desafios educacionais diante da crescente colonizacao do mundo ...

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lógica exclusiva, não só ignora como põem em risco questões centrais que dizemrespeito à sobrevivência do planeta terra em longo prazo. Prova disso é o atualestágio de degradação do meio ambiente em esfera planetária: poluição da água edo ar, deteriorização dos solos produtivos, devastação da flora e da fauna, etc.Considerando estas ressalvas iniciais, há, contudo, um aspecto dessascríticas que toca diretamente à educação e põem-na no compromisso de assumiruma postura ética diante do problema, caso não queira ver o seu sentido reduzido àexecução de interesses ditados por uma lógica estranha à sua natureza. Refiro-meaqui à posição que a educação deve tomar frente ao perigo crescente querepresenta para a humanidade, conforme o diagnóstico feito acima, a invasãodescontrolada de ações estratégico-instrumentais no âmbito da produção eorganização simbólico-cultural da sociedade. Tal invasão ocorre das formas maisdiferentes e sutis possíveis, caracterizando-se, no entanto, pela introduçãoirrefletida, cada vez massiva, do aparto tecnológico no mundo cotidiano espontâneodas pessoas.Para objetivar meu pensamento, gostaria de tomar a escola como exemplo.Frente à problemática anunciada acima, a escola vê-se, no mínimo, diante de algunsdilemas. Ela é, antes de tudo, uma instituição que tem a tarefa primeira de se ocuparcom a produção simbólica das pessoas e com a socialização do sabersistematizado. Essa função da escola é discutida, entre outros, por Saviani (1991, p.19-30). “É a exigência de apropriação do conhecimento sistematizado por parte dasnovas gerações que torna necessária a existência da escola”. (Idem, p. 23)A escola assume, neste sentido, a tarefa da alfabetização primaria, comoensinar a ler, a contar e a escrever; tarefa essa indispensável a qualquer processoconseqüente de socialização do indivíduo no mundo moderno. O primeiro dilemaque surge aí é que a escola, por um lado, precisa impedir que suas ações sereduzam somente às ações de tipo técnico-instrumental e, por outro, não podeisentar-se de relações de poder e de dinheiro em seu interior. Poderíamos imaginaruma situação extrema onde haveria um predomínio de ações instrumentais nointerior da escola e isso significaria, em última instância, a instrumentalização daprópria relação entre professor e aluno, evidenciada pelo caso limite onde o aluno só“apreenderia” em função da nota e o professor só “ensinaria” por causa daremuneração financeira. De outra parte, que a escola não pode se isentar derelações de poder e de dinheiro parece ser uma obviedade mostrada,10
primeiramente, pelo fato de que tanto seus Planos Educacionais como suasustentação financeira, no caso das escolas públicas, dependem do financiamentopublico atrelado a ações governamentais e amparado legalmente na Constituição.Um segundo dilema, que é central para o contexto escolar e que também dizrespeito diretamente ao papel da escola, pode ser anunciado da seguinte maneira:como ela pode tratar de suas questões localizadas sem deixar de se conceber comoparte de um contexto internacional globalizado. Ou seja, o dilema consiste aqui emcomo tratar do local em conexão com o global e isso representa, guardando asdevidas proporções, o mesmo problema que se apresenta para a sociedadebrasileira, no sentido de que ela só pode tratar conseqüentemente de seusproblemas por meio de sua inserção no mundo globalizado. O dilema consiste aí emcomo promover um desenvolvimento sustentável para o regional e o nacional, querespeite o ser humano e a natureza, tendo que se inserir num mundo globalizadoonde predomina a lei de um mercado econômico competitivo e excludente. No casoespecífico da escola, o grande desafio em relação a este ponto consiste em comoela mantém-se inserida num contexto internacional globalizado e, ao mesmo tempo,possa tornar produtivas suas experiências e iniciativas localizadas. Pois, somenteassim ela pode transformar a vida cotidiana escolar num espaço irrenunciável deinstauração progressiva e permanente de grupos de estudos, de investigação deproblemas cotidianos e localizados de ensino-aprendizagem, conectando-os comproblemas e enfoques teóricos já tratados por outros estudiosos.Diante do problema que atinge frontalmente a educação escolar, pondo emrisco a aquele conceito de escola como agente formadora de relações e valoressolidários entre os seus membros, não existe, como já era de se esperar, umareceita pronta que pudesse ser aplicada de modo automático. A inexistência de talreceita não impede, no entanto, que alguns indicativos sejam apontados com ointuito de balizar uma reflexão crítica à instrumentalização das ações pedagógicas,instrumentalização essa que, de acordo com o diagnóstico de nossa época, seapresenta como um entrave permanente à construção qualificada do processo deensino-aprendizagem.Gostaria de retomar o conceito de escola, antes apenas mencionado,enquanto instituição que tem como uma de suas tarefas principais socializar o sabersistematicamente acumulado e tratá-lo agora na perspectiva da formação deprofessores. Neste contexto, duas perguntas são pertinentes: Em que sentido a11
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