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Cartilha: A Prevenção do Uso de Drogas e a Terapia Comunitária

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Presi<strong>de</strong>nte da RepúblicaMinistro <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> Chefe <strong>do</strong> Gabinete <strong>de</strong> Segurança Institucional da Presidência da Repúblicae Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho Nacional AntidrogasSecretário Nacional AntidrogasDiretora <strong>de</strong> Políticas <strong>de</strong> <strong>Prevenção</strong> e TratamentoCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra Geral <strong>de</strong> <strong>Prevenção</strong>Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Ceará (UFC)ReitorFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina - Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Comunitária</strong>Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> DepartamentoCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Técnico-Científico <strong>do</strong> ProjetoMovimento Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental <strong>Comunitária</strong> <strong>do</strong> Ceará (MISMEC-CE)DiretoraCatalogação feita pela Biblioteca da Presidência da RepúblicaM 294A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> <strong>Uso</strong> <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong> e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>.Brasília: Secretaria Nacional Antidrogas, 2006.24 p.1. Droga - prevenção. 2. <strong>Terapia</strong> comunitária . 3. Reinserção socialBrasil. I. TítuloCDD – 361.8


A <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> nas Políticas <strong>de</strong> <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> <strong>Uso</strong> In<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong> ------------------- 4Apresentação --------------------------------------------------------------------------------------------------- 5Panorama Epi<strong>de</strong>miológico ------------------------------------------------------------------------------- 6A Prevalência <strong>do</strong> Consumo das <strong>Drogas</strong> Lícitas ----------------------------------------------------- 6Quanto à Prevalência <strong>de</strong> outras <strong>Drogas</strong> Psicotrópicas ----------------------------------------------- 7SumárioAs <strong>Drogas</strong> e seus Efeitos --------------------------------------------------------------------------------- 8As <strong>Drogas</strong> e seus Efeitos no Sistema Nervoso Central -------------------------------------------- 8As <strong>Drogas</strong> e a Legislação: <strong>Drogas</strong> Lícitas e Ilícitas ------------------------------------------------- 9O <strong>Uso</strong> In<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong> ------------------------------------------------------------------------------ 10Fatores <strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteção -------------------------------------------------------------------------- 10Como i<strong>de</strong>ntificar os Fatores <strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteção na <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> <strong>Uso</strong> In<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>? --- 11Fatores <strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteção no Domínio <strong>do</strong>s Pares --------------------------------------------- 12Fatores <strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteção no Domínio Familiar ---------------------------------------------- 13Fatores <strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteção no Domínio Comunitário -------------------------------------------- 14Fatores <strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteção no Domínio Escolar -------------------------------------------------- 15Os Diferentes Tipos <strong>de</strong> Usuários ou <strong>de</strong> Envolvimento com as <strong>Drogas</strong> ---------------------------- 16A <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> na Abordagem Preventiva --------------------------------------------------- 17A <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> Amplian<strong>do</strong> a <strong>Prevenção</strong> em Re<strong>de</strong> ------------------------------------------- 17A <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> e o Tratamento <strong>de</strong> Depen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong> -------------------------------- 18Como o Terapeuta Comunitário po<strong>de</strong> contribuir para o Tratamento <strong>de</strong> Depen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>?-- 19O Tratamento Propriamente Dito ------------------------------------------------------------------------- 19A Reinserção Social ---------------------------------------------------------------------------------------- 20O Papel <strong>do</strong> Terapeuta Comunitário junto aos Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> ----------------------------------- 20Sugestões <strong>de</strong> Dinâmicas <strong>de</strong> Mobilização e Abordagem sobre o Tema <strong>Drogas</strong> -------------- 21Exemplos <strong>de</strong> Motes --------------------------------------------------------------------------------------- 21Rituais -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 22Sugestões <strong>de</strong> Dita<strong>do</strong>s Populares ------------------------------------------------------------------------- 22Recursos da Comunida<strong>de</strong> --------------------------------------------------------------------------------- 23Filmes -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24


A <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> nas Políticas <strong>de</strong> <strong>Prevenção</strong><strong>do</strong> <strong>Uso</strong> In<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>A perspectiva <strong>do</strong> trabalho comunitário apresenta relevância na efetivação<strong>do</strong>s objetivos da atual Política Nacional Sobre <strong>Drogas</strong> (PNAD) <strong>do</strong> GovernoFe<strong>de</strong>ral. A PNAD propõe a conscientização da socieda<strong>de</strong> brasileira sobre os prejuízossociais e as implicações negativas representadas pelo uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas e suasconseqüências, bem como a educação, informação, capacitação e formação <strong>de</strong>pessoas em to<strong>do</strong>s os segmentos sociais para a ação efetiva e eficaz<strong>de</strong> redução da <strong>de</strong>manda e da oferta <strong>de</strong> drogas fundamentada em conhecimentoscientíficos valida<strong>do</strong>s e experiências bem-sucedidas, a<strong>de</strong>quadas à nossa realida<strong>de</strong>.Neste senti<strong>do</strong>, o trabalho comunitário revela-se como uma importante estratégiana otimização <strong>do</strong>s recursos da comunida<strong>de</strong> o que é <strong>de</strong> extrema importânciano atual cenário brasileiro em que a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços existentes nestaárea ainda é insuficiente para aten<strong>de</strong>r às tantas <strong>de</strong>mandas, especialmente quan<strong>do</strong>se trata <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s ou populações com menos recursos econômicos.4SENAD


A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>ApresentaçãoEsta publicação constitui material<strong>de</strong> apoio pedagógico da Secretaria NacionalAntidrogas - SENAD para o “Curso <strong>de</strong>Formação em <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> - comênfase nas questões relativas ao uso <strong>do</strong>álcool e outras drogas”, realiza<strong>do</strong> em parceiracom o Movimento Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental<strong>Comunitária</strong> <strong>do</strong> Ceará – MISMEC-CE.Tem como objetivo preparar os terapeutascomunitários para respon<strong>de</strong>r às questõesapresentadas pelos participantes das terapiassobre esta temática.A SENAD, ao reconhecer estameto<strong>do</strong>logia, está oportunizan<strong>do</strong> a efetivação<strong>de</strong> ações <strong>de</strong> âmbito comunitário naspolíticas públicas <strong>de</strong>stinadas à redução da<strong>de</strong>manda <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> drogas. Neste senti<strong>do</strong>,a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> (TC) coloca-se comoum serviço à comunida<strong>de</strong> que possibilitaintervir em vários níveis:1. Antecipar-se ao uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong>drogas, trabalhan<strong>do</strong> possíveis motiva<strong>do</strong>respara o consumo, analisan<strong>do</strong> riscos efortalecen<strong>do</strong> fatores <strong>de</strong> proteção;2. Oferecer, para aqueles que jásão usuários e suas famílias, um espaço <strong>de</strong>acolhimento, amparo e auxílio na mudançada compreensão quanto ao uso ou abuso <strong>de</strong>drogas e contribuir para a redução <strong>do</strong>s riscose danos associadas ao uso;3. Facilitar a i<strong>de</strong>ntificação danecessida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>s meios para o tratamento<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ou usuários e suas famíliase contribuir para a a<strong>de</strong>são e permanênciano atendimento;4. Favorecer a criação ou o resgate dare<strong>de</strong> social <strong>do</strong> usuário.São beneficiários diretos <strong>de</strong>ste projetoos profissionais das áreas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> educaçãoe da área social, <strong>do</strong> setor governamental e nãogovernamental, e as li<strong>de</strong>ranças comunitárias,que receberão a capacitação. E os beneficiáriosindiretos as instituições as quais os cursistasestão vincula<strong>do</strong>s e, em última instância, aprópria comunida<strong>de</strong> atendida.Isto amplia as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atuaçãoda re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção à comunida<strong>de</strong> que seráfortalecida com mais um serviço disponibiliza<strong>do</strong>.A publicação “A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong><strong>Drogas</strong> e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>” estabeleceuma relação estreita entre a proposta da TCe as orientações da Política Nacionalsobre <strong>Drogas</strong> quanto à prevenção, otratamento e a reinserção social <strong>do</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte químico.Desejamos que esta iniciativa, somadaàs <strong>de</strong>mais que o governo brasileiro vema<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>, contribua <strong>de</strong> fato com ofortalecimento <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção àsquestões relativas ao uso <strong>de</strong> álcool e outrasdrogas numa perspectiva inclusiva, <strong>de</strong> respeitoà diversida<strong>de</strong>, humanista, <strong>de</strong> acolhimento enão estigmatização <strong>do</strong> usuário e familiares.SENAD5


Panorama Epi<strong>de</strong>miológicoNo cenário brasileiro, há um <strong>de</strong>staque comrelação ao consumo <strong>de</strong> drogas lícitas, em especialo álcool. Mas as drogas ilícitas também merecematenção, uma vez que as substâncias citadas(lícitas e ilícitas) po<strong>de</strong>m estar associadas aocontexto <strong>de</strong> violência.Esta publicação tem como um <strong>do</strong>s objetivoscapacitar os terapeutas comunitários paralidarem com a temática das drogas nas suasreuniões, com especial ênfase para o seu caráterpreventivo e também pelas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>complementar ações <strong>de</strong> tratamento e favorecer areinserção social.Dentre as drogas que serão estudadas,o álcool terá <strong>de</strong>staque pela sua dimensãoepi<strong>de</strong>miológica e <strong>de</strong> custos econômicos esociais. Sen<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma importantequestão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública e, necessitan<strong>do</strong>,portanto, <strong>de</strong> medidas efetivas no contextopolítico e social.A Prevalência <strong>do</strong> Consumodas <strong>Drogas</strong> LícitasA seguir serão apresenta<strong>do</strong>s alguns da<strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> levantamentos epi<strong>de</strong>miológicosrealiza<strong>do</strong>s no Brasil quanto ao consumo <strong>de</strong>drogas. O álcool e o tabaco aparecem com<strong>de</strong>staque, sen<strong>do</strong> as drogas mais consumidas noBrasil e as responsáveis pelos maioresíndices <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> seuuso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>.No “I Levantamento Domiciliar sobreo uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong> Psicotrópicas no Brasil”,realiza<strong>do</strong> no ano <strong>de</strong> 2001, foram entrevista<strong>do</strong>smora<strong>do</strong>res das 107 maiores cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> país(aquelas com mais <strong>de</strong> 200 mil habitantes),representan<strong>do</strong> 47% da população total <strong>do</strong> país.Os principais resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram:• 41,1% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s informaramque já fizeram uso <strong>de</strong> tabaco pelo menosuma vez na vida;• A estimativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>tabaco foi <strong>de</strong> 9,0%.No ano <strong>de</strong> 2004, foi realiza<strong>do</strong> o“V Levantamento Nacional sobre o uso <strong>de</strong><strong>Drogas</strong> Psicotrópicas entre estudantes <strong>do</strong> EnsinoFundamental e Médio”, nas 27 capitais brasileiras,atingin<strong>do</strong> 48.155 estudantes que, em sua maioria,tinham entre 13 e 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Estelevantamento apresentou <strong>do</strong>is resulta<strong>do</strong>s quemerecem <strong>de</strong>staque:• Cerca <strong>de</strong> 65% <strong>do</strong>s estudantesafirmaram ter consumi<strong>do</strong> bebidas alcoólicaspelo menos uma vez na vida, o que significadizer que mais da meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s estudantesouvi<strong>do</strong>s já haviam experimenta<strong>do</strong> algumtipo <strong>de</strong> bebida;• Cerca <strong>de</strong> 12% <strong>do</strong>s estudantes faziamuso freqüente <strong>de</strong> bebidas, ou seja, haviamconsumi<strong>do</strong> álcool seis ou mais vezes no mêsque antece<strong>de</strong>u a pesquisa, o que significadizer que <strong>de</strong>z em cada cem estudantes podiamser incluí<strong>do</strong>s na categoria <strong>de</strong> usuário abusivo.• 68,7% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s informaramque já fizeram uso <strong>de</strong> álcool pelo menosuma vez na vida;• A estimativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>álcool foi <strong>de</strong> 11,2%, com pre<strong>do</strong>minância parao sexo masculino, numa proporção <strong>de</strong> trêshomens usuários para uma mulher usuária;6SENAD


A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>Quanto à Prevalência <strong>de</strong>outras <strong>Drogas</strong> PsicotrópicasO “I Levantamento Domiciliar sobreo uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong> Psicotrópicas no Brasil” (2001),apresentou resulta<strong>do</strong>s importantes sobre oconsumo <strong>de</strong> outras drogas psicotrópicas pelapopulação geral, <strong>do</strong>s quais merecem <strong>de</strong>staque:6,9% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s já fizeram uso <strong>de</strong>maconha pelo menos uma vez na vida;2,3% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s já fizeram uso <strong>de</strong>cocaína pelo menos uma vez na vida;0,7% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s já fizeram uso <strong>de</strong> crackpelo menos uma vez na vida;O uso da merla (um <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> <strong>de</strong> cocaína)apareceu, na região Norte, em 1,0% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s,sen<strong>do</strong> o maior índice <strong>do</strong> Brasil;5,8% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s já fizeram uso <strong>de</strong>solventes pelo menos uma vez na vida.O uso <strong>de</strong> pelo menos uma vez na vida<strong>de</strong> medicamentos, sem prescrição médica,apresentou um fato em comum: o número <strong>de</strong>mulheres que usou foi maior que o número <strong>de</strong>homens, em todas as faixas etárias estudadas.Os estimulantes aparecem em 1,5%<strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s que fizeram uso na vida. Osbenzodiazepínicos (medicamento para reduzira ansieda<strong>de</strong>) em 3,3%, bastante próxima aoobserva<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, cujo índicechega a 5,8%. A <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> benzodiazepínicosfoi estimada em 1,0% no Brasil.Em relação aos orexígenos (medicamentosutiliza<strong>do</strong>s para estimular o apetite), 4,3% <strong>do</strong>sentrevista<strong>do</strong>s já fizeram uso pelo menosuma vez na vida.Um alerta <strong>de</strong>ve ser feito:Cada vez mais, a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentaçãotem caí<strong>do</strong>, revelan<strong>do</strong> que o consumo <strong>de</strong> drogasentre crianças e a<strong>do</strong>lescentes é uma realida<strong>de</strong>que exige medidas preventivas urgentes.Um da<strong>do</strong> que constata esta questão é amédia <strong>de</strong> experimentação <strong>do</strong> álcool pela primeiravez. No Brasil, esta média é <strong>de</strong> 12,5 anos, o que épreocupante, visto que o fornecimento <strong>de</strong> bebidasalcoólicas a menores é proibi<strong>do</strong> por leiMédia <strong>de</strong> Ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Primeiro <strong>Uso</strong> <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>no Brasil (Média)Álcool 12,5Tabaco 12,8Solvente 13,1Maconha 13,9Anfetamínicos 13,4Ansiolíticos 13,5Cocaína 14,4Os da<strong>do</strong>s epi<strong>de</strong>miológicos acima apresenta<strong>do</strong>sretratam uma realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>ra paraos terapeutas comunitários e para a socieda<strong>de</strong>brasileira como um to<strong>do</strong>.Estes da<strong>do</strong>s estão disponibiliza<strong>do</strong>s no site <strong>do</strong>Observatório Brasileiro <strong>de</strong> InformaçõesSobre <strong>Drogas</strong> - OBIDwww.obid.senad.gov.brSENAD7


As <strong>Drogas</strong> e seus EfeitosPara uma compreensão ampla <strong>do</strong>s efeitosdas drogas é necessário consi<strong>de</strong>rar a inter-relaçãoexistente entre as características da droga, as <strong>do</strong>usuário e as características <strong>do</strong> contexto.Além <strong>do</strong>s efeitos psicotrópicos causa<strong>do</strong>spelas diferentes drogas, ou seja, <strong>do</strong>s efeitos químicosespecíficos <strong>do</strong> produto na ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> SistemaNervoso Central, <strong>de</strong>stacamos os outros fatoresque interferem nas sensações e no comportamento<strong>do</strong> usuário. Estes outros fatores dizem respeito aousuário e o lugar que este se encontra.É primordial consi<strong>de</strong>rar o que cada pessoasente e busca quan<strong>do</strong> faz uso <strong>de</strong> drogas, pois nesteconsumo está presente as crenças das pessoassobre o que vão obter a partir disto.Outro fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque é o lugar on<strong>de</strong> esteconsumo se realiza. Diz respeito às condições <strong>do</strong>ambiente, que também vão interferir no resulta<strong>do</strong>final, ou seja, no efeito que a pessoa irá sentir.A pessoa fez seu consumo num ambiente coletivo?Qual? Estava só? On<strong>de</strong>? Num local on<strong>de</strong> oconsumo é aceito ou repudia<strong>do</strong>? Todas estasquestões interferem na relação <strong>do</strong> usuário com adroga.Compreen<strong>de</strong>r estes aspectos presentes napessoa <strong>do</strong> usuário, no lugar on<strong>de</strong> o consumo se dá,nas crenças e valores presentes, possibilita umaintervenção mais a<strong>de</strong>quada tanto na prevenção <strong>do</strong>uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas como no tratamento e nareinserção social.Se por um la<strong>do</strong> não se po<strong>de</strong> reduzir aavaliação <strong>do</strong>s usuários <strong>de</strong> drogas, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>apenas os efeitos da substância psicoativa consumida,por outro, <strong>de</strong>ve-se conhecer esses efeitos,ou seja, a dimensão toxicológica <strong>de</strong> cada droga.As <strong>Drogas</strong> e seus Efeitos noSistema Nervoso CentralA Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> –OMS – possui uma classificação <strong>de</strong> substânciasconsi<strong>de</strong>radas drogas, capazes <strong>de</strong> produziralterações no funcionamento <strong>do</strong> cérebro.Esta classificação faz parte da ClassificaçãoInternacional <strong>de</strong> Doenças da OMS e está nasua 10ª revisão, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>signada por CID-10.<strong>Drogas</strong> capazes <strong>de</strong> produzir alterações nofuncionamento <strong>do</strong> cérebro• Álcool• Opiói<strong>de</strong>s(morfina,heroína,co<strong>de</strong>ína esubstânciassintéticas)• Canabinói<strong>de</strong>s(maconha)• Sedativos ouhipnóticos• Cocaína• Alucinógenos•Tabaco• Solventes• Inalantes• Estimulantes(cafeína)Etc.Apresentamos, a seguir, uma classificaçãobaseada nos efeitos das substâncias psicoativasno Sistema Nervoso Central, consi<strong>de</strong>rada a maisabrangente e também a mais utilizada.Essa classificação é <strong>de</strong> interesse didáticoe se baseia nas ações aparentes das drogas sobreo Sistema Nervoso Central (SNC), conforme asmodificações observáveis na ativida<strong>de</strong> mental:<strong>Drogas</strong> <strong>de</strong>pressoras da ativida<strong>de</strong> mental• Álcool• Barbitúricos(calmantes esedativos)• Opiói<strong>de</strong>s(ex.: morfina)• Benzodiazepínicos(medicamentosparareduzir aansieda<strong>de</strong>)• Solventes ouinalantes(ex.: cola <strong>de</strong>sapateiro,esmalte, lançaperfume).8SENAD


A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong><strong>Drogas</strong> estimula<strong>do</strong>ras da ativida<strong>de</strong> mental• Anfetaminas(ex:medicamentos paradiminuir o apetite)• Tabaco• Cocaína(Crack, merla)• Cafeína,<strong>de</strong>ntre outras<strong>Drogas</strong> perturba<strong>do</strong>ras da ativida<strong>de</strong> mental• Maconha• Alucinógenos• Ecstasy(anfetaminapotencializada)• LSD• Anticolinérgicos(ex.: lírio, trombeta,saia branca,zabumba)O <strong>de</strong>talhamento <strong>do</strong>s efeitos <strong>de</strong> cada tipo<strong>de</strong> droga é encontra<strong>do</strong> no “Livreto Informativosobre <strong>Drogas</strong> Psicotrópicas” produzi<strong>do</strong> pelo CentroBrasileiro <strong>de</strong> Informações sobre <strong>Drogas</strong>Psicotrópicas - CEBRID em parceria com a Senad.Estes da<strong>do</strong>s estão disponibiliza<strong>do</strong>s no site <strong>do</strong>Observatório Brasileiro <strong>de</strong> InformaçõesSobre <strong>Drogas</strong> - OBIDwww.obid.senad.gov.brAs <strong>Drogas</strong> e a Legislação:<strong>Drogas</strong> Lícitas e IlícitasUma outra forma <strong>de</strong> estabelecer distinçõesentre as drogas é classificá-las quanto à maneiracomo são tratadas pela legislação <strong>de</strong> um país.Po<strong>de</strong>m ser lícitas, ou seja, não há nenhumaproibição na legislação quanto à sua produção, aoseu uso e a sua comercialização. São drogas legais,em geral social e culturalmente aceitas, e seu uso éaté mesmo estimula<strong>do</strong> em algumas comunida<strong>de</strong>s.Existem algumas drogas legais cujoconsumo vem sofren<strong>do</strong> restrições sem, noentanto, ocorrer a criminalização da sua produção,comercialização e tampouco <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r.Exemplo <strong>de</strong>sta restrição é a proibição <strong>de</strong> fumarem <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s locais públicos e o controle <strong>de</strong><strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s medicamentos psicotrópicos.O álcool, o tabaco e a cafeína são asdrogas lícitas mais conhecidas e suautilização é praticamente universal, constituin<strong>do</strong>matéria-prima essencial para a fabricação <strong>de</strong>produtos importantes para a economia <strong>de</strong> muitospaíses. É o caso <strong>do</strong> vinho na França, <strong>do</strong> charutoem Cuba e <strong>do</strong> café no Brasil. Estas drogas estão<strong>de</strong> tal maneira integradas em nosso cotidiano quenão percebemos que, ao tomarmos um copo <strong>de</strong>vinho, uma xícara <strong>de</strong> café ou uma lata <strong>de</strong> cerveja,estamos consumin<strong>do</strong> uma droga psicotrópica.Os medicamentos psicotrópicos, como ostranqüilizantes ou ansiolíticos e os mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>res<strong>de</strong> apetite ou anfetaminas, também são drogaslícitas, embora tenham sua comercializaçãocontrolada por lei e só possam ser vendi<strong>do</strong>s emfarmácias, mediante receita médica.Esta restrição é uma medida <strong>de</strong> controle<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública com o objetivo <strong>de</strong> evitar que autilização <strong>de</strong>sses medicamentos se faça <strong>de</strong>maneira in<strong>de</strong>vida, para garantir que seu uso selimite às necessida<strong>de</strong>s da prescrição médica.Também os solventes e os inalantes,como a cola <strong>de</strong> sapateiro e o tinner, são produtoslegais ou lícitos, muito utiliza<strong>do</strong>s na fabricação<strong>de</strong> couro e na construção civil. No entanto, suacomercialização é controlada para evitar seu usoabusivo.As drogas ilícitas ou ilegais são aquelascuja produção, comercialização ou consumo sãoconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s crime, sen<strong>do</strong> proibidas por legislaçãoespecífica.SENAD9


As drogas ilícitas mais consumidas nasocieda<strong>de</strong> brasileira são a maconha e a cocaína.As relações entre drogas e legislação sãopermeadas <strong>de</strong> muitas contradições, polêmicas emitos, tais como:• Mesmo se a palavra droga refere-sea todas as substâncias psicoativas, sejam elaslícitas ou ilícitas, é muito comum, no entanto,associarmos esse termo apenas às drogas ilícitas;• As drogas lícitas, ao contrário <strong>do</strong> quese pensa e se fala, são as que causam maior impactona saú<strong>de</strong> pública, pois são as mais consumidas,respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> pelo maior número <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes etambém <strong>de</strong> danos psicossociais <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> seuuso abusivo.O <strong>Uso</strong> In<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>Mas, afinal, o que levaria alguém afazer uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas? Quais os fatoresque aumentam ou diminuem a probabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>consumo in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>? Ter clareza quanto a estequestionamento possibilita que a atuação <strong>do</strong>terapeuta comunitário, enquanto agente <strong>de</strong>prevenção, possa ser potencializada.O terapeuta comunitário po<strong>de</strong> seapropriar <strong>de</strong>ste papel com maior consciência <strong>de</strong>suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atuação e também <strong>de</strong>importância. Neste contexto, a terapia comunitáriacaracteriza-se, também, como um espaço <strong>de</strong>prevenção, <strong>de</strong> auxílio no tratamento e reinserçãosocial <strong>de</strong> usuários e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes químicos eapoio às famílias.Fatores <strong>de</strong> Riscoe <strong>de</strong> ProteçãoFatores <strong>de</strong> risco para o uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong>drogas são características ou atributos <strong>de</strong> umindivíduo, grupo ou ambiente <strong>de</strong> convívio social quecontribuem, em maior ou menor grau, paraaumentar a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste uso. Não existeum fator único <strong>de</strong>terminante para o uso. Assim,para cada <strong>do</strong>mínio da vida (individual, familiar,escolar, pares, comunitário) po<strong>de</strong> haver fatores <strong>de</strong>risco, além <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> proteção.Os fatores <strong>de</strong> proteção são característicasou atributos presentes nos diversos <strong>do</strong>míniosda vida que minimizam a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umindivíduo fazer uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas.10SENAD


A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>O trabalho comunitário, em especial aterapia comunitária, enfatiza a importância <strong>de</strong>reconhecermos os potenciais e competênciasexistentes em cada pessoa, nos grupos e nacomunida<strong>de</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, a prevençãodireciona-se ao reconhecimento, à valorização, aoreforço <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> proteção por meio daotimização <strong>do</strong>s recursos pessoais, grupais ecomunitários existentes.Como i<strong>de</strong>ntificar os Fatores<strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteção na<strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> <strong>Uso</strong> In<strong>de</strong>vi<strong>do</strong><strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>?Os fatores <strong>de</strong> risco e <strong>de</strong> proteçãopo<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>míniosda vida: no próprio indivíduo, na família, na re<strong>de</strong><strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>s, na escola ou no trabalho, nacomunida<strong>de</strong> ou em qualquer outro nível <strong>de</strong>convivência sócio-ambiental. É importantenotar que estes fatores não ocorrem <strong>de</strong> formaestanque, haven<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> queatuem <strong>de</strong> forma combinada, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ampliara variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> influências que po<strong>de</strong>m serexercidas sobre uma pessoa.Se existem fatores <strong>de</strong> risco atuantesem cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios cita<strong>do</strong>s, tambémpo<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s fatores específicos <strong>de</strong>proteção. A combinação <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> risco nestesdiversos níveis po<strong>de</strong> tornar uma pessoa mais oumenos vulnerável para fazer uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas.Os fatores <strong>de</strong> risco e <strong>de</strong> proteção<strong>de</strong>vem ser compreendi<strong>do</strong>s na realida<strong>de</strong> daspessoas envolvidas, pois um fator <strong>de</strong> riscopara um po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> proteção para outro.Por exemplo, uma pessoa queconvive com um alcoolista e que por istovivencia os problemas associa<strong>do</strong>s po<strong>de</strong><strong>de</strong>cidir por não beber; enquanto alguém namesma situação po<strong>de</strong> ver o beber <strong>de</strong>masia<strong>do</strong>como algo natural e fazer uso abusivo <strong>do</strong> álcool.Vejamos, a seguir, exemplos <strong>de</strong> fatores<strong>de</strong> risco e <strong>de</strong> proteção em cada um<strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios da vida:SENAD 11


DOMÍNIO INDIVIDUALFATORES DE RISCOBaixa auto-estima, propensão àansieda<strong>de</strong> e à <strong>de</strong>pressão, <strong>do</strong>ençaspré-existentes (ex.: transtorno <strong>de</strong>déficit <strong>de</strong> atenção e hiperativida<strong>de</strong>)Comportamento contrário às normase às regras na infância, experiênciassexuais e com as drogas precocesFalta <strong>de</strong> auto-controle e assertivida<strong>de</strong>Desinteresse ou <strong>de</strong>smotivação pelosestu<strong>do</strong>s e por ativida<strong>de</strong>s úteisVivência com pais ou familiaresque fazem uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> álcool,<strong>de</strong> medicamentos ou <strong>de</strong> outrasdrogasDificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interaçãointerpessoalAusência <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> vidaInexistência ou pouca qualida<strong>de</strong> nosvínculos familiares, religiosos ouinstitucionaisFatores <strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteçãono Domínio <strong>do</strong>s ParesFATORES DE PROTEÇÃOAutoconfiança e auto-estimaelevadasCapacida<strong>de</strong> intelectual para tomar<strong>de</strong>cisões; assertivida<strong>de</strong>Flexibilida<strong>de</strong> nas relaçõesinterpessoais, facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cooperar,autonomia, responsabilida<strong>de</strong> e comunicabilida<strong>de</strong>Interesse pelos estu<strong>do</strong>s e aspectos davida práticaRelação <strong>de</strong> confiança com pais,familiares, professores, colegas eoutras pessoas capazes <strong>de</strong> dar apoioemocionalApresentação <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s sociaisPresença <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> vidaVinculação familiar afetiva, religiosaou institucionalNesta dimensão,fazem parte osamigos epessoas <strong>de</strong>convívio próximo,que po<strong>de</strong>minfluenciar,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> daforma comopensam sobre ouso <strong>de</strong> droga e<strong>do</strong>s ambientesque freqüentam.DOMÍNIO DOS PARESFATORES DE RISCOPares que usam álcool/drogas, ouainda que aprovam e/ou valorizam oseu usoDificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> participação emgrupos <strong>de</strong> pares que <strong>de</strong>senvolvamativida<strong>de</strong>s recreativas, esportivas elaborais tidas como saudáveisDificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pertencimento agrupos <strong>de</strong> iguais na escola e na comunida<strong>de</strong>Dificulda<strong>de</strong> em aceitar autorida<strong>de</strong> quenão compartilhe <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações <strong>do</strong>seu grupo <strong>de</strong> paresNão participação em grupos comobjetivos sociais e comunitáriosFATORES DE PROTEÇÃOPares que não usam álcool/drogas enão aprovam e/ou valorizam o seuusoParticipação em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas,laborais e recreativas saudáveisjuntamente com seus paresPertencimento a grupos <strong>de</strong> iguais naescola e na comunida<strong>de</strong>Aceitação <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> situada fora<strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> pares, na escola, nacomunida<strong>de</strong> e na famíliaParticipação em grupos com objetivossociais e comunitários12SENAD


A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>Fatores <strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteçãono Domínio FamiliarFATORES DE RISCO<strong>Uso</strong> <strong>de</strong> álcool e outras drogas pelospais ou familiaresIsolamento social entre os membrosda famíliaFrágeis laços afetivos entre osmembros da famíliaDOMÍNIO FAMILIARFalta <strong>de</strong> estímulo da família paraos estu<strong>do</strong>s, lazer e outras práticaslaboraisRelações conflituosas, excessivamenteautoritárias ou permissivasentre os membros da famíliaFalta <strong>de</strong> diálogo e <strong>de</strong> comunicaçãoentre pais, cônjuges, companheiros efilhosAusência e <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>critérios na aplicação <strong>de</strong> regrasfamiliaresFalta <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong>s pais pelasconquistas <strong>do</strong>s filhos e na participação<strong>de</strong> seus sucessos e fracassosIncoerência e incongruência <strong>do</strong>s paisquanto ao padrão educacional a sera<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para os filhosExpectativas negativas em relaçãoaos filhos ou mesmo aos cônjuges ecompanheirosPais que não fornecem um bommo<strong>de</strong>lo, não saben<strong>do</strong> transmitir asnormas e valores morais e sociaissocialmente aceitáveisTolerância com relação ao uso <strong>de</strong>drogas pelos jovensAusência <strong>de</strong> normas e limites clarosno ambiente familiarFATORES DE PROTEÇÃOValorização <strong>de</strong> um padrão <strong>de</strong> vidasaudável na famíliaExistência <strong>de</strong> vinculação familiar,boa interação entre os membros dafamíliaExistência <strong>de</strong> fortes vínculos afetivosentre os membros da famíliaEstímulo da família quanto àeducação formalPre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> um estilo compreensivo<strong>de</strong> vida, sem autoritarismo oupermissivida<strong>de</strong>, mas com limitesDiálogo constante e comunicaçãoeficiente entre cônjuges ecompanheiros, entre pais efilhos; e troca <strong>de</strong> informações entre osmembros da família sobre as suasrotinas e práticas diáriasPresença e constância <strong>de</strong>critérios claros na aplicação <strong>de</strong> regrasdisciplinares, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>valores e compartilhamento <strong>de</strong>tarefas no larDemonstração <strong>de</strong> interesse pela vida<strong>do</strong>s filhos e participação <strong>do</strong>s pais emseus sucessos ou fracassosCoerência e congruência <strong>do</strong>s paisquanto ao padrão educacional a sera<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para os filhosExpectativas positivas em relaçãoaos filhos e aos <strong>de</strong>mais membros dafamíliaPresença <strong>do</strong>s pais como mo<strong>de</strong>lopositivo quanto às questões sociais emorais; cultivo <strong>de</strong> valores familiaresPostura clara e assertiva quanto ao uso<strong>de</strong> drogas pelos membros da famíliaPresença <strong>de</strong> normas e limites clarosno ambiente familiarNeste <strong>do</strong>mínio,os fatores <strong>de</strong>risco e <strong>de</strong>proteção referemsea forma comoestá estruturadaa família e o seufuncionamento,isto é, se ospapéis e as regrasestão claros e<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s.SENAD 13


Fatores <strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteçãono Domínio ComunitárioFazem parte <strong>do</strong>sfatores <strong>de</strong>ste<strong>do</strong>mínio, adisponibilida<strong>de</strong>da droga, afacilida<strong>de</strong> emobtê-la, a falta<strong>de</strong> fiscalizaçãodas leis que jáexistem, onúmero <strong>de</strong>pontos <strong>de</strong>vendas, entreoutros.FATORES DE RISCOFalta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s socioeconômicaspara a construção <strong>de</strong> um projeto<strong>de</strong> vidaFácil acesso às drogas lícitas eilícitasPermissivida<strong>de</strong> em relação a algumasdrogasInexistência <strong>de</strong> incentivos para queo jovem se envolva em serviçoscomunitáriosNegligência no cumprimento <strong>de</strong>normas e leis que regulam o uso <strong>de</strong>drogasDOMÍNIO COMUNITÁRIOFATORES DE PROTEÇÃOExistência <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>,<strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> lazer e <strong>de</strong> inserçãosocial que possibilitem ao indivíduoconcretizar seu projeto <strong>de</strong> vidaControle efetivo <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong>drogas legais e ilegaisReconhecimento e valorização, porparte da comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> normas e leisque regulam o uso <strong>de</strong> drogasIncentivos ao envolvimento <strong>do</strong>sjovens em serviços comunitáriosRealização <strong>de</strong> campanhas e ações queaju<strong>de</strong>m o cumprimento das normas eleis que regulam o uso <strong>de</strong> drogas14SENAD


A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>Fatores <strong>de</strong> Risco e <strong>de</strong> Proteção no DomínioEscolarFATORES DE RISCOIn<strong>de</strong>finição, falta <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong>negociação <strong>de</strong> normas, regras e limitesIncoerência e incongruência entre osagentes educativos na prática dasnormas educativasRelações <strong>de</strong>srespeitosas e falta <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong> e compromisso entreos agentes educativos (professores,diretores, servi<strong>do</strong>res, etc)Distanciamento entre a família e aescolaFalta <strong>de</strong> estímulo às práticas das ativida<strong>de</strong>sescolaresAusência <strong>de</strong> expectativas positivasem relação ao <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s alunostanto no aspecto formativo quantoinformativo <strong>do</strong> currículoAusência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s criativas eestimulantes que concorram para acriação <strong>de</strong> vínculos entre o aluno e aescolaRelações preconceituosas para comos alunos, com a utilização <strong>de</strong> rótuloscomo forma <strong>de</strong> punição e exclusãoAusência <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> na relaçãoprofessor e alunoRelações professor/aluno baseadas noautoritarismo ou no excesso <strong>de</strong>permissivida<strong>de</strong>Ausência <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> e confiança noambiente escolarFalta <strong>de</strong> estímulos e <strong>de</strong> práticas educativasrelativas ao altruísmo, cooperação esolidarieda<strong>de</strong>Falta <strong>de</strong> controle quanto à presença <strong>de</strong>drogasTolerância com relação ao cigarro,álcool e/ou outras drogasDOMÍNIO ESCOLARFATORES DE PROTEÇÃODefinição, comunicação e negociação<strong>de</strong> normas, regras e limitesCoerência e congruência entreprofessores, diretores e servi<strong>do</strong>res naaplicação das normas e regras escolaresRelações <strong>de</strong> respeito mútuo, compromissoe cooperação entre os agenteseducativos (professores, diretores,servi<strong>do</strong>res, etc)Relações amistosas e <strong>de</strong> cooperaçãoentre família e escolaEstimulo à prática das ativida<strong>de</strong>s escolaresVerbalização das expectativas positivascom relação ao <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s alunosem to<strong>do</strong>s os aspectos <strong>do</strong> currículoPromoção <strong>de</strong> práticas escolarescriativas e estimulantes, com ativida<strong>de</strong>scurriculares e extracurriculares queconcorram para a criação <strong>de</strong> vínculosentre o aluno, a escola, os pais e acomunida<strong>de</strong>Relações abertas, honestas, sematitu<strong>de</strong>s negativas, punitivas,preconceituosas ou exclu<strong>de</strong>ntes entreprofessor e alunoFortes vínculos afetivos entre professore alunoRelações entre professor/alunobaseadas no respeito mútuoPresença <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> e confiança noambiente escolarEstímulo e exercício <strong>do</strong>s princípios <strong>de</strong>altruísmo, cooperação e solidarieda<strong>de</strong>Controle da presença <strong>de</strong> drogasReconhecimento e valorização, porparte da escola, <strong>de</strong> normas e leis queregulam o uso <strong>de</strong> drogas, com <strong>de</strong>finiçãoe aplicação efetiva das normas internasda escolaNesse <strong>do</strong>mínio,ocorre oentrecruzamento<strong>de</strong> fatores <strong>de</strong>risco e <strong>de</strong> proteçãopresentesem to<strong>do</strong>s osoutros <strong>do</strong>mínios.Em verda<strong>de</strong>,a escola é oambiente em queboa parte - ou amaioria - <strong>de</strong>stesfatores po<strong>de</strong> serpercebida.SENAD 15


Os Diferentes Tipos <strong>de</strong> Usuários ou <strong>de</strong>Envolvimento com as <strong>Drogas</strong>Um <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s primordiais ao se abordar o tema das drogas é terclaro a distinção entre os diferentes tipos <strong>de</strong> usuários, a partir das características<strong>do</strong> seu envolvimento com as drogas. É fundamental não aplicar o conceito <strong>de</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para to<strong>do</strong>s os usuários <strong>de</strong> drogas, pois nem sempre este é o caso.Por outro la<strong>do</strong>, mesmo aquelas pessoas que não estão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntesmerecem atenção, pois antes <strong>de</strong> se instaurar um quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, oindivíduo já po<strong>de</strong> ter problemas relaciona<strong>do</strong>s ao uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> (problemasfamiliares, sociais, legais, trabalhistas, etc). É possível fazer diagnósticosprecoces, evitan<strong>do</strong> a instalação da <strong>de</strong>pendência e to<strong>do</strong>s os prejuízos <strong>de</strong>correntes.O uso <strong>de</strong> drogas não leva, necessariamente, ao abuso ou <strong>de</strong>pendência,sen<strong>do</strong> possível i<strong>de</strong>ntificar diferentes tipos <strong>de</strong> usuários. Abaixo umaclassificação didática sobre tipos <strong>de</strong> usuários:1. O usuário experimental ou experimenta<strong>do</strong>r: é aquele queexperimenta uma ou mais drogas por curiosida<strong>de</strong>, por pressão <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong>amigos, ou por qualquer outro motivo, sem dar continuida<strong>de</strong> ao uso. Comoexemplo po<strong>de</strong> ser o caso <strong>de</strong> um a<strong>do</strong>lescente que fumou maconha uma ou duasvezes, pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao produto passa<strong>do</strong> tranquilamente numafestinha por amigos, sem que essa experiência casual tenha se repeti<strong>do</strong>.2. O usuário ocasional ou recreativo: é o que utiliza uma ou maissubstâncias, quan<strong>do</strong> disponíveis, em ambiente favorável e em situações específicasou <strong>de</strong> lazer, sem que esse uso eventual tenha qualquer efeito negativo nassuas relações sociais, afetivas ou profissionais. Po<strong>de</strong>mos incluir aqui os chama<strong>do</strong>sbebe<strong>do</strong>res sociais, que ingerem bebidas alcoólicas nos finais <strong>de</strong> semana ouem ocasiões especiais, como festas, jantares e datas comemorativas.3. O usuário freqüente ou funcional: é aquele que faz usohabitual <strong>de</strong> uma ou mais drogas <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> controla<strong>do</strong>. Po<strong>de</strong> ocorrer, <strong>de</strong> formaesporádica, algum prejuízo nas relações sociais, familiares, profissionais emfunção <strong>de</strong> um comportamento que começa a se tornar sistemático e repetitivo,seguin<strong>do</strong> um certo ritual que passa a chamar a atenção pela importância queo consumo adquire na rotina <strong>do</strong> usuário.4. O usuário abusivo: é aquele que já apresenta problemas peloconsumo excessivo <strong>de</strong> uma ou mais drogas em uma das esferas <strong>de</strong> sua vida,mas ainda está se manten<strong>do</strong> nas <strong>de</strong>mais. Os problemas que surgem já sãoi<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s por terceiros, mas são nega<strong>do</strong>s pelo usuário.5. O usuário <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte: para <strong>de</strong>finirmos se alguém é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> drogas, seguimos o critério da Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> - OMS, queconsi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma droga a pessoa que apresenta três ou mais dasseguintes manifestações:• Forte <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> consumir a droga;• Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar o consumo (por exemplo, a hora em quecomeça ou pára <strong>de</strong> fazê-lo, a quantida<strong>de</strong> e o número <strong>de</strong> vezes que faz uso);16SENAD


A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>• Utilização persistente da droga apesardas suas conseqüências prejudiciais;• Maior priorida<strong>de</strong> dada ao uso da drogaem <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s ou obrigações;• Aumento da tolerância à droga (necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>ses cada vez maiores para obtero mesmo efeito);• Síndrome <strong>de</strong> abstinência (sintomascorporais como <strong>do</strong>res, tremores, <strong>de</strong>ntre outras,que ocorrem quan<strong>do</strong> o consumo da drogaé interrompi<strong>do</strong> ou diminuí<strong>do</strong>).A <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> naabordagem PreventivaA terapia comunitária é um espaço noqual vários <strong>do</strong>mínios da vida <strong>do</strong> indivíduo e dacoletivida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser trabalha<strong>do</strong>s, sejam elesfamiliar, profissional, comunitário, cultural, entreoutros.É um espaço <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> encontrosinterpessoais e intercomunitários, objetivan<strong>do</strong>a valorização das histórias <strong>do</strong>s participantes,o resgate da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, a restauração daauto-estima e da confiança em si, a ampliaçãoda percepção <strong>do</strong>s problemas e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>resolução. Tem como base <strong>de</strong> sustentação o estímulopara o <strong>de</strong>senvolvimento ou a criação <strong>de</strong> umare<strong>de</strong> <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>.Este contexto <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>expressão <strong>do</strong>s conflitos, me<strong>do</strong>s e dúvidas, numambiente livre <strong>de</strong> julgamentos, on<strong>de</strong> se valorizamas diferenças individuais e as experiências <strong>de</strong> vida<strong>de</strong> cada um, favorece a prevenção, o tratamento ea reinserção social <strong>de</strong> usuários, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e suasfamílias.Verifica-se a mudança <strong>de</strong> uma políticaassistencialista para uma política <strong>de</strong> participaçãosolidária. Um novo paradigma nas políticaspúblicas que possibilita o <strong>de</strong>senvolvimento comunitárioe social da população.A Política Nacional sobre <strong>Drogas</strong> - PNAD<strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral alinha-se a esta perspectivaquan<strong>do</strong> enten<strong>de</strong> que fazer prevenção <strong>do</strong> usoin<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas é promover a inclusãosocial, em especial daquelas populaçõescujas <strong>de</strong>mandas pessoais e sociais colocam-nasmais expostas aos fatores <strong>de</strong> risco e, portanto,mais vulneráveis ao uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas.Quan<strong>do</strong> os habitantes <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>não possuem laços sociais fortaleci<strong>do</strong>s é mais fácil<strong>de</strong> se expandirem os fatores <strong>de</strong> risco gera<strong>do</strong>res<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas pelas drogas e também a ampliaçãoda oferta com a conseqüente violência gerada pelotráfico e o crime organiza<strong>do</strong>.A promoção <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s sociais que resultemem vínculos <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> entre as pessoasnos diversos tipos <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s constitui,sem dúvida, um fator <strong>de</strong> proteção <strong>do</strong>s maisimportantes a serem incrementa<strong>do</strong>s pelosprogramas <strong>de</strong> prevenção ao uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas,nas esferas fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal.É nesta perspectiva que a meto<strong>do</strong>logiada terapia comunitária está sen<strong>do</strong> qualificadacomo uma estratégia eficaz <strong>de</strong> prevenção <strong>do</strong> usoin<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas, <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong>construção <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s sociais integran<strong>do</strong> as tantaspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ações preventivas <strong>do</strong> uso <strong>de</strong>drogas.A <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>amplian<strong>do</strong> a <strong>Prevenção</strong>em Re<strong>de</strong>Re<strong>de</strong> social tem como conceito “umconjunto <strong>de</strong> relações interpessoais concretasque vinculam indivíduos a outros indivíduos àmedida que se percebe o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> cooperaçãocomo atitu<strong>de</strong> que enfatiza pontos comuns em umgrupo para gerar solidarieda<strong>de</strong> e parceria” (Duarte,2004, pag. 30).Esta <strong>de</strong>finição assemelha-se sobremaneiracom a proposta da terapia comunitária, fundamentadanos termos da abordagem sistêmica, daantropologia cultural e da teoria da comunicação.O próprio movimento da terapiacomunitária no Brasil é uma gran<strong>de</strong> re<strong>de</strong> que setorna parte <strong>de</strong> outra re<strong>de</strong> ampliada <strong>de</strong> prevenção.SENAD 17


Na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> prevenção po<strong>de</strong>-se citarescolas, serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, igrejas, grupos <strong>de</strong> ajudamútua, associações <strong>de</strong> bairro, entre outros.To<strong>do</strong>s estes recursos po<strong>de</strong>m contribuirefetivamente com a prevenção <strong>do</strong> uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong>drogas, pois dizem respeito diretamente à qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida das pessoas. A terapia comunitária, nestecontexto, e com suas especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acolhimento,valorização das competências comunitáriase individuais e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> encaminhamentos,qualifica-se como uma importante ponte <strong>de</strong>referência nesta re<strong>de</strong> para a atenção às questõesrelacionadas ao uso <strong>de</strong> drogas.Os objetivos <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> social e osobjetivos da terapia comunitária confun<strong>de</strong>m-se,tal a proximida<strong>de</strong> conceitual e i<strong>de</strong>ológica.Dentre estes <strong>de</strong>stacam-se:“Oportunizar um espaço para a reflexão, troca <strong>de</strong>experiências e busca <strong>de</strong> soluções para problemascomuns; e mobilizar pessoas, grupos e instituiçõespara a utilização <strong>de</strong> recursos existentes na própriacomunida<strong>de</strong>” (Duarte, 2004, pag. 30).Os terapeutas comunitários têm acessoaos não-usuários <strong>de</strong> drogas e usuários (com suasespecificida<strong>de</strong>s apresentadas a seguir), familiares,vizinhos. Conhecer melhor as diferenças entreos tipos <strong>de</strong> usuários possibilita utilizar melhor osrecursos disponibiliza<strong>do</strong>s pela terapia comunitáriacomo acolhimento, reinserção social e encaminhamentospara outros serviços.A <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> e oTratamento <strong>de</strong> Depen<strong>de</strong>ntes<strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>diretrizes da PNAD e os princípios <strong>do</strong> SistemaÚnico <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - SUS, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> realizar-se <strong>de</strong>maneira intersetorial e <strong>de</strong>scentralizada e naperspectiva das políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, através<strong>do</strong>s CAPSad - Centros <strong>de</strong> Atenção Psicossocialpara álcool e outras drogas.A partir <strong>de</strong> seu quadro <strong>de</strong> pessoalespecializa<strong>do</strong>, cabe a cada equipe <strong>do</strong>s CAPSadconstruir seu projeto terapêutico, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> comas competências e recursos disponíveis na re<strong>de</strong> <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e na comunida<strong>de</strong>.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os princípios da PNAD e<strong>do</strong> SUS, que contemplam o trabalho comunitáriona prevenção e na assistência <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<strong>de</strong> drogas, a TC constitui-se em um recursocomunitário que se integra à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferta<strong>de</strong> serviços disponibiliza<strong>do</strong>s na comunida<strong>de</strong>.A TC <strong>de</strong>ve, portanto, articular-se visan<strong>do</strong> aefetivação <strong>de</strong> parcerias com as equipes profissionais<strong>do</strong>s CAPSad, <strong>do</strong>s hospitais, <strong>do</strong>s centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,das comunida<strong>de</strong>s terapêuticas, <strong>do</strong>s ambulatórios,entre outros. Para tanto, o terapeuta comunitário<strong>de</strong>verá conhecer os serviços existentes na suacida<strong>de</strong>, colocan<strong>do</strong>-se como media<strong>do</strong>r entre aequipe profissional e a comunida<strong>de</strong>.A terapia comunitária não tem comoproposta realizar o tratamento das <strong>de</strong>pendências,mas po<strong>de</strong>rá contribuir <strong>de</strong> forma significativa emcada uma das suas etapas, atuan<strong>do</strong> diretamentejunto aos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ou, <strong>de</strong> forma indireta,através <strong>de</strong> ações com suas famílias, com os<strong>de</strong>mais membros das comunida<strong>de</strong>s e com asequipes profissionais.O terapeuta comunitário precisa conheceras características <strong>do</strong> tratamento, em suasdiferentes etapas, para po<strong>de</strong>r auxiliar acomunida<strong>de</strong> na especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada momento<strong>do</strong> processo.A terapia comunitária po<strong>de</strong> se constituircomo instrumento facilita<strong>do</strong>r na formação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>ssolidárias para o enfrentamento <strong>do</strong> uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong>drogas e <strong>de</strong> problemas associa<strong>do</strong>s à <strong>de</strong>pendência.Fundamentada na visão mais ampla <strong>de</strong><strong>de</strong>pendência, visa a resgatar a inclusão <strong>do</strong>ssujeitos na família e na comunida<strong>de</strong>. Esta forma <strong>de</strong>trabalho permite que se avance <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo daassistência ao mo<strong>de</strong>lo das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> eda inclusão social.A atual política <strong>de</strong> assistência especializadapara <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas segue as18SENAD


A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>Como o TerapeutaComunitário po<strong>de</strong> contribuirpara o Tratamento <strong>de</strong>Depen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>?O uso <strong>de</strong> drogas nos remete a umquestionamento que vai além da pessoa <strong>do</strong> usuário,amplian<strong>do</strong>-se para uma reflexão e intervençãojunto a todas as pessoas envolvidas.A TC po<strong>de</strong> contribuir efetivamente como tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes químicos comoum recurso mobiliza<strong>do</strong>r da re<strong>de</strong> social <strong>de</strong> apoioao usuário, contribuin<strong>do</strong> para a melhoria daqualida<strong>de</strong> das suas relações afetivas e sociais juntoaos diferentes grupos aos quais pertence.Neste contexto, <strong>de</strong>ve atuar na condição <strong>de</strong>exclusão da qual sofrem as pessoas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<strong>de</strong> drogas, em geral estigmatizadas e rejeitadasnos diferentes contextos, inclusive na família.Uma das características importantes <strong>do</strong>tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas é que o mesmose compõe <strong>de</strong> diferentes etapas: acolhimento,tratamento propriamente dito e reinserção social.Enten<strong>de</strong>mos que a TC po<strong>de</strong> contribuir emcada uma <strong>de</strong>stas etapas e, por isso, é importanteconhecê-las.O Tratamento PropriamenteDitoA evolução <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> tratamentopara os <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas <strong>do</strong> regime <strong>de</strong>internação para os regimes pre<strong>do</strong>minantementeambulatoriais e <strong>de</strong> abordagem comunitária, estáconsolidada através da nova política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>mental (portaria 336/GM, Ministério da Saú<strong>de</strong>,19/02/02) que estabelece os Centros <strong>de</strong> AtençãoPsicossocial - CAPs como unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> serviço parao atendimento, tanto <strong>de</strong> pessoas com transtornosmentais como <strong>de</strong> pessoas com transtornos <strong>de</strong>correntes<strong>do</strong> uso prejudicial e da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>substâncias psicoativas.Foram, então, cria<strong>do</strong>s os Centros <strong>de</strong>Atenção Psicossocial - CAPSad para atendimento<strong>de</strong> pacientes com transtornos <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> uso <strong>de</strong>substâncias psicoativas.As características estabelecidas para osCAPSad <strong>de</strong>ixam muito claro que a natureza <strong>do</strong>atendimento é pre<strong>do</strong>minantemente ambulatorial,<strong>de</strong> atenção diária, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> o gestor local responsabilizar-sepela organização da <strong>de</strong>manda e pelomapeamento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> atenção ausuários <strong>de</strong> álcool e outras drogas no âmbito <strong>de</strong> seuterritório.A assistência prestada ao paciente noCAPSad inclui as seguintes ativida<strong>de</strong>s: atendimentoindividual (medicamentoso, psicoterápico,<strong>de</strong> orientação, entre outros); atendimento emgrupos (psicoterapia, grupo operativo, ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>suporte social, entre outras); atendimento emoficinas terapêuticas; visitas e atendimentos<strong>do</strong>miciliares; atendimento à família; ativida<strong>de</strong>scomunitárias, enfocan<strong>do</strong> a integração <strong>do</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte químico na comunida<strong>de</strong> e sua inserçãofamiliar e social.A TC po<strong>de</strong> representar uma importanteparceria nas ativida<strong>de</strong>s grupais <strong>do</strong>s serviços juntoaos familiares e aos pacientes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o terapeutase sinta em condições para tal.Um trabalho importantíssimo é o damobilização familiar e comunitária para que apessoa em tratamento não seja excluída <strong>de</strong> suacomunida<strong>de</strong> ou estigmatizada pelo fato <strong>de</strong> serdiagnosticada como <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. A TC po<strong>de</strong> atuarna superação <strong>do</strong> estigma atribuí<strong>do</strong> aos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<strong>de</strong> drogas em tratamento, como pessoas fracas <strong>de</strong>caráter ou <strong>de</strong>linqüentes, contribuin<strong>do</strong> para que acomunida<strong>de</strong> assimile esta problemática como umaquestão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.SENAD 19


A Reinserção SocialA TC po<strong>de</strong> prestar um imenso benefício nafase da reinserção social <strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte que po<strong>de</strong>ráser convida<strong>do</strong> às reuniões para compartilhar com ogrupo seu processo <strong>de</strong> recuperação e, também, serincentiva<strong>do</strong> para que continue o tratamento. Taismedidas po<strong>de</strong>m facilitar sua reintegração socialcom a (re)construção <strong>de</strong> seu vínculos <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>e <strong>de</strong> ajuda.Nesta fase <strong>de</strong> retorno ao convívio sociale <strong>de</strong> resgate das perdas ocorridas, é importanteque o grupo possa auxiliar a pessoa no resgate <strong>de</strong>seus contatos familiares, profissionais e sociais,pois este se constitui num <strong>do</strong>s objetivos da <strong>Terapia</strong><strong>Comunitária</strong>: construir vínculos com intuito <strong>de</strong>oferecer apoio a indivíduos e famílas emsituações <strong>de</strong> sofrimento.O Papel <strong>do</strong> TerapeutaComunitário junto aosServiços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Os terapeutas comunitários po<strong>de</strong>m<strong>de</strong>senvolver um trabalho <strong>de</strong> conscientização e <strong>de</strong>orientação sobre a prevenção <strong>do</strong> uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong><strong>de</strong> drogas e sobre o tratamento <strong>de</strong> usuáriose <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, bem como oferecer apoioafetivo, emocional direto aos familiares e/ouusuários. Devem mobilizar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoioa partir <strong>do</strong> próprio grupo da TC.Para tanto, <strong>de</strong>verão se manter atualiza<strong>do</strong>squanto aos recursos existentes na comunida<strong>de</strong>em que estão inseri<strong>do</strong>s, manten<strong>do</strong> constantearticulação com as instituições <strong>de</strong> atendimento.Os CAPs ad, os centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e oshospitais <strong>de</strong>vem ser contata<strong>do</strong>s na tentativa <strong>de</strong>conhecer quais são os profissionais da re<strong>de</strong> queestão realizan<strong>do</strong> atendimento a esta clientela, nosambulatórios <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental ou nos serviços <strong>de</strong>psicologia e <strong>de</strong> serviço social. Alguns hospitaisuniversitários também têm se mostra<strong>do</strong> pioneirosem projetos <strong>de</strong> vanguarda para o tratamento <strong>de</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte químicos.É importante estabelecer parcerias entrea terapia comunitária, os <strong>de</strong>mais serviços sociaisdisponíveis (governamentais ou não), os serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> assistência da comunida<strong>de</strong> nasações preventivas, <strong>de</strong> tratamento e também <strong>de</strong>redução <strong>de</strong> danos. Este papel <strong>de</strong> media<strong>do</strong>r entre acomunida<strong>de</strong> e os diferentes serviços promoverá ofortalecimento da re<strong>de</strong> secundária (institucional)tão importante no caso das <strong>de</strong>pendências <strong>de</strong>drogas.20SENAD


A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>Sugestões <strong>de</strong> Dinâmicas <strong>de</strong>Mobilização e Abordagemsobre o Tema <strong>Drogas</strong>O tema drogas é bastante comum nasreuniões <strong>de</strong> terapia comunitária. Pesquisa realizadajunto aos terapeutas apontou o alcoolismo como osegun<strong>do</strong> tema mais presente nas sessões.Os participantes falam sobre o seuconsumo ou <strong>de</strong> algum familiar e <strong>do</strong>s sentimentosque estão associa<strong>do</strong>s.Os principais sentimentos que emergemserão apresenta<strong>do</strong>s, bem como algumas propostas<strong>de</strong> motes, músicas e dita<strong>do</strong>s populares que po<strong>de</strong>mauxiliar o terapeuta na condução das terapias comesta temática.Quan<strong>do</strong> o usuário se faz presente nareunião é importante acolhê-lo, ressaltan<strong>do</strong> aimportância <strong>de</strong> sua presença naquele espaço equalifican<strong>do</strong> a terapia como um local <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong><strong>de</strong> si e <strong>do</strong>s outros. É importante o terapeuta estaratento ao usuário e reservar um pequeno espaço<strong>de</strong> tempo ao final da terapia para uma conversamais próxima, tanto para acolher esta pessoa,conhecer melhor sua dificulda<strong>de</strong>, como paraencaminhá-la para algum serviço especializa<strong>do</strong>, sefor necessário.Sentimentos comuns como frustração pelafalta <strong>de</strong> controle sobre o próprio comportamento,<strong>de</strong>cepção consigo e com as pessoas mais próximas,impotência, raiva <strong>de</strong> si mesma e <strong>de</strong> outras pessoas,sentimento <strong>de</strong> ser incompreendi<strong>do</strong>, fracasso,negação <strong>do</strong> próprio problema são recorrentes.É bastante comum que, ao invés <strong>do</strong> usuário,compareça à terapia um familiar. Em geral, ossentimentos relata<strong>do</strong>s são <strong>de</strong> mágoa, culpa, raiva<strong>do</strong> usuário, frustração por não conseguir ajudá-loefetivamente, <strong>de</strong>sespero ou mesmo indiferença.Cada um <strong>de</strong>stes sentimentos <strong>de</strong>vem seri<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s pelo terapeuta no momento dacontextualização, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a verificar qual<strong>de</strong>les está em <strong>de</strong>staque naquele momento. Sãosentimentos mobiliza<strong>do</strong>s pela presença <strong>do</strong> uso <strong>de</strong>drogas, mas que po<strong>de</strong>m ser facilmente i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>sem outras experiências <strong>de</strong> vida, o que proporcionaa elaboração <strong>de</strong> motes que beneficiem to<strong>do</strong>s osparticipantes.Exemplos <strong>de</strong> Motes:• “Quem já viveu uma experiência <strong>de</strong> frustraçãoe como fez para resolvê-la ou lidar melhorcom ela?”• “Quem já sentiu que per<strong>de</strong>u o controlediante <strong>de</strong> alguma situação? Como se sentiu? O quefez?”• “Quem já teve dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> per<strong>do</strong>aralguém e o que fez para mudar isto?”• “Quem já teve raiva <strong>de</strong> si mesmo? Comofez para resolver?”• “Quem já se sentiu <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> algo oualguém e como fez para resolver?”• “On<strong>de</strong> mora o prazer para cada um?”ImportanteNas sessões <strong>de</strong> terapia, a realização<strong>de</strong> rituais tem um gran<strong>de</strong> valor agrega<strong>do</strong>re facilita<strong>do</strong>r <strong>de</strong> uma tomada <strong>de</strong> consciênciae <strong>de</strong> ampliação da percepção <strong>do</strong> problemae das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> solução.Os rituais são momentos com umapresença forte <strong>de</strong> elementos simbólicos quecon<strong>de</strong>nsam uma <strong>de</strong>terminada experiência.SENAD 21


Rituais1) Ritual <strong>do</strong> perdão:Objetivo: per<strong>do</strong>ar a si e per<strong>do</strong>ar ao outro.Orientações ao grupo: solicitar aos participantesque pensem a quem gostariam <strong>de</strong> per<strong>do</strong>ar e a quemgostariam <strong>de</strong> pedir perdão. Em seguida, as pessoasque <strong>de</strong>sejarem, compartilham com o grupo o quepensaram.2) Ritual <strong>do</strong> amor incondicional:Objetivo: incentivar no grupo a reflexãosobre o amor a pessoa, que não se restringe a umcomportamento isola<strong>do</strong>.Amar a pessoa – não aceitar o seu comportamento.Orientações ao grupo: cada pessoa <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong>veeleger alguém para <strong>de</strong>clarar amor incondicional.Deven<strong>do</strong> na sua vez, dizer a seguinte frase: eu amo(fulano), só não aceito seu comportamento <strong>de</strong> ....3) Ritual <strong>do</strong> prazer:Objetivo: ampliar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prazer, semque o uso <strong>de</strong> drogas seja necessário.Orientações ao grupo: solicitar que to<strong>do</strong> o gruporeflita e responda: on<strong>de</strong> mora o prazer para mim?4) Ritual da aceitação:Orientações ao grupo: solicitar que os participantes<strong>do</strong> grupo se dividam em duplas, um <strong>de</strong> frente parao outro – olhos nos olhos - dizen<strong>do</strong>: eu (dizer opróprio nome) te aceito (dizer o nome <strong>do</strong> outro)como você é.Sugestões <strong>de</strong> Dita<strong>do</strong>sPopulares-Águas passadas não movem moinhos;-Água mole em pedra dura, tanto bate até quefura;-Antes só <strong>do</strong> que mal acompanha<strong>do</strong>;-Não <strong>de</strong>ixe para amanhã o que po<strong>de</strong> fazer hoje.22SENAD


Recursos da Comunida<strong>de</strong>A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>Apresentamos abaixo algumas indicações <strong>de</strong> instituições públicas, privadas e órgãosnão-governamentais das quais você po<strong>de</strong>rá dispor, caso queira obter outras informações que possamauxiliá-lo no seu dia-a-dia <strong>de</strong> trabalho:SENAD - Secretaria Nacional Antidrogaswww.senad.gov.bre-mail: prevencao@planalto.gov.brPalácio <strong>do</strong> PlanaltoAnexo II – Sala 207 BCep 70150-901 – Brasília/DF – BrasilOBID – Observatório Brasileiro <strong>de</strong> Informaçãosobre <strong>Drogas</strong>www.obid.senad.gov.brVIVA VOZ - Orientações e informações sobre aprevenção <strong>do</strong> uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> drogas0800 510 0015CONENS ou CEADS - Conselhos Estaduaissobre <strong>Drogas</strong>www.obid.senad.gov.brCOMENS e COMADS - Conselhos Municipaissobre <strong>Drogas</strong>www.obid.senad.gov.brMINISTÉRIO DA SAÚDEPrograma Nacional <strong>de</strong> DST e AIDSwww.aids.gov.brCAPS e CAPSadDisque Saú<strong>de</strong>: 0800 611997www.sau<strong>de</strong>.gov.brwww.a<strong>do</strong>lec.orgOPAS - Organização Pan-Americana da Saú<strong>de</strong>www.opas.org.brCEBRID – Centro Brasileiro <strong>de</strong> Informações sobre<strong>Drogas</strong> Psicotrópicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<strong>de</strong> São Paulo/UNIFESPwww.cebrid.epm.brUNIAD – Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pesquisa em Álcool e<strong>Drogas</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo/UNIFESPwww.uniad.org.br/cuidaUDED – Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dependência <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong> daUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo/UNIFESPwww.unifesp.br/dpsicobio/u<strong>de</strong>dPROAD - Programa <strong>de</strong> Orientação e Atendimentoa Depen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Psiquiatria daUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo - UNIFESPhttp://www.unifesp.br/dpsiq/proad(11) 5579-1543GREA - Grupo Interdisciplinar <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>Álcool e <strong>Drogas</strong> <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Psiquiatria <strong>do</strong>Hospital das Clínicas da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicinada USPwww.grea.org.brHOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEINwww.eisntein.br/alcooledrogasFUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZwww.fiocruz.brALCÓOLICOS ANÔNIMOSwww.alcoolicosanonimos.org.brGRUPOS FAMILIARES – NAR – ANONwww.naranon.org.brNARCÓTICOS ANÔNIMOSwww.na.org.brAMOR EXIGENTEwww.amorexigente.org.brABRATECOM - Associação Brasileira <strong>de</strong> <strong>Terapia</strong><strong>Comunitária</strong>www.abratecom.org.brREDUC - Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Redução <strong>de</strong> Danoswww.reduc.org.brPASTORAL DA SOBRIEDADEwww.sobrieda<strong>de</strong>.org.brSENAD 23


FilmesA Corrente <strong>do</strong> Bem2000. Direção: Mimi Le<strong>de</strong>r28 Dias2000. Direção: Betty ThomasQuan<strong>do</strong> Um Homem Ama Uma Mulher1994. Direção: Luis Man<strong>do</strong>kiTo<strong>do</strong>s os Corações <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>1995. Direção: Murilo SallesIlustraçãoAteliê <strong>de</strong> Arte e <strong>Terapia</strong> <strong>do</strong> MISMEC-CE / Projeto 4 VarasDesenhos produzi<strong>do</strong>s por filhos <strong>de</strong> alcoolistas participantes <strong>do</strong> Projeto 4 VarasProjeto Gráfico e DiagramaçãoVitor Hugo Manzi24SENAD


Venda Proibida.Esta publicação é parte integrante <strong>do</strong> material didático <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Formação em <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> com ênfase na <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> Àlcool e outras <strong>Drogas</strong>, promovi<strong>do</strong> pelaSecretaria Nacional AntidrogasA <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> constitui-se numameto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> atenção às questões relativas ao uso<strong>de</strong> álcool e outras drogas no contexto comunitário.É um recurso efetivamente preventivo e, também,complementar ao tratamento e facilita<strong>do</strong>r da reinserçãosocial <strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte químico.A <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong> está <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> comas orientações da Política Nacional sobre <strong>Drogas</strong>,mais especificamente no que tange ao fortalecimentodas re<strong>de</strong>s sociais que visem à melhoria das condições <strong>de</strong>vida e promoção geral da saú<strong>de</strong>.


A <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> <strong>Uso</strong> <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>


Copyright© - 2006 - Secretaria Nacional Antidrogas - SENADA <strong>Prevenção</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong>e a <strong>Terapia</strong> <strong>Comunitária</strong>

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