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camarneiro. jornada - ECA-USP

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III JORNADADISCENTE PPGMPA –<strong>USP</strong>São Paulo, 19 de outubro de 2012______________________________________________________________________dos procedimentos narrativos clássicos no cinema criaria uma codificação tanto para alinguagem, quanto para a relação do olhar em relação ao corpo da mulher.Em Filme de amor, Bressane tenta recuperar uma outra relação entre o olhar modernoe o corpo nu (notadamente o feminino), um olhar anterior à codificação da linguagemcinematográfica e dos modos de ver da era moderna que, como aponta Jonathan Crary,transforma “o corpo que vê” em algo “organizado e tornado produtivo”. 9O corpo e a cidadeA sequência que encerra Filme de amor, de Júlio Bressane, explicita algumas dasrelações entre corpo e espaço urbano consideradas durante todo o filme. A sequênciaanalisada se inicia com um plano geral da cidade do Rio de Janeiro, em preto e branco: a Baíade Guanabara ao fundo, o Pão de Açúcar à direita. Tem início uma canção (uma versão do“Hymne à l’amour”, de Édith Piaf e Marguerite Monnot, na voz da cantora Dalva deOliveira).O plano seguinte está ao nível do chão, com uma boca de bueiro em primeiro plano eas pernas e pés de vários transeuntes em quadro, atravessando a rua. Do céu, sem nenhumareferência humana, chegamos, em um corte, ao chão.Em outro plano, novo contraste: uma estátua equestre – monumento da história oficial– é observada por duas mulheres. Elas conversam entre si e saem de quadro, durante algunssegundos o plano mostra apenas a estátua. Temos uma oposição entre o monumento (a cidadeem si) e as pessoas, os corpos que ocupam essa mesma cidade.Um pouco mais adiante, um movimento de câmera adentra um edifício comercial:Quando a porta do elevador se abre, surge uma das personagens femininas do filme, vestindo9 CRARY, Jonathan. “A visão que se desprende: Manet e o observador atento do século XIX”, in: CHARNEY,Leo; SCHWARTZ, Vanessa R. op. cit., p. 70.8

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