40 Aves Migratórias e Nômades Ocorrentes <strong>no</strong> Pantanal4Biguá e biguatingaAntas e Palo Jr. (2004) destacam que as populações de biguáPhalacrocorax brasilianus (Figura 13), <strong>no</strong> Pantanal, possivelmente sedeslocam para rios amazônicos, como o Guaporé, Madeira e Tapajós, apartir de agosto, período de seca na planície pantaneira.Figura 13. Biguá (Phalacrocorax brasilianus). Foto: James Faraco Amorim.Há também um fluxo migratório do biguá da Argentina para o sul do país,como verificado por Lara-Resende e Leal (1982). A biguatinga (Anhingaanhinga), assim como o biguá, é extremamente dependente de corposd’água e o período de seca na planície do Pantanal, pode desencadearpadrão migratório semelhante ao de P. brasilianus.
Aves Migratórias e Nômades Ocorrentes <strong>no</strong> Pantanal 41 4GarçasAs populações de garças-azuis (Egretta caerulea) dos Estados Unidosrealizam deslocamentos em direção à Flórida, Cuba e México, bem comotambém para o Paraguai e Argentina (GROMS, 2008). Entretanto,acreditamos que as populações da planície pantaneira desloquem-se emdireção à porção <strong>no</strong>rte do continente Sul America<strong>no</strong> e outras àreas úmidas,principalmente na Amazônia. No Pantanal tem sido mais freqüente emlocais como Pirizal, Descalvados/Fedegoso, Poconé, RodoviaTranspantaneira, Fazenda rio Negro, Pousada Ararauna, Fazenda Caiman(Tubelis e Tomas, 2003).Recentemente a espécie tem sido freqüente nas salinas da fazendaNhumirim, Pantanal da Nhecolândia, ocorrendo em peque<strong>no</strong>s bandos (Nuneset al., <strong>no</strong> prelo b). Os registros recentes desta ave na região podem estarrelacionados aos pulsos de inundação, tendo o a<strong>no</strong> de 2008, período emque a ave foi avistada na região, maior disponibilidade de água nas baías esalinas em relação a períodos anteriores.Outra garça, a Ardea alba diminui sua abundância após o períodoreprodutivo <strong>no</strong> Pantanal e Antas e Palo Jr. (2004) atribuem este padrão àdispersão para fora do Pantanal durante as cheias. Provavelmente, oprincipal fator para a diminuição da abundância de garças-brancas-grandes(A. alba) é sua distribuição por uma vasta área alagada do Pantanal, <strong>no</strong>entanto, ocorrem grandes concentrações em locais adequados dealimentação e reprodução na época da seca.Por outro lado, Olmos e Silva e Silva (2001) observaram flutuação naspopulações de garça-branca-grande <strong>no</strong>s manguezais de Cubatão-SP. Osmesmos autores atribuem a diminuição <strong>no</strong> número de garças na região aosmovimentos de dispersão dos adultos após o período reprodutivo.Tapicuru, caraúna e colhereiroPopulações de tapicuru-de-cara-pelada (Phimosus infuscatus, Figura 14),oriundas de colônias reprodutivas <strong>no</strong> sul do país, possivelmente sedeslocam para o Pantanal após o perído reprodutivo (Antas e Palo Jr.,2004). Entretanto, a disponibilidade de água em baías e salinas pode atraire manter populações desta espécie ao longo do a<strong>no</strong> em determinadasregiões, como verificamos na fazenda Nhumirim e seus arredores.