26 RECOMENDANDOEm complementação aos aspectos do macroclima, deve-se observar, também, as condições de topoclima,buscando a localização das lavouras de acordo coma face de exposição do terreno e sua posição em relação aodeclive, assim:a) Deve-se desprezar os fundos de terreno, pelo acúmulode umidade e de ar frio (nas regiões sujeitas a geadas) e asbaixadas, pela má drenagem no solo.b) Os topos de morro devem ser evitados, pois sãoterrenos mais secos e muito expostos a ventos frios, o queé importante em regiões mais sujeitas a esse fenômeno.c) Nas regiões montanhosas deve-se preferir faces deexposição leste a norte, batidas pelo sol da manhã e menosexpostas ao sol da tarde, sendo esse aspecto maisimportante nos extremos de altitude (áreas baixas oumuito altas).d) Deve-se escolher áreas com declive entre 5 e 50%,evitando áreas muito planas, nas chapadas, ou áreas muitoinclinadas.Fig. 2 - Disponibilidade de água no solo (mm), balançomédio da região e dos anos de 2008 (próximo do normal),2006 e 2007(anos com maior déficit).Fig. 3 – Curva do balanço hídrico (em mm) em Araguari-MG, alt. 820 m, ta média 21,9º3 - Características do soloO solo, através de suas características físicas,químicas e biológicas, deve fornecer suporte adequado aocafeeiro, influindo diretamente sobre o volume e aprofundidade das raízes e condicionando melhordesenvolvimento e produção na parte aérea da planta. Sãoimportantes no solo: a disponibilidade de água, de ar e denutrientes. A água e o ar dependem das condições físicas, eos nutrientes, das condições químicas e biológicas do solo.Na escolha das áreas devem ser observadas, comprioridade, as condições físicas do solo, que são difíceisde alterar. As características químicas e biológicaspodem ser mais facilmente melhoradas, através decalagens, adubações e manejo correto do solo.Nas condições físicas externas do solo deve-severificar o relevo, a presença de pedras, cascalhos e onível de erosão do terreno.O relevo pode ser identificado dentro de 4categorias: plano; suave ondulado a ondulado; forteondulado e montanhoso.Em relevo plano (declividade entre 0 e 2,5%)podem ocorrer áreas em forma de baixadas, de tabuleiros oude chapadas. As baixadas e os tabuleiros são, geralmente,contra-indicados para o cafeeiro, por possuírem solospesados e mal drenados e, também, por possibilitarem oacúmulo de ar frio. Essas áreas, entretanto, podem serutilizadas nas regiões quentes e mais secas (áreas de caférobusta). As chapadas podem apresentar problemas deadensamento sub-superficial (camada adensada a 50-60cm), além de serem mais sujeitas a ventos frios, exigindo oemprego de quebra-ventos.Em relevo suave ondulado a ondulado (declive de2,5 a 12%) encontram-se áreas de terreno bastanteadequadas ao café, principalmente aquelas acima de 5%de declividade, pois, nesse caso, não apresentamproblemas de drenagem e de acúmulo de ar frio. São áreasperfeitamente apropriadas para lavouras mecanizáveis.Em relevo forte ondulado (declives entre 12 e50% ) encontram-se áreas ainda mecanizáveis ( até 15-20% declividade), aquelas entre 20 e 30% onde é possívelo cultivo a tração animal, modalidade praticamente semuso na cultura cafeeira, e acima de 30% onde só seaplicam os tratos manuais.Em relevo montanhoso as áreas apresentamdeclives acima de 50%, dificultando o controle da erosãoe a execução de todos os tratos do cafezal, como aspulverizações, a colheita etc., só devendo ser utilizadasem último caso.Nas áreas com presença, em grande quantidade,de pedras e cascalhos, deve-se evitar o plantio de café, poisos tratos ficam dificultados e ocorre a redução da massa desolo, deixando-o extremamente drenado (seco) e dificulta,ainda, o desenvolvimento das raízes.A erosão ocorre sob a forma laminar, em sulcos eem voçorocas. Nos dois primeiros graus pode-se,perfeitamente, usar as áreas para o plantio de café,
RECOMENDANDOadotando cuidados especiais, a fim de interromper,imediatamente, as causas da erosão, usando o manejo domato, os cordões, os sulcos, os renques etc. Nas áreas comvoçorocas, comuns nas zonas de solo de arenito, deve-se,previamente, efetuar um trabalho de tapagem dosburacos, usando tratores com lâminas, ou, então, isolar asáreas próximas às voçorocas, protegendo-as comvegetação especial (bambu, eucalipto, napier etc).Quanto às condições físicas internas do solodeve-se observar a textura, a estrutura, o gradientetextural , a profundidade e a porosidade na área onde sedeseja plantar café. Sempre que necessário deve-serecorrer à análise física de amostras em laboratórios.A textura é determinada pela quantidade e pelotamanho das partículas (argila, silte e areia) na massa dosolo, não podendo ser alterada de forma econômica. Atextura é argilosa se o solo contiver mais de 35% de argila,arenosa se tiver mais de 85% de areia e barrenta se tivermenos de 35% de argila e menos de 85% de areia,existindo ainda várias classes intermediárias. Ela teminfluência direta sobre: a retenção de nutrientes; acapacidade de armazenamento, liberação e infiltração daágua; o arejamento do solo; a temperatura da superfície dosolo e a resistência à erosão. No que diz respeito àspráticas culturais, a textura influi sobre o rendimento dopreparo das áreas e das capinas, o desgaste dosimplementos e ferramentas e a evolução e disseminaçãode pragas e doenças das raízes. Quanto maior o número departículas finas (argila e silte) maior será a capacidade dosolo de retenção dos nutrientes (cátions) e da água. Ossolos de partículas maiores (arenosos) têm pequenacapacidade de armazenamento, não sendo, portanto,indicados para o cafeeiro os solos com menos de 15 a 20%de argila, salvo em condições especiais de suprimento deágua, de matéria orgânica e de nutrientes. Os solosexcessivamente argilosos (mais de 50% de argila)dificultam o desenvolvimento das raízes e, a menos que aestrutura e a porosidade sejam muito apropriadas, não sãoindicados para o café. De um modo geral, os solos comtextura média são os mais favoráveis ao desenvolvimentodas raízes do cafeeiro.A estrutura indica a forma de arranjo daspartículas do solo. Elas podem se agrupar formandogrânulos, grumos e blocos. A agregação se deve,principalmente, à ação cimentante dos colóidesminerais (argila) ou orgânicos (humus), sendo maisadequada a estrutura granular ou em grumos, detamanho médio e moderadamente desenvolvida. Elaexerce influência sobre o armazenamento de água, de ar(arejamento) e de nutrientes no solo. Uma estruturaadequada pode reduzir os problemas causados por umatextura muito pesada. O gradiente textural é a relaçãoentre o teor de argila dos horizontes A e B e reflete oadensamento do solo. O adensamento é influenciadopela textura, pela estrutura, pela porosidade e pelomanejo do solo, sendo bastante prejudicial e em certos27casos impeditivo do cultivo do cafeeiro. Pode-severificar problemas de adensamento através de buracos(trincheiras) onde se testa, com uma lamina, a durezadas camadas no perfil do solo, ou com trado ou compenetrômetro, ou pelo aspecto das raízes das plantas, asquais, na presença de adensamento, se encurvam ecrescem horizontalmente, logo acima da camadaadensada. Em casos graves, um cafeeiro que cresceu emáreas com problema e depois foi arrancado podepermanecer de pé, em razão da forma das raízes, que seassemelham a um pé-de-galinha.A profundidade do solo influi sobre a suacapacidade de armazenamento de água e nutrientes. Ocafeeiro necessita pelo menos de 1,5m deprofundidade de solo, em boas condições de textura eestrutura, para que possa manter um sistema radicularsuficiente. Essa profundidade é mais importante nasregiões de clima seco, não se devendo plantar café emsolos com pequena profundidade, a menos que seadote a irrigação. A maior parte das raízes ativas(finas) do cafeeiro concentra-se na primeira camadado solo, até 30 cm de profundidade, embora emcafeeiros adultos, em solos bem corrigidos e com boascondições físicas, existam raízes finas de importânciaaté 2-2,5 m.A porosidade do solo é oriunda do espaço,sob a forma de poros (macro e micro), ocupadopelo ar e pela água. Ela afeta o desenvolvimentodas raízes, o armazenamento de água e ar no solo ea perda de nutrientes por infiltração/lixiviação.As raízes do cafeeiro precisam de um bomarejamento no solo, pois se desenvolvem melhorem meio oxidante. A cor do solo indica o seu nívelde drenagem, sendo que as tonalidades amareloclara,esbranquiçada e acinzentada resultam dedrenagem deficiente; as cores mosqueadas, ouseja, apresentando manchas, indicam períodos debaixa e alta umidade e as cores amarelo escuro eavermelhadas indicam boa drenagem . Um bomequilíbrio de partículas sólidas, água e ar acha-seem torno de 50% para a primeira e 25% para cadauma das demais.4 - Condições agronômicasAs áreas escolhidas para plantio de cafezais, dentroda propriedade, devem atender a condições que ofereçammaior facilidade para a implantação e manejo futuro docafezal. Deve-se observar, principalmente, a topografia, asvias de acesso, a cobertura vegetal presente, o uso anteriorda área e a disponibilidade/proximidade de água.As áreas devem ter topografia que facilitem amecanização, pois as práticas mecanizadas, desde oplantio até a colheita, normalmente reduzem bastante ocusto de produção do café, além de possibilitar aexploração em maior escala. Em regiões de montanha