TV's DIGITALIZANDOAmaral corrobora Liliana: “há dificuldades para secriar um padrão técnico e de qualidade”.Interatividade – Contudo, a partir de agoraoutro desafio - implantar a interatividade plena- chega para valer a todas as redes. É que omiddleware Ginga se tornará operacional <strong>em</strong> abril.Todas as <strong>em</strong>issoras aguardam os set-top boxesplenamente interativos com ansiedade. Na TVCultura, as aplicações serão não comerciais.“Hoje ninguém está desenvolvendo nada naárea de educação”, diz Chaves. N<strong>em</strong> no Brasil,n<strong>em</strong> no mundo: tudo o que existe é voltadopara vendas.A Record está levantando os cenários possíveispara explorar as possibilidades. Amaral jácoordenou testes com multiprogramação etransmissão de dados.Desde o ano passado a Band, como todas asoutras grandes redes, também testa váriosaplicativos para programas de variedades,esportes e outros.Valter Pascoto, da MTV, revela ter 6 projetospreparados para interatividade, “já com boaspossibilidades de ser<strong>em</strong> um atrativo paraconquistar mais clientes”.A MTV já lida com interatividade, utilizandointernet, telefone e outros meios, desde 1993,quando lançou um programa, na verdade umvídeo-game. Hoje ela t<strong>em</strong> um programa, às 18horas, de clipes, que permite interatividade.Internet, celular e TV são os meios.Pesquisas diz<strong>em</strong> que o jov<strong>em</strong>, o público-alvo daMTV, liga a internet e a TV e fica comentando notwitter ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que vê TV. “Quandonão dependermos da internet a atenção delevai centrar na TV. Então vamos deslanchar”,aposta Pascotto.NCL Lua x Java – A despeito de nãohaver set-top boxes plenamente interativos nomercado, a Globo, de acordo com Liliana, exercitao desenvolvimento <strong>em</strong> conjunto com <strong>em</strong>presas desoftware e fabricantes.A Rede já testou aplicativos para teledramaturgiana novela “Caminho das Índias”, de 2009. Tambémexperimentou <strong>em</strong> jogos de futebol durante ocampeonato nacional e isso não só para terminaisfixos como também para móveis.A estratégia, segundo afirmou Raimundo Correia,diretor de engenharia da Rede Globo <strong>em</strong> SãoPaulo, à publicação Convergência Digital, é “usara tecnologia mais adequada para cada aplicação.NCL-Lua ou Java, não dá para dizer que uma émelhor que a outra”.As duas, aceitas pelo midlleware Ginga, têm suasvantagens e desvantagens. “Se a aplicação ésimples, t<strong>em</strong> um ciclo de vida curto, precisa sercriada rapidamente, o melhor e mais fácil é fazer<strong>em</strong> NCL-Lua”, disse Correia.Mas, caso haja um ciclo de desenvolvimento maior,com o produto tendo um t<strong>em</strong>po de vida de mais deseis meses, como no caso de uma novela, a escolhadeve ser pelo Java. “O Java dá mais robustez,permite grafismos mais elaborados e maiorproteção contra cópias”, explicou o executivo.A proposta do SBT para a interatividade é a de umPortal 24 horas com informações sobre o t<strong>em</strong>po,curiosidades, fofocas, diversão, Quiz, pesquisas,informações sobre a programação (EPG) ecompl<strong>em</strong>entares a ela, além de uma intensaprestação de serviços.“A interatividade, como tudo o que é novo, exigiráaprendizado”, diz Roberto Franco. “Transmitimosexperimentalmente há mais de um ano e, atravésde pesquisas, focus groups, d<strong>em</strong>onstraçõese observações do uso, conseguimos diversos‘achados’ que utilizamos para aperfeiçoamento daproposta. Mesmo após o lançamento comercial,vamos continuar buscando entender cada vez maisprofundamente o comportamento do consumidor ecom isto, melhorar a agregação de valor".A partir de agora, o desafio -– comum às redes– passa a ser fazer a interatividade funcionar <strong>em</strong>nível nacional.*José Maria Furtado, editor da edição especial da Revista da <strong>SET</strong>22
HISTÓRICoTV Digital no Brasil – Suahistória e o destacado papel da <strong>SET</strong>Renato de SouzaPor Valderez Donzelli *ATV digital começou a ser estudada no Brasilno ano de 1991, quando o Ministério dasComunicações criou a Comissão Assessorade Assuntos de Televisão (COMTV) com a atribuiçãode propor uma política do setor para HDTV (HighDefinition TV) e TVD, cujo contexto estava <strong>em</strong>discussão nos EUA, na Europa e no Japão.Neste contexto, no ano de 1993, a NationalAssociation of Broadcasters (NAB) convidou, pormeio da Associação Brasileira de Emissoras deRádio e Televisão (Abert) o Brasil a fazer partede um grupo de estudos para desenvolvimentoe análise da tecnologia <strong>em</strong> COFDM aplicada aospaíses cuja largura de banda do canal de TV fosse6 MHz. Naquela época, nos EUA, os profissionaisestudavam um modelo para a TV digital.Todo o movimento da época apontou a necessidadede se criar um grupo de trabalho para analisar atransição da TV Brasileira, do sist<strong>em</strong>a analógicopara o digital. Assim, <strong>em</strong> 1994, foi criado o GrupoAbert/<strong>SET</strong> (Sociedade Brasileira de Engenhariade Televisão) reunindo as <strong>em</strong>issoras de TV,especialistas e instituições de pesquisa para estudaro planejamento do ingresso dos radiodifusores natecnologia de transmissão digital.Início dos trabalhosEntre as primeiras atividades do grupo estavaa criação, naquele mesmo ano, do subgrupoArquivo TV CulturaVeículo com um mastro retratil especialmente projetado paratestar a cobertura e o sinalde canalização para trabalhar a questão doplanejamento de canais digitais <strong>em</strong> conjunto coma COMTV. Em junho de 1995 o Grupo Abert/<strong>SET</strong>participou, com o EUA e Japão, dos primeirostestes com o protótipo do projeto COFDM, realizadona Finlândia, para a largura do canal <strong>em</strong> 6 MHz.Com a criação da Grande Aliança nos EUA, o paísdecidiu pela adoção de seu próprio sist<strong>em</strong>a, o ATSC,utilizando a técnica de modulação 8VSB, enquantoa Europa adotava o DVB, com a modulaçãoCOFDM. Diante desse cenário, o grupo Abert/<strong>SET</strong>passou a ter a complexa tarefa de avaliar os doissist<strong>em</strong>as e propôs ao Ministério das Comunicaçõesa realização de testes <strong>em</strong> laboratório e campo noBrasil para a avaliação concreta do des<strong>em</strong>penho decada um deles. Diversas d<strong>em</strong>onstrações do sinal<strong>em</strong> alta definição foram promovidas pelo grupo <strong>em</strong>São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.Em 1998, após a promulgação da Lei Geral deTelecomunicações e com a criação da Agência Nacionalde Telecomunicações (Anatel), a agência, por meioda Superintendência de Serviços de Comunicaçãode Massa, passou a integrar o processo. A Anatelpromoveu uma Consulta Pública e publicou umaResolução com os procedimentos para a realizaçãode experiências com sist<strong>em</strong>as de televisão digital.Avaliação dos sist<strong>em</strong>as<strong>em</strong> terra brasileiraEm nov<strong>em</strong>bro daquele ano, o grupo Abert/<strong>SET</strong>firmou um acordo de cooperação técnica coma Universidade Presbiteriana Mackenzie para aimplantação de um laboratório de testes específicosvoltado à TV digital e a montag<strong>em</strong> de uma viaturapara a realização das medidas <strong>em</strong> campo. Oprojeto, financiado pela NEC do Brasil, teve custoestimado de 2,5 milhões de reais.Para planejar e coordenar estes trabalhos, osubgrupo de testes reuniu 17 <strong>em</strong>issoras de TV,engenheiros, professores da Universidade Mackenzie,representantes de centros de pesquisa, indústria deradiodifusão e eletroeletrônica, para a realização dostrabalhos para a avaliação dos sist<strong>em</strong>as.O subgrupo se reuniu com os especialistas do ATSCe do DVB para desenvolver os critérios técnicose os procedimentos de execução dos testes delaboratório e de campo a fim de comparar odes<strong>em</strong>penho dos sist<strong>em</strong>as. Durante todo o trabalhohouve total integração com a Anatel e o Centro dePesquisa e Desenvolvimento (CPqD), que atuou noprocesso como consultor da agência.Os testes com os sist<strong>em</strong>as ATSC e DVB iniciaram <strong>em</strong>1999. O ISBD integrou os testes posteriormente, umavez que ainda estava <strong>em</strong> desenvolvimento no Japão.Durante a execução dos testes, representantes dostrês sist<strong>em</strong>as validaram todos os critérios adotadospelo grupo, com o aperfeiçoamento de pesquisas etrabalhos feito pelo Grupo Abert/<strong>SET</strong>.ResultadoOs primeiros resultados, apresentados <strong>em</strong> 2000,apontaram a modulação COFDM como a maisadequada às condições do país, e o resultado final destaetapa apontou o sist<strong>em</strong>a ISDB-T como o de melhordes<strong>em</strong>penho global e ainda indicou a necessidade deser<strong>em</strong> considerados, além dos aspectos técnicos, outros,tais como o impacto que a adoção de cada sist<strong>em</strong>a teriasobre a indústria nacional, as condições e facilidadesde impl<strong>em</strong>entação de cada sist<strong>em</strong>a, os prazos para suadisponibilidade comercial, o preço dos receptores parao consumidor e a expectativa de queda desses preços,de modo a possibilitar o acesso mais rápido a todas ascamadas da população. O Grupo Abert/<strong>SET</strong> tambémaperfeiçoou as pesquisas e trabalhos nesse sentido.O relatório apresentado pelo Grupo à Anatel foicolocado <strong>em</strong> consulta aberta ao público. Os textoscompletos pod<strong>em</strong> ser obtidos no site da Anatelatravés do caminho biblioteca/ arquivo documental/relatórios/técnicos/2000.Já <strong>em</strong> 2001, a agência realizou consultas eaudiências públicas, e também um s<strong>em</strong>inário sobreo processo de definição do padrão de transmissãoterrestre de televisão digital. Os estudos técnicose econômicos sobre os impactos de cada um dossist<strong>em</strong>as recomendados pela UIT-R foram concluídos<strong>em</strong> 2002.Em 2003, o Grupo <strong>SET</strong>/ABERT firmou novo acordo decooperação técnica com a Universidade PresbiterianaMackenzie, desta vez para avaliar a evolução dos trêssist<strong>em</strong>as de TV digital disponíveis.Ainda resultado de todo este trabalho com osprocedimentos dos testes de laboratório e de camporealizados no Brasil - sob coordenação do grupo Abert/<strong>SET</strong>; considerados os mais completos já realizados nomundo -, foram integrados nas recomendações daUnião Internacional de Telecomunicações – UIT e doComitê Interamericano de Telecomunicações – Citel.A DecisãoFinalmente, <strong>em</strong> 2003 foi publicado o Decreto 4.901,estabelecendo diretrizes para a implantação do23