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camarneiro. jornada - ECA-USP

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III JORNADADISCENTE PPGMPA –<strong>USP</strong>São Paulo, 19 de outubro de 2012______________________________________________________________________o uniforme de ascensorista. A câmera entra em um salão de cabeleireiro e surge o personagemmasculino do filme, trabalhando como barbeiro. Termina a canção e ouvem-se os sons dosalão de cabeleireiros: ruídos, murmúrios, a tesoura em seu movimento de corte. Atrás dobarbeiro, vemos a última das três personagens centrais, que também trabalha no salão, comomanicure.Esse mesmo plano, desde a entrada do edifício comercial, é repetido, porém, agora, emcores. Outra mudança: na segunda vez, a última personagem levanta o olhar e encaradiretamente a câmera.Um olhar que, de maneira semelhante, é “devolvido” ao observador pode serencontrado em outro quadro do pintor francês Édouard Manet, que não a “Olympia”. LuizRenato Martins descreve “Un bar aux Folies-Bergère” (1881-2): “Na cena, a atendente fitaum observador, comprador potencial, que se deixa entrever obliquamente no espelho”. 10 Domesmo modo, em Bressane, a manicure devolve o olhar do espectador. Mas por quêlembrarmos aqui Manet, entre tantos outros exemplos de olhares “devolvidos” – figura tãocomum em todo o primeiro cinema (e que Jacques Aumont analisou ao relacionar Lumière eos pintores impressionistas em O olho interminável)? Martins responde ao escrever que oquadro trata “da distinção entre o classicismo ou o mundo mental que se foi, e a modernidadeou o mundo tal como é na sua materialidade presente”. 11Bressane, em seu jogo de oposições na sequência final do filme, coloca frente a frenteesse “mundo mental que se foi” (os monumentos da cidade e seu espaço geográfico, quetrazem em si a escrita de uma história) em oposição a um mundo da “materialidade presente”(o mundo dos corpos e do sexo, que Bressane trabalha em todo o filme). Essa a razão de doisplanos idênticos, um preto e branco e outro colorido: dois “mundos” (a história da cidade e o10 MARTINS, Luiz Renato. Manet: uma mulher de negócios, um almoço no parque e um bar. Rio de Janeiro:Jorge Zahar, 2007. p. 73.11 Idem. p. 72.9

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