TRIGORESGATANDO OS PRINCÍPIOS DECONTROLE DAS DOENÇAS FÚNGICASCom medidas preventivas e <strong>fungicida</strong>saplicados na hora certa, o produtor temcondições de reduzir os prejuízos causadospelas principais doenças da cultura
A cultura do trigo é afetada por doenças tradicionaise importantes que reduzem significativamenteo rendimento e a qualidade dos grãos.Nos últimos anos, especialmente no RioGrande do Sul, verificou-se <strong>um</strong> a<strong>um</strong>entoexpressivo na ocorrência de manchas foliares,sobretudo da mancha-amarela do trigo. Emalguns locais, o rendimento de grãos foireduzido em até 50%.Paralelamente à ocorrência de alguns períodosmais chuvosos e favoráveis às doenças, oa<strong>um</strong>ento das manchas foliares está associado ànão adoção integral e, às vezes, até ao abandonode práticas tradicionais de controle, paraprevenir ou reduzir a sua ocorrência. A nãoutilizaçãode medidas preventivas transferetoda a responsabilidade do controle à "sorte"(clima menos favorável às doenças) e ao<strong>fungicida</strong>, este às vezes utilizado incorretamente,em doses reduzidas e após a epidemiajá estar em franco desenvolvimento. Assim, omanejo da cultura, ao contrário de reduzir asdoenças, favorece a sua ocorrência. Portanto, éextremamente necessário o resgate de princípiosbásicos de controle, por vezes esquecidos.Danos por doenças fúngicasOs danos provocados pelas doenças ao rendimentode grãos do trigo variam em função defatores como clima, cultivares utilizados epráticas de manejo. Exceto o clima, todos osdemais estão relacionados a decisõestomadas pelo produtor.Percentualmente, as doenças foliares - oídio,ferrugem e manchas - causam mais danos,que chegam até a 80%, do que as demais(Tabela 1). Esses danos são maiores à medidaque as doenças se instalam mais cedo, comoocorreu em 2004, quando as manchas foliaresforam verificadas já no estádio de afilhamentodas plantas (Figura 1). Finalizado este estádio,não há mais emissão de folhas, de formaque o tecido afetado pelas doenças não éreposto pela planta.Quanto maior for o potencial produtivo dalavoura, maior será o dano causado pelasdoenças. Se o rendimento esperado for de3.000 kg/ha, por exemplo, dados de pesquisasdesenvolvidas na FAMV/UPF, pelo professorErlei Melo Reis, apontam danos aproximadosde 12, 17 ou 18 kg/ha para cada <strong>um</strong> por centode incidência por oídio, manchas foliares ouferrugem, respectivamente.Para reduzir o prejuízo por doenças, aprimeira estratégia é atrasar a sua ocorrênciae reduzir sua intensidade inicial por meio demedidas preventivas; a segunda é diminuir oritmo de seu desenvolvimento com a aplicaçãode <strong>fungicida</strong>s.Controle integradoControle integrado corresponde à adoçãoconjunta das estratégias disponíveis para<strong>um</strong>a dada doença ou conjunto de doenças.No caso de cultivares de trigo suscetíveis, ocontrole integrado (Tabela 2) das manchasfoliares envolve o uso da rotação de culturas,de sementes de boa qualidade, do tratamentode sementes e da aplicação foliar de <strong>fungicida</strong>s.Todas essas medidas são de caráter preventivo,tendo por finalidade atrasar o estabelecimentodas doenças no campo e reduzirsua quantidade inicial.Em cultivares suscetíveis a oídio, ferrugem ougiberela, a medida de controle mais eficaz é aaplicação de <strong>fungicida</strong>s em parte aérea. Alguns<strong>fungicida</strong>s sistêmicos, como o triadimenol(Baytan), podem ser usados em tratamento desementes para retardar a ocorrência do oídioaté o final do afilhamento das plantas.Desenvolvimento dasdoenças foliaresAs doenças foliares do trigo são denatureza policíclica, ou seja, apresentamvários ciclos ao longo do desenvolvimentoda cultura (Gráfico 1). A fase inicial daFigura 1: área de monocultura de trigo mostrandoocorrência precoce de manchas foliares nafase de afilhamento das plantas