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Programa Cultural para o Desenvolvimento do Brasil

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Cultura é educação<br />

A educação formal brasileira ainda não<br />

proporciona aos usuários <strong>do</strong>s equipamentos<br />

de ensino o acesso de cada cidadão à<br />

diversidade cultural, à cultura universal e à<br />

aquela que é singular de sua comunidade, de<br />

sua região e de seu país. A ausência da cultura<br />

como uma das dimensões estruturantes da<br />

educação prejudica os objetivos de uma<br />

política educacional de qualidade e realmente<br />

transforma<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s e das condições<br />

de existência.<br />

Para que os brasileiros conheçam e se<br />

reconheçam em sua cultura local, e vejam<br />

nela a possibilidade de acesso mais genuíno<br />

à cultura regional, nacional e universal, é<br />

preciso que o patrimônio cultural comum seja<br />

objeto de uma memória corrente, que cidades,<br />

espaços e ambientes passem a ter seus lugares<br />

de cultivo de tradições, saberes e fantasias.<br />

Urge que se restabeleça uma relação estratégica<br />

e institucionalizada entre o Ministério<br />

da Cultura e o Ministério da Educação,<br />

que garanta aos <strong>do</strong>is uma autonomia<br />

compartilhada, de responsabilidade recíproca<br />

com os processos de formação <strong>do</strong> indivíduo e<br />

da sociedade. Para efeito dessa rearticulação,<br />

é necessário que se estabeleça também uma<br />

relação, por sob os arranjos institucionais,<br />

entre saberes “fora da escola” e o ensino<br />

de mo<strong>do</strong> geral, desde o ensino básico<br />

até às universidades.<br />

A repercussão <strong>do</strong>s saberes culturais no<br />

sistema de saber formal é uma novidade que<br />

pode repercutir imensamente na atratividade<br />

da escola, na sua qualidade em produzir<br />

cidadãos conscientes da realidade local e<br />

universal. Pode também dar instrumentos<br />

de poder às populações cujos conhecimentos<br />

tradicionais são transmiti<strong>do</strong>s apenas por seu<br />

próprio esforço informal.<br />

Essa rearticulação deve passar pelo<br />

entendimento <strong>do</strong> ambiente e da vida<br />

universitária e escolar, como lugares de<br />

aprendizagem, fruição, mas também de<br />

produção cultural, onde cada geração<br />

desenha seu projeto de futuro e ganha a<br />

aptidão cultivada <strong>para</strong> realizar seu presente.<br />

Desde os anos 1960, a arte-educação foi<br />

incluída como atividade curricular nas escolas<br />

brasileiras, mas avançou-se pouco nesta senda.<br />

É preciso que ela se estenda <strong>para</strong> além de um<br />

serviço trivial de atendimento e mediação<br />

cultural. É necessário que ela penetre nas salas<br />

de aulas remodelan<strong>do</strong> currículos, ao mesmo<br />

tempo em que os institutos, teatros, museus,<br />

bibliotecas e equipamentos culturais tenham<br />

espaços <strong>para</strong> um aprendiza<strong>do</strong> consistente,<br />

que garanta a continuidade das descobertas<br />

e das conquistas culturais em níveis cada vez<br />

mais complexos.<br />

Nas últimas décadas, a presença da arte, da<br />

literatura e da cultura em geral vem sofren<strong>do</strong><br />

reveses ou desaparecen<strong>do</strong> das salas de<br />

aula brasileiras, o que tem empobreci<strong>do</strong> o<br />

ambiente das escolas e das universidades.<br />

A formação de profissionais e cidadãos mais<br />

inspira<strong>do</strong>s e abertos à inovação criativa deve<br />

ser uma idéia que não se reduza à qualificação<br />

da força de trabalho e à reciclagem de<br />

capacidades instrumentais. Devemos pensar<br />

em homens e mulheres mais respeitosos<br />

e articula<strong>do</strong>s com o patrimônio cultural e<br />

cognitivo brasileiro. Só será possível através<br />

dessa incorporação plena da cultura e das<br />

artes no processo educacional, afirmação<br />

delas como atividades decisivas na formação<br />

de cada pessoa , de cada indivíduo e cidadão,<br />

<strong>para</strong> iluminar os processos educacionais com<br />

uma lucidez contemporânea.<br />

Prêmio Projéteis Funarte de Arte Contemporânea – Paisagens Descoladas, de Marcus André, Rio de Janeiro, 2006<br />

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