Foto: Andrea Mourão“O Sistema Penitenciário e a população carceráriavivem sob as críticas da sociedade, porém, elas terãoque retornar às ruas. E o que poderá ocorrer se todas asportas se fecharem? As penas no Brasil não são perpétuase um dia elas terão a liberdade, com o direito de seremrecolocadas em trabalho. Ações semelhantes a essa sãode suma importância para a autoestima dessas mulheres epara seu retorno à sociedade”, finaliza Capostagno.O trabalho das reeducandas não foi construído apenascom jornais, mas com histórias, ideias e sentimentos.A junção de uma diversidade de materiais, a delica<strong>dez</strong>adas criações desenham a arte através da afirmação eindividualidade de cada presa. Toda arte tem suaverdade e essa só poderá ser entendida plenamenteentrando no mundo das artistas.Para a idealizadora, o Trilha, passou aoferecer algo para levar para casa, ou seja, antesdo Trilha pouco da experiência enquantopresa era compartilhado com a família.Após o Trilha as fotos, as experiências, ascriações, as descobertas dos talentos pessoais,o reconhecimento do talento em si e no outro,passaram a ser motivo de compartilhamento.“Os benefícios não são somente paraelas, mas para mim, para todas nós. Não háo eu e o outro isolado de mim, nesse sistema.Há o nós. E o que as afeta, de algumamaneira respingará em mim. Se quero me proteger,preciso proteger. Se quero ter oportunidade, preciso daroportunidade. É preciso dar condições a essa população,como também estudo, saúde, trabalho, educação e culturapara que outras não precisem passar por isso”, exaltaMourão.Atualmente existe um processo de criação de“Bijuterias Sustentáveis Conceituais” e na confecção deexpositores para uma mostra dessas peças conceituais.Utilizando de diversos materiais recicláveis, estão construindode maneira coletiva ou individual, diferentespeças (brincos, pulseiras, gargantilhas, colares, aneise outros acessórios). O objetivo é que o resultadodesse novo processo circule em diferentes espaçosalém das grades.O projeto “Trilha Art Factu” deverácontinuar em 2013, deixando um gostinho dequero mais em todos aqueles que puderamparticipar dos eventos e experiências apresentadospor essas mulheres.A psicóloga Andréa foi convidada em2011 pela Coordenação do Curso de Psicologia,a apresentar o projeto “Trilha Arte Factu”,na Semana de Psicologia da UniversidadePaulista (Unip) de São José dos Campos. Oevento contou também com a participaçãodas reeducandas.8Revista <strong>SAP</strong>
Penitenciária Feminina I “Santa Maria Eufrásia Pelletier” deTremembé foi a 5ª Unidade contempladaRosana Tenreiro AlbertoFoto: Veruska AlmeidaA Padaria Artesanal é um projeto do Fundo Socialde Solidariedade do Estado de São Paulo (Fussesp) e temcomo objetivo oferecer capacitação profissional às reeducandas.No dia 28/9, às 14 h, o Secretário da AdministraçãoPenitenciária, Lourival Gomes,e a presidente do Fussesp, LuAlckmin, inauguraram a PadariaArtesanal na Penitenciária “SantaMaria Eufrásia Pelletier” de Tremembé.Equipada com fornode aço inox, batedeira, liquidificador,balança e assadeiras dealumínio, durante um mês, ocurso capacitou até 15 detentas.Essas pessoas se tornaram monitorase ficaram encarregadasde retransmitir o aprendizado àsdemais reeducandas da penitenciária.No curso são ensinadas técnicasbásicas para o preparo de pãesartesanais. As receitas são simples eelaboradas a partir do aproveitamentode vegetais, como hortaliças e frutas.São <strong>dez</strong> tipos de pães: integral, decenoura, de maçã, de batata, caseiro,recheado com frios, de forma, de fubá,de mandioca e rosca doce.O programa Padaria Artesanalexiste desde 2001 e está presente emoutras unidades prisionais femininas,como a de Tremembé II, Tupi Paulista,Pirajuí, além da ala feminina do Hospitalde Custódia e Tratamento PsiquiátricoI de Franco da Rocha.“Tenho como objetivo levar as padarias artesanaispara todos os presídios do Estado de São Paulo, assim osreeducandos terão a oportunidade de se capacitarem, ter umaalimentação mais saudável e gerar economia para o Estadoao produzir seu próprio alimento”, afirmou Lu Alckmindurante a cerimônia.Foto: Veruska AlmeidaRevista <strong>SAP</strong> 9