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Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento - nº 38 1

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Tabela 1. Mortalidade corrigida de Blatella germanica ePeriplaneta americana, submetidas aos tratamentos comsorovares de Bacillus thuringiensisMortalidade Corrigida (%)Tratamentos B. germanica P. americanaB.t. sorovar colmeri 6,65 0,0B.t. sorovar yunnanensis 14,85 0,0B.t. sorovar huazhangiensis 15,00 0,0B.t. sorovar roskildiensis 16,65 0,0B.t. sorovar sooncheon 30,00 0,0serem submetidas à forte pressão de seleção,sob condições de laboratório (Amorim,2007; Georghiou, 1992; Pei, 2002; Rodcharoen& Mulla, 1994) ou de campo(Mulla, 2003). Estes resultados apontampara a necessidade de racionalizar o usodo B. sphaericus, a fim de evitar a seleçãode populações resistentes.A primeira população resistente obtidasob condições de laboratório, foi submetidaà forte pressão de seleção e atingiu umnível de resistência da ordem de 100.000vezes, em relação à colônia susceptível(Georghiou, 1992). Em outro estudo realizadoem laboratório, foram selecionadasduas colônias de Cx. quinquefasciatus, noBrasil e na China, que atingiram um altonível de resistência (>100.000) (Pei, 2002).Também foi demonstrado que é possívelselecionar a resistência ao B. sphaericuscepa IAB59, sob condições de laboratório,embora, esta seleção tenha ocorrido deforma mais lenta em relação ao B. sphaericus2362. O nível de resistência chegou amais de 40.000 vezes (Amorim, 2007). Emcampo, já foram detectadas populações comníveis de resistência variáveis na França(Chevillon, 2001), Índia (Rao, 1995), China(Yuan, 2000), Tunísia (Nielsen-Leroux,2002) e na Tailândia (Mulla, 2003). O processode seleção da resistência em populaçõesde campo é modulado por diversosfatores que incluem o background genéticoda população, bem como fatores ecológicose ambientais.1.1.3 Controle integrado de vetoresO conceito do Manejo Integrado deVetores (MIV) surgiu como resultado deuma mudança de paradigma após o usointensivo de inseticidas químicos nas décadasde 1940-60. Em outras palavras, oMIV é definido como uma combinação racionalde diversos métodos de controledisponíveis, objetivando manter a populaçãode vetores em níveis aceitáveis e damaneira mais efetiva, econômica e segura,incluindo componentes biológicos, químicos,físicos e ambientais, visando interferiro mínimo possível no ecossistema. No MIV,várias ações são empregadas na tentativade englobar todas as causas do problema.No âmbito do controle de mosquitos, estasações podem incluir a melhoria da rede deesgoto e distribuição de água, eliminaçãofísica de criadouros, uso de barreiras físicasnas habitações, medidas de proteçãoindividual, uso de larvicidas específicos emcriadouros que não podem ser eliminados,além da conscientização e participação dacomunidade. Dentre estas ações, o uso debiolarvicidas apresenta vantagens, como aespecificidade para o inseto alvo e segurançapara o meio ambiente (Georghiou etal., 1992).O principal objetivo de estratégias decontrole integrado de vetores é reduzir adensidade populacional de mosquitos paraníveis em que a atividade é minimizada oua transmissão de doenças reduzidas ou interrompidacom o mínimo de efeitos ambientais.Idealmente, programas de controle integradodevem incluir intervenções maiseficazes e ambientalmente compatíveis.Devido à sua eficácia e aparente especificidade,tanto Bt israelensis quanto B. sphaericuspodem ser ideais para o programaintegrado de controle de pragas. (Lacey &Orr, 1994). A combinação de Bt israelensiscom outros agentes de controle biológicoresultou em um excelente controle e, emalguns casos, a supressão prolongada delarvas de mosquitos.Mulligan & Schaefer (1982) relataramum controle inicial de larvas de Cx. tarsalisem uma das zonas úmidas em que otratamento com Bt israelensis foi seguidopor abatimento em longo prazo com larvasde insetos predadores. Do mesmomodo, Mulla et al. (1993) observaram queas populações de Cx. quinquefasciatus, Cx.stigmatosoma e Cx. tarsalis não se recuperaramapós o tratamento com Bt israelensisdevido a subsequentes predações de larvaspor macroinvertebrados aquáticos euma redução na oviposição atrativa da pecuárialocal.Regis & Nielsen-Leroux (2000) revisandoestratégias de manejo de resistência B.sphaericus recomendaram o acompanhamentoda susceptibilidade das espécies-alvode B. sphaericus antes e durante o tratamento,alternando o uso de B. sphaericuscom Bt israelensis. Zahiri et al. (2004) demonstraramque utilizando suspensões demisturas contendo formulações comerciaisde Bt israelensis e B. sphaericus, não resultouem resistência em colônias de Cx. quinquefasciatus,enquanto que somente suspensõesde B. sphaericus gerou resistência.1.2 B. thuringiensisno controle de baratasSegundo Wilson (1972), estudos comparativosrealizados entre famílias primitivasde térmitas e baratas revelaram a existênciade múltiplas características em comumque, segundo o autor, poderiam consideraros térmitas como baratas sociais,cujos diagramas de filogenia, não só reforçameste parentesco, como também, relacionama evolução da flora microbiana intestinalentre as ordens Isoptera e Blattodea.Nesse contexto, a partir do trabalho deCastilhos-Fortes et al. (2002), Hübner (2004)testou cinco isolados de B. thuringiensisem Blatella germanica e Periplaneta americana:B. thuringiensis yunnanensis, B.thuringiensis colmeri, B. thuringiensis huazhangiensis,B. thuringiensis sooncheon eB. thuringiensis roskildiensis, oriundos doInstituto Pasteur, Paris.Para o estudo, adultos e ootecas de B.germanica e P. americana foram coletadosem estabelecimentos comerciais e residenciais,no município de Gramado, RioGrande do Sul. Ambas as espécies permaneceramem caixas de plástico (564 x <strong>38</strong>5x 371 mm e 400 x 270 x 362 mm), com asbordas superiores preenchidas com umamistura de água e talco neutro, para evitara fuga dos insetos. A umidade foi mantidaatravés de algodão umedecido, trocado acada 48 horas. Substratos de papelão corrugadoforam utilizados para mimetizar seuhábitat natural. Na alimentação foi utilizada0,5 g de ração animal moída Whiskas®,sendo os insetos mantidos em condiçõescontroladas (30ºC, 70% de U.R., 12h fotofase).Nos bioensaios, baratas adultas de ambasas espécies foram agrupadas em caixasplásticas (262 x 177 x 85 mm), contendoplacas de Petri com algodão umedecido emágua destilada e outra contendo 0,5g deração animal moída e 1000µL das suspensõesbacterianas a 1.10 10 células/mL. Nastestemunhas, os isolados foram substituídospor água destilada esterilizada. Paracada isolado bacteriano e cada espécie foramutilizados 30 insetos. A mortalidade foianalisada durante 7 dias após a aplicaçãodos tratamentos e corrigida pela fórmulade Abbott (Alves, 1998).Os dados de patogenicidade, utilizandoos cinco isolados de Bacillus thuringiensis,demonstraram uma baixa ação tóxicasobre B. germanica (6,65% a 30% demortalidade), e uma inatividade (0% de<strong>Biotecnologia</strong> Ciência & <strong>Desenvolvimento</strong> - nº <strong>38</strong> 45

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