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ARTIGO - Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação - Ufma

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Heriverto N. M. Júnior; Sérgio F. Ferretti<strong>de</strong> Choro (toque sem dança realizado apóso falecimento <strong>de</strong> algum filho da casa); Festa<strong>de</strong> Caboclo (encantados, fidalgos e gentis);Tambor <strong>de</strong> Borá ou Canjerê (toque realizadopara as entida<strong>de</strong>s indígenas).Observamos que o toque <strong>de</strong> Mina da CasaFanti-Ashanti tem uma estrutura semelhante aoda Casa <strong>de</strong> Nagô. Começa com um canto paraLégba (Imbarabô) sem entregar padê (Presente,como existe no candomblé) e sem incorporação,seguido <strong>de</strong> canto para Ogum e paraoutras entida<strong>de</strong>s espirituais africanas, em umaor<strong>de</strong>m pré-estabelecida. No segundo momento,o Tambor vira para mata, passa-se a homenagearas principais entida<strong>de</strong>s caboclas da Casa.Num terceiro momento, volta-se a homenagearas entida<strong>de</strong>s africanas e encerra-se o toquecom um canto para Légba (FERRETI, 2000).Nesse espaço, antes do tambor virar paraa mata, canta-se para o vodun Averequete, equando se volta a homenagear as entida<strong>de</strong>safricanas, canta-se primeiro para Badé Queviosso.Canta-se também no encerramento dotoque para Oxalá (dono da cabeça do fundadordo terreiro, Pai Eucli<strong>de</strong>s) e <strong>de</strong>pois para Légba(FERRETI, 2000a).Em geral, os toques <strong>de</strong> Mina da CasaFanti-Ashanti giram em torno <strong>de</strong>ssa estruturapré-estabelecida, cada vodunsi (nome dado afilhos <strong>de</strong> santos do Tambor <strong>de</strong> Mina) recebesua entida<strong>de</strong> e permanece com ela no salão, <strong>de</strong>forma que em certo altura do toque observaseque o número <strong>de</strong> dançantes já possuídas(em transe) com suas entida<strong>de</strong>s cresce.No Tambor <strong>de</strong> Mina <strong>de</strong>ssa Casa, os dançantesnão trocam <strong>de</strong> vestimentas quandorecebem suas entida<strong>de</strong>s, apenas uma toalhabranca lhes é entregue no salão e esta <strong>de</strong>marcaquem está em transe. A maneira <strong>de</strong> pren<strong>de</strong>ra toalha ao corpo, a forma que o cabelo estápenteado, a cor dos rosários <strong>de</strong> miçangas quetrazem no pescoço e os objetos que po<strong>de</strong>mportar contém em si informações sobre asentida<strong>de</strong>s que estão incorporadas. Como citaSergio Ferreti (1996, p. 52) sobre as toalhasutilizadas pelos voduns na Casa das Minas:Quando o vodun é jovem, a toalha é usada na cinturae quando vodun é velho, é presa abaixo dos braçossobre os seios. A maneira como se pren<strong>de</strong> a toalha nacintura é diferente para com os gêneros. Se o voduné homem, é dobrada e metida na faixa da cintura, ese é mulher é amarrada com um nó. Usam um lençocolorido na cor da saia, preso no ombro se o vodunfor velho, e na cintura se o vodun for jovem. Tambémcostumam usar na mão um pequeno lenço dobrado,para enxugar o suor e um leque ou ventarola <strong>de</strong> papelpara se abanar contra o calor. Se o vodun é homem,usa o cabelo penteado para trás, e se é mulhercobrindo as orelhas.Na Mina realizada na Casa Fanti-Ashanti,ao contrário da Casa das Minas, as toalhassão amarradas <strong>de</strong> forma diferente. Quandouma Filha <strong>de</strong> Santo está incorporada comum vodun ou orixá, a toalha é presa abaixodos braços, sobre os seios, se for um Filho <strong>de</strong>Santo, a toalha é transpassada pelo peito nadiagonal. Já no momento em que o tamborvira para mata, os voduns e orixás que estão“em terra”, incorporados, dão espaço para asentida<strong>de</strong>s caboclas se manifestarem; são recebidoslenços coloridos e cada caboclo tem suaforma específica <strong>de</strong> amarrar, ou na cintura, nopescoço ou na mão.Na Mina maranhense, cada família <strong>de</strong>vodun e encantado possui um rosário (colarfeito com contas <strong>de</strong> miçangas) através doqual são i<strong>de</strong>ntificados. Na Casa Fanti-Ashantie em outros terreiros da capital, os turcos,por exemplo, têm um rosário ver<strong>de</strong>, amareloe vermelho, que é usado no pescoço pelosa<strong>de</strong>ptos que entram em transe com essas entida<strong>de</strong>sdurante os toques. Após a incorporação,o cordão costuma ser utilizado a tira-colo (emdiagonal, do ombro direito à altura da cintura,no outro lado) (FERRETI, 2000).3 ILÊ AXÉ OGUM SOGBÔO “Ilê Axé Ogum e Sogbô” segue o mesmomo<strong>de</strong>lo ritualístico do Terreiro <strong>de</strong> Iemanjá 2on<strong>de</strong> foi iniciado o seu fundador - o BabalorixáAirton Gouveia (Pai Airton) e fica localizadono bairro da Liberda<strong>de</strong>, na Rua Nossa Senhoradas Graças, sendo zelado espiritualmente<strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua fundação por esse chefe religioso(LINDOSO, 2007, p. 107 - 109).São realizadas no Ilê Axé Ogum Sogbô festasem homenagem aos santos católicos (SantaBárbara, Nossa Senhora da Conceição, São Jorge,São João e outros) não somente com toque <strong>de</strong>Mina, mas também através <strong>de</strong> ladainhas, rezas,preces e hinos do catolicismo popular, realização<strong>de</strong> festas ligadas ao próprio catolicismo populartais como a queimação <strong>de</strong> palhinhas e a festa doDivino Espírito Santo (festa realizada nesta casano mês <strong>de</strong> setembro).A casa <strong>de</strong>senvolve brinca<strong>de</strong>iras e manifestaçõesfolclóricas para as entida<strong>de</strong>s espirituaiscomo o bumba-meu-boi <strong>de</strong> encantado,oferecido neste terreiro para Dominguinhos <strong>de</strong>Légua e o Tambor <strong>de</strong> Crioula em homenagemaos pretos-velhos 3 (13 <strong>de</strong> maio).No Ilê Axé Ogum Sogbô há também cultoàs entida<strong>de</strong>s africanas (orixás e voduns).Quanto aos voduns, citamos os jêjes daome-22 Cad. Pesq., São Luís, v. 18, n. 2, maio/ago. 2011.

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