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Ed. 003 - Jan/2008 - Agenda da Dança de Salão

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12Ano 1 - Nº 3JAN/2007EnsaioProfessor e alunoUma relação que não é estáticaFaço este texto inspiradonuma postagem que vi noYouTube, sobre um rapaz,ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> aparelhos celulares,que se apresentounum programa <strong>de</strong> talentosna Inglaterra, estilo “AmericanIdols”, <strong>de</strong>sajeitado,tímido e nervoso. Quandocomunicou que cantariauma ópera, os jurados seentreolharam, com aquelaexpressão “Meu Deus, quecoisa <strong>de</strong>ve sair!”. Foiquando Paul abriu a bocae soltou a voz cantando“Nessun Dorma”. Emocionoua todos. Uma <strong>da</strong>sjura<strong>da</strong>s chegou a chorar.Mando os links dos ví<strong>de</strong>os,para postagem no sitedo jornal, <strong>da</strong>s eliminatóriasaté a final, que venceu,Por Felipe Rocha*levando 100 mil libras paracasa.Mas o que isso tem a vercom Professor e Aluno, oumesmo com Dança <strong>de</strong> Salãoou <strong>da</strong>nças a dois? Eurespondo: preconceito. Eaqui começo meu ensaiosobre o tema proposto:quem é professor e quemé aluno no ambiente <strong>da</strong><strong>da</strong>nça <strong>de</strong> salão.Os termos “Professor” e“Aluno” são termos quesão embutidos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>spreconceitos, e muito poucoutilizado na pe<strong>da</strong>gogiaatual. “Aluno” vem <strong>da</strong>queleque não tem luz. Alumni.“Professor” vem <strong>da</strong>queleque professa. Se observarembem, são palavrasque mostram objetos estáticos.O “sem luz” <strong>de</strong> umlado, aberto para receberobjetos <strong>de</strong> conhecimentoque saemdo outroNo meio <strong>da</strong><strong>da</strong>nça em todo opaís parece sernotável a existência<strong>de</strong> semi<strong>de</strong>uses,pessoasque gritam: -Tenho15 anos <strong>de</strong>experiência,quem é vocêpara dizer queestou errado?lado, o “semi d e u s ”que professa,quetransmite,o inalcançável,o intocável.Hoje, oque as pessoasmaisquerem seré autori<strong>da</strong><strong>de</strong>.Não é atoa que todosse tornam“professores”<strong>de</strong> qualquer coisa,sem mesmo saberem oque significa ser um professor<strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. Queremser, por assim conseguiremser autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s. São importantes.Possuem váriosalunos, seres infelizes, semluz, que eles, professores,po<strong>de</strong>m iluminar e aju<strong>da</strong>r atirar <strong>da</strong>s trevas.Talvez a relação com oví<strong>de</strong>o ain<strong>da</strong> não esteja clara.O que po<strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r a tornaras coisas mais límpi<strong>da</strong>sé o conhecimentodostermos utilizadosnolugar do ultrapassado“professor”e “aluno”.Eu nuncaquero serum professor,no sentidocomum,comoesses normalmentesão. E eusei que nuncaserei umaluno. O que <strong>de</strong>ve existir éo ensinante e o apren<strong>de</strong>nte.São palavras que são dinâmicas.O ensinante está sempreensinando, mas, ao mesmotempo, ele é sempre umapren<strong>de</strong>nte, esse que nuncaé vazio, sem luz, masque sabe algo e sempre temmais a apren<strong>de</strong>r - e o principal- a ensinar.O ensinante tem a obrigação<strong>de</strong> se reconhecer nooutro - o apren<strong>de</strong>nte - quese reconhece no ensinante.É uma relação mútua,on<strong>de</strong> os papéis <strong>de</strong>vem seconfundir, pois é assim queas coisas são. Quando ospapéis não se confun<strong>de</strong>m,então tenham medo: vocêsestão diante <strong>de</strong> um semi<strong>de</strong>usromano, ou quemsabe bárbaro, que po<strong>de</strong> aqualquer momento lhes esmagarcom a tamanha “sabedoria”que só ele possui.Mas qual o primeiro passopara <strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> ser“professores” e “alunos”para sermos ensinantesapren<strong>de</strong>ntes?Aqui entra o ví<strong>de</strong>o: <strong>de</strong>vemosremover nossospreconceitos.Os jurados reconheceramo talento <strong>da</strong>queleser que veio do na<strong>da</strong>,do trabalho <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dor<strong>de</strong> celular, quepouco tinha cantadoprofissionalmente. Éver<strong>da</strong><strong>de</strong>: não é precisoter 10, 15 anos <strong>de</strong> profissãopara ser o melhor. Épossível aparecer pessoascom um ano <strong>de</strong> experiênciae ser melhor do que alguémcom 15 anos.E reconhecemos um ensinante-apren<strong>de</strong>ntequandovemos nele o reconhecimento<strong>de</strong> talentos, o reconhecimento<strong>de</strong> não ser omelhor, mas <strong>de</strong> aceitar e levantaroutros que são novose são melhores do queele.Aqui começamos a saberquem ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente éensinante-apren<strong>de</strong>nte equem é um mísero professor.No meio <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça emtodo o país parece ser notávela existência <strong>de</strong> semi<strong>de</strong>uses,pessoas que gritam“TENHO 15 ANOS DEEXPERIÊNCIA. QUEMÉ VOCÊ PARA DIZERQUE ESTOU ERRA-DO???” .Parece que na <strong>da</strong>nçamuitas vezes mais vale umego inflado do que umaarte evoluí<strong>da</strong>. Óbvio queisto não é só na <strong>da</strong>nça. Maseste é o escopo por estarnesta comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Quando será que iremosver ensinantes-apren<strong>de</strong>ntesem escolas <strong>de</strong> <strong>da</strong>nça,assumindo que sabem menosque um <strong>de</strong>terminadoapren<strong>de</strong>nte? Felizmenteposso dizer que conheci algunsque assumem que nãosão semi<strong>de</strong>uses. E pu<strong>de</strong>ramme <strong>da</strong>r a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> compartilhar o poucoque sei com eles. Masoutros... Outros tratam <strong>de</strong>to<strong>da</strong>s as maneiras calaraqueles que os acabam expondo.“Não acessem oorkut!”,”Não leiam ostextos <strong>de</strong> tal etal pessoa”,“Não ouçamo qued i zaquelemeninão, que não tem omesmo tempo <strong>de</strong> profissãoque ele!”. Resumindo, <strong>de</strong>veriamser mais claros:“Fiquem nas trevas <strong>da</strong> ignorânciae <strong>de</strong>ixem que eulhes guie, caro mortal, poiseu sou um semi<strong>de</strong>us!!!”.O ví<strong>de</strong>o do Paul, o cantor<strong>de</strong> ópera, po<strong>de</strong> mostrarque um talento reconhecidoe bem trabalhado só fazcom que as coisas cresçam,brilhem, sejam significantes!Mas quando o nosso egofala mais forte e não aceitamosque os pequenos,como disse Jesus, são osver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros Gran<strong>de</strong>s, nãoaceitamos que outros possamsaber mais do que nós,nós nos tornamos, então,um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro “Professor”.Um semi<strong>de</strong>us quegoverna o mundo à nossavolta. E per<strong>de</strong>mos a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> ser um ensinante-apren<strong>de</strong>nteque humanizaa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, compartilhandoseu conhecimentoe estimulando ocrescimento e valorização<strong>da</strong> profissão e <strong>da</strong> arte <strong>de</strong><strong>da</strong>nçar a dois.É preciso assumir queanos <strong>de</strong> profissão não significasempre saber <strong>de</strong>tudo.É preciso assumir queexistem pessoas que sabemmais, às vezes muito maisdo que nós.É preciso assumir queaquele que apren<strong>de</strong> não éalguém sem luz, mas apenasalguém que é um ali éum apren<strong>de</strong>nte mas, também,é um ensinante.É preciso mu<strong>da</strong>r, parafazer com que a <strong>da</strong>nça <strong>de</strong>salão e a <strong>da</strong>nça a dois sejamvaloriza<strong>da</strong>s.É preciso, gente, HU-MANIZAR!!* Felipe Rochamora em Salvador,ensina – e apren<strong>de</strong>– <strong>da</strong>nças <strong>de</strong> salão,e é integrante <strong>da</strong>Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Dança <strong>de</strong>Salão – Bahia, on<strong>de</strong>propôs a discussão<strong>de</strong>ste tópico, que reproduzimoscomsua autorização.

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