ervas problemáticas, esseaspecto perdeu sua importância.Quanto à cultura anterior, sendo lavoura de cafévelha, deve-se verificar se não há problemas de pragas desolo, como nematóides (fig. 4), cochonilhas, moscas,cigarras etc, e adotar, sempre que possível, um descansoou rotação de culturas (1 ano), usando variedadestolerantes ou mudas enxertadas para o caso de nematóidesou usar produtos inseticidas-nematicidas e adubosorgânicos na cova/sulco de plantio.As facilidades no acesso à área escolhidapara plantio favorecem todo o transporte de insumospara a lavoura e desta o café colhido para asinstalações de preparo.A disponibilidade de água próxima e, sepossível, acima da área a plantar café, é importantepara os tratamentos em pulverização, além defacilidade diante de uma necessidade para irrigação,tornando-se um fator estratégico para localização dalavoura nas regiões com problema de déficit hídrico.Na figura m5 pode-se observar a facilidade de água ,oriunda do Rio São Francisco, para projeto decafeicultura irrigada da Agropecuária São Thomé,em Pirapora-MG.Fig. 4 - Raízes finas, de cafeeiros velhos, apresentandogalhas pelo nematóide M. exígua.Figura 5 - Vista aérea do projeto de cafeicultura irrigada daAgropecuária São Thomé, em Pirapora-MG, vendo-se aofundo o Rio São Francisco, que supre água ás lavouras.A adubação da lavoura cafeeira deveser racional e equilibradaJ.B. Matiello e A.W. R. Garcia, Engs Agrs MAPA/<strong>Procafé</strong> e Luciano A. R.Tannuri, Eng. Agr. COOPADAPA adubação racional, como o próprio nome indica,pressupõe uma nutrição mais adequada dos cafeeiros,através do uso conjunto dos variados nutrientes, oriundosdos corretivos e dos adubos apropriados, sempre de formaequilibrada e observando as necessidades, diante dascaracterísticas do solo e da lavoura a ser adubada. Busca,assim, evitar faltas ou excessos. Objetiva, também, associarboa eficiência nutricional com um adequado retornoeconômico dos gastos efetuados.O sistema de manejo empregado no cafezal deveser levado em conta na indicação da adubação, a fim deadota-la coincidindo modos e épocas apropriados, parafacilitar e baratear sua execução. A integração da adubaçãocom as demais práticas na lavoura, especialmente aquelas
RECOMENDANDOque suprem água e as que protegem as plantas, também nãodeve ser esquecida, pois de nada adianta adubar bem se nãohouver bom suprimento de água e se aspragas/doenças/ervas promoverem, do outro lado, adesfolha e o desgaste dos cafeeiros.Pela lei do mínimo, o crescimento e aprodutividade das lavouras podem ficar limitados porapenas um ou poucos nutrientes, que se encontram emquantidades insuficientes, de nada adiantando teraplicado muito dos demais.29desequilíbrio para K (pelo antagonismo com Mg e Ca docalcário).b) Falta de correção do solo – Menor índice deaproveitamento dos adubos NPK aplicados.c) Excesso de nitrogênio - deficiência de B, Cu, Zn e Fe emaior susceptibilidade a Phoma e Pseudomonas.d) Excesso de P no plantio - deficiência de Zn e Cu.e) Excesso de K - deficiência de Mg e Ca e muitas vezesde B.f) Excesso de matéria orgânica - deficiência de cobreEquilíbrios necessáriosA adubação e a calagem devem suprir osnutrientes em quantidade suficiente, sem esquecer doequilíbrio adequado entre os vários nutrientes, visandoseu melhor aproveitamento. O excesso de alguns éprejudicial, tanto pelo maior gasto necessário, como pelosdesequilíbrios e antagonismos causados. A falta,igualmente, leva ao desequilíbrio e a deficiências.É comum o produtor efetuar sua adubação semprecom uma fórmula padrão NPK e não prestar atenção nem nadisponibilidade, já existente no solo, que pode influir na dose ena relação entre esses 3 nutrientes, nem se preocupar com osuprimento de outros nutrientes importantes, como o Ca e Mg eos micro-nutrientes. Além disso, essas aplicações padronizadasde NPK podem levar a desequilíbrios prejudiciais, afetandorelações desejadas, como K/Ca/Mg, P/Zn etc.Um trabalho de pesquisa pioneiro, realizado peloIAC, em Batatais-SP, mostra (figura 1) que a maiorprodução de café foi obtida nos cafeeiros com adubaçãocompleta, onde foram utilizados adubações contendo NPK+ Ca e Mg + Micro (Zn e B), caindo, progressivamente,quando faltaram os micro, ou os micro e a calagem (sóNPK). Sem adubo, a lavoura, naquela área de cerrado,muito pobre, quase não produziu (só 2 sacas/ha).Os principais desequilíbrios que podem ocorrerem lavouras de café são os seguintes:a) Excesso de calcário ou outro corretivo - deficiênciade micro-nutrientes, Zn, B, Cu, Fe e Mn e provávelFigura 1 - Resultado pioneiro de resposta do cafeeiro àcalagem , à adubação NPK e micro, em solos de campocerrado,Batatais-SP - 1956 (média de 10 produções).Um exemplo clássico de desequilíbrio, que ocorre,muito freqüentemente, em cafezais, pode ser observado nosdados obtidos de pesquisa realizada em Martins Soares-MG (ver quadro 1). O teor de K se encontrava alto no solo e,assim, as doses da adubação potássica aplicadas nãoaumentaram a produção, ao contrário, provocaramreduções em relação às plantas da testemunha, as quais nãoreceberam K. Pode-se verificar que, na condição do solo dalavoura ensaiada, os níveis de K se mantiveram muito altosnos tratamentos que receberam doses de K2O, enquanto osteores de Ca e Mg no solo se mantiveram baixos, emdesequilíbrio. Por isso, deve-se, sempre, considerar aanálise de solo para a recomendação correta.CTC do solo= 11 eq mg ou cmolc/dm3Fonte: Matiello et alli – Anais 30ºCBPC, MAPA/PROCAFE, 2004, p.35.A deficiência de magnésio é muito comum porexcesso (desequilibrio) de K e Ca, vendo-se oamarelecimento entre nervuras das folhas velhasQuadro 1 - Produção de café, na 1ª safra útil após asadubações, e teores de K no solo em ensaio de doses deK2O, Martins Soares - MG, 2004.