34 ANÁLISEquais não se abrem normalmente, provoca ochochamento e o coração negro em frutos e reduz seutamanho.O planeta terra vem se aquecendo, comaumentos de temperaturas esperados nos próximosanos. Com tempo mais quente as plantas transpirammais e, assim, precisam de mais água.Sabemos que para suprir a água a maneiramais segura é a irrigação, reduzindo a dependência ecomplementando o suprimento natural, pelaschuvas, muitas vezes insuficientes e irregulares.As novas lavouras de café, sempre quepossível, devem ser implantadas em locais onde existauma boa fonte de água, devendo-se passar a localizaros cafezais em áreas mais próximas dessas águas.Necessidade de irrigação e regiões cafeeirasprioritáriasA utilização da irrigação em cafezais deve serprecedida de uma análise de risco, com base noregistro histórico de chuvas e de balanços hídricospara uma determinada área, avaliando-se o risco defalta de água para o cafeeiro. Por exemplo, em umlocal que apresentava, no período l980 a l995, ouseja, em l5 anos, 6 anos com déficits de l50-200 mm,3 anos acima de 200 mm e 6 anos menor que l00 mmanuais, significa que há 20% de risco de perdasgraves e 40% de perdas parciais, o que indica que airrigação vai compensar.O cafeicultor deve, assim, ficar atento eanalisar, em cada região e em sua propriedade, orisco que a área oferece quanto à deficiência de água,que possa resultar em perdas significativas,analisando, por outro lado, os custos e os benefíciosda irrigação, sempre levando em conta oinvestimento a ser efetuado e a conjuntura cafeeira(preços do café etc).As regiões cafeeiras no Brasil prioritáriaspara irrigação, onde a prática tem se tornandonecessária e com boas respostas são:a) Alto Paranaiba, Triângulo Mineiro, Norte eNoroeste de Minas e Goiás.b) Região cafeeira no Nordeste do país - Bahia,Pernambuco e Ceará.c) Zona de café Conillon - Na maior parte do Estadodo Espirito Santo, extremo-sul da Bahia e até emcertas áreas em Rondônia e Mato Grosso.d) Áreas de café arábica da Zona da Mata de Minas,do Jequitinhonha, E.Santo e Estado do Rio deJaneiro, situadas nos limites mais baixos de altitude,nas faces continentais das serras (sombras de chuva).e) Áreas de altitude mais baixa no Oeste e Sul deMinas, na Mogiana e Araraquarense em São Paulo,também em bolsões de seca.Embora não se tenham trabalhosexperimentais, a longo prazo, mostrando respostas àirrigação em variadas condições de déficit pode-seestimar que:l) Áreas com déficit anuais inferiores a l00 mm nãorespondem à irrigação.2) Áreas com déficit de l00-l50 mm respondem airrigações eventuais, normalmente.na pré e pós-florada.3) Áreas com l50-200 mm de déficit necessitam deirrigações sistemáticas.4) Áreas com déficit acima de 200mm sãoconsideradas não aptas para café arábica e sódevem ser exploradas com base em irrigaçõespreviamente planejadas.Para o cafeeiro Conillon, até l50-200 mm dedéficit não ocorrem problemas sensíveis e entre 200-300 mm é necessário irrigar, com prioridade nosperíodos críticos, de florada e granação.Detalhe do terminal de irrigação poraspersão em malha larga, vendo-se o tubode subida, de 50 mm de diâmetro, oregistro, e o aspersor (8 m3 /h).funcionando,a cada 36 m. (Utinga-BA)Efeito da irrigação no desenvolvimento eretenção foliar em cafeeiros, vendo-se àdireita talhão irrigado, bem enfolhado epreparado par a próxima safra e à esquerdasem irrigação., já com desfolha acentuada.
ANÁLISESou agrônomo ou Engenheiro Agrônomo?35J.B. Matiello- Eng. Agr. MAPA/<strong>Procafé</strong>Recebi do colega Hélio Casale um comunicadoem que o MEC- Ministério da Educação estava querendomudar o nome do curso de ENGENHARIAAGRONÔMICA para AGRONOMIA e da titulação deENGENHEIRO AGRÔNOMO para AGRÔNOMO.Pedia para que votássemos, via internet, manifestando aoMEC nossa vontade para que o curso e a denominação doprofissional permanecessem como estão. Pedia, assim,para que empregassemos alguns minutos nesseencaminhamento em defesa de nossa profissão.Achei oportuna a defesa, porem considerei maisadequado aconselhar ao MEC que use seu tempo, e não onosso, fazendo coisas mais úteis, melhorando o ensino e,não, simplesmente, mudando nomes.Pensei, também, na necessidade de nós mesmosfazermos uma análise sobre que tipo de profissionaldeveríamos ser, não em relação ao nome, mas, sim, emrelação às nossas atividades junto ao setor agropecuário.Ano que vem faço 45 anos de formado. Faz muitotempo que sai da Universidade. É quase uma vida, ondeaprendi e ensinei. Fiz um pouco de tudo. Fiz planejamentoe gerenciamento de programas de desenvolvimentoagrícola. Fiz pesquisas e assistência técnica. Escrevilivros, boletins, trabalhos científicos. Fiz muitas palestrase ministrei centenas de cursos. Conheci, convivi etrabalhei com milhares de colegas.Assim, com minha experiência, e diante dadiscussão do tema levantado, quanto à nossa profissão, façoaqui uma breve análise sobre como deveríamos atuar e sobreos tipos de profissionais que tenho encontrado atuando.A profissão do futuro no presenteAssim como se diz que o Brasil é o pais do futuro,se fala que a profissão agronômica também o é. Isso porque a agro-pecuária é a fonte de suprimento dosalimentos para a sobrevivência da humanidade, onde apopulação está sempre crescente.Nessa condição, o profissional de agronomiaencontra extraordinárias possibilidades de trabalho,porem, também, muitas dificuldades, diante doesgotamento dos recursos naturais, do empobrecimentodos solos, do desequilíbrio climático e do crescenteproblema com as pragas e doenças, que em conjunto,afetam os cultivos e dificultam as soluções destinadas àgarantia alimentar..Se por um lado se abrem muitas potencialidadespara uso dos conhecimentos, da inteligência, dacriatividade e da dinâmica de trabalho, por outro, oprofissional de agronomia ainda se mostra muito lento edespreparado para assumir seu papel, aquele de mostraros caminhos para que os resultados, a colheita e os frutosEngs. Agrs. César Krohling e José Onofre, comdiferentes atividades, o primeiro faz consultorias epesquisas, privadas, enquanto o segundo assisteprodutores através de AT oficial, da INCAPER.Na foto observando O Catucai 2 SL, plantado paracomemorar o dia de campo realizado há 2 anos, emSanta Maria do Marechal-ES. Foto, Nov de 2009do seu trabalho, se tornem cada vez mais presentes.Tipos de profissionaisComo já dissemos, a convivência no trabalhopode indicar o agrupamento de atuação dos profissionaisde agronomia em 6 tipos principais: O Agrônomo sabetudo,o Agrônomo vendedor, o Agrônomo agricultor, oAgrônomo voador, o Agrônomo ecologeiro, e oAgrônomo tecnológico.Não vai aqui qualquer critica, apenas aconstatação, mesmo por que, cada um pode se enquadrarou se ajustar a seu tipo preferido. Eu mesmo, acho, tenhoum pouco de vários dos 6 tipos.Então, aqui vai a definição do primeiro: oAgrônomo sabe- tudo. Este tipo de atuação é muito comumnos recém-formados e, também, nos pós graduados,mestres ou doutores. Os recém-formados saem dasfaculdades com pouca vivencia prática. Indo a campo,acham, por ter seu titulo, que podem chegar logo dandoaulas ao produtor. ou aquela receita que só ele sabe. Ledoengano. Muitos produtores, pelo seu conhecimento prático,sabem mais do que ele e, assim, ficam sabendo que ele, narealidade, pouco sabe. O comportamento adequado aosrecém formados é o de ouvir mais e falar menos,aproveitando a experiência do produtor e sobre ela procuraracrescentar algo mais técnico e racional. Já os pósgraduadoscolocam logo o seu titulo antes do próprio nome.