12.07.2015 Views

Prevalência de Toxoplasmose em pacientes atendidos ... - NewsLab

Prevalência de Toxoplasmose em pacientes atendidos ... - NewsLab

Prevalência de Toxoplasmose em pacientes atendidos ... - NewsLab

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ArtigoPrevalência <strong>de</strong> <strong>Toxoplasmose</strong> <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong><strong>atendidos</strong> no Laboratório Osvaldo Cruz <strong>em</strong>Santo Ângelo - RSFranciele Saragozo Baccarin 1 , Tiago Bittencourt <strong>de</strong> Oliveira 21- Aluna do Curso <strong>de</strong> Farmácia - Habilitação Farmacêutico Bioquímico Clínico, Universida<strong>de</strong> Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –URI - Campus <strong>de</strong> Santo Ângelo - RS2- Prof. MSc do Curso <strong>de</strong> Farmácia, Universida<strong>de</strong> Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI - Campus <strong>de</strong> Santo Ângelo - RSResumoA toxoplasmose é uma zoonose <strong>de</strong> felí<strong>de</strong>os, causadapelo Toxoplasma gondii, apresenta ampladistribuição geográfica, sendo consi<strong>de</strong>rada umainfecção oportunista, principalmente <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong>com AIDS. O contágio se dá, predominant<strong>em</strong>ente,pela ingestão <strong>de</strong> oocistos eliminados pelas fezes <strong>de</strong>felí<strong>de</strong>os - estes po<strong>de</strong>m permanecer viáveis no solo porlongo período <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po - e também pelo consumo<strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> animal, principalmente <strong>de</strong>carnes mal cozidas contendo cistos do parasito. Oobjetivo <strong>de</strong>ste estudo foi <strong>de</strong>terminar a prevalência<strong>de</strong> soropositivida<strong>de</strong> para toxoplasmose <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong><strong>atendidos</strong> pelo serviço <strong>de</strong> Imunologia do LaboratórioOsvaldo Cruz. Foi realizado um estudo transversalretrospectivo, o qual foi constituído pelos <strong>pacientes</strong><strong>atendidos</strong> pelo Laboratório Osvaldo Cruz situado nomunicípio <strong>de</strong> Santo Ângelo - RS, e que realizaramteste sorológico para toxoplasmose no período <strong>de</strong>janeiro <strong>de</strong> 2004 a <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2005. As variáveisobservadas foram a ida<strong>de</strong>, sexo, gestação, sorologiapara toxoplasmose (IgG e IgM), através do métododa quimioluminescência automatizada. Os resultadosmostraram que 45,57% <strong>de</strong>sses <strong>pacientes</strong> possuíamanticorpos antitoxoplasma, sendo que 2,28% possuíamIgM, <strong>em</strong> diferentes títulos, estando ou não<strong>de</strong>senvolvendo a fase aguda da doença, e 43,27%possuíam anticorpos da classe IgG. Das <strong>pacientes</strong>SummaryPrevalence of toxoplasmosis in patients assistedby Osvaldo Cruz LaboratoryToxoplasmosis is a feli<strong>de</strong>ozoonose, caused by Toxoplasmagondii, presents wi<strong>de</strong> geographical distribution,being consi<strong>de</strong>red an oportunist infection, mainly in patientsinfected by AIDS. The infection happens, predominantly,by the ingestion of oocistos eliminated by feline’s faeces,these can r<strong>em</strong>ain feasible in the soil for a long period oftime, and also by the comsumption of food animal origin,mainly bad cooked, countaining parasite cysts. The objectiveof this study was <strong>de</strong>termining the prevalence of serumpositiveness to toxoplasmosis in patients assisted by theImmunology Service from Osvaldo Cruz Laboratory. Aretrospective transversal study has been held, which hasbeen constituted by the patients assisted by Osvaldo CruzLaboratory, located in the city of Santo Ângelo-RS, and thatma<strong>de</strong> serum logical test for toxoplasmosis in the period fromJanuary, 2004 to Dec<strong>em</strong>ber, 2005. The variable observedwere age, gen<strong>de</strong>r, gestation, sosrologia for toxoplasmosis(IgG and IgM), through the method of authomatized ch<strong>em</strong>ioluminescence.The results showed that 45,57% of thesepatients had antibodies antitoxoplasma, once that 2,28%had IgM, in different titles, being or not <strong>de</strong>veloping theserious stage of the disease, and 43,27% had antibodiesof the type IgG. 28% of the pregnant patients presentedIgG antitoxoplasma. There was an association betweenthe serum prevalence and the age of the patients studied,78<strong>NewsLab</strong> - edição 80 - 2007


grávidas, 28,1% apresentaram IgG antitoxoplasma.A faixa etária com a maior soroprevalência foi dos26 aos 36 anos. Os resultados obtidos <strong>de</strong>monstramque a prevalência <strong>de</strong> toxoplasmose <strong>em</strong> nosso meioé relativamente alta, reafirmando a importância <strong>de</strong>testes sorológicos <strong>de</strong> rotina para a prevenção datoxoplasmose congênita e para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>casos <strong>de</strong> toxoplasmose ocular e neurotoxoplasmose<strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> imunossuprimidos.Palavras-chave: <strong>Toxoplasmose</strong>, anticorpos anti-Toxoplasma gondii, imunodiagnósticowith a major prevalence in the ages 26 to 36 years old.The results obtained showed that the prevalence of toxoplasmosisin our middle is relatively high, and reassure theimportance of serum logical routine tests to the preventionof congenital toxoplasmosis and for the i<strong>de</strong>ntification ofcases of ocular toxoplasmosis and neurotoxoplasmosis inimmune suppressed patients.Keywords: Toxoplasmosis, antibodies anti-Toxoplasmagondii, immunodiagnosisKeywords: Toxoplasmosis, antibodies anti-Toxoplasmagondii, immunodiagnosisIntroduçãoAtoxoplasmose, infecçãocausada pelo Toxoplasmagondii, é uma das protozoosesmais comum <strong>em</strong> todoo mundo, sendo encontradanos mais variados climas econdições sociais. Infecta principalmenteos felí<strong>de</strong>os, aves e,notadamente o ser humano, noqual apresenta níveis elevados<strong>de</strong> prevalência. Estes níveissão <strong>de</strong>tectados através <strong>de</strong>anticorpos séricos, on<strong>de</strong> a prevalênciaé crescente <strong>de</strong> acordocom o grupo etário, variandopara diferentes populações,<strong>de</strong> 20, 50 chegando a 90% <strong>em</strong>indivíduos adultos (1, 2).A transmissão se dá, principalmente,pela ingestão <strong>de</strong>oocistos eliminados pelas fezesdos felí<strong>de</strong>os, e que po<strong>de</strong>mpermanecer no solo por umlongo período <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, tornandopossível a infecção porinalação <strong>de</strong> poeiras contaminadas.Ocorre ainda atravésdo consumo <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>orig<strong>em</strong> animal, especialmente<strong>de</strong> carnes mal cozidas contendocistos do parasita. Além <strong>de</strong>stasformas <strong>de</strong> transmissão, po<strong>de</strong>ocorrer infecção por transplante<strong>de</strong> órgãos contendo cistos ea transmissão placentária <strong>em</strong>gestantes com níveis elevados<strong>de</strong> trofozoítas, os quais estãopresentes na fase aguda dadoença (1,3).A prevalência <strong>de</strong> indivíduossoropositivos para toxoplasmoseaumenta com a ida<strong>de</strong> edifere <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos padrõesculturais da população, hábitosalimentares e procedênciaurbana ou rural. Sabe-se que<strong>em</strong> regiões tropicais ou subtropicais<strong>de</strong> clima úmido, a prevalênciaé mais elevada, poiseste tipo <strong>de</strong> clima favorece asobrevivência dos oocistos nomeio ambiente (2, 4, 5).A patogenia na espécie humana<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da virulência dacepa parasitária, resistência dohospe<strong>de</strong>iro e o modo pelo qualo indivíduo se infecta. Contudo,a transmissão congênita éfreqüent<strong>em</strong>ente a mais grave,seguida do comprometimentoocular (3, 6).Atualmente os métodos mais<strong>em</strong>pregados para o diagnósticoda toxoplasmose são realizadospor testes sorológicos e pelareação <strong>em</strong> ca<strong>de</strong>ia da polimerase(PCR). O diagnóstico sorológicoda infecção por T. gondii iniciacom a pesquisa <strong>de</strong> anticorposespecíficos das classes IgG eIgM e com análise dos níveis<strong>de</strong>stes anticorpos (7, 8).O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi<strong>de</strong>terminar a prevalência <strong>de</strong>soropositivida<strong>de</strong> para toxoplasmose<strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> <strong>atendidos</strong>pelo Serviço <strong>de</strong> Imunologia doLaboratório Osvaldo Cruz nomunicípio <strong>de</strong> Santo Ângelo/RS.80<strong>NewsLab</strong> - edição 80 - 2007


Material e MétodosFoi realizado um estudo transversalretrospectivo dos testessorológicos para o diagnóstico<strong>de</strong> toxoplasmose realizado <strong>em</strong>homens e mulheres entre 0 e 64anos, <strong>atendidos</strong> <strong>em</strong> laboratório <strong>de</strong>médio porte localizado no município<strong>de</strong> Santo Ângelo, o qual situa-se noNoroeste do Estado do Rio Gran<strong>de</strong>do Sul, ocupando uma área <strong>de</strong> 681km 2 , com uma população estimada<strong>de</strong> 79.603 habitantes.O estudo é referente aoperíodo <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2004 a<strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2005, on<strong>de</strong> foirealizada uma análise do perfilsorológico <strong>de</strong> 305 <strong>pacientes</strong><strong>atendidos</strong> no Laboratório OsvaldoCruz para toxoplasmose.A ocorrência <strong>de</strong> anticorposantitoxoplasma foi <strong>de</strong>terminadapela reação <strong>de</strong> quimioluminescênciaIgM captura, que trata-se<strong>de</strong> um ensaio <strong>de</strong> captura o qualquantifica anticorpos IgM anti-Toxoplasma gondii, baseando-seno princípio da quimioluminescência(CLIA); e pela reação <strong>de</strong>quimioluminescência IgG que éum método indireto.Foi observada a ida<strong>de</strong>, sexo, (8%) eram do sexo masculinogestação dos <strong>pacientes</strong> <strong>atendidos</strong>,para verificar possíveis rela-sendo que <strong>de</strong>stas, 153 (51%)e 279 (92%) do sexo f<strong>em</strong>inino,ções com a presença <strong>de</strong> anticorposanti-T. gondii. Os resultados relação à faixa etária, a maioreram gestantes (Figura 1). Comforam expressos <strong>em</strong> percentual. prevalência foi encontrada <strong>em</strong><strong>pacientes</strong> com ida<strong>de</strong> superior aResultadosOs resultados obtidos mostramque <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 305<strong>pacientes</strong> <strong>atendidos</strong> pelo LaboratórioOsvaldo Cruz <strong>em</strong> SantoÂngelo – RS no período <strong>de</strong> janeiro<strong>de</strong> 2004 a <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2005, 2618 anos, sendo que a ida<strong>de</strong> dos<strong>pacientes</strong> <strong>atendidos</strong> situava-seentre 0 e 64 anos (Tabela 1). Amaior soroprevalência foi encontradana faixa etária fértil dos 26aos 36 anos.Dos 305 exames analisados nesteestudo, 139 (45,57%) <strong>pacientes</strong>apresentaram anticorpos antitoxo-Figura 1. Perfil quanto ao sexo e/ou gestação dos 305 <strong>pacientes</strong> <strong>atendidos</strong>no Laboratório Osvaldo Cruz, Santo Ângelo-RS, 2004-2005Tabela 1. Índice <strong>de</strong> positivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> toxoplasmose por faixa etária <strong>em</strong> 305 <strong>pacientes</strong> <strong>atendidos</strong> no laboratórioOsvaldo Cruz, Santo Ângelo, RS (2004 – 2005)Índicen°( %)Faixa Etária (anos)0 a 9 10 a 15 16 a 25 26 a 36 37 a 49 50-mais TotalPositivo 3(0,98) 2(0,65) 32(10,5) 62(20,32) 34(11,15) 6(1,97) 139(45,57)Negativo 9(2,96) 9(2,96) 33(10,82) 94(30,81) 20(6,55) 1(0,33) 166(54,43)82<strong>NewsLab</strong> - edição 80 - 2007


plasma, sendo 132 (43,27%) daclasse IgG e 7 (2,28%) da classeIgG e IgM simultaneamente. Nãoocorreu nenhum caso on<strong>de</strong> o anticorpoda classe IgM foi <strong>de</strong>tectadoisoladamente (Figura 2).Dos 139 <strong>pacientes</strong> soropositivospara toxoplasmose, 124(89,2%) teriam tido uma exposiçãopassada ao T. gondii apresentandoanticorpos da classe IgGcom títulos que variavam <strong>de</strong> 1:16a 1:4096, 8 (5,75%) <strong>pacientes</strong>Figura 2. Ocorrência <strong>de</strong> anticorpos antitoxoplasma <strong>em</strong> 305 <strong>pacientes</strong><strong>atendidos</strong> no Laboratório Osvaldo Cruz, Santo Ângelo- RS, 2004-2005Tabela 2. Perfil sorológico <strong>de</strong> 279 mulheres <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> fértil atendidas noMulheresGrávidas(153)Não-grávidas(126)tiveram uma exposição crescenteou envolvimento presente comelevados títulos <strong>de</strong> anticorposIgG (1:8192) e s<strong>em</strong> a presença<strong>de</strong> anticorpos da classe IgM, e7 (5,03%) <strong>pacientes</strong> po<strong>de</strong>riamestar no quadro <strong>de</strong> toxoplasmoseaguda com títulos <strong>de</strong> IgG entre1:512 a 1:1024 e títulos <strong>de</strong> IgMentre 1:16 a 1:1024.Das 279 mulheres, 128(45,88%) apresentavam anticorposantitoxoplasma. Entre as 153Laboratório Osvaldo Cruz, Santo Ângelo, RS (2004 – 2005)Anticorpos antitoxoplasmaIgG IgM IgG+IgM Total (%)43 0 0 43 28,182 0 3 85 67,46gestantes atendidas pelo LaboratórioOsvaldo Cruz, 43 (28,10%)apresentaram-se soropositivas,todas com presença <strong>de</strong> anticorposda classe IgG (Tabela 2).DiscussãoEste estudo analisou mulherese homens que realizaram testessorológicos através <strong>de</strong> um mesmométodo <strong>de</strong> diagnóstico <strong>em</strong>apenas um laboratório, evitando<strong>de</strong>sta forma vícios <strong>de</strong> aferição ediferenças metodológicas.Neste trabalho verificou-se apresença <strong>de</strong> anticorpos antitoxoplasma<strong>em</strong> 45,57% dos 305 <strong>pacientes</strong><strong>atendidos</strong> no LaboratórioOsvaldo Cruz <strong>em</strong> Santo Ângelo- RS, no período <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong>2004 a <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2005, sendoque 132 (43,27%) apresentaramanticorpos da classe IgG e 7(2,28%) apresentaram anticorposda classe IgG e IgM simultaneamente.Não foi observadonenhum caso on<strong>de</strong> o anticorpo daclasse IgM foi <strong>de</strong>tectado isoladamente.Essa prevalência encontra-se<strong>de</strong>ntro da faixa, mencionadapelos diversos pesquisadores,nas diferentes regiões do mundo,com valores que se situam entre20 % a 90% (1).No estudo realizado <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong><strong>atendidos</strong> pelo LaboratórioCelso Matos situado <strong>em</strong> Santarém- PA, foi <strong>de</strong>tectada a presença <strong>de</strong>anticorpos antitoxoplasma <strong>em</strong>84<strong>NewsLab</strong> - edição 80 - 2007


72,2% dos <strong>pacientes</strong> estudados.Destes, 60,9% eram da classeIgG, 5,8% da classe IgM e 5,5%IgG e IgM simultaneamente (2).Na Suécia foi encontrada umasoroprevalência s<strong>em</strong>elhante à observadaneste estudo, sendo que ataxa <strong>de</strong> prevalência para a IgG foi<strong>de</strong> 46,1% e a taxa <strong>de</strong> prevalênciapara a IgM foi <strong>de</strong> 1,7% (9).Quanto à relação ida<strong>de</strong> dos<strong>pacientes</strong> e soropositivida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>maior prevalência foi a faixa etáriados 26 aos 36 anos, o que po<strong>de</strong>ser explicado pelo t<strong>em</strong>po maior <strong>de</strong>exposição aos fatores <strong>de</strong> risco.Com relação aos títulos <strong>de</strong> anticorposapresentados por estes<strong>pacientes</strong>, po<strong>de</strong>-se dizer que 124<strong>pacientes</strong> po<strong>de</strong>riam ter tido umaexposição passada ao T. gondiiapresentando somente níveis <strong>de</strong>anticorpos da classe IgG; oito<strong>pacientes</strong> teriam tido uma exposiçãorelativamente crescente ao T.gondii ou envolvimento presentecom elevados títulos <strong>de</strong> anticorposIgG; e sete <strong>pacientes</strong> po<strong>de</strong>riamestar no quadro <strong>de</strong> toxoplasmoseaguda. Porém, para este tipo <strong>de</strong>interpretação somente um testesorológico não é suficiente paraconfirmar o diagnóstico. Um títulomais dinâmico, quando háuma certa mudança <strong>de</strong> título, ouseja, subida ou <strong>de</strong>scida, <strong>em</strong> umaamostra feita no mesmo serviçoe na mesma rotina, seria umainformação mais precisa. Devidoa isto, para uma melhor interpretaçãodos resultados é necessárioque o indivíduo realize <strong>em</strong> segundoteste, aproximadamente trêss<strong>em</strong>anas após o primeiro (10).Nas gestantes o índice <strong>de</strong> positivida<strong>de</strong>encontrado foi <strong>de</strong> 28,1%(43 gestantes), on<strong>de</strong> todas apresentaramsoropositivida<strong>de</strong> paraanticorpos da classe IgG. Este dadoé s<strong>em</strong>elhante ao encontrado nasdiferentes regiões do mundo, on<strong>de</strong>foi observada uma proporção <strong>de</strong>10,9% na Noruega (11), 14% <strong>em</strong>Estocolmo (12), 18,8% <strong>em</strong> Londres(13) e 20,3% na Finlândia (14). Jáno Brasil a prevalência <strong>de</strong> gestantessoropositivas para IgG antitoxoplasmaé <strong>de</strong> 69,4% <strong>em</strong> Recife (15),42% <strong>em</strong> Salvador (16), 77,1% noRio <strong>de</strong> Janeiro (17), 32,4% <strong>em</strong>São Paulo (18); no Rio Gran<strong>de</strong> doSul foi encontrada uma proporção54,3% <strong>em</strong> Porto Alegre e 36,8%<strong>em</strong> Caxias do Sul (19).Muitos estudos realizados noBrasil mostraram que <strong>de</strong> 60 a 75%das mulheres <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> procriativaapresentam anticorpos da classeIgG contra T. gondii, ou seja, 25%a 40% <strong>de</strong>las são suscetíveis aessa infecção (20). Neste estudoobt<strong>em</strong>os uma soropositivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>45,88% nas mulheres.Também nota-se que <strong>em</strong> regiõestropicais e subtropicais o climaúmido favorece uma prevalênciamais elevada, pois este tipo <strong>de</strong> climafavorece a sobrevivência dosoocistos no ambiente (5, 21).O rastreamento sorológico para<strong>de</strong>tectar anticorpos antitoxoplasma<strong>em</strong> gestantes, possui gran<strong>de</strong>importância pelo fato <strong>de</strong>ste parasitater a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rocasionar infecção fetal atravésda passag<strong>em</strong> transplacentária,quando a mãe adquire a infecçãodurante a gestação ou, raramentequando mulheres cronicamenteinfectadas apresentam imunocomprometimentoimportante.A infecção congênita é raríssimae as conseqüências para o feto,caso seja infectado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m doestágio gestacional no qual a mãeadquiriu a infecção por este parasita.Como atualmente não exist<strong>em</strong>estudos que mostr<strong>em</strong> o benefíciodo tratamento materno para evitara transmissão vertical, a orientaçãoverbal ou por escrito <strong>de</strong> medidaspreventivas às gestantes, b<strong>em</strong> comoa realização do pré-natal, permitiriai<strong>de</strong>ntificar e diminuir os casos <strong>de</strong>infecção aguda <strong>em</strong> gestantes. Devidoa isto, ocorreria uma redução<strong>de</strong> casos <strong>de</strong> infecção congênita e osurgimento <strong>de</strong> seqüelas futuramente.A droga <strong>de</strong> uso preferencial nagestação é a espiromicina que nãoatravessa a barreira placentária enão oferece riscos iatrogênicos parao <strong>em</strong>brião (3, 5).Na França e na Áustria, b<strong>em</strong>como no Brasil, a prática <strong>de</strong> seleçãosorológica rotineira é obrigatóriapor lei e teve como conseqüênciauma redução acentuadana incidência <strong>de</strong> toxoplasmosecongênita nesses países (20).A sorologia para toxoplasmose<strong>em</strong> mulheres que não estão naida<strong>de</strong> fértil ou grávidas, e <strong>em</strong>86<strong>NewsLab</strong> - edição 80 - 2007


homens, é muito importante para diagnosticarcasos <strong>de</strong> toxoplasmose ocular ou casos <strong>de</strong> encefalitepor toxoplasmose (neurotoxoplasmose)<strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> imunossuprimidos, que quandodiagnosticados precoc<strong>em</strong>ente, evita-se maiorescomplicações (5, 21).ConclusãoFoi encontrada uma soropositivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 45,57%dos 305 <strong>pacientes</strong> <strong>atendidos</strong> pelo Laboratório OsvaldoCruz entre os anos <strong>de</strong> 2004 e 2005.Observou-se índice crescente <strong>de</strong> positivida<strong>de</strong>com o aumento da ida<strong>de</strong>, sendo a faixa etáriafértil dos 26 aos 36 anos a mais acometida.Nas gestantes este índice chegou a 28,1%,porém as <strong>de</strong>mais cuja sorologia <strong>de</strong>u negativapara anticorpos anti-toxoplasma, tornam-sesusceptíveis a esta infecção e, portanto, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>além <strong>de</strong> ter um acompanhamento sorológico,receber orientações sobre as medidas <strong>de</strong> profilaxiaque são necessárias para diminuir os riscos<strong>de</strong> contaminação por toxoplasmose.Esta incidência po<strong>de</strong> estar relacionada à localizaçãogeográfica, já que a infecção por Toxoplasmagondii t<strong>em</strong> uma maior prevalência <strong>em</strong> regiões <strong>de</strong>clima tropical ou subtropical, os quais favorec<strong>em</strong> asobrevivência dos oocistos no meio ambiente.Agra<strong>de</strong>cimentos:Ao Dr. Milton Piltz, Dra. Lisiane Piltz Burtet,Dr. Ezequiel Dalla Corte, responsáveis técnicosdo Laboratório Osvaldo Cruz, e a toda equipe <strong>de</strong>funcionários pela colaboração, apoio e <strong>de</strong>dicação<strong>de</strong>stinada ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho.Correspondência para:Prof. Tiago Bittencourt <strong>de</strong> OliveiraE-mail: tiagofarm@gmail.com<strong>NewsLab</strong> - edição 80 - 200787


Referências Bibliográficas1. Camargo ME, <strong>Toxoplasmose</strong>. In: Ferreira AW, Ávila SLM Diagnóstico laboratorial das principais doenças infecciosas e autoimunes.2° ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2001.2. Souza AES, Sousa DC, Gomez JG, Matos CS. Ocorrência <strong>de</strong> anticorpos antitoxoplasma <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> <strong>atendidos</strong> no LaboratórioCelso Matos- Santarém, PA. Revista Brasileira <strong>de</strong> Análises Clínicas, v. 34, n. 1, p. 51-52, Março, 2002.3. Kawazoe U. Toxoplasma gondii. In: Neves D, Melo AL, Genaro O, Linardi PM. Parasitologia Humana. 10° ed. São Paulo: EditoraAtheneu, 2004.4. Guimarães ACS, Coelho JR, Kawarabayashi M, Requejo HIZ, Raymundo ML. Detecção <strong>de</strong> anticorpos IgG <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> comdiferentes manifestações <strong>de</strong> toxoplasmose. Revista Laes & Haes, v. 5, n. 121, Out/Nov, 1999.5. Amendoeira MRR, Sobral CAQ, Teva A, De Lima JN, Klein CH. Inquérito sorológico para a infecção por Toxoplasma gondii <strong>em</strong>ameríndios isolados, Mato Grosso. Revista da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Medicina Tropical, v. 36, n. 6, p. 671-676, Nov/Dez, 2003.6. De Carli GA. Parasitologia Clínica: seleção <strong>de</strong> métodos e técnicas <strong>de</strong> laboratório para o diagnóstico das parasitoses humanas.São Paulo: Editora Atheneu, 2001.7. Petry LC, Tessaro MM, Gue<strong>de</strong>s CR, Reis MM. Análise dos resultados da sorologia para toxoplasmose <strong>em</strong> gestantes do HospitalMaterno – Infantil Presi<strong>de</strong>nte Vargas (HMIPV) <strong>em</strong> Porto Alegre, RS, utilizando a pesquisa <strong>de</strong> anticorpos específicos peloEnzime Linked Fluorescent Assay (ELFA), Sist<strong>em</strong>a Vidas®, BioMérieux. Revista News Lab, v. 42, 1997.8. Szpeiter N. Consi<strong>de</strong>rações sobre o Diagnóstico Laboratorial da <strong>Toxoplasmose</strong>. Revista Laes & Haes, v. 4, n. 126, Ago/Set., 2000.9. Jacquier P, Zufferey J, Wun<strong>de</strong>rli W. Biological diagnosis of toxoplasmosis in the course of pregnancy: methods, interpretationsand practical recommendations. Schweiz. Med. Wochenschr. Suppl. 65. p. 39-51, 1995.10. Cantos GA, Prando MD, Siqueira MV, Teixeira RM. <strong>Toxoplasmose</strong>: ocorrência <strong>de</strong> anticorpos anti- Toxoplasma gondii e diagnóstico.Revista da Associação <strong>de</strong> Medicina do Brasil, v. 46, n. 4, p. 335-341, 2000.11. Jenum PA, Kapperud G, Stray-Pe<strong>de</strong>rsen B, Melby KK, Eskild A, Eng J. Prevalence of Toxoplasma gondii specif imunoglobulinG antibodies among pregnant women in Norway. J Clin Microbiol, v. 36, n. 10, p. 1800-2906, Oct, 1998.12. Peterson K, Stray-Pe<strong>de</strong>rsen B, Malm G, Forgsgren M, Evengard B. Seroprevalence of Toxoplasma gondii among pregnantwomen in Swe<strong>de</strong>n. Acta Obstet Gynecol Scand, v. 79, n. 10, p. 824-829, Oct, 2000.13. Gilbert RE, Cubitt WD, A<strong>de</strong>s AE, Masters J, Peckham CS. Prevalence of toxoplasma IgG among pregnant women in WestLondon according to country of birth and ethnic group. BMJ, v. 306, p. 185, 1993.14. Lappalainen M, Sintonen H, Koskini<strong>em</strong>i M, Hedman K, Hilesma V, Amala P, et al. Cost benefit analysis of screening fortoxoplasmosis during pregnancy. J Infect Dis, v. 27, n. 3, p. 265-272, 1995.15. Nóbrega MC, Magalháes V, Alburquerque Y, Magalháes C, Arcover<strong>de</strong> C, Castro C. <strong>Toxoplasmose</strong> <strong>em</strong> gestantes e seus recém-nascidos,<strong>atendidos</strong> no Hospital das Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco. Revista Brasileira <strong>de</strong> Medicina, v. 56, p. 23-29, 1999.16. Moreira LMO. Sorologia para toxoplasmose <strong>em</strong> uma população <strong>de</strong> gestantes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador [dissertação]. Salvador(BA): Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia.17. Meirelles J. <strong>Toxoplasmose</strong> e gravi<strong>de</strong>z: inquérito sorológico <strong>em</strong> gestantes e seus recém- nascidos na Maternida<strong>de</strong>- Escolada Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Jornal Brasileiro <strong>de</strong> Ginecologia, v. 95, p. 393-401, 1985.18.Vaz AG, Guerra EM, Ferratto LCC, Toledo LAS, Azevedo Neto RS. Sorologia positiva para sífilis, toxoplasmose e doença <strong>de</strong> Chagas <strong>em</strong>gestantes <strong>de</strong> primeira consulta <strong>em</strong> centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da área metropolitana, Brasil.Revista <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, v. 24, p. 373-379, 1990.19. Detanico L, Basso RMC. <strong>Toxoplasmose</strong>: perfil sorológico <strong>de</strong> mulheres <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> fértil e gestantes. Revista Brasileira <strong>de</strong>Análises Clínicas, v. 38, n. 1, p. 15-18, 2006.20. Reiche EMV, Morimoto HK, Farias GN, Hisatsugu KR, Geller L, Gomes ACLF, Inoue HY, Rodrigues G, Matsuo T. Prevalência <strong>de</strong> tripanossomíaseamericana, sífilis, toxoplasmose, rubéola, hepatite B, hepatite C e da infecção pelo vírus da imuno<strong>de</strong>ficiência humana, avaliada porintermédio <strong>de</strong> testes sorológicos, <strong>em</strong> gestantes atendidas no período <strong>de</strong> 1996 a 1998 no Hospital Universitário Regional Norte do Paraná(Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londrina, Paraná, Brasil). Revista da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Medicina Tropical, v. 33, p. 519-527, 2000.21. Laison R, Leão RNQ, Crescente JAB. <strong>Toxoplasmose</strong>. In: Leão RNQ. Doenças infecciosas e parasitárias. Enfoque amazônico.Belém: Cejup, p. 671-683, 1997.88<strong>NewsLab</strong> - edição 80 - 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!