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Degravação na íntegra das falas da Audiência Pública em Marabá

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Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Bom dia a todos. Vamoscomeçar...Bom dia a todos. O meu nome é A<strong>na</strong> Fleck, sou Presidente doConselho Curador <strong>da</strong> Empresa Brasil de Comunicação. Tenho o prazer deabrir essa audiência pública, com o t<strong>em</strong>a – para não errar – “A RádioNacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia e a Comunicação Pública <strong>na</strong> Região Norte”.Eu gostaria de agradecer a todos a presença. Ao pessoal <strong>da</strong>... AoBráulio, <strong>na</strong>turalmente, gerente <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia; aopessoal do Conselho. Agora, eu vi a Cleide, ali. Tudo b<strong>em</strong>, Cleide?É um prazer para... Eu sei que eu falo <strong>em</strong> nome dos meus colegasconselheiros, o Paulo Derengoski, a Ima Vieira, o Guilherme Strozi, queestão, aqui, para ouvir a população do Pará a respeito <strong>da</strong> comunicaçãopública, suas expectativas.Eu costumo dizer que o Conselho Curador, dos cinco sentidos, eleusa, principalmente, a audição. Ouvir as reali<strong>da</strong>des locais, regio<strong>na</strong>is, achoque... Tenho a convicção de que o erro mais grave que a EBC podecometer é veicular uma programação descola<strong>da</strong> e desloca<strong>da</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong>reali<strong>da</strong>des locais e regio<strong>na</strong>is. Por isso, eu vou passar, imediatamente, aosnossos trabalhos.Vou agradecer e chamar para a Mesa o secretário de Cultura deMarabá, o Melquíades Justiniano Silva; a Prof. Adelaide Oliveira,representante <strong>da</strong> Funtelpa; diretor-presidente <strong>da</strong> EBC, jor<strong>na</strong>lista NelsonBreve; o Bráulio Ribeiro, representando a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia; ea minha amiga Regi<strong>na</strong> Lima, ouvidora <strong>da</strong> EBC.Eu gostaria... Infelizmente, a Mesa não é grande o suficiente parachamar a todos. Estão me ouvindo? Eu gostaria de mencio<strong>na</strong>r a presençados professores Hildete dos Anjos e Fer<strong>na</strong>ndo Michelotti, <strong>da</strong> Coorde<strong>na</strong>çãodo Campus <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal do Pará, <strong>em</strong> Marabá; representantes<strong><strong>da</strong>s</strong> instituições e enti<strong>da</strong>des dos movimentos sociais liga<strong><strong>da</strong>s</strong> ao t<strong>em</strong>a.Gostaria de agradecer a contribuição <strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>na</strong> articulação e mobilizaçãopara a audiência pública, por parte <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil local; às rádioscomunitárias, especialmente, a Berokan, além dos comunicadores <strong>da</strong> Bande SBT locais, pela cobertura <strong>da</strong><strong>da</strong> à ativi<strong>da</strong>de. E eu gostaria só d<strong>em</strong>encio<strong>na</strong>r que... E agradecer ao Coronel Lorado(F) [07:14], do Corpo deBombeiros, que gentilmente nos transportou até aqui. Uma gentileza quea gente fica comovi<strong>da</strong>, até.Eu gostaria só de ressaltar que essa é a segun<strong>da</strong> audiência públicafora de Brasília. Por sugestão <strong>da</strong> Ouvidoria <strong>da</strong> EBC, mais especificamente<strong>na</strong> pessoa <strong>da</strong> professora Regi<strong>na</strong> Lima, sugeriu que o Conselho realizasseaudiências públicas fora, <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> região do país. Essa é a segun<strong>da</strong>. Aprimeira audiência pública foi realiza<strong>da</strong> <strong>em</strong> Recife, o mês passado, e apróxima será <strong>em</strong> Porto Alegre, <strong>na</strong> Região Sul. É uma forma do Conselhotambém se deslocar e conhecer a reali<strong>da</strong>de de todo o país, a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>comunicação pública.SA/ehc 1


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Nós ter<strong>em</strong>os... Eu gostaria...SR. EDUARDO CASTRO: Alô. Sra. Presidente, imagino que oprobl<strong>em</strong>a seja, s<strong>em</strong> dizer que isso é pessoal, mas com o seu microfone.S<strong>em</strong>, <strong>em</strong> nenhum instante, insinuar que é um probl<strong>em</strong>a dele com asenhora, mas é... Acho que, talvez, tentar um microfone ao lado. Então...[pronunciamentos fora do microfone]SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Antes de <strong>da</strong>r, passar a palavrapara os nossos companheiros de Mesa, para breves, brevíssimasintervenções e palavras, eu gostaria de convi<strong>da</strong>r a Beth Begonha,apresentadora do Programa Amazônia Brasileira, para fazer o papel deMestre de Cerimônias para nós, tá, Beth?Eu vou passar a palavra para os componentes <strong>da</strong> Mesa, parafazer<strong>em</strong> algumas palavras iniciais e, depois, a gente passa diretamenteaos... Aí, você chamaria. Isso, primeiro. E, depois, você chama osinscritos, para fazer<strong>em</strong> intervenções, tá?Bráulio, vamos por partes, não é? Você, como representante <strong>da</strong>Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, eu gostaria que você fizesse as suasconsiderações iniciais.SR. BRÁULIO RIBEIRO: Bom dia, presidenta. Definitivamente, nãoé pessoal. Bom, bom dia a to<strong><strong>da</strong>s</strong> e todos. Bom dia, presidenta A<strong>na</strong> Fleck.Bom dia, diretor-presidente Nelson Breve, a qu<strong>em</strong> eu... Por meio de qu<strong>em</strong>eu cumprimento to<strong>da</strong> a Mesa e, também, aos que estão, aqui, presentes,hoje. Agradecer muito a presença do pessoal que veio aí, participar dessaaudiência pública.Eu vou falar, especificamente, aqui, <strong><strong>da</strong>s</strong> rádios <strong>da</strong> Amazônia, porqueeu imagino que os outros m<strong>em</strong>bros, aqui, <strong>da</strong> Mesa vão poder discorrer umpouco mais sobre a <strong>em</strong>presa, como um todo, e sobre esse espaço, aqui,dessa audiência pública.Eu sou gerente <strong><strong>da</strong>s</strong> rádios que atuam <strong>na</strong> Região Amazônica, dentro<strong>da</strong> EBC. A EBC t<strong>em</strong> vários veículos de comunicação, várias <strong>em</strong>issoras derádio, de televisão, agências de internet. E três dessas <strong>em</strong>issoras de rádioatuam, especificamente, aqui, <strong>na</strong> Região Amazônica – é a Rádio Nacio<strong>na</strong>ldo Alto Solimões, que fica <strong>na</strong> Ci<strong>da</strong>de de Tabatinga, <strong>na</strong> fronteira do Brasilcom a Colômbia e o Peru, são duas <strong>em</strong>issoras localiza<strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>na</strong>quela ci<strong>da</strong>de,uma AM e uma FM; e a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, que, agora, no dia 1ºde set<strong>em</strong>bro que acabou de passar, completou 35 anos de operação –,volta<strong><strong>da</strong>s</strong>, especificamente, para a região <strong>da</strong> Amazônia. É uma <strong>em</strong>issoraque opera <strong>em</strong> on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas, que é um tipo de transmissão, acho que amaioria <strong><strong>da</strong>s</strong> pessoas, aqui, conhece, mais ou menos, como é que funcio<strong>na</strong>uma transmissão <strong>em</strong> on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas. Ela vai muito longe, são... Cobregrandes áreas e grandes distâncias, com uma quali<strong>da</strong>de de áudio nãomuito boa, mas dá para ouvir, ter, mais ou menos, a quali<strong>da</strong>de de umaAM, só que com uma área de abrangência de alcance muito grande.SA/ehc 2


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012A Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, ela opera <strong>em</strong> duas frequências deon<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas, são dois transmissores, portanto, uma <strong>em</strong> 49 e o outro <strong>em</strong>25 metros, e esses transmissores, eles estão operando há 35 anos; foramos mesmos transmissores que i<strong>na</strong>uguraram a rádio, <strong>em</strong> 1977. A gerência<strong>da</strong> Amazônia, obviamente, junto com o superintendente de rádios <strong>da</strong> EBC,Orlando Guilhon, e to<strong>da</strong> a equipe <strong>da</strong> EBC... Estamos num trabalho, numprocesso de fortalecer a comunicação pública que a gente faz, aqui, <strong>na</strong>Região Amazônica a partir de algumas iniciativas, não é?A primeira delas é a troca desses transmissores <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l<strong>da</strong> Amazônia. Como eu falei, t<strong>em</strong> 35 anos operando, são transmissoresantigos, e a manutenção desses transmissores operando não é uma tarefafácil. E a gente, agora, está tentando buscar as condições para trocaresses transmissores, inclusive, preparando a <strong>em</strong>issora para o cenário <strong>da</strong>digitalização do rádio. Só que não é uma tarefa muito tranquila, muitofácil, porque o custo de um transmissor de on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas é muito alto, <strong>em</strong>torno de R$ 10 milhões ca<strong>da</strong> um dos transmissores. Então, essa é uma<strong><strong>da</strong>s</strong> tarefas... as quais a gente está se debruçando, para tentar fortaleceresse projeto de comunicação, aqui, <strong>na</strong> Amazônia.Outra coisa que a gente também está trabalhando, nesse mesmosentido, é a formação de uma Rede Pública de Rádios, <strong>na</strong> Amazônia.Agora, <strong>na</strong> segun<strong>da</strong>-feira que v<strong>em</strong>, segun<strong>da</strong> e terça-feira próximas, lá <strong>em</strong>Brasília, nós vamos ter a primeira reunião oficial dessa Rede Pública deRádios <strong>da</strong> Amazônia, que já <strong>na</strong>sce contando com a participação de seisestados, mais a EBC. Então, a gente t<strong>em</strong> a participação do Pará, por meio<strong>da</strong> Funtelpa; do Amazo<strong>na</strong>s, por meio do Funtec; do Amapá, por meio <strong>da</strong>Rádio Difusora do Amapá; de Roraima; a participação do Tocantins e doAcre; além <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>em</strong>issoras <strong>da</strong> EBC. Então, já é uma reali<strong>da</strong>de essa Rede deRádios Públicas <strong>da</strong> Amazônia, que é um espaço básico,fun<strong>da</strong>mentalmente, para trocar conteúdos, trocar experiências e fortaleceresse trabalho de radiodifusão pública, que é feito <strong>na</strong> região amazônica.E a outra... O outro movimento que a gente v<strong>em</strong> fazendo parafortalecer essa comunicação, aqui, é aproximar, ou melhor, reaproximar aRádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia <strong>da</strong> Região Amazônica. Essa audiência públicaé um primeiro passo que a gente dá <strong>da</strong>ndo, nesse sentido, de trazer aEmpresa Brasil de Comunicação para onde estão alguns dos ouvintes,uma parte dos ouvintes <strong>da</strong> Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, no caso, aqui, <strong>em</strong>Marabá... A gente, enfim... O Pará é disparado o estado que t<strong>em</strong> o maiornúmero de ouvintes <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia. Depois, aí, talvez,venha Maranhão, Tocantins, mas o Pará é, de fato, onde a gente t<strong>em</strong> amaior audiência <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, hoje. Então, essaaudiência pública v<strong>em</strong> nesse espírito de aproximar a <strong>em</strong>issora do seupúblico e <strong>da</strong> região.Então, eu acho que <strong>da</strong> gerência <strong>da</strong> Amazônia, do panoramaespecífico aí, do trabalho nosso, de rádios, aqui, <strong>na</strong> Amazônia, é isso. Euvou passar a palavra para o restante dos m<strong>em</strong>bros <strong>da</strong> Mesa. Presidente.SA/ehc 3


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Eu gostaria de passar a palavrapara a Adelaide Oliveira, presidente <strong>da</strong> Funtelpa.SRA. ADELAIDE OLIVEIRA: Obriga<strong>da</strong>. B<strong>em</strong>, bom dia.Primeiramente, agradecer ao Conselho Curador <strong>da</strong> EBC pelo convite; àFuntelpa, para a gente falar sobre comunicação – e o Bráulio já adiantouum pouquinho. Fazer comunicação <strong>na</strong> Amazônia é um desafio grande.Fazer comunicação pública é um desafio ain<strong>da</strong> maior. O nosso estado éum estado gigante, com outros tantos desafios. Então, assim, a Funtelpa,a Rede Cultura de Comunicação t<strong>em</strong> que estar, aqui, ouvindo vocês, paraque a partir <strong>da</strong>í a gente possa construir junto. E estar mais perto, não é?Que eu sei, também, que é uma d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>, dessa região e superpertinentee que, <strong>em</strong> momento algum, nós estamos fechados a esse diálogo.E, hoje , como a própria presidente do Conselho disse, acho que éouvir e, a partir <strong>da</strong>í, saber como a gente pode construir esse desafio, queé diário <strong>na</strong>s re<strong>da</strong>ções, mas que exist<strong>em</strong> desafios de orçamento, como b<strong>em</strong>o Bráulio l<strong>em</strong>brou, não é? Um transmissor que pode chegar até dezmilhões não é fácil. Comprar, licitar, orçar, você ter todo esse material.Então, assim, a disposição para perguntas, para uma possívelintervenção, também, durante, mas, principalmente, para ouvir vocês,ouvir a região. O Bráulio acabou de me trazer uma informação que eudesconhecia, que o Pará t<strong>em</strong> o maior número de ouvintes <strong>da</strong> RádioNacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia. Que bom. Isso prova que nós s<strong>em</strong>pre tiv<strong>em</strong>os... Oveículo rádio, que é aquele veículo que ain<strong>da</strong> nos encanta, não é?O rádio é o veículo que... Veio a televisão, veio a internet, redessociais, mas é o veículo que ele é incansável, ele consegue, a ca<strong>da</strong> cinco,dez anos, ain<strong>da</strong>, de fato, ser cont<strong>em</strong>porâneo, ele consegue se a<strong>da</strong>ptar.Enquanto outros veículos não consegu<strong>em</strong>, <strong>na</strong> mesma veloci<strong>da</strong>de, o rádio,sim, consegue. E eu acho <strong>na</strong> nossa região é um grande veículo. Então,assim, é um prazer estar aqui. Muito obriga<strong>da</strong> pela oportuni<strong>da</strong>de, e aideia, também, é contribuir. Obriga<strong>da</strong>.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>. Professora Regi<strong>na</strong>Lima, ouvidora-geral <strong>da</strong> EBC.SRA. REGINA LIMA: Bom dia. Claro, agradecer à A<strong>na</strong> Fleck,presidente do Conselho Curador, e a disposição, que eu acho que é umadisposição mesmo se deslocar do seu lócus, onde você habita, onde vocêtrabalha, para ouvir. Eu acho que t<strong>em</strong> que ser ressaltado, não é? E aaudiência pública, como um instrumento legítimo, onde os ci<strong>da</strong>dãospod<strong>em</strong> participar e se manifestar a respeito <strong>da</strong>quilo, no caso <strong>da</strong> EBC,Empresa Brasil de Comunicação, sobre aquilo que ela está produzindo eveiculando, a gente t<strong>em</strong> que ressaltar essa iniciativa, viu, A<strong>na</strong>, e viu,Nelson Breve, presidente <strong>da</strong> EBC? Que eu acho que audiências públicasnós t<strong>em</strong>os <strong>em</strong> diferentes órgãos federais, mas <strong>na</strong> área de comunicação éuma iniciativa louvável. T<strong>em</strong> que ser louva<strong>da</strong>, porque é uma iniciativainédita.SA/ehc 4


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012E <strong>em</strong> se tratando... Eu acho que a própria Adelaide falou, fazercomunicação, independent<strong>em</strong>ente de pública ou não, como seja anomenclatura, num estado – como ela b<strong>em</strong> disse – gigantesco, não é umatarefa fácil, não é? Porque o Estado do Pará, ele não é só um estadogrande, ele é um estado com probl<strong>em</strong>a sério de logística. Então, paraca<strong>da</strong>... Para você se deslocar, então, trazer... Quando a gente propõetrazer, é se deslocar e se dispor. Eu, às vezes, brinco, eu digo: é muitocômodo, para a gente, estar numa sala fecha<strong>da</strong>, esperando que aspessoas se manifest<strong>em</strong> a respeito <strong>da</strong>quilo que produzimos. Mas provocar,presencialmente, esse ci<strong>da</strong>dão e a socie<strong>da</strong>de a se manifestar, eu acho queé uma tarefa... Claro, t<strong>em</strong> o papel <strong>da</strong> Presidência, t<strong>em</strong> o papel doConselho Curador, t<strong>em</strong> o papel <strong>da</strong> própria Ouvidoria.Então, eu acho, como os que já falaram, antes, claro que a genteestá muito mais para ouvir, e é possível até que n<strong>em</strong> tenhamos condiçõesde <strong>da</strong>r respostas, de imediato, mas uma coisa é certa: acredito que, aoreceber essas d<strong>em</strong>an<strong><strong>da</strong>s</strong> vin<strong><strong>da</strong>s</strong> de vocês, a <strong>em</strong>presa, o Conselho Curadorvai avaliar, com a maior serie<strong>da</strong>de, e quais as possibili<strong>da</strong>des que nóspoder<strong>em</strong>os, possivelmente não resolver to<strong><strong>da</strong>s</strong>, mas, pelo menos, começara caminhar nesse sentido. E eu acho que é essa a disposição <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa,no seu conjunto, nessa tentativa de olhar...Eu estava... Tive acesso a uma pesquisa que diz, por ex<strong>em</strong>plo, queaqui, <strong>na</strong> Região Norte, que isso todo mundo sabe, o rádio, ele é o principalinstrumento estratégico de integração. Qu<strong>em</strong> trabalha <strong>na</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l<strong>da</strong> Amazônia sabe disso, que a rádio, ela não v<strong>em</strong> só para prestarinformação, ela serve de um ca<strong>na</strong>l público importantíssimo, de diálogoentre os moradores dessa região e dos estados que a compõ<strong>em</strong>. Então,além de um instrumento estratégico... E essa pesquisa feita, pesquisa <strong>da</strong>equipe Rádio 2, que diz que, no Estado do Pará, nós t<strong>em</strong>os 192 duas<strong>em</strong>issoras, e t<strong>em</strong>os 2 milhões e 50 mil aparelhos ligados, ou seja, 78,6%dos domicílios. O que significa isso? É por isso que o Bráulio falou, a RádioNacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, ela é, para o Estado do Pará, um dos principaisinstrumentos de comunicação e de integração desse estado, entendeu?E não adianta, para qu<strong>em</strong> conhece um pouco, minimamente, oEstado do Pará sabe que t<strong>em</strong> locali<strong>da</strong>de, nesse estado, que o único veículoque chega é o rádio, não há n<strong>em</strong> televisão. Às vezes, eles têm muito maisinformação <strong>em</strong> nível <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l do que informações locais. Então, eu achoque é, nesse sentido, que eu queria dizer: reforço o que os outros jáfalaram, estamos, aqui, para ouvir e, <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> do possível, vamos <strong>da</strong>ralgumas informações, mas, possivelmente, não ter<strong>em</strong>os condições n<strong>em</strong>de <strong>da</strong>r soluções. As soluções, elas vão precisar ser trabalha<strong><strong>da</strong>s</strong>... Ouvi<strong><strong>da</strong>s</strong>,trabalha<strong><strong>da</strong>s</strong> para que a gente possa chegar a isso.Então, eu acho que só queria deixar claro que essa, ela éimportante, principalmente, nessa área de comunicação, que ain<strong>da</strong>...Ain<strong>da</strong>, hoje, não é percebi<strong>da</strong> como uma grande política pública, que t<strong>em</strong>que ser a comunicação, como as d<strong>em</strong>ais áreas. Então, também me colocoSA/ehc 5


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012à disposição, <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> do possível, se puder responder ou até <strong>da</strong>rexplicações, me coloco à disposição de vocês. Obriga<strong>da</strong>.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>, Regi<strong>na</strong>. Eu passo apalavra para o secretário Municipal de Cultura, o Melquíades Justiniano <strong>da</strong>Silva. E eu aproveito para agradecer, porque os meus companheiros deConselho que vieram preparar essa audiência me falaram muito b<strong>em</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong>ua disponibili<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> sua aju<strong>da</strong> para que esse evento acontecesse.Muito obriga<strong>da</strong>, de ant<strong>em</strong>ão.SR. MELQUÍADES JUSTINIANO DA SILVA: Gostaria decumprimentar e abraçar, de forma frater<strong>na</strong>l, a A<strong>na</strong> Luiza, que é presidentedo Conselho Curador, e que nós receb<strong>em</strong>os, nessa ci<strong>da</strong>de, com muitaalegria. De igual forma, também cumprimentar o Nelson Breve, que é opresidente <strong>da</strong> EBC. E também cumprimentar, de forma frater<strong>na</strong>l, a nossaqueridíssima Adelaide Oliveira, e a Regi<strong>na</strong> Lima, e o Bráulio – que está ali,tranquilo e sereno, e um grande colaborador deste momento. E, enfim,cumprimentar a todos os d<strong>em</strong>ais presentes a esta audiência pública.Que as nossas primeiras palavras sejam de agradecimento.Agradecer a todos aqueles que, ver<strong>da</strong>deiramente, deferiu a sede deMarabá para sediar este evento de tamanha importância para esta ci<strong>da</strong>de,para esta região e para todo o Pará. Nós estamos vivenciando, nest<strong>em</strong>omento, aqui, <strong>em</strong> Marabá, e, para melhor dizer, i<strong>na</strong>ugurando ummomento que ain<strong>da</strong> não tiv<strong>em</strong>os a sorte de registrar, <strong>na</strong> nossa história.Nunca nós tiv<strong>em</strong>os a oportuni<strong>da</strong>de, enquanto marabaenses, de reunirpessoas tão importantes no mundo <strong>da</strong> comunicação social e pública comonós estamos assistindo, nesse momento, vivenciando nesse momento.E, s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong> nenhuma, a comunicação pública, ela é um b<strong>em</strong>social i<strong>na</strong>lienável e faz b<strong>em</strong> para a construção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia do nossopovo. Portanto, eu quero, enquanto Secretaria Municipal de Cultura,enquanto Prefeitura Municipal de Marabá, neste momento, expressar osnossos reconhecimentos de gratidão por este momento tão rico que nósestamos vivenciando, neste momento. Quero dizer, também, que a falaaqui, apesar de EBC reunir uma rede de comunicação, mas a nossa fala,aqui, é a Amazônia. A nossa <strong>da</strong>nça é carimbó. O nosso tom maior, <strong>na</strong>nossa gastronomia, é o nosso pato no tucupi. E é por aí que a gente vaicomeçar a conversar, neste momento.E aí, eu não tenho dúvi<strong><strong>da</strong>s</strong>, A<strong>na</strong>, <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de de todos nós e <strong>da</strong>importância que t<strong>em</strong> esta ação para nós, nesse momento. E o acertomaior está, exatamente, <strong>em</strong> poder ouvir aqueles que são ouvintes <strong>da</strong><strong>em</strong>issora para dizer assim: “Eu também sei contar um pouco <strong>da</strong> históriadesta <strong>em</strong>issora, <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> canto <strong>da</strong> Amazônia e <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> entranha <strong>da</strong>nossa floresta”. E aqui t<strong>em</strong>, sim, qu<strong>em</strong> sabe contar. Qu<strong>em</strong> sabe contar,assim, <strong>da</strong> Tia Leninha, qu<strong>em</strong> sabe contar do Adelson Moura, qu<strong>em</strong> sabecontar <strong>da</strong>quela moça que, bravamente, foi para a Serra Pela<strong>da</strong>, a MárciaFerreira, e <strong>da</strong> Begonha que está aqui, conosco, não é?SA/ehc 6


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Então, eu quero dizer muito obrigado para todos vocês e deixar,aqui, também, uma reivindicação. Duas. Uma, EBC com Rádio Nacio<strong>na</strong>l,que ver<strong>da</strong>deiramente venha nos prestigiar, no período de 19 a 21, ondeacontece a segun<strong>da</strong> maior manifestação religiosa do Estado do Pará, que éo nosso círio. E é uma oportuni<strong>da</strong>de, também, para a gente estar, assim,mostrando a importância <strong>da</strong> comunicação nesta relação.Qu<strong>em</strong> sabe, A<strong>na</strong>, a Rádio Nacio<strong>na</strong>l está presente e fazendo flashes,ao vivo, do nosso círio, para to<strong>da</strong> a Amazônia, para parte do Brasil e,qu<strong>em</strong> sabe, parte do mundo? É importante, também, Adelaide, que aFuntelpa esteja conosco – eu espero –, também <strong>da</strong>ndo a sua contribuição.Eu sei que você é uma moça dinâmica, inteligente, competente e quetrabalha legal. E eu espero contar com a presidência <strong>da</strong> Funtelpa, aqui,conosco no Círio de Marabá. É um dos maiores eventos dessa ci<strong>da</strong>de, nocunho religioso, e nós quer<strong>em</strong>os fazer uma programação bastante alegree diferente, nessa 32ª edição do Círio Marabaense.Me coloco à inteira disposição de todos os senhores, para a conversacontinuar mais <strong>na</strong> frente. Muito obrigado a todos.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>, Melquíades, pelasgentis palavras. E dizer que, pessoalmente, eu, como gaúcha, fico...Quero conhecer a reali<strong>da</strong>de local, o pato no tucupi. O que mais que vocêfalou? O açaí, a floresta. O carimbó, exatamente. Muito obriga<strong>da</strong>,Melquíades, pelas palavras.Por último, como uma home<strong>na</strong>g<strong>em</strong>, meu amigo, meu parceiroNelson Breve.SR. NELSON BREVE: Dexa eu ver. Acho que está legal. Bom dia ato<strong><strong>da</strong>s</strong> e todos. Tudo b<strong>em</strong>? Eu queria agradecer, aqui, a A<strong>na</strong> Fleck,presidindo, parceira; também o Melquíades, que eu já considero umparceiro, pela forma como acolheu to<strong>da</strong> a nossa equipe. E eu tambémsaúdo to<strong>da</strong> a administração, aqui, <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de de Marabá. E a nossaparceira Adelaide, também, que sucedeu Regi<strong>na</strong>, outra parceira, também,<strong>da</strong> gestão anterior. E que a gente segue tentando fazer o melhor pelacomunicação pública, aqui, no Pará, e, também, no Brasil. Também aoBráulio, que está aqui, <strong>na</strong> Mesa, queria... Para a Regi<strong>na</strong>. Queria sau<strong>da</strong>r,também, os conselheiros Paula, Irma, Guilherme, também ao Eduardo,diretor-geral <strong>da</strong> EBC, aqui, presente.Dizer que eu... A s<strong>em</strong>a<strong>na</strong> passa<strong>da</strong>, nós com<strong>em</strong>oramos os 90 anos<strong>da</strong> primeira transmissão oficial de radiodifusão no Brasil. E essa primeiratransmissão, ela, <strong>na</strong> cabeça de um antropólogo chamado Edgar RoquettePinto, ela fez uma revolução, porque ele tinha participado <strong>da</strong> expedição doMarechal Rondon, <strong>na</strong> Amazônia. E ele que... Ele não foi no Pará, foi <strong>em</strong>Rondônia, ele é que deu o nome Rondônia, ou seja, àquela expedição, eleescreveu o livro Rondônia, contando dos sertanejos, dos indíge<strong>na</strong>s queeles encontraram. Até o cavalo que ele montava foi morto por índios, elestiveram que sair corridos, <strong>na</strong>quela época. E ele, quando viu aquele meioSA/ehc 7


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012de comunicação que era o rádio, on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas, só conseguia transmitir doCorcovado até a Praia Vermelha, ali, próximo a onde é, hoje, o aterro doFlamengo, é a subi<strong>da</strong> do Pão-de-Açúcar, ele imaginou: “Está aqui umgrande meio para educar o nosso povo”.E o rádio é o meio de comunicação que chega onde nenhum outroconsegue, por causa <strong><strong>da</strong>s</strong> on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas, que vão lá, <strong>na</strong> ionosfera, e voltampara a terra, para que os radinhos possam captar, com um si<strong>na</strong>l, talvez,não tão bom quanto é o de uma FM, mas prover o ci<strong>da</strong>dão, onde quer queele esteja, do direito sagrado ao direito de saber.E a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, ela, além de prover aos ci<strong>da</strong>dãos<strong>da</strong> Amazônia que não têm acesso a nenhum outro meio de comunicação,além dela, prover o direito de saber, o direito de ter informações para quepossam usá-las para o exercício <strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Ela também provê osci<strong>da</strong>dãos <strong>da</strong> Amazônia com outro direito sagrado, que é o direito de dizer.Mais de duas mil cartas por mês, que chegam de ribeirinhos, de pessoas<strong>em</strong> aldeias distantes, que se comunicam com parentes, às vezes, estãodistantes há dias e dias, <strong>na</strong>vegando por rios. Então, eu quero dizer que éuma honra estar aqui, às margens do Rio Tocantins, <strong>em</strong> Marabá, para agente fazer essa audiência pública, ouvir e dialogar com os ci<strong>da</strong>dãos, aqui,<strong>da</strong> Amazônia, aqui, do Pará, aqui, de Marabá.Eu queria dizer que nós, recent<strong>em</strong>ente, aprovamos, no nossoConselho de Administração, um planejamento estratégico para ospróximos dez anos, não é? Daqui dez anos, serão c<strong>em</strong> anos <strong>da</strong> primeiratransmissão de radiodifusão. E que estabelece como missão, para a nossa<strong>em</strong>presa, criar e difundir conteúdos que contribuam para a formaçãocrítica <strong><strong>da</strong>s</strong> pessoas. É isso que a gente faz, é para isso que a gentetrabalha todos os dias, para que ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dão brasileiro esteja maisinformado e possa tomar as suas decisões e exercer a sua ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>da</strong>melhor forma possível.Estabelec<strong>em</strong>os como visão ser referência <strong>em</strong> comunicação pública.Estabelec<strong>em</strong>os como valores para ser<strong>em</strong> incorporados <strong>em</strong> todos os nossosdias, <strong>em</strong> to<strong><strong>da</strong>s</strong> as nossas horas de trabalho, <strong>em</strong> todos os nossospensamentos, que t<strong>em</strong>os compromisso com a comunicação pública,praticamos a independência nos conteúdos, a ética, a transparência e agestão participativa, defend<strong>em</strong>os os direitos humanos, a liber<strong>da</strong>de deexpressão e o exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, valorizamos as pessoas e adiversi<strong>da</strong>de cultural e regio<strong>na</strong>l brasileiras. Cultivamos a criativi<strong>da</strong>de, ainovação e a sustentabili<strong>da</strong>de. São valores que dialogam muito com asocie<strong>da</strong>de amazonense, com o amazôni<strong>da</strong>.E nós estamos, aqui, para ouvi-los. E eu encerro por aqui, paradeixar a oportuni<strong>da</strong>de para que todos fal<strong>em</strong> e a gente possa, <strong>na</strong> medi<strong>da</strong>do possível, dialogar para vocês. Obrigado.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>, Nelson. Vamos passar,de imediato, então, para a parte três <strong>da</strong> nossa audiência pública, queSA/ehc 8


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012seria... Eu peço para a Beth, então, para ela começar, iniciar, a chamar osinscritos. Nós tiv<strong>em</strong>os inscrições pela internet e, presencialmente, agora...Não, por ocasião <strong>da</strong> audiência.Nós vamos chamar juntos, primeiro, as pessoas e enti<strong>da</strong>des que seinscreveram previamente. E, <strong>em</strong> segui<strong>da</strong>, as que se inscreveram hoje,aqui, <strong>na</strong> entra<strong>da</strong>.SRA. BETH BEGONHA: Exatamente.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Você que coman<strong>da</strong>, agora, tá,Beth?SRA. BETH BEGONHA: Obriga<strong>da</strong>, A<strong>na</strong>. Bom dia. Eu queroagradecer a presença de todos, agradecer muitíssimo o convite doConselho Curador, de me trazer, aqui, quase como uma representante...São os encantos <strong>da</strong> Amazônia, a Amazônia t<strong>em</strong> umas coisas misteriosas.A<strong>na</strong>?SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Não é pessoal, também, não é,SRA. BETH BEGONHA: Não, não é pessoal, absolutamente. Émuita energia. Então, eu quero agradecer muitíssimo, tomar a liber<strong>da</strong>dede tirar alguns segundos, para agradecer, também, <strong>em</strong> nome dessapopulação <strong>da</strong> Amazônia, a qu<strong>em</strong> a gente atende cotidia<strong>na</strong>mente, por essaatenção especial com a nossa região, inclusive, cumprindo, buscandocumprir o artigo <strong>da</strong> Constituição que trabalha pelo fim <strong><strong>da</strong>s</strong> desigual<strong>da</strong>desregio<strong>na</strong>is. E eu moro <strong>em</strong> Brasília, mas o meu corpo e a minha menteestão, todo o t<strong>em</strong>po, voltados para essa região, e é de grande importânciaessa audiência. Muito obriga<strong>da</strong>.Eu queria avisar a todos, inclusive, àqueles que vão falar, que aspessoas pod<strong>em</strong> acompanhar a fala de vocês, estamos transmitindo pelainternet. O endereço é www.conselhocurador.ebc.com.br.Como disse a nossa conselheira, nós tiv<strong>em</strong>os inscrições pelainternet, e esses serão, primeiro, chamados a se manifestar.Gostaria de saber se t<strong>em</strong>os a presença do Genival Crescêncio deSouza. O Genival não veio. O José Hiroshi está presente? O Airton dosReis Pereira está, não é? Professor, nos conhec<strong>em</strong>os ont<strong>em</strong>. TambémJo<strong>na</strong>s Carneiro de Freitas? O Jo<strong>na</strong>s está presente? Então, eu gostaria depedir ao professor Airton dos Reis Pereira... O Antônio pode me trazer,então, Antônio? Vamos chamar. L<strong>em</strong>bro, também, a todos que estão aqui,que ain<strong>da</strong> não se inscreveram, que, ao longo de todo o período <strong>da</strong>audiência, vocês pod<strong>em</strong> fazê-lo, pod<strong>em</strong> se inscrever para ocupar, aqui, opúlpito.Então, além do professor Airton dos Reis Pereira, vou chamar,também, o professor Fer<strong>na</strong>ndo Michelotti para estar, aqui, ocupando opúlpito. E o Alysson Vieira de Oliveira, que v<strong>em</strong>... Ele que é <strong>da</strong> Prefeiturade Marabá.SA/ehc 9


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Então, peço, por favor, ao professor Airton dos Reis Pereira que seaproxime, para usar a palavra. Aqui. É porque nós estamos transmitindopela internet e todos quer<strong>em</strong> vê-lo.A partir de agora, <strong>da</strong>mos início à oitiva <strong>da</strong>queles que vieram nosorgulhar com a sua presença. Muito obriga<strong>da</strong>. Por favor.SR. AIRTON DOS REIS PEREIRA: Bom dia a todos. O meu nomeé Airton. Eu sou professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de do Estado do Pará. Me criei,aqui, <strong>na</strong> região, sobretudo, no Município de Conceição do Araguaia. Moreidurante muitos anos <strong>na</strong> zo<strong>na</strong> rural e fui ouvinte <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong>Amazônia. Ouvi muitos os programas <strong>da</strong> Tia Leninha, inclusive, não é?Então, assim, eu fico, de certa, forma contente com essa audiência,<strong>da</strong> EBC vir, aqui, ouvir as pessoas, aqui, do Estado do Pará, sobretudo,porque... Por ex<strong>em</strong>plo, nos anos 80, <strong>em</strong>bora eu era, ain<strong>da</strong>, muitopequeno, mas eu l<strong>em</strong>bro bastante que os programas <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong>Amazônia, que s<strong>em</strong>pre teve uma audiência muito grande, era muitointeressante... Mas, inclusive, eu l<strong>em</strong>bro do nome de algumas pessoas,como o Edelson Moura, Maurício Fares, Márcia Ferreira, que faziam osseus programas. Mas que, inclusive, nós tiv<strong>em</strong>os uma reunião, um t<strong>em</strong>podesses, atrás, que o Bráulio estava, eu, inclusive fiz... L<strong>em</strong>brei disso, nãoé? Que a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, ela tinha um papel... Por isso queeu vou ressaltar, aqui, a importância dessa audiência. Porque nos anos,no fi<strong>na</strong>l dos anos 70 e nos anos 80, a rádio, ela tinha um papel decontribuir com repressão contra os trabalhadores dessa região, não é?Por ex<strong>em</strong>plo, Edelson Moura, Maurício Fares e Márcia Ferreira,quantas vezes estiveram <strong>na</strong> região, inclusive, fazendo campanha para oCurió, não é? Todo mundo sabe disso, não é? E atuar contra as eleiçõesdo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, contra a luta dos posseiros. Agente sabe disso, não é? Embora que a rádio tinha audiência, que aspessoas escreviam, como, inclusive, eu era criança e escrevi para a RádioNacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, como tantas outras pessoas, os meus vizinhos,mas a gente sabe o quanto que, nesse período, a rádio, ela teve,des<strong>em</strong>penhou um papel de contribuição com a repressão contra a lutapela terra nessa região, não é? Contra a atuação <strong>da</strong> Igreja Católica, contrao sindicato.Então, eu acho que agora, nesse momento, vir aqui e ouvir aspropostas, eu acho que é extr<strong>em</strong>amente interessante, porque mostra quea gente está num período <strong>da</strong> d<strong>em</strong>ocracia, de fazer avançar esse meio decomunicação pública, que é extr<strong>em</strong>amente importante.Aí, então, eu queria colocar três peque<strong>na</strong>s coisas, que aí outroscolegas vão, também, estar falando, não é? Mas eu só queria, como eu fuio primeiro a falar, eu vou adiantar um pouco. Quer dizer, esse papel <strong>da</strong>Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, como foi ressaltado pelo Nelson, esse papel,vamos dizer assim, educativo que a rádio t<strong>em</strong>, não é? Esse papel, vamosdizer assim, de contribuir com a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, para que as pessoas do meioSA/ehc 10


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012rural, sobretudo, possam ter acesso aos seus direitos. Eu acho que isso éextr<strong>em</strong>amente importante, não é? Então, tirar o seu registro, o cui<strong>da</strong>docom a prática do trabalho escravo e tantas outras coisas. Sãoextr<strong>em</strong>amente importantes.Aí, o que eu queria ressaltar é o seguinte: é como aproximar maisRádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia com os movimentos sociais que atuam, aqui,<strong>na</strong> região, não é? De como fazer, t<strong>em</strong> uma palavra aí que está sendomuito usa<strong>da</strong>, sobretudo no meio <strong>da</strong> internet, que é o link, não é? Comofazer... Inclusive, a rádio usa muito isso, não é? Como fazer esse link comos movimentos sociais e com instituições, com as universi<strong>da</strong>des, com asescolas que atuam <strong>na</strong> região, não é? Sobretudo, eu estou falando, aqui,mais do sul e sudeste do Estado do Pará. E dizer como fazer para alargar,vamos dizer assim, os direitos dos trabalhadores, <strong>da</strong>queles que estão nocampo, <strong>na</strong> busca aí, dos seus direitos. Inclusive, há muitas escolas nomeio rural. Então, são escolas que são extr<strong>em</strong>amente carentes, <strong>em</strong> váriossentidos. Então, como fazer esse link, não é? Porque, beleza, então, nóst<strong>em</strong>os, assim: t<strong>em</strong> internet. Sim, mas nós estamos numa região que n<strong>em</strong>todo mundo t<strong>em</strong> acesso à internet. Como fazer isso?A outra questão que eu queria colocar é com relação à comunicaçãopública <strong>em</strong> Marabá. Aí, eu vou dizer o seguinte... E aí o Antônio... OBráulio já ouviu isso, aqui, <strong>da</strong> gente, não é? Quer dizer, nós t<strong>em</strong>os umaci<strong>da</strong>de que t<strong>em</strong> mais de 200 mil habitantes, mas não t<strong>em</strong>os um si<strong>na</strong>l <strong>da</strong>TV Brasil, por ex<strong>em</strong>plo, não é? N<strong>em</strong> <strong>da</strong> TV Cultura a gente t<strong>em</strong>. E nóssab<strong>em</strong>os que o si<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Funtelpa é utilizado pela TV liberal, inclusive, nãoé? Aí, a gente queria ouvir isso <strong>da</strong>... Hã? Da Adelaide, não é? Sobre essaquestão, não é?Quer dizer, a gente ouve a informação, que pode ser que sejadistorci<strong>da</strong>, mas que o governo inclusive paga a TV liberal, inclusive, parausar o si<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Funtelpa. Quer dizer, então, nós t<strong>em</strong>os uma ci<strong>da</strong>de quet<strong>em</strong> uma população grande. A gente fala <strong>da</strong> d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong>comunicação, mas o si<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Funtelpa é usado pelas <strong>em</strong>presas priva<strong><strong>da</strong>s</strong>.Quer dizer, hoje, se a gente quiser, aqui, assistir à televisão, ou você ligano ca<strong>na</strong>l ligado no Jarbas Barbalho ou liga no pessoal <strong>da</strong> liberal, não é? Eaí é o seguinte: grande parte dos programas... Ah-hã, 30 segundos, nãoé? Grande parte dos programas veiculados não só <strong>na</strong> rádio, mas também<strong>na</strong> televisão, de 60 minutos, a gente contar 50 minutos que é dedicado àpropagan<strong>da</strong>, não é?Então, a gente precisa... Se nós falamos <strong>na</strong> d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong>comunicação... A gente precisa que isso seja colocado para o povo, não é?Que o povo, a população que tenha acesso, de fato, à comunicaçãopública. Aqui, o que impera é a comunicação priva<strong>da</strong>.Um outro ponto que não vai <strong>da</strong>r para falar, porque já terminou omeu t<strong>em</strong>po, é a importância <strong>da</strong> EBC de contribuir com as rádioscomunitárias, não é? Por ex<strong>em</strong>plo, está aqui a Francisca, que é lá de RioMaria, <strong>da</strong> Rádio Berokan, que é uma rádio comunitária, e precisa... ASA/ehc 11


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012importância desse veículo no meio <strong>da</strong> população, sobretudo, a populaçãomais pobre.Quer dizer, como contribuir para que avançasse. Se a gente fala <strong>da</strong>d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong> comunicação, do avanço <strong>da</strong> comunicação pública, mascomo, também, contribuir com as rádios comunitárias, que têm umacesso grande, de certa forma, <strong>em</strong>bora que seja a extensão muitopeque<strong>na</strong>, junto às populações, sobretudo, mais pobres.Então, é isso. Obrigado, viu?SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Gente, eu queria fazer menção àpresença, entre nós, <strong>da</strong> Sra. Vanusa Barbosa. É Vanusa, não é? SecretáriaMunicipal de Turismo, muito obriga<strong>da</strong>. E <strong>da</strong> Sra. Ercília, secretáriaMunicipal de Comunicação Social. Ah, já foi, tá? De qualquer maneira,muito obriga<strong>da</strong> pela presença.SRA. BETH BEGONHA: Bom, eu agradeço a fala, a participação doprofessor Airton dos Reis Pereira e gostaria de chamar o professorFer<strong>na</strong>ndo Michelotti, para ocupar a tribu<strong>na</strong>. O senhor t<strong>em</strong> cinco minutos.SR. FERNANDO MICHELOTTI: Então, bom dia a todos e a to<strong><strong>da</strong>s</strong>.Então, <strong>em</strong> primeiro lugar, eu queria parabenizar mesmo a iniciativa dessaaudiência. Eu acho que é um espaço importante, já foi dito por vários aí, <strong>em</strong>e apresentar. Então, eu sou o Fer<strong>na</strong>ndo, eu sou professor <strong>da</strong>Universi<strong>da</strong>de Federal do Pará, aqui, do Campus de Marabá, e, atualmente,eu sou o vice-coorde<strong>na</strong>dor do Campus.Está se falando muito nessa audiência de Amazônia, mas eu queriaapontar uma ideia que é assim: a Amazônia, <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de, não é umaAmazônia, não é? Elas são várias Amazônias. É uma, região vasta, comuma diversi<strong>da</strong>de de situações e especifici<strong>da</strong>des, particulari<strong>da</strong>des muitomarcantes.Então, de fato, a gente, aqui, a região sul e sudeste do Pará, agente t<strong>em</strong> questões, vamos dizer, gerais <strong>da</strong> Amazônia, mas t<strong>em</strong>, também,particulari<strong>da</strong>des muito próprias, não é? E se tivesse uma que eu acho quecaracterizaria muito b<strong>em</strong> essa região sul e sudeste do Pará é a ideia doconflito. É uma região que se a gente for pegar desde a Guerrilha doAraguaia, todo o processo de ocupação <strong>da</strong> região e a continui<strong>da</strong>de <strong><strong>da</strong>s</strong>disputas por terra, por recursos <strong>na</strong>turais, a gente vai ver que é umaregião que está pauta<strong>da</strong>, cotidia<strong>na</strong>mente, pelo conflito. E a comunicaçãonão foge disso, não é?Então, eu queria reforçar esse debate sobre a comunicação pública,porque, de fato, aqui, não é uma região só apropria<strong>da</strong> por grandeslatifundiários, por grandes <strong>em</strong>presas de mineração, por grandes projetosde infraestrutura, hidrelétricas, estra<strong><strong>da</strong>s</strong> e tal que acabam negando oacesso à terra e recursos <strong>na</strong>turais, à ren<strong>da</strong> de grande parte <strong>da</strong> população.Mas também é uma região predomi<strong>na</strong><strong>da</strong> por um domínio <strong>da</strong> comunicaçãoSA/ehc 12


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012que reforça essa perspectiva de desenvolvimento posta e reforça o modelode exclusão, ao qual grande parte <strong>da</strong> população está submeti<strong>da</strong>, não é?Então, nessa perspectiva, eu acho fun<strong>da</strong>mental entrar nesse debate<strong>da</strong> d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong> comunicação, <strong>da</strong> construção de uma comunicaçãopública que, de fato, dê força para os sujeitos que não estão no projetoheg<strong>em</strong>ônico de desenvolvimento <strong>da</strong>qui, que lutam por terra, que lutampor recursos <strong>na</strong>turais para ter, também, espaço de luta e de voz, de fazerouvir pela socie<strong>da</strong>de.Nós, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal do Pará, aqui, trabalhamos, também,nessa perspectiva. Como é que a gente pode aí, como foi dito, a missão<strong>da</strong> <strong>em</strong>presa, criar uma consciência crítica, formar ci<strong>da</strong>dãos críticos queconheçam os seus direitos, que se organiz<strong>em</strong>, que lut<strong>em</strong>, quequestion<strong>em</strong>, que construam, de fato, uma socie<strong>da</strong>de mais sustentável,aqui, que não seja a campeã <strong>em</strong> índice de desmatamento, de violência, detrabalho escravo, de assassi<strong>na</strong>to do campo. Então, eu acho que a gentet<strong>em</strong> uma visão compartilha<strong>da</strong> sobre isso.Só, infelizmente, a A<strong>na</strong>, que veio, aqui, querendo ver floresta,talvez, se você quisesse ver carvoeira, cratera de mineração, grandesobras de barramento de rios, seria mais fácil. Floresta, o pobre doMelquíades vai ter que pe<strong>na</strong>r para te mostrar alguma, aqui, nessa região.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Não, foi só... Foi só uma coisa degaúcha.SR. FERNANDO MICHELOTTI:considerando.Está legal. Mas, assim,SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Foi uma licença poética só,Fer<strong>na</strong>ndo, desculpa.SR. FERNANDO MICHELOTTI: Eu acho importante fazer essepequeno contexto para aju<strong>da</strong>r, também, a <strong>da</strong>r materiali<strong>da</strong>de à ideia <strong>da</strong>Amazônia que a gente está vivendo, aqui. E aí, nesse contexto, então, euqueria pautar três questões que eu acho importantes para o debate.Uma delas, de fato, todo esse esforço <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong>Amazônia de atingir a população, mas, por outro lado, numa regiãoparticular <strong>da</strong> Amazônia como a nossa, que está passando por um processode urbanização, ci<strong>da</strong>des crescentes, mas não só as ci<strong>da</strong>des, como Marabá,Parauapebas e tal, que vão crescendo, Conceição do Araguaia, mas opróprio campo v<strong>em</strong> passando por um processo de ampliação. Essa lutapela terra, com todo sofrimento que ela gerou, ela gerou, também, aconquista de mais de 500 projetos de assentamento <strong>na</strong> região, que, <strong>na</strong>maioria, se organizam por agrovilas, que são nucleações, não é?Então, todo esse espaço está sendo ca<strong>da</strong> vez mais domi<strong>na</strong>do porRádio FM. A gente estava discutindo, ont<strong>em</strong>, <strong>na</strong> reunião preparatória, e oBráulio nos provou que a Rádio Nacio<strong>na</strong>l pega, aqui, <strong>em</strong> Marabá, ligou oSA/ehc 13


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas, mas a gente chegou à conclusão que os rádios que a gentecompra não t<strong>em</strong> mais on<strong>da</strong> curta.Então, eu imagino... Eu morei no Acre um t<strong>em</strong>po grande, trabalheicom o movimento de seringueiros, era ouvidor <strong>da</strong> rádio. Então, aqui, agente já quase não escuta, não é? Então, talvez, não é o probl<strong>em</strong>a desi<strong>na</strong>l. Mas qual a política de não deixar a gente ficar refém dessas FMs quese proliferam, com uma programação alie<strong>na</strong><strong>da</strong>, uma programação que sóincute um modelo de desenvolvimento e que não dá voz para outrossujeitos, se a gente não consegue comprar um rádio que t<strong>em</strong> on<strong><strong>da</strong>s</strong>curtas.Aí, nessa linha, todo esse esforço, então, de fazer a comunicaçãochegar à Amazônia, como é que a gente inverte o fluxo de informação?T<strong>em</strong> a cartinha, t<strong>em</strong> iniciativas importantes, mas eu acho que a gente t<strong>em</strong>que ampliar isso <strong>da</strong>í. Na linha do que Airton falou: como que osmovimentos sociais que estão enfrentando essas contradições, aqui, comoque a população local, <strong>da</strong> periferia, <strong><strong>da</strong>s</strong> escolas, <strong>da</strong> juventude, pode termais espaço de produzir informação <strong>da</strong>qui para ser veicula<strong>da</strong>, e não só serreceptora do processo?E aí, o terceiro ponto, concluindo, nós <strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de, aqui, docampus, <strong>da</strong> UFPA, estamos numa fase de conclusão do recebimento <strong>da</strong>outorga de uma rádio educativa, de um edital que o Ministério <strong>da</strong>Comunicação lançou, o ano passado. Então, esperamos que, <strong>em</strong> breve, agente inicie a implantação <strong>da</strong> Rádio Educativa de Marabá, vincula<strong>da</strong> àUniversi<strong>da</strong>de Federal do Pará, ao Campus de Marabá.Então, como que a gente poderia aproveitar essa disponibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>EBC e <strong>da</strong> Funtelpa para a gente ter um apoio, no sentido de capacitação,captação de recursos, montag<strong>em</strong>, que para nós ia ser uma experiêncianova. Mas para a gente construir nessa perspectiva mesmo de reforçar acomunicação pública, aqui, <strong>na</strong> região. Obrigado.SRA. BETH BEGONHA: Eu gostaria de convi<strong>da</strong>r o Alysson Vieira deOliveira, para que viesse até a tribu<strong>na</strong>. L<strong>em</strong>brar, mais uma vez, que asinscrições continuam abertas. A Mari está ali, aguar<strong>da</strong>ndo, você, para quevocê possa participar, efetivamente, <strong>da</strong> nossa reunião.SR. ALYSSON VIEIRA DE OLIVEIRA: Bom dia a todos. Eu sou oAlysson Vieira de Oliveira, servidor público municipal <strong>da</strong> Prefeitura deMarabá e, também, professor universitário <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de Metropolita<strong>na</strong> deMarabá, do curso de administração. E ressaltar a importância dessaaudiência pública, aqui, <strong>na</strong> região Amazônica, que tanto carece de umacomunicação menos comercial e mais volta<strong>da</strong> para a cultura.E eu conheço o Pará como poucas pessoas, eu conheço acho que <strong>em</strong>torno de 90% do Pará, e outras regiões do Brasil. Eu tive a oportuni<strong>da</strong>dede viajar pela Transamazônica durante quatro anos, ir até <strong>na</strong>s fronteirascom o Mato Grosso. Então, conheço b<strong>em</strong> a região agrária, a zo<strong>na</strong> rural e,também, essa diversi<strong>da</strong>de do Pará.SA/ehc 14


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012A gente sabe que o Pará é multicultural, pela grande migração queteve <strong>na</strong> formação, <strong>na</strong> própria Transamazônica, pelos incentivos federaisque trouxeram pessoas de outras regiões para cá. E até <strong>em</strong> algumasregiões se perde a identi<strong>da</strong>de paraense, por essa multicultura que v<strong>em</strong>.E o que muito me preocupa é que, hoje, a gente vê a privatização, ofortalecimento <strong>da</strong> privatização <strong>da</strong> cultura, <strong>da</strong> comunicação, que se perde aimportância <strong>da</strong> cultura, <strong>da</strong> valorização regio<strong>na</strong>l pela parte comercial,fi<strong>na</strong>nceira mesmo. E as rádios, hoje, elas não se preocupam com essaparte cultural. E a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, ela resgata isso, porqueela valoriza a parte regio<strong>na</strong>l, trabalha mesmo transmitindo de Brasília, deuma certa distância, mas se trabalha a parte cultural localiza<strong>da</strong>. E isso éimportante.Pe<strong>na</strong> que a audiência não seria, <strong>em</strong> primeiro lugar, o Pará, como foifalado pelo Sr. Bráulio, a importância <strong>da</strong> audiência, aqui, que t<strong>em</strong> umaexcelente audiência, mas poderia ser maior. Mas as rádios comerciais,elas tomam isso porque elas seduz<strong>em</strong> com hits do momento, compropagan<strong><strong>da</strong>s</strong> comerciais, então, afasta isso.E também falar, assim, a Secretaria <strong>na</strong> qual eu trabalho <strong>na</strong>prefeitura, ela atende um público <strong>da</strong> zo<strong>na</strong> rural. Um público que está lá,<strong>na</strong> floresta – que não t<strong>em</strong> tanto mais floresta, pela devastação e pela faltade orientação, também –, mas que também carece de comunicação,carece participar dessa coisa d<strong>em</strong>ocrática que é a comunicação volta<strong>da</strong>para o social, para a orientação.Muitas vezes, uma simples orientação, <strong>na</strong> parte ambiental, poderiamu<strong>da</strong>r o conceito de muitos pequenos agricultores, mas não chega a eles;chegam aquelas músicas de momento, chega aquela parte comercial queos afastam <strong>da</strong> preocupação ambiental.Então, assim, o fortalecimento <strong>da</strong> comunicação... Ela t<strong>em</strong> que sercontínua, mas s<strong>em</strong> perder o caráter cultural e regio<strong>na</strong>lizado. E, também, adiversi<strong>da</strong>de de pessoas nos leva a acreditar que a comunicação,realmente, é d<strong>em</strong>ocrática, que nós t<strong>em</strong>os que atender vários públicos devárias formas. Então, desse ponto de vista, eu acredito, assim, que aRádio Nacio<strong>na</strong>l t<strong>em</strong> uma participação prioritária nisso, de levar, porquenão é uma rádio volta<strong>da</strong> para o comercial, mas, sim, para atender a umad<strong>em</strong>an<strong>da</strong> social que muito está se perdendo, nesses dias de hoje.E, também, assim, a forma como se leva a comunicação, ainformação para as pessoas, ela t<strong>em</strong> que ser bastante relevante,preocupando, também, <strong>em</strong> incentivar a formação cultural dessas pessoase, também, a formação social. E, como funcionário <strong>da</strong> Prefeitura Municipalde Marabá, eu vejo o quanto a nossa zo<strong>na</strong> rural carece desse tipo decultura, desse tipo de informação.Como foi falado <strong>na</strong> primeira fala do professor, no início, nós nãot<strong>em</strong>os si<strong>na</strong>l aberto de televisões públicas que são volta<strong><strong>da</strong>s</strong> para aeducação, para a formação. E qu<strong>em</strong> tiver... quiser acesso a isso, t<strong>em</strong> queSA/ehc 15


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012ter uma ante<strong>na</strong> parabólica ou uma TV a cabo, para ter acesso a isso. Eisso t<strong>em</strong> um custo, que muita... A grande parte <strong>da</strong> nossa população nãot<strong>em</strong> esse acesso, pelas dificul<strong>da</strong>des fi<strong>na</strong>nceiras e, também, de distância.Quantas vezes a gente chega numa região que, como foi falado, que nãot<strong>em</strong> si<strong>na</strong>l de televisão e a rádio é aquela forma de comunicação?Eu também me l<strong>em</strong>bro, de uma forma só, um pouco saudoso,quando eu viajava mais pela zo<strong>na</strong> rural, quando era menor, criança, euvia as telenovelas, as informações <strong><strong>da</strong>s</strong> on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l. Eaquilo realmente seduzia. E, hoje, se perdeu esse encanto <strong>da</strong> rádio,<strong>da</strong>quela coisa de se ouvir a rádio. Hoje, para b<strong>em</strong> falar a ver<strong>da</strong>de,quantos de nós não estamos nos nossos carros, até mesmo <strong>na</strong>s rádioscomerciais FM, e a gente, quando entra <strong>na</strong> parte comercial, a gente jámu<strong>da</strong> para ouvir a outra música. E, às vezes, t<strong>em</strong> alguma informação e agente não t<strong>em</strong> mais aquele t<strong>em</strong>po para parar e ouvir.A gente precisa, assim, porque a comunicação, ela t<strong>em</strong> que ter ot<strong>em</strong>po para a gente ouvir, para a gente interagir com ela e para a gentepoder man<strong>da</strong>r cartas, sugestões, orientações e sugerir que também seja...Tragam formações para a Amazônia, que a gente sabe <strong><strong>da</strong>s</strong> dificul<strong>da</strong>des,pela grande extensão do nosso território amazônico, não só do Pará, masde todo o território amazônico.Então, essa é a minha fala. Eu deixo que essa preocupação <strong>da</strong> coisacomercial, se trocando a cultural, social pela parte comercial, que terámais lucro e é mais visível para as grandes corporações que se preocupamcom a parte fi<strong>na</strong>nceira. Obrigado e bom dia.SRA. BETH BEGONHA: Agradec<strong>em</strong>os a participação do professorAlysson Vieira de Oliveira e chamamos Evandro Medeiros, para a suaparticipação, ele que também é <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal do Pará, porcinco minutos.SR. EVANDRO MEDEIROS: Bom dia. Em 1996, ocorreu, nesseestado, nessa região, um massacre de trabalhadores rurais que só foiconhecido pelo mundo porque havia uma câmera de TV liga<strong>da</strong>, no lugar. Eque, talvez, a <strong>em</strong>issora <strong><strong>da</strong>s</strong> redes de comunicação, como Maiora<strong>na</strong>, nãotivesse a sacação do que ia acontecer, depois, porque mesmo assim,sendo as imagens de proprie<strong>da</strong>de deles, eles poderiam não veicular.Depois de 1996, um líder sindicalista, chamado ‘Dezinho’, <strong>em</strong>Rondon do Pará, começou a an<strong>da</strong>r com uma câmera de vídeo para cima epara baixo, filmando tudo o que era do seu cotidiano, porque ele estavaameaçado de morte. Mesmo assim, ele foi assassi<strong>na</strong>do.Nesse estado, aquilo que as pessoas viv<strong>em</strong> e enfrentam comoconflitos – que foi relatado <strong>na</strong> fala do professor Fer<strong>na</strong>ndo – não é deconhecimento público, porque a comunicação, ela é manipula<strong>da</strong>, ela t<strong>em</strong>dono.SA/ehc 16


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Assim como <strong>em</strong> todo o país, as redes de telecomunicação, TV erádio, são manipula<strong><strong>da</strong>s</strong> por grandes famílias que veiculam aquilo que é deseu interesse. E aquilo que conforma a opinião pública, segundo a suanecessi<strong>da</strong>de como elite econômica. Num país <strong>em</strong> que a comunicação émanobra<strong>da</strong> e manipula<strong>da</strong>, eventos como esse são importantes e, talvez,por isso, a gente deve parabenizar.Mas mais importante que ouvir o público sobre aquilo que érealizado pela EBC, como programas, é criar mecanismo que de dê voz aesse público. Ler cartas não é suficiente. É preciso criar instrumentos,políticas que permitam ao público colocar a sua voz <strong>na</strong> programação: asorganizações sociais, as universi<strong>da</strong>des, as escolas, as enti<strong>da</strong>des. E,principalmente, que esse público possa dizer <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de que ele vive,possa denunciar a reali<strong>da</strong>de que ele vive. Mais que ter um ca<strong>na</strong>l públicode comunicação, a EBC e o próprio estado deveriam – e é uma utopia –criar, dentro dos ca<strong>na</strong>is privados de si<strong>na</strong>l aberto, momentos deprogramação de interesse <strong>da</strong> TV pública e de interesse <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Nãoé possível que os ca<strong>na</strong>is de comunicação priva<strong>da</strong> realiz<strong>em</strong> programação,segundo o interesse <strong><strong>da</strong>s</strong> famílias que os têm como proprie<strong>da</strong>de, e que <strong>em</strong>nome <strong>da</strong> não censura o governo permita a desinformação, a manipulação<strong>da</strong> informação, de forma explicita.Então, um momento como esse não é um momento, simplesmente,para ouvir sobre propagan<strong>da</strong>, sobre programações e sobre a quali<strong>da</strong>dedos programas, para requalificá-los. Nós precisamos mais do queprogramas de música, programas de receitas de cozinha, programas quefal<strong>em</strong> <strong>da</strong> cultura, simplesmente. Nós precisamos de programas que fal<strong>em</strong><strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de <strong><strong>da</strong>s</strong> pessoas e que dê a elas voz para denunciar coisas sobreessa reali<strong>da</strong>de.Então, não é possível que a gente continue nesse país, nummomento que a gente chegou, <strong>da</strong> história <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de, colocando esset<strong>em</strong>a dos debates sobre a comunicação e d<strong>em</strong>ocracia num lugar <strong>em</strong> quenão permite a gente, realmente, trazer à to<strong>na</strong> essa contradição de que nopaís a comunicação é proprie<strong>da</strong>de de famílias privilegia<strong><strong>da</strong>s</strong>economicamente e é utiliza<strong>da</strong>, de forma autoritária, a desinformar asocie<strong>da</strong>de e a criar um imaginário que atende aos interesses de qu<strong>em</strong>s<strong>em</strong>pre esteve no poder.Então, para fi<strong>na</strong>lizar, eu queria reforçar as proposições dos que meantecederam e perguntar quais serão as políticas <strong>da</strong> EBC para poderafirmar a participação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de Amazônica, dos setores populares <strong>da</strong>Amazônia <strong>na</strong> sua programação? Não como simples ouvinte, mas comosujeitos atuantes. Como a tal tecnologia digital poderá permitir que ossetores organizados, as instituições de ensino e outras enti<strong>da</strong>des possamelaborar seus próprios programas e incluí-los <strong>na</strong> rede <strong>da</strong> EBC?E, principalmente, como é que isso vai ser feito de uma maneira agarantir a participação, mas também a própria produção, porque numad<strong>em</strong>ocracia burguesa todos têm direito à fala e à expressão. Só que faltaSA/ehc 17


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012logística, recursos materiais e fi<strong>na</strong>nceiros para que ca<strong>da</strong> um de nós, comosimples ci<strong>da</strong>dãos, como o ‘Dezinho’, que tinha uma câmera e filmavatudo, pudesse fazer sua própria produção e colocá-la num acesso dogrande público.Ter direito à comunicação e ter direito a se expressar não é osuficiente. É preciso assegurar logísticas, recursos que permitam àpopulação fazer uso desse exercício de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Obrigado.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Agradeço a participação doEvandro Medeiros e convoco o Eldenilson Monteiro, o ‘Pipoca’, paraparticipar dessa audiência. Cinco minutos, tá, ‘Pipoca’?SR. ELDENILSON MONTEIRO: Bom, bom dia, então, a todos, deum modo geral, e à Mesa, não é?Na ver<strong>da</strong>de, eu tenho muitas perguntas. Então, eu vou... Ont<strong>em</strong>, jácomecei a conversar com o pessoal sobre isso. E vou fazendo asperguntas, para ser mais rápido.A primeira, que é uma dúvi<strong>da</strong> que eu tenho, é: qual a diferença, porex<strong>em</strong>plo, de uma EBC, que é de direito público e tal, para um sist<strong>em</strong>a decomunicação do Estado, entendeu? Assim, t<strong>em</strong> comunicação pública e t<strong>em</strong>comunicação do Estado. Qual essa diferenciação? Porque isso também,para a gente, é importante para saber. Porque, para mim, to<strong>da</strong>comunicação é pública. Então, por que é que foi necessário criar uma EBCe não aprofun<strong>da</strong>r o debate de publicizar, tor<strong>na</strong>r, realmente, acomunicação pública <strong>em</strong> todos os veículos de comunicação? Então, essaé...Porque, assim, inclusive, pegando até pelo que ele colocou, pelo queo professor Airton colocou, não é? A gente t<strong>em</strong> um mecanismo públicoque está sendo privado, atualmente, que é aqui, no caso, do Pará, aFuntelpa. Isso foi palco já de debates e tudo e, principalmente, <strong>em</strong>t<strong>em</strong>pos eleitorais, <strong>em</strong> que os partidos vão se digladiando, vêm à tor<strong>na</strong>essas conversas, não é? Então, isso, para a gente poder entender, então,qual é a função de fato <strong>da</strong> EBC, não é?Outra questão, que t<strong>em</strong> a ver com o que o Evandro começou acolocar, também, é: a gente t<strong>em</strong> muitas rádios, muitas, nesse campo,aqui, o debate <strong><strong>da</strong>s</strong> rádios mais, não é? Então, a gente t<strong>em</strong> muitas rádioscomunitárias. Como é que a gente pode fazer essa articulação deprodução de materiais e, também, de ter materiais para as rádioscomunitárias, ao mesmo t<strong>em</strong>po que produzir para a EBC, não é?T<strong>em</strong> uma coisa, também, que eu fico pensando, assim: a genteatua, está no meio <strong>da</strong> comunicação <strong>da</strong> rádio e é só Rádio FM. Qual é aperspectiva de potencializar as rádios AM e as on<strong><strong>da</strong>s</strong> tropicais, on<strong><strong>da</strong>s</strong>curtas e tal? Porque a gente t<strong>em</strong> essas rádios, elas são boas, desde gurieu escuto essas coisas, rádios... Eu <strong>na</strong>sci no interior, <strong>na</strong>sci <strong>em</strong> Bragança,que tinha uma Rádio Educadora, que fazia a mesma coisa. Ain<strong>da</strong> t<strong>em</strong>, nãoSA/ehc 18


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012é? Então, era uma coisa... Para a gente, era muito importante. Mas elaperdeu espaço quando chegou, por ex<strong>em</strong>plo, a Rádio Pérola, que virou FMe tal. Embora ela seja tão importante quanto, porque continua indo...Como está no meio rural, é mais fácil chegar.Mas como que tu potencializa isso? Como é que a gente faz comque... Não a Rádio FM, também, eu não estou dizendo que não deixe deser, mas seja tão, tenha tão... No mesmo nível de potenciali<strong>da</strong>de quet<strong>em</strong>, de recepção, de chegar no público, de o público estar assistindo, quet<strong>em</strong> uma Rádio FM. Se t<strong>em</strong> alguma perspectiva, algum plano, nessesentido, não é?Outra coisa é que a EBC é de comunicação. Aqui, nessa região, nóst<strong>em</strong>os produzido muito material. Principalmente, t<strong>em</strong> uma turma que v<strong>em</strong>aqui nessa parte do sudeste do Pará to<strong>da</strong>, t<strong>em</strong> uma turma muitoenvolvi<strong>da</strong> com produção de TV... Não é n<strong>em</strong> de TV, é de vídeo, deimagens, de documentários, principalmente. Essa relação, como que agente pode, também, discutir isso? Por ex<strong>em</strong>plo, <strong>na</strong> Rádio e TV Cultura,aqui, que nós t<strong>em</strong>os a Funtelpa, é possível?E o Evandro colocou uma coisa muito mais forte, não é? Como é,também, que pode ser potencializado para que a gente tenha condiçõesde fazer isso, porque t<strong>em</strong> sido feito caseiramente, de uma certa formamuito isso. Então, a vontade é que as pessoas descobriram <strong>da</strong>potenciali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comunicação, não é?E como é que a gente pode fazer essa articulação, então, de pegar,por ex<strong>em</strong>plo, saiu agora... Está saindo, agora, o Evandro mesmo acaboude fazer com o grupo. T<strong>em</strong>os a turma do Conspiração Amazônica, queestá produzindo. T<strong>em</strong> o pessoal que está discutindo, está trazendo devolta o debate <strong>da</strong> ditadura, trazendo de volta a Comissão <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de.Então, t<strong>em</strong> juventude lá fazendo, potencializando filmes, essas coisas etal.Como é que isso vai para a rede, não é? Como é que issopotencializa para estar no meio? E s<strong>em</strong> acesso popular, porque ain<strong>da</strong> estádistante, justamente, o que vocês estão fazendo, vai d<strong>em</strong>orar a seratingido. E a gente precisa de uma certa forma potencializar isso para seratingido ain<strong>da</strong> agora, pela dinâmica que existe, do momento histórico quea gente vive. E aí, já foi feito uns resgates teóricos e reais sobre isso, nãoé?Então, essa situação, a gente queria tentar entender como é quepode potencializar isso, para a gente. Porque aí fica... Para a gente saberum pouco qual o papel, também, dos movimentos sociais, <strong><strong>da</strong>s</strong>organizações, de ter capaci<strong>da</strong>de de atuação, não é?Eram, um pouco, essas as inquietações que estavam... Aju<strong>da</strong>r apreparar programas, por ex<strong>em</strong>plo, essas coisas assim, não é? Que a genteestá um pouco angustiado, também, para poder ver como é que a gentese articula melhor e faz funcio<strong>na</strong>r esses mecanismos que a gente têm deSA/ehc 19


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012comunicação, que estão sob controle de uns e possam ser, de fato,d<strong>em</strong>ocratizado, não é? Obrigado.SRA. BETH BEGONHA: Eu agradeço a participação do Eldenilson, o‘Pipoca’. L<strong>em</strong>bro, mais uma vez, que as inscrições continuam abertasdurante to<strong>da</strong> a nossa audiência pública. E gostaria de passar a palavrapara a presidenta do Conselho, para que a gente começasse esse meio <strong>da</strong>nossa audiência. Ain<strong>da</strong> t<strong>em</strong>os outras pessoas inscritas.Nesse momento, passamos, então, a palavra à Mesa, para asprimeiras considerações.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Eu gostaria de agradecer aparticipação. Acho que as questões aponta<strong><strong>da</strong>s</strong> e levanta<strong><strong>da</strong>s</strong> sãoespecialmente importantes. A questão <strong>da</strong> privatização <strong>da</strong> comunicação nopaís, não é só aqui, no Pará, vamos concor<strong>da</strong>r que é uma questão<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. E acho que a EBC, nesse sentido, t<strong>em</strong> um papel potencialment<strong>em</strong>uito importante, <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de, porque vai deslocar um pouco esse eixopara a questão <strong>da</strong> d<strong>em</strong>ocratização, dos movimentos sociais, do outroolhar, não é?Então, eu queria, imediatamente, passar a palavra para o NelsonBreve, para poder responder... Não, não é a saia justa, mas é para vocêresponder, eu acho que é o momento.SR. NELSON BREVE: Olha, eu queria, primeiro, que o Bráulio<strong>falas</strong>se um pouco, para que...SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Pois não.SR. NELSON BREVE: T<strong>em</strong> coisa que eu acho que ele poderiacolaborar mais que eu, e eu compl<strong>em</strong>ento, por favor.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Tá. Bráulio, por favor.SR. BRÁULIO RIBEIRO: Opa! Agora, vai. Bom, gente, acho que asquestões... A principal questão que se colocou, <strong>na</strong>s primeiras intervençõesaí, t<strong>em</strong> a ver com a aproximação <strong>da</strong> <strong>em</strong>issora dos movimentos, dosgrupos <strong>da</strong> região, no sentido de a gente trazer, para dentro <strong>da</strong>programação <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, dos veículos <strong>da</strong> EBC, de ummodo geral – mas aqui, no caso específico, a gente está falando mais <strong><strong>da</strong>s</strong>nossas <strong>em</strong>issoras de rádio liga<strong><strong>da</strong>s</strong> à Amazônia –, de como aproveitar esseconteúdo que é produzido aqui, as pautas, não é? Ir além <strong>da</strong> questão,ape<strong>na</strong>s, <strong>da</strong> comunicação com o ouvinte, <strong><strong>da</strong>s</strong> cartas, essa coisa to<strong>da</strong>.Bom, a primeira coisa que eu queria falar é de um projeto que agente realizou, ao longo do ano passado, de 2011, e que a gente estátentando retomar esse projeto. O projeta-se chamava Ponto a Ponto, e foium projeto <strong>na</strong> qual a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia criou, estabeleceu umarede com dez <strong>em</strong>issoras comunitárias. Dez rádios comunitárias produziamconteúdos que iam <strong>na</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, especialmente nonosso jor<strong>na</strong>lismo.SA/ehc 20


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Essas <strong>em</strong>issoras recebiam uma aju<strong>da</strong> mensal de custos de R$ 1.000para fazer parte dessa rede do Ponto a Ponto. Esse projeto, a gentetrabalhou num formato <strong>em</strong> que a gente tinha um convênio com umaenti<strong>da</strong>de, aqui, <strong>da</strong> região. No caso, era uma enti<strong>da</strong>de lá do Acre, chamadoCeddhep, o Centro de Desenvolvimento e Educação Popular do Acre, umaONG já que t<strong>em</strong> muitos anos trabalhando lá, com direitos humanos, eessa enti<strong>da</strong>de articulava essas dez <strong>em</strong>issoras. Foi uma experiência muitolegal, rica. A gente teve uma ofici<strong>na</strong> de capacitação dessas rádioscomunitárias <strong>em</strong> Brasília e tal.O projeto não teve continui<strong>da</strong>de porque a gente percebeu que agente precisava ter um trabalho mais forte de qualificação e decapacitação dessas rádios comunitárias, para participar <strong>na</strong> programaçãode uma <strong>em</strong>issora. Vocês sab<strong>em</strong> que fazer... Especialmente fazerjor<strong>na</strong>lismo diário d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> um deadline muito apertado, você t<strong>em</strong> que... Omaterial t<strong>em</strong> que chegar <strong>em</strong> determi<strong>na</strong><strong>da</strong> hora, para poder entrar nojor<strong>na</strong>l a t<strong>em</strong>po. Então, tinha todo um trabalho técnico que a gentepercebeu que a gente precisava aprimorar.Então, a gente deu uma para<strong>da</strong> no projeto. Estamos redesenhandoesse projeto, para voltar a trabalhar com a parceria, com as rádioscomunitárias. A gente quer muito, a gente acha fun<strong>da</strong>mental essaparceria com as rádios comunitárias, porque a Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia falapara uma região muito grande e, para a gente ter informação de umaregião desse tamanho, a gente não t<strong>em</strong> condições, se não for por meiodessas rádios que estão... Acho que foi... Eu não sei se foi o Airton ou foio Fer<strong>na</strong>ndo, eu não l<strong>em</strong>bro mais qu<strong>em</strong> falou, que a rádio... Acho que foiaté o ‘Pipoca’, eu não sei, que a rádio comunitária, apesar de ter umacobertura peque<strong>na</strong>, ali, de FM, mas ela está enfia<strong>da</strong> no meio <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de, não é? Está incrusta<strong>da</strong>, ali, no meio <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de. Então,essa relação com a comuni<strong>da</strong>de é muito importante para a gente.De um modo geral, além dessa questão <strong>da</strong> participação <strong><strong>da</strong>s</strong> rádioscomunitárias, a gente... A Lucia<strong>na</strong> está sentadinha, ali, olha, aquelafigurinha, ali, que está sentadinha, ela é a coorde<strong>na</strong>dora <strong>da</strong> RádioNacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia. E a gente t<strong>em</strong> se colocado um desafio, que a RádioNacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, hoje, <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>em</strong>issoras de rádio <strong>da</strong> EBC, é a qu<strong>em</strong>enos t<strong>em</strong> programação, conteúdo <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> produção independente,ou seja, conteúdo que não é feito dentro <strong>da</strong> própria casa, não é?Praticamente, 100% <strong>da</strong> programação, hoje, <strong>da</strong> Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, éfeito dentro, com a própria equipe <strong>da</strong> Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia. E a gentequer, ao longo desse próximo um ano, ampliar essa participação <strong>da</strong>produção independente.Como é que a gente vai fazer isso? A partir de parcerias comorganizações sociais, movimentos, enti<strong>da</strong>des, associações, que vãoproduzir conteúdos, programas, esportes etc. e colocar esse conteúdodentro <strong>da</strong> programação <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia. É um desejonosso, é uma vontade nossa. Recent<strong>em</strong>ente, a EBC construiu, já foiSA/ehc 21


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012agora, acabou de ser lançado, um portal específico para receber propostasde produção independente e de parcerias <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil. A gente vaise apropriar dessa ferramenta, para começar a usar esse espaço parareceber propostas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, não só aqui do Pará, mas de to<strong>da</strong> aregião amazônica.Bom, eu acho que essas são as duas questões mais candentes queforam coloca<strong><strong>da</strong>s</strong>. Eu vou deixar para o Nelson falar um pouco sobre aquestão geral <strong><strong>da</strong>s</strong> on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas, dos receptores, a questão <strong>da</strong>comunicação como um todo, que também são questões b<strong>em</strong> importantes.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Eu só queria agregar a essa falado Bráulio, com relação à proibição <strong>da</strong> Lei <strong><strong>da</strong>s</strong> Rádios Comunitárias deformação de redes, entre elas. Isso aí... Mas eu... Já exist<strong>em</strong> doisprojetos... Exist<strong>em</strong> dois projetos, no Se<strong>na</strong>do, permitindo a formação deredes de rádio comunitária <strong>na</strong> Amazônia Legal. Então, eu acho que é umaluta, também, por isso que t<strong>em</strong> que apoiar, não é? Porque isso aí dificultamuito, ain<strong>da</strong> mais numa extensão, e com uma distância entre essascomuni<strong>da</strong>des e as rádios, as próprias rádios comunitárias. Então, eu achoque isso é uma luta que também vale a pe<strong>na</strong> atentar para isso. Nelson,por favor.SR. NELSON BREVE: Se me dess<strong>em</strong> ape<strong>na</strong>s o direito de ter umapalavra para responder a to<strong><strong>da</strong>s</strong> as perguntas, eu responderia commobilização. Eu não tenho dúvi<strong>da</strong>, ‘Pipoca’, que comunicação é pública.Nenhuma. Assim como educação é pública, assim como saúde é pública.Embora to<strong><strong>da</strong>s</strong> elas sejam provi<strong><strong>da</strong>s</strong> tanto pelo meio privado quanto pelomeio estatal. Comunicação é pública.Agora, a gente t<strong>em</strong> que pensar, também, no que aconteceu, nopaís, <strong>em</strong> relação à comunicação <strong>na</strong> história dela. Ao fazer a m<strong>em</strong>ória dos90 anos <strong>da</strong> primeira radiodifusão, nós fiz<strong>em</strong>os um programa. Naqueleprograma, <strong>em</strong> um determi<strong>na</strong>do momento, alguém disse que a culpa é doChâteaubriant, não é? Que não deixou de ter uma televisão pública,porque se tivesse... Se o Getúlio Vargas tivesse feito uma TV <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, eleia botar todos os diários associados contra o governo. Pelo menos, foi oque foi dito lá. Eu não estava lá, <strong>na</strong>quela época, eu não sei se foi issomesmo.Mas o fato é que não houve. A televisão, ela foi instala<strong>da</strong>, no Brasil,como priva<strong>da</strong> e, depois, a primeira pública veio <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de dePer<strong>na</strong>mbuco. E, depois, já estávamos no regime militar. E aí, acomunicação pública já era uma comunicação no sentido do que vocêsdisseram, que foi, aqui, a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia.O que eu mais lamento, <strong>em</strong> relação à comunicação pública, é oseguinte... Se a gente parar o SUS, se não tiver atendimento público <strong>na</strong>saúde, eu pergunto a vocês: o que aconteceria, no país? Se parar to<strong><strong>da</strong>s</strong> asescolas públicas e não tivermos mais educação pública, o que é queSA/ehc 22


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012aconteceria no país? Se parar a EBC e todos os ca<strong>na</strong>is públicos dela e <strong><strong>da</strong>s</strong>outras públicas, o que aconteceria no país?Essa é a pergunta que eu faço. Então, mobilização. A socie<strong>da</strong>deprecisa. Não é dizer para nós, tá, Evandro? Não é dizer, para nós, não épossível. É dizer para as pessoas que vocês representam. Para as pessoasque não estão, aqui, hoje. É elas é que têm que saber disso. Nóssab<strong>em</strong>os. Agora, se o povo não se organizar, se para ele não forimportante a comunicação pública, nós somos muito poucos para disputarcom to<strong><strong>da</strong>s</strong> as outras políticas públicas que têm fator mobilizador, caso elaspar<strong>em</strong> de funcio<strong>na</strong>r.Não vamos ficar, aqui, nos iludindo. A gente está tentando construiralgo, não é, <strong>em</strong> cinco anos, algo que durante 60 anos não foi construído.Foi construí<strong>da</strong> outra coisa no caminho, que provoca a situação que agente vive hoje: as pessoas gostam é dessa comunicação, gente. Elas nãogostam <strong>da</strong>quilo que a gente gostaria que elas gostass<strong>em</strong>. Elas foramforma<strong><strong>da</strong>s</strong> para gostar disso, queiram ou não.Como é que vai fazer essa contra, aí não é ou não é possível? Étentar ver o como pode ser possível. E o como pode ser possível, àsvezes, é muito longo, porque se não tiver mobilização, não disputarecurso público. A Adelaide está aqui e sabe disso, a dificul<strong>da</strong>de do dentrodo governo estadual. Eu vivo no governo federal. Porque é muito difícilvocê dizer: eu preciso de mais recursos para fazer comunicação pública.Mas fazer comunicação pública para quê?Eu tenho, olha, o indicador de que a saúde pública não estáfuncio<strong>na</strong>ndo, t<strong>em</strong> um monte. Mortali<strong>da</strong>de infantil, etc. etc. Indicador deque a educação pública não funcio<strong>na</strong> t<strong>em</strong> um monte: o Ideb, Prova Brasil,a prova inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l aí, que eles faz<strong>em</strong>, sei lá o quê. T<strong>em</strong> um monte,para mostrar que não está funcio<strong>na</strong>ndo. Qual o indicador para mostrarque a comunicação pública não está funcio<strong>na</strong>ndo no país? O que agente...? Como é que se mensura isso? Não é, são coisas subjetivas, agente não consegue medir. Não consegue mostrar, tanto para o poderpúblico, para qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> poder de decisão, quanto para a socie<strong>da</strong>de, que équ<strong>em</strong> se beneficiaria com um conteúdo de comunicação compl<strong>em</strong>entar, agente não consegue fazer isso.Aqui, a gente quer fazer. Tenho certeza que, aqui, t<strong>em</strong> um gruporeprodutor e multiplicador de informação, que vai voltar para lá, parabuscar a mobilização necessária para fazer isso que vocês estãosugerindo, propondo e perguntando: “Por que não fazer mais parceriascom o movimento social?”.Que tipo de parcerias que a gente pode fazer com o movimentosocial? Se fizermos parcerias com o movimento social, nós vamos estarampliando a audiência, no sentido de estamos alcançando mais gente,mais pessoas que precisam dessa nossa comunicação ou não? Vamosestar reproduzindo ape<strong>na</strong>s aquilo que já é feito. Aliás, a formação <strong><strong>da</strong>s</strong>SA/ehc 23


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012mesmas lideranças que são reproduzi<strong><strong>da</strong>s</strong> ou a formação <strong>da</strong> mesma elitedo país, do ponto de vista cultural e educacio<strong>na</strong>l brasileiro, e de exercício<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.Eu, recent<strong>em</strong>ente, tive um <strong>da</strong>do que eu tenho, estou há dez meses<strong>na</strong> presidência <strong>em</strong> busca dele, e o Eduardo me trouxe, essa s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>.É, para a gente saber, <strong>em</strong> quantas capitais tinham, ali? N<strong>em</strong> dez.Sete. Além <strong>da</strong>quelas que nós medimos no Ibope, o Distrito Federal, SãoPaulo e Rio de Janeiro, outras mais, inclusive, aqui. Aí, a gente soma tudoà audiência <strong>da</strong> TV Brasil, com to<strong><strong>da</strong>s</strong> essas parceiras nossas – <strong>na</strong>s nossastrês, mais quatro outras parceiras – e a gente não chega num traçosomando tudo, entendeu?É traço. Agora, é traço por quê? Estamos 60 anos atrasados.Sessenta anos. Como é que eu consigo disputar audiência, assim,amarrado pelas amarras do regime estatal, porque eu sou uma <strong>em</strong>presaestatal, e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, tendo que disputar audiência, tendo que tera flexibili<strong>da</strong>de, tendo que ter o regime para disputar a audiência com aspriva<strong><strong>da</strong>s</strong>. Como é que se faz isso?A gente está buscando caminhos. Nós estamos negociandointer<strong>na</strong>mente, dentro do governo, estamos negociando com qu<strong>em</strong> precisanegociar, o Tribu<strong>na</strong>l de Contas <strong>da</strong> União. Eu estive com o presidente doTribu<strong>na</strong>l, essa s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>. Estamos negociando com o Ministério Público dotrabalho. Estamos negociando com os representantes dos funcionários. Agente t<strong>em</strong> que encontrar uma solução, no nosso modelo organizacio<strong>na</strong>l, et<strong>em</strong>os que convencer as pessoas que nós somos importantes eprecisamos ter apoio fi<strong>na</strong>nceiro. S<strong>em</strong> recursos, não faz.T<strong>em</strong> gente que não gosta que eu diga isso, mas televisão é cara.Rádio é cara. Você t<strong>em</strong> que manter transmissor, e numa região, não é,grande e de difícil acesso é mais caro, ain<strong>da</strong>. Eu não quero fugir àresponsabili<strong>da</strong>de. Eu quero dizer: nós estamos batalhando. Nós estamosbuscando o como é possível.Agora, não é fácil, e s<strong>em</strong> a aju<strong>da</strong> de vocês, de vocês mobilizar<strong>em</strong> assuas correntes sociais, de vocês mobilizar<strong>em</strong> as pessoas que precisam econvencê-las de que elas precisam, porque é isso mesmo. Bota lá a FM,no assentamento, e o pessoal fica feliz. Se a FM não fala dos conflitos, nãofala dos direitos, não fala <strong>da</strong>quilo que as pessoas têm que buscar, essaspessoas vão... Eu tenho certeza que consumidoras, elas serão. Porque,hoje, nós t<strong>em</strong>os uma nova classe média que está podendo consumir eestá aprendendo a ser consumidor, não é?O direito do consumidor está prevalecendo, <strong>na</strong> maior capital do país,<strong>na</strong> eleição, não é? É o direito ao consumidor que está prevalecendo lá. Odireito do consumidor. Não o crédito do ci<strong>da</strong>dão, não é? O direito doci<strong>da</strong>dão é... Nós, que estamos aqui, porque entend<strong>em</strong>os a importância <strong>da</strong>comunicação pública, é que t<strong>em</strong>os que ensiná-lo que ele t<strong>em</strong> o direito dedizer e o direito de saber, o direito do ci<strong>da</strong>dão.SA/ehc 24


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Eu sei que t<strong>em</strong> representações, e as representações sãoimportantes, são relevantes, mas é preciso que essas representaçõespass<strong>em</strong> para o ci<strong>da</strong>dão que o direito é deles. Por isso, às vezes, a carta émais importante para esse ci<strong>da</strong>dão do que ele pensar <strong>em</strong> tirar odocumento, <strong>em</strong> fazer outra coisa. Ali é que é a importância. A importânciade a gente enxergar o ouvinte como ci<strong>da</strong>dão e ele expressar a suaci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. É preciso criar outros mecanismos. É preciso, também, que asrepresentações tenham voz. E isso a gente está construindo, dentro doprojeto. Não acontece, não é?Mas eu queria, também, l<strong>em</strong>brar, aqui, ao Evandro, que se o‘Dezinho’ estivesse filmando, hoje, ele tinha um programa para man<strong>da</strong>r osseus filmes: o Repórter Brasil, que t<strong>em</strong> Outro Olhar, e está aqui oGuilherme, que trabalhou, até pouco t<strong>em</strong>po, produzindo o outro olhar. Etenho certeza que ele teria colocado os vídeos do ‘Dezinho’ no OutroOlhar. E se o ‘Dezinho’ n<strong>em</strong> conhecesse, não soubesse como chegar atéao Guilherme, ele podia entrar no portal <strong>da</strong> EBC e postar o seu vídeo lá, eele ia chegar até ao Guilherme, para que o Guilherme colocasse o vídeodele. Então, já fica a ponte feita, nesse momento, com 20 anos de atraso,é isso? Mas <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po. Eu diria isso.Olha, nós t<strong>em</strong>os... A nossa maior dificul<strong>da</strong>de, além dessa <strong><strong>da</strong>s</strong>ocie<strong>da</strong>de não entender o que a importância dessa política pública, étambém o Estado Brasileiro ter muitas priori<strong>da</strong>des, e que são aquelaspriori<strong>da</strong>des <strong>em</strong>ergenciais e que precisam ser feitas rapi<strong>da</strong>mente, para <strong>da</strong>rconta <strong>da</strong> gente reduzir as desigual<strong>da</strong>des no país mais rapi<strong>da</strong>mente.E aqui, quando a gente fala de comunicação e do direito àcomunicação, é algo que a gente enxerga, mas é num médio prazo, longoprazo. To<strong><strong>da</strong>s</strong> as coisas que estão no médio prazo e longo prazo, elasprecisam ser pensa<strong><strong>da</strong>s</strong> não como uma ação imediata e direta, mas,primeiro, como uma estratégia. O que falta ao país é uma estratégia<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de comunicação. Os militares tinham, mas os civis não colocaram<strong>na</strong><strong>da</strong> no lugar.Então, t<strong>em</strong> que ter mobilização por um Fórum Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong>Comunicação Pública que pense, com participação social, uma estratégia<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de comunicação pública, que vá <strong>da</strong> infraestrutura decomunicação ao direito de espectro, ao direito de distribuição, até aprodução do conteúdo e o acesso aos meios de distribuição de conteúdo,seja aqui, no Brasil, seja no exterior, e a transformação disso numaindústria. Nós não pod<strong>em</strong>os também <strong>da</strong>r esse nome, indústria.Porque se construirmos <strong>na</strong> diversi<strong>da</strong>de, construirmos, e <strong>na</strong>quanti<strong>da</strong>de, não é, potenciais produtores independentes de conteúdo,vamos estar produzindo a quali<strong>da</strong>de que pode nos transformar numplayer inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l no mercado que mais cresce no mundo, que é omercado <strong>da</strong> produção cultural de comunicação. Então... E deconhecimento, por intermédio <strong>da</strong> comunicação.SA/ehc 25


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Então, não sei se atendi a to<strong><strong>da</strong>s</strong> as perguntas. Eu tentei falar d<strong>em</strong>odo mais abrangente e filosófico. E, depois, a gente pode falar <strong>na</strong>quiloque o Bráulio colocou, como a parte <strong>da</strong> questão dos nossos transmissores,etc.SRA. BETH BEGONHA: Antes de passar a palavra para o próximocomponente <strong>da</strong> Mesa, eu gostaria de registrar, ain<strong>da</strong>, a presença dodiretor-geral <strong>da</strong> EBC, o Eduardo Castro, jor<strong>na</strong>lista; <strong>da</strong> Lucia<strong>na</strong> Couto,coorde<strong>na</strong>dora <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, obriga<strong>da</strong>, Lucia<strong>na</strong>; doRicardo Lima, assessor <strong>da</strong> Presidência <strong>da</strong> EBC, nosso companheiro; eHidelma Santiago, professora <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal do Pará. Hidelma.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK:presença.Obriga<strong>da</strong>, Hidelma, pelaSRA. BETH BEGONHA: Eu passo a palavra, agora, então, àAdelaide, por favor.SRA. ADELAIDE OLIVEIRA: Opa! Aqui, vamos estrear esse. Euacho que foi o Fer<strong>na</strong>ndo que falou, logo no início, sobre... Cadê oFer<strong>na</strong>ndo? Fer<strong>na</strong>ndo? Que ele falou sobre o que era chamado de convênioentre a Funtelpa e o sist<strong>em</strong>a Rômulo Maiora<strong>na</strong>. Esse convênio não exist<strong>em</strong>ais. T<strong>em</strong> até uma decisão que está <strong>na</strong> Justiça, mas não existe mais. Nãoexiste mais nenhum repasse do Governo do Estado para esse grupo.A Funtelpa i<strong>na</strong>ugura, hoje, a sua repetidora de número 69, a 69ª,<strong>em</strong> Mocajuba, não é? A Regi<strong>na</strong> pode até falar um pouquinho <strong>da</strong> retoma<strong>da</strong>dessas torres, que iniciou <strong>na</strong> gestão anterior e continua.Por que nós ain<strong>da</strong> não estamos, aqui, pedindo aí, licença... Já que agente falou, um pouquinho de televisão, nesse momento, eu vou ficar àvontade, porque eu sou cria, também, de televisão. Então, assim, nós jáprotocolamos, desde 2007, a Fun<strong>da</strong>ção pede, junto ao Ministério <strong><strong>da</strong>s</strong>Comunicações, o requerimento solicitando um ca<strong>na</strong>l, aqui, <strong>em</strong> Marabá –não só <strong>em</strong> Marabá. Mas, aqui, eu tenho, inclusive, as <strong>da</strong>tas. Eu pedi,porque eu sabia que isso vinha à to<strong>na</strong> e era importante que vocêstivess<strong>em</strong> essa referência, também.Ano passado, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro, nós estiv<strong>em</strong>os com o secretárioGenildo, no MiniCom, levamos para ele e falamos: “A gente não querestar aqui, <strong>em</strong> Marabá, n<strong>em</strong> <strong>em</strong> Santarém, n<strong>em</strong> <strong>em</strong> Xinguara, n<strong>em</strong>Altamira como repetidora. Nós quer<strong>em</strong>os estar como geradoras”. Qual adiferença básica? Ou seja, não só receberia os si<strong>na</strong>is <strong>da</strong> TV Cultura, quecarrega com ela... Obviamente, a espinha dorsal do si<strong>na</strong>l é a TV Brasil.Mas a gente teria, aqui, uma re<strong>da</strong>ção, teria cinegrafistas, teria repórteres,teria produtores e teria editores. E isso t<strong>em</strong> um pouco mais decomplexi<strong>da</strong>de.Infelizmente, essa burocracia... Todo mundo, aqui, o presidenteNelson pode até falar um pouquinho mais... Não é tão simples vocêconseguir, as rádios comunitárias sab<strong>em</strong> disso. As rádios universitárias,SA/ehc 26


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012alguém falou que a UFPA, aqui, vai conseguir. Então, assim, é umprocesso mais lento do que gostaríamos. Nós sentamos com ele...E existe a possibili<strong>da</strong>de – eu vou aproveitar a oportuni<strong>da</strong>de, que euestou aqui, não vou perder isso – que, junto à EBC, a gente possaacelerar esse processo. E, ano que v<strong>em</strong>, a ideia é que fosse esse ano, agente protocolou um novo pedido, o estudo de viabili<strong>da</strong>de de ca<strong>na</strong>l, <strong>em</strong>março desse ano. Uma análise do estudo de visibili<strong>da</strong>de, viabili<strong>da</strong>detécnica, perdão, para inclusão dos ca<strong>na</strong>is como geradora. E, aqui, <strong>em</strong>Marabá, seria o ca<strong>na</strong>l 59, e já ca<strong>na</strong>l digital, não o ca<strong>na</strong>l a<strong>na</strong>lógico. A genteaguar<strong>da</strong>.Isso d<strong>em</strong>ora, não é simples. Talvez, com a parceria, e eu sei que aEBC já está estu<strong>da</strong>ndo isso, porque nós chegamos a trocar e-mail, eu,Eduardo e o presidente, que uma TV federal... A TV federal, próxima àsTVs estaduais, possa acelerar, possa acelerar esse processo. A gente está,de fato, nessa expectativa, também. A gente quer estar, aqui, o maisrápido possível, e a gente t<strong>em</strong> falado com muita frequência.Em Santarém, a gente conseguiu, agora, como repetidora. Mas,assim, não é o ideal. A gente quer está lá como geradora. Então, eu achoque essa questão está respondi<strong>da</strong>.O Fer<strong>na</strong>ndo... Vários professores, não é? O Fer<strong>na</strong>ndo, <strong>da</strong> Federal,também, falou sobre a possibili<strong>da</strong>de de capacitação, <strong>em</strong> parceria com aFuntelpa, a EBC. Cadê o Fer<strong>na</strong>ndo? Fer<strong>na</strong>ndo, é possível, sim. ASecretaria de Comunicação t<strong>em</strong> um projeto que chama Biizu, quecapacita, <strong>em</strong> vários lugares, estu<strong>da</strong>ntes, ensino médio, para que elespossam gerar conteúdo <strong>na</strong>s suas escolas, façam seus próprios blogs.Jamais acontece. A gente pode pensar isso, junto à Secretaria deComunicação, mas a Funtelpa estaria aberta. Como esteve, por ex<strong>em</strong>plo...E aí, eu vou falar isso para o ‘Pipoca’, como esteve... Por ex<strong>em</strong>plo, agente recebeu, eu acho que, <strong>em</strong> abril ou março desse ano, uma comissãodo MST. Eles tinham uma pauta extensa com o Governo do Estado, eincluía uma cláusula que era <strong>da</strong> comunicação, que era levar, por ex<strong>em</strong>plo,essas ofici<strong>na</strong>s, para os assentamentos e tudo mais.Já... Que é isso, não é? Que é fruto dessa conversa. E, quandochegaram lá, foi engraçado, porque, assim, a gente reuniu três vezes,coloquei jor<strong>na</strong>listas do lado, eu disse assim: “Olha, a gente pensa junto,mas vocês vão ter que produzir o conteúdo que é interessante para vocês.A gente pensa junto essa linha ideológica, que vocês quer<strong>em</strong>, o que éimportante”. Só que eles sumiram, ‘Pipoca’. E nós íamos produzir isso, nósíamos afi<strong>na</strong>r esse material nos estúdios <strong>da</strong> Rede Cultura, <strong>da</strong> Cultura FM,para que a gente pudesse colocar <strong>na</strong> OT. Mas aí, eles não voltaram lá,com a gente. Mas que bom que... Eu me l<strong>em</strong>bro que eles levaram umDVD do Catalen<strong><strong>da</strong>s</strong> e tudo mais. Mas que bom que, de alguma forma,surtiu efeito essa conversa, já, que fizeram.SA/ehc 27


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Alguém citou... O Alysson citou sobre a FM, esse tipo de coisa.Assim, eu vou falar de um modelo que, hoje, acontece <strong>na</strong> FM, que nãoacho que é um ex<strong>em</strong>plo, mas é um modelo que a gente faz. Hoje, a ca<strong>da</strong>uma <strong>da</strong> música <strong>da</strong> Rádio Cultura, <strong>da</strong> FM, 25%, obrigatoriamente, no nossoplaylist é música paraense. Só música paraense. E aí, você t<strong>em</strong> o carimbóde pau e cor<strong>da</strong>, você t<strong>em</strong> uma guitarra<strong>da</strong>, você t<strong>em</strong> um tecnobrega, nãoé? Você t<strong>em</strong> música popular paraense, mas, obrigatoriamente, 25%.Aí, você t<strong>em</strong> uma música, fora esses 25%, instrumental. Qualquermúsica instrumental. Você t<strong>em</strong> uma música estrangeira, e o restante, estádivid<strong>em</strong> no que a gente chama de MPB, ou novos... E aí, novos pode serEmici<strong>da</strong>, Tiê, Tulipa Ruiz, coisas que são muito recentes, ou então, osconsagrados, Chico, Caetano, Lenine. Então, a gente faz esse playlist.É um modelo... Eu costumo falar isso, porque, assim, é um modelomuito feliz. A gente usa esse playlist. Se a gente for usar aquele modeloclássico <strong>da</strong> pizza, a gente pega 25%, e 25% só toca música paraense, tá?Isso é, toca Sebastião Tapajós, toca o pessoal que está aqui e tudo mais.Alguém falou sobre a possibili<strong>da</strong>de que o material audiovisual queestá sendo produzido, aqui... Eu acredito que seja um núcleo deParauapebas que faz isso, não é? Eu os conheço, a gente já fez ummaterial com eles, algumas... A gente fez matérias, já, com eles. E eu nãovou l<strong>em</strong>brar o nome <strong>da</strong> pessoa, mas um que faz parte, um dessesrealizadores, a gente t<strong>em</strong> um projeto que, junto com o si<strong>na</strong>l digital <strong>da</strong>televisão, que deve começar... que deve ser, agora, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro. Onosso transmissor chega no próximo mês, o transmissor HD.Nós t<strong>em</strong>os um projeto que chama Sonora Pará, e que a gent<strong>em</strong>apeou 20 realizadores de audiovisual no estado, não é? Doze deles são<strong>da</strong> capital, mas a gente t<strong>em</strong> gente de Santarém Novo, de Santarém, deParauapebas. Se eu não me engano, também alguém de uma ci<strong>da</strong>de doMarajó, que eu não me recordo qual, agora. E aí, fiz<strong>em</strong>os o convite paraeles e d<strong>em</strong>os para eles um artista. E eles vão fazer o material com esseartista, e a gente vai colocar dentro <strong>da</strong> programação. Mas eu conheço e,assim, a gente t<strong>em</strong> começado a estreitar o diálogo com eles. Então, éinteressante.Eu queria falar, rapi<strong>da</strong>mente, sobre a Rede Cultura. A gente t<strong>em</strong>hoje a Rede Cultura de Rádio. A gente está conversando, já, com oBráulio, para estender, para atuar junto com essa Rede Pública <strong><strong>da</strong>s</strong>Rádios, <strong>na</strong> Amazônia. Mas há... Aqui, no estado, existe a Rede Cultura deRádio, que hoje t<strong>em</strong> 20 <strong>em</strong>issoras, muitas delas <strong>em</strong>issoras comunitárias,que receb<strong>em</strong> por mês R$ 600. E vocês sab<strong>em</strong>, qu<strong>em</strong> é de rádiocomunitária, que R$ 600 pode fazer muita diferença dentro de uma rádiocomunitária. E, no nosso contrato, eles exib<strong>em</strong>, eles transmit<strong>em</strong> o Jor<strong>na</strong>l<strong>da</strong> Manhã, de sete <strong>da</strong> manhã às oito horas. O intervalo é <strong><strong>da</strong>s</strong> rádios, elasfaz<strong>em</strong> o que quiser<strong>em</strong> com esse intervalo. E, também, todo o resto <strong>da</strong>programação é franqueado.SA/ehc 28


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Então, como a gente transmite o Campeo<strong>na</strong>to Paraense de Futebol,essas rádios pod<strong>em</strong> transmitir o campeo<strong>na</strong>to, o jogo, ou um programa, ouum musical <strong>da</strong> tarde, o que eles quiser<strong>em</strong>, está franqueado. Mas o queeles teriam, de obrigatório, era transmitir o Jor<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Manhã. Isso jáfuncio<strong>na</strong> com 20 <strong>em</strong>issoras. Não é o suficiente, a gente quer estender eaumentar critérios. Algumas rádios comunitárias entraram, mas, assim,critérios.Obviamente, a gente quer quali<strong>da</strong>de no si<strong>na</strong>l, que elas sejam FMs,mas a abrangência, para a gente, é muito importante, para que a gentepossa colocar esse jor<strong>na</strong>l, o Jor<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Manhã, que é o carro-chefe <strong>da</strong>programação jor<strong>na</strong>lística <strong>da</strong> Cultura FM.Deixa ver se eu tenho mais alguma coisa que possa acrescentar,aqui. B<strong>em</strong>, falei do ca<strong>na</strong>l, que seria o 59, <strong>em</strong> Marabá. Eu creio que só. Seeu...Uma outra experiência que a gente começou a afi<strong>na</strong>r, agora, eu pediaté para um amigo confirmar a quanti<strong>da</strong>de de reservas, ele não... Achoque a mensag<strong>em</strong> não chegou a t<strong>em</strong>po. Nós sentamos, há duas s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s,com o Imazon e a Conservação Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, que são duas ONGs. Elesquer<strong>em</strong> fazer material. Como eles conhec<strong>em</strong> to<strong><strong>da</strong>s</strong> as reservas, elesdiz<strong>em</strong> que as rádios comunitárias – e <strong>em</strong> muitas dessas reservas, assimque são extr<strong>em</strong>amente distantes – só têm um si<strong>na</strong>l de rádio, elas não têma instrumentalização para produzir conteúdo.Então, eles sentaram com a gente, perguntaram assim: “Vamostentar...”. Rede Cultura, Cultura, Funtelpa. Eu falo Cultura, que eu achomais gostoso do que Funtelpa. Funtelpa é feinho, assim. Então, assim,Cultura, Imazon e Conservação Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, que a gente possa fazerprogramas, programetes e que a gente possa, a partir <strong>da</strong>í, uma partedesse conteúdo, a gente vai usar no Jor<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Manhã, mas a gente vaidisponibilizar para o Imazon e para a Conservação Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, para queeles possam sair com a sua cópia. Eu não chamo cópia pirata, chamocópia popular. Aprendi, inclusive, numa reunião com o MST, não é? Queeles possam levar para essas rádios comunitárias e digam assim: “Olha,t<strong>em</strong>os quatro, cinco programetes falando sobre essas reservas”.Eles não têm muita verba, a gente fez para eles um orçamentomínimo, para que isso pudesse ser produzido durante dois meses e que,no terceiro mês, eles pudess<strong>em</strong> já, a partir de janeiro, <strong>em</strong> to<strong><strong>da</strong>s</strong> asviagens, levar esse material.Então, assim, s<strong>em</strong>pre que possível a gente tenta conversar e pensaro formato que a gente possa, também, ser capaz de produzir, s<strong>em</strong> queatrapalhe a produção que a gente t<strong>em</strong> lá, a quanti<strong>da</strong>de de produção, masque possa, de alguma forma, cont<strong>em</strong>plar esse parceiro que nos procurou.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Ufa, Adelaide. Você estátrabalhando muito. [risos] Então, é superimportante essas informações...Mais perto. Lá, t<strong>em</strong> que ser mais longe.SA/ehc 29


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012A minha amiga Regi<strong>na</strong> Lima, por favor.SRA. REGINA LIMA: Eu acho, como você disse mesmo, ufa, não é?Eu acho, assim, só para colaborar, acho que o Nelson colocou muito b<strong>em</strong>as questões que foram levanta<strong><strong>da</strong>s</strong>. A Adelaide levantou isso. Eu acho queo papel do gestor é esse, é ou <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de ou impl<strong>em</strong>entar coisasnovas.E eu fico feliz, não é? Na ver<strong>da</strong>de, eu fico feliz com essedes<strong>em</strong>penho. Des<strong>em</strong>penho do Nelson, que também sucedeu a Tereza e,ca<strong>da</strong> vez mais, se <strong>em</strong>penhando para que a gente... Está correto quandose diz que a comunicação é pública. Ela é pública. Mas frente ao que opróprio Nelson falou, ao histórico <strong>da</strong> comunicação, nesse país, umhistórico privado de comunicação. E nós fomos, infelizmente, educadospelo modelo, que é esse modelo heg<strong>em</strong>ônico de educação priva<strong>da</strong>.Então, não é fácil trazer conteúdos que digam que... Comocolocaram aqui, onde vocês se vejam <strong>na</strong> programação, não é uma tarefafácil, não é? Exatamente por essa dimensão que é o país, essa dificul<strong>da</strong>dede chegar, a escassez, muitas <strong><strong>da</strong>s</strong> vezes, de recursos. Então, isso não éfácil, realmente. É um grande desafio.Agora, to<strong>da</strong> comunicação, todo jor<strong>na</strong>lismo, porque, às vezes, eudigo vamos fazer jor<strong>na</strong>lismo público. Todo jor<strong>na</strong>lismo, ele é público, ele ésocial, ele é de interesse <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Então, eu acho que, do ponto devista administrativo, <strong>da</strong>quilo que se há possibili<strong>da</strong>de de fazer... E só queriaressaltar uma coisa que o Nelson falou, que eu acho que é importante...Para que esse projeto... Ele é um projeto que ele está se constituindo.Para que esse projeto prevaleça, independent<strong>em</strong>ente de que qual ogoverno, qual o partido passe por ele, é preciso que a socie<strong>da</strong>de abraceessa causa como um projeto dela, como cogestora e gestora principaldesse projeto. É só como isso sobreviverá. Se não... Quer dizer, otrabalhar que está se procurando fazer, de constituir essa comunicaçãopública, a gente faz. Não chegamos ain<strong>da</strong>... Duvido que chegu<strong>em</strong>os a teresse ideal de comunicação, mas eu acho que a socie<strong>da</strong>de, ela t<strong>em</strong> umpapel principal.Quando a gente usa como ex<strong>em</strong>plo a BBC de Londres, como ummodelo de comunicação pública, mas eu tenho certeza que se for lá, <strong>na</strong>BBC, nós vamos nos deparar com os mesmos probl<strong>em</strong>as que a EBCenfrenta, que o Nelson enfrenta, <strong>na</strong> gestão <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa. O mesmoprobl<strong>em</strong>a que a Adelaide enfrenta lá, <strong>na</strong> Funtelpa. Eu sei que não é fácil.Agora, claro, se você olhar uma BBC de Londres, ela t<strong>em</strong> umhistórico diferente do nosso. Hoje, a gente diria que, majoritariamente, oque sustenta a BBC é, exatamente, a contribuição <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Eu nãosei n<strong>em</strong> se chegar<strong>em</strong>os a esse estágio. Talvez, se a socie<strong>da</strong>de abraçar,que é a história que o Nelson falou, aqui, <strong>da</strong> mobilização, se a socie<strong>da</strong>de,ela abraça esse projeto e é ela que garante a sustentabili<strong>da</strong>de desseprojeto, pode ser que chegu<strong>em</strong>os, um dia, que a socie<strong>da</strong>de também seja aSA/ehc 30


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012maior, além do que ela já, é através dos seus impostos, mas que ela sejaa maior defensora desse projeto e que <strong>na</strong><strong>da</strong> possa abalar.Então, só dizer que eu acho que, administrativamente, qu<strong>em</strong>poderia falar realmente, é o Nelson. E a Ouvidoria está lá, para recebernão só reclamações, elogios, pedidos de informação, e estamos àdisposição para isso. E acho que a socie<strong>da</strong>de, esse ex<strong>em</strong>plo <strong>da</strong> audiênciapública, ela é importante, porque ela dá essa capaci<strong>da</strong>de, não só deouvirmos ou de sermos acessados à distância, mas <strong>da</strong> gente estar olhandoa cara de vocês. Eu, ain<strong>da</strong>, agora, até ri, porque ‘Pipoca’, não é? [risos] Ea atuação do ‘Pipoca’, aqui, nessa região, no Movimento dos S<strong>em</strong>-Terra, éimportante a gente olhar. Eu digo que é materializar.Às vezes, a gente fala tanto com as pessoas, via e-mail, viatelefone, a gente não consegue sequer imagi<strong>na</strong>r como é essa pessoa equal a atuação dela <strong>na</strong> região, <strong>da</strong> qual ela participa. Aí, eu acho que aaudiência pública, ela t<strong>em</strong> essa capaci<strong>da</strong>de de materializar, de olhar e derespondermos e de sermos questio<strong>na</strong>dos. Mas olhando um para a cara dooutro. Embora a gente tenha outros mecanismos, dentro <strong>da</strong> EBC, como aOuvidoria, o Conselho Curador, do qual vocês pod<strong>em</strong>, também, s<strong>em</strong>anifestar.Mas eu acho o que ato de olhar e o ato, como eu acredito que amaioria que veio, aqui, <strong>da</strong> EBC, não conheciam. Ou se não conheciam, oestado, não, conhec<strong>em</strong> Belém, mas não conheciam Marabá. Ain<strong>da</strong> hápouco a pessoa que está <strong>da</strong>ndo suporte logístico para a gente, ele disseassim: “Nossa, eu fico feliz quando as pessoas lá de Brasília...”. Porqueessa noção de eixo, de eixo do centro e periferia, isso ain<strong>da</strong> é muito forteno país. “Imagi<strong>na</strong>, o povo lá de Brasília vir aqui, <strong>em</strong> Marabá.” Aocontrário, eu disse para ele: “Imagi<strong>na</strong>, vocês, de Marabá, estar<strong>em</strong> nosrecebendo”. Então, eu acho que essa é que t<strong>em</strong> que ser a relação, não é?Uma relação de proximi<strong>da</strong>de e de conhecer.É aquilo que eu falei no início: pode até ser que não tenhamos ness<strong>em</strong>omento condições de atendermos a tudo que vocês... Eu anotei aqui, atudo que vocês estão colocando. Mas eu acho que esse caminho, essaproximi<strong>da</strong>de, para mim, já é um primeiro passo, para que a gente possa,se não conseguir tudo, mas, pelo menos, <strong>da</strong>r esse passo inicial paraconseguir. E eu acho que vir, não é? E eu parabenizo a Adelaide. Eu achoque a gente vir para esses debates é importante. Ouvir, ouvir o que aspessoas estão pensando.Às vezes, a gente até está fazendo coisa lá e que vocês não têmconhecimento. E esse evento... Eles te dão a oportuni<strong>da</strong>de que você fale.E que as coisas também se torn<strong>em</strong> visíveis, públicas, até as dificul<strong>da</strong>desque a gente t<strong>em</strong>. Eu chamo <strong><strong>da</strong>s</strong> feri<strong><strong>da</strong>s</strong>, que muitas vezes o gestor, agente cobra muito de qu<strong>em</strong> é gestor, não é? Não quer fazer, não fazporque não quer, é má vontade. Bom, mas lá <strong>na</strong> ponta você t<strong>em</strong> a maiordificul<strong>da</strong>de fi<strong>na</strong>nceira de colocar <strong>em</strong> prática os projetos. E mais do quecolocar <strong>em</strong> prática, é fazer. Muitas <strong><strong>da</strong>s</strong> vezes, a gestão do governoSA/ehc 31


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012entendeu o papel <strong>da</strong> comunicação. Talvez como o país, nós padec<strong>em</strong>ostanto de dificul<strong>da</strong>des <strong>na</strong> educação, dificul<strong>da</strong>des <strong>na</strong> saúde, que pensarcomunicação é o menor dos nossos probl<strong>em</strong>as. Quando a gente esqueceque a comunicação, ela pode ser prevenção <strong>da</strong> saúde, ela pode aju<strong>da</strong>r noprocesso de educação. Mas inverter essa noção <strong>da</strong> comunicação como umpapel prioritário, inclusive, como um processo preventivo de questões,infelizmente, a gente ain<strong>da</strong> está num processo que eu diria inicial.Então, eu, assim, <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de, queria aproveitar e dizer que éimportante para a gente. É importante a gente estar lá, receber ascomunicações de vocês, mas de também ter essa oportuni<strong>da</strong>de de trazerpessoas que não conheciam o Pará. Ont<strong>em</strong>, quando a gente desceu doavião, todo mundo: “Uau, que calor”. Todo mundo veio de Brasília decasaco, quando chegou ali, pega aquela... Então, é essa a reali<strong>da</strong>de, éessa a diversi<strong>da</strong>de de to<strong>da</strong> a ord<strong>em</strong> que você t<strong>em</strong>, nesse país gigantesco,e essa possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> gente estar junto, aqui, nos conhecendo. E compossibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> gente... Refletirmos isso nos conteúdos que sãoproduzidos, seja através de produção própria <strong>da</strong> EBC, seja <strong>na</strong>scoproduções, seja através <strong>da</strong> parceria com as TVs, com as rádios doestado. Eu acho que é louvável a iniciativa.Agora, nós ain<strong>da</strong> precisamos de muito para chegar lá. Mas isso, umacoisa é certa, eu tenho que ressaltar que é o que o Nelson falou: a genteprecisa que a socie<strong>da</strong>de abrace esse projeto. O que vai garantircontinui<strong>da</strong>de desse projeto é a socie<strong>da</strong>de entender que esse é um projetodela. Nelson está lá de passag<strong>em</strong>. Daqui mais uns anos, v<strong>em</strong> outro. E aí,para a gente garantir esse processo só vai ser quando vocês abraçar<strong>em</strong>. Ebrigar por ele. É brigar por esse projeto. Mais do que qualquer iniciativanossa, que ain<strong>da</strong> não cont<strong>em</strong>pla 100% dos que vocês quer<strong>em</strong>, eu achoque é vocês. O que vai <strong>da</strong>r o termômetro vai ser vocês.Nessa cobrança permanente, ain<strong>da</strong> que, às vezes, é chato, porquefica cobrando to<strong>da</strong> hora. Mas eu acho que esse é o papel. A socie<strong>da</strong>de, elacontribui para esse projeto, então, ela é a que fiscaliza, a que cobra paraver se está funcio<strong>na</strong>ndo. Às vezes, incomo<strong>da</strong>, porque a gente sabe <strong><strong>da</strong>s</strong>dificul<strong>da</strong>des como gestor. Mas se não fosse esse parâmetro <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de,eu digo que é o nosso termômetro... Se não for ele, se fosse unânime,todo mundo: “Ah, está ótima a gestão do Nelson”, eu acho que eleperderia até o parâmetro para fazer a gestão dele. O que dá parâmetropara ele é, exatamente, aquilo que diverge, que nos dá possibili<strong>da</strong>de derefletir sobre aquilo que nós estamos fazendo. Se estamos no caminhocerto, vamos explicar para vocês. Se não estamos, a gente vai ter quepensar de que maneira reorganizamos essa proposta.Então, eu acho que o Nelson tocou num ponto que eu acho que éimportante, hoje. Estar dentro <strong>da</strong> TV, seja de que mecanismo for, eu achoque isso ain<strong>da</strong> é o menor dos nossos probl<strong>em</strong>as. Nós precisamos é que asocie<strong>da</strong>de abrace esse projeto. É esse abraço forte, de integração, é quevai garantir à EBC, vai garantir que a Funtelpa, ca<strong>da</strong> vez mais, transmita.SA/ehc 32


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Se não for isso, não t<strong>em</strong> como. A gente precisa forçar esse processo <strong>da</strong>comunicação pública, efetivamente, através dessa mobilização <strong><strong>da</strong>s</strong>ocie<strong>da</strong>de. É isso, A<strong>na</strong>. Obriga<strong>da</strong>.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>, Regi<strong>na</strong>. SecretárioMelquíades, por favor. Para suas considerações.SR. MELQUÍADES JUSTINIANO SILVA: As nossas consideraçõesserão rápi<strong><strong>da</strong>s</strong>. Colocando de forma sucinta e clara, que todo o serviçopúblico essencial, nós t<strong>em</strong>os ain<strong>da</strong> que caminhar para a conquista deavanços significativos. Quer no campo <strong>da</strong> área social, <strong>da</strong> educação, <strong><strong>da</strong>s</strong>aúde, <strong>da</strong> logística, <strong>da</strong> infraestrutura e <strong>da</strong> comunicação. Só nos restacompreender a necessi<strong>da</strong>de de colocar uma única palavra ouintencio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de que o Nelson disse, aqui, para nós, que poderia estarresumindo a resposta dele ape<strong>na</strong>s <strong>em</strong> uma palavra: mobilização.É desta forma, talvez, que ca<strong>da</strong> um de nós poder<strong>em</strong>os r<strong>em</strong>eter anossa contribuição valiosa para que, ver<strong>da</strong>deiramente, possamos terdefini<strong><strong>da</strong>s</strong> políticas públicas que garantam a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> realização dosserviços.O Evandro colocou um questio<strong>na</strong>mento que, de fato, é pertinente: aqu<strong>em</strong> serve a comunicação social? Para alguns segmentos, para algumasestruturas. Portanto, ain<strong>da</strong> há necessi<strong>da</strong>de de se persistir <strong>na</strong> ideia dodebate coletivo, <strong>da</strong> reflexão e <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de estar avançando rumo àquali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comunicação pública social. Eu não posso dizer que acomunicação, ela é qualitativa, quando ela serve a interesses ou aprojetos individuais. Ela t<strong>em</strong> que estar a serviço, acima de tudo, <strong>da</strong>ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia brasileira. E é nesta direção que a gente t<strong>em</strong> que caminhar.Agora, nós t<strong>em</strong>os que caminhar no conjunto, <strong>em</strong> rede, porqueisola<strong>da</strong>mente fica difícil para as conquistas que ain<strong>da</strong> se faz<strong>em</strong>necessárias. E este momento, s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong> nenhuma, ele é um momentoindutor desta ideia. Nós estamos abrindo para as conversas, para osentendimentos, para os diálogos, e se buscar, também, as sugestões parase descobrir ou se perceber os novos caminhos, para que nós possamoscaminhar dentro de um novo t<strong>em</strong>po e dentro de uma nova era.Portanto, eu quero agradecer a este rico momento de debatesinteressantes e participações, também, que percebi, aqui, muito lúci<strong><strong>da</strong>s</strong>. Eque eles irão contribuir para uma reflexão ple<strong>na</strong>. Muito obrigado e tenhamtodos um bom fi<strong>na</strong>l de s<strong>em</strong>a<strong>na</strong> e do dia de trabalho, com relação a essaaudiência pública.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>, secretário. O professorEvandro solicitou para fazer uma reinscrição. Por favor. Antes? Ah,desculpa. Ele pode falar antes? Você é que man<strong>da</strong>. Não, por favor... Porfavor, Evandro.SA/ehc 33


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012SR. EVANDRO MEDEIROS: Então, só para dizer que eu souprofessor universitário, eu não conhecia o Guilherme, n<strong>em</strong> a EBCprofun<strong>da</strong>mente. E sou realizador cultural, também.Nos últimos anos, desde 2004, nós produzimos nessa região 12documentários. Alguns com quali<strong>da</strong>de Full HD, inclusive resgatando asimagens do ‘Dezinho’, produzindo novos documentários, a partir <strong><strong>da</strong>s</strong>imagens dele. Inclusive, veiculando esses documentários <strong>em</strong> processos d<strong>em</strong>obilização social, para sensibilizar a socie<strong>da</strong>de no julgamento depistoleiros, fazendeiros, responsáveis pelo assassi<strong>na</strong>to de camponeses,numa parceria com o Movimento dos S<strong>em</strong>-Terra, Comissão Pastoral <strong>da</strong>Terra, a Fetagri. Levando esse material a assentamentos, fazendo sessõesde cin<strong>em</strong>a <strong>em</strong> assentamentos, inclusive, veiculando, nessas sessões,produções que estão e passam <strong>na</strong> própria TV Brasil, com animações, comoutros filmes documentários, com outras produções <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.Conseguimos uma articulação com a programadora Brasil, para acessar osfilmes produzidos <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmente. E <strong>em</strong> sessões <strong>em</strong> escolas públicas,acampamentos de reforma agrária, e s<strong>em</strong>pre com grande público.Isso para dizer que há uma mobilização. Há uma discussão sendofeita <strong>em</strong> relação à comunicação e às alter<strong>na</strong>tivas de comunicação e aspossibili<strong>da</strong>des de fazer comunicação crítica <strong>em</strong> uma outra perspectiva nãoalie<strong>na</strong>nte. E há produções sendo materializa<strong><strong>da</strong>s</strong>, de quali<strong>da</strong>de. Além disso,há a iniciativa do próprio movimento com organização de rádiocomunitária.Ocorre que, assim como a rádio do movimento foi fecha<strong>da</strong> pelaPolícia Federal, teve seus equipamentos apreendidos, lacrados, aquilo quea gente faz, a gente faz com muito esforço e recurso próprio. Alguns dosequipamentos que a gente usa <strong>na</strong> produção foram comprados com osnossos próprios recursos fi<strong>na</strong>nceiros. Então, há uma mobilização, há umainiciativa de produção e para o nosso... Para a nossa alegria, as pessoasque assist<strong>em</strong> aos filmes, as pessoas que escutam a rádio têmreceptivi<strong>da</strong>de. Não é real que o povo não gosta <strong>da</strong> programação <strong>da</strong> TVBrasil, <strong>da</strong> TV Cultura ou desse tipo de programas que são veiculadosnessas TVs ou rádio. O povo não t<strong>em</strong> acesso. A TV Brasil chegou a umpadrão de TV que é muito superior, não só porque os programas sãocríticos, mas a estética, a poética, a linguag<strong>em</strong> <strong>da</strong> TV é muito superior aosoutros programas de TV a cabo.Então, isso é atrativo, isso é interessante. As pessoas não têmacesso. Porque se elas não achass<strong>em</strong> interessante e atrativo, nossassessões de cin<strong>em</strong>a seriam esvazia<strong><strong>da</strong>s</strong>. E elas são s<strong>em</strong>pre lota<strong><strong>da</strong>s</strong>.Fazer TV é caro, fazer rádio é caro, por isso que a TV liberal usavaos equipamentos <strong>da</strong> Funtelpa, mas... Ain<strong>da</strong> b<strong>em</strong> que, como falou aAdelaide, as coisas estão mu<strong>da</strong>ndo.E disso tudo, Nelson, a grande questão que eu acho que é a nossaprincipal reivindicação, aqui, é se perguntar <strong>em</strong> que a EBC atuará paraSA/ehc 34


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012poder colaborar com essa mobilização. Porque fazer mobilização necessitauma logística, necessita recursos, instrumentos. Quer dizer, a EBCassumirá a defesa <strong>da</strong> d<strong>em</strong>ocratização dos meios de comunicação? A EBCinstitucio<strong>na</strong>lizará como... Na sua grade, um movimento através deprogramas, de propagan<strong>da</strong>, no rádio, <strong>na</strong> TV, dizendo: “É precisod<strong>em</strong>ocratizar?”. Ela será um instrumento dessa disputa pelad<strong>em</strong>ocratização <strong><strong>da</strong>s</strong> telecomunicações?Beleza, alguma coisa já foram ditas, não é? E se elas s<strong>em</strong>aterializar<strong>em</strong>, perfeito. V<strong>em</strong> ao encontro <strong>da</strong>quilo que a gente estápropondo. Mas a mobilização feita pelos movimentos, ela carece deinstrumentos que de<strong>em</strong> maior alcance. E aí, eu acho, penso, que a EBC éum instrumento importante nisso, desde que seja <strong>da</strong> política <strong>da</strong> <strong>em</strong>presao compromisso com isso e a colaboração, inclusive, para criar essasestratégias de comunicação pública no país. Eu te diria que elas exist<strong>em</strong>.Elas não, ain<strong>da</strong>, foram consoli<strong>da</strong><strong><strong>da</strong>s</strong>, sist<strong>em</strong>atiza<strong><strong>da</strong>s</strong> e ganharam espaço,para se apresentar<strong>em</strong> à socie<strong>da</strong>de como um todo.Mas o debate sobre a d<strong>em</strong>ocratização e a instituição de uma rede decomunicação pública, ele está percorrendo vários espaços, inclusive, aqui,entre a gente. Por isso, a gente fez questão de estar aqui, nãomassivamente, mas com as principais lideranças dos movimentos e <strong>da</strong>universi<strong>da</strong>de, que estão nesse debate. Obrigado.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Eu passo a coorde<strong>na</strong>ção para aBeth Begonha, de novo. Só para a gente organizar um pouco o nossotrabalho, agora, serão mais cinco intervenções, não é isso, Beth? Tá.‘Pipoca’ vai se reinscrever. Eu peço que você faça com a Maria<strong>na</strong>. Eeu vou fazer um limite. Vamos definir o seguinte: a partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> fala,a gente encerra as inscrições, se não isso vai se estender muito. Pode serassim? Todos concor<strong>da</strong>m? Então, está bom. Beth, por favor.SRA. BETH BEGONHA: Olha, eu queria pedir licença paraagradecer aos ouvintes que vieram aqui, aos que estão nosacompanhando pela internet, acompanhando to<strong>da</strong> a audiência. Umagradecimento especial à Débora Cabral, que era nossa ouvinte constante,lá <strong>em</strong> Altamira, no Pará, e fazia a rádio lá. E rádio é uma coisa que agente aprende a fazer, também, ouvindo, não é? Então, essa expansão dosi<strong>na</strong>l para to<strong>da</strong> a Amazônia é muito importante, porque as pessoas, defato, gostam do trabalho <strong>da</strong> rádio.O nosso próximo convi<strong>da</strong>do a ocupar, aqui, a tribu<strong>na</strong>, é o AntônioMarcos Martins Almei<strong>da</strong>, que também é nosso ouvinte, e que viajou pormais de 20 horas para estar, aqui, conosco.Você vai participar, Antonio? Fico muito feliz, porque ele cruzou essePará só para poder nos <strong>da</strong>r a alegria <strong>da</strong> sua presença, ele que conheceb<strong>em</strong> a Rádio Nacio<strong>na</strong>l. Seja b<strong>em</strong>-vindo. Cinco minutos, Antônio.[palmas]SA/ehc 35


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012SR. ANTÔNIO MARCOS MARTINS ALMEIDA: Muito bom dia.Quando a gente fala sobre comunicação, a d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong>comunicação é importante. Mas é importante, também, perceber que asocie<strong>da</strong>de não t<strong>em</strong> uma cultura de assistir a TVs públicas, assim como nãot<strong>em</strong> a cultura <strong>da</strong> educação.Quando o time fulano de tal perde, o cara fica zangado, mas nãofica zangado quando o filho dele chega nove horas <strong>da</strong> escola. “Por quevocê veio, menino?” “Ah, porque não tinha meren<strong>da</strong>. O prefeito nãopagou a professora.” Então, o que acontece? Esse processo <strong>da</strong>d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong> comunicação... Acontece isso.Poucas pessoas nessas comuni<strong>da</strong>des já ouviram falar sobre o marcoregulatório. Aquele marco que vai revolucio<strong>na</strong>r a comunicação no Brasil,que vai acabar com esse monopólio. A Constituição Federal já proíbe omonopólio. O que a gente t<strong>em</strong> é o monopólio <strong>da</strong> comunicação, no Brasil.Os comunicadores... Só falar uma coisa, aqui: os comunicadoresprincipais <strong><strong>da</strong>s</strong> rádios comunitários, eles não faz<strong>em</strong> essa mobilização, elenão incentiva, dizendo assim: “Olha, pessoal, vamos assistir à TV pública,vamos ouvir rádio pública”. Não, não faz isso.O que a gente t<strong>em</strong> é uma minoria... O que a gente... Aprende issono movimento social, porque o movimento social é uma escola, é umauniversi<strong>da</strong>de que te repassa o direito, não só o dever, mas o direito:“Olha, você t<strong>em</strong> direito de se comunicar, você t<strong>em</strong> direito de falar o quevocê pensa, de manifestar”. Porque a comunicação é um direito humano,assim como a saúde e a educação. Mas uma parcela <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de nãoconhece isso.Eu me desloquei lá de Uruará. Eu saí, ont<strong>em</strong>, de Uruará, por voltade dez horas <strong>da</strong> manhã, e vim até aqui, porque acho importante. Acho efoi importante ouvir a contribuição dele, ali, quando ele falou sobre essanão cultura <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, de não assistir, porque estamos atrasados,atrasadíssimos. O que acontece, também, é que mesmo estandoatrasados, os nos comunicadores populares, <strong><strong>da</strong>s</strong> rádios comunitárias,ain<strong>da</strong> não têm essa cultura.Eu estava falando com a... Eu trouxe até o nome dela, aqui, aLucia<strong>na</strong>, que as rádios comunitárias estão vesti<strong><strong>da</strong>s</strong> de comerciais, que asrádios comunitárias estão preocupa<strong><strong>da</strong>s</strong> com a audiência, não estãopreocupa<strong><strong>da</strong>s</strong> com promover a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, promover a comuni<strong>da</strong>de local,que é o que diz os princípios <strong>da</strong> rádio comunitária. Então, é aí que a EBCt<strong>em</strong> que entrar.Qual é a parceria que a EBC vai fazer com as rádios comunitárias,no Brasil, para mu<strong>da</strong>r esse perfil? Porque se não mu<strong>da</strong>r esse perfil <strong><strong>da</strong>s</strong>rádios comunitárias, <strong>da</strong>qui a dez anos, nós não t<strong>em</strong>os rádios comunitárias.T<strong>em</strong>os o nome de rádios comunitárias, mas o perfil... Conheço rádioscomunitárias nessa região, aqui, Amazônica, <strong>na</strong> Região Nordeste, que nãoSA/ehc 36


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012promov<strong>em</strong> a cultura local. Não toca uma música regio<strong>na</strong>l, tá? Elesacabam... Não...A rádio, eu conheço rádios que são monopólios de música sertaneja.Não dão oportuni<strong>da</strong>de para ouvir as boas músicas <strong>da</strong> MPB, n<strong>em</strong> ocarimbó, n<strong>em</strong> as músicas de Parintins, aqui, <strong>na</strong> Região Amazônica. Comoé que você vai promover a comuni<strong>da</strong>de se você não fala dela, se você nãodá oportuni<strong>da</strong>de, se você não fala <strong>da</strong> doceira que está fazendo o doce? Sevocê não vai lá <strong>na</strong> escola, falar <strong>da</strong> educação: “Olha, a educação é omelhor meio para se libertar, porque o conhecimento expulsa aignorância, liberta a mente, faz a gente pensar diferente”. E os grandescomunicadores populares não faz<strong>em</strong> isso. Eles se diz<strong>em</strong> comunicadores.Eu conheço essas rádios <strong>da</strong>qui, <strong>da</strong> região <strong>da</strong> Transamazônica, umaboa parte, e são poucos os comunicadores, de fato, comunitários. Elesestão preocupados... Têm locutores que começam o programa falandoassim: “Em nome de supermercado fulano de tal”. Tá? “Em nome defulano de tal.” Eu não tenho um comercial, no meu horário. Faço <strong><strong>da</strong>s</strong> dezao meio-dia, e não tenho um comercial, porque não estou a serviço dequ<strong>em</strong> quer que seja, estou a serviço <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de.Então, a comunicação, se você faz comunicação, se você cobra dogoverno e não vai para cima do governo, não apoia o governo... Umex<strong>em</strong>plo que eu vou citar, aqui, para vocês é o povo argentino. O povoargentino... Foram para a rua, foram para as ruas apoiar o governo afazer um novo marco regulatório <strong>da</strong> Argenti<strong>na</strong>. E eu... Me dá uma invejaquando eu vejo o marco regulatório <strong>da</strong> Argenti<strong>na</strong>, quando ele diz que afrequência de rádio não é para ser vendi<strong>da</strong>, não é para ser leiloa<strong>da</strong>, é umdireito de ca<strong>da</strong> pessoa usar. Muito obrigado.[palmas]SRA. BETH BEGONHA: L<strong>em</strong>bro, então, que esse é o últimomomento para as inscrições, tá? Nós, ain<strong>da</strong> hoje, vamos ouvir, já estãoinscritos o Alano Cavalcante, a Francisca Oliveira, a Ag<strong>da</strong> Campos. E euchamo, agora, a professora Hidelma Santiago <strong>da</strong> Silva, para participar,aqui, <strong>da</strong> nossa audiência.Ok, professora. Olha, dizer também que nós estamos sendoacompanhados lá, <strong>na</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia. Daqui a pouquinho,estar<strong>em</strong>os levando as primeiras notícias no jor<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, to<strong>da</strong> aAmazônia acompanhando essa nossa audiência, aqui, <strong>em</strong> Marabá, noPará.Eu chamo, então, para cinco minutos de exposição, Ag<strong>da</strong> Campos.A Ag<strong>da</strong> Campos, que se encaminha para a tribu<strong>na</strong>. Durante aparticipação <strong>da</strong> Ag<strong>da</strong> Campos, ain<strong>da</strong> poderá ser feita a sua inscrição.Depois, encerrar<strong>em</strong>os essa parte <strong>da</strong> audiência.SA/ehc 37


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012SRA. AGDA CAMPOS: Bom dia a todos. Eu sou <strong>da</strong> Fetagri, sudeste,aqui, do Pará. Eu gostaria de parabenizar pelo debate, pela quali<strong>da</strong>de dodebate.Esse debate, ele poderia ser muito b<strong>em</strong> mais potencializado com aparticipação do nosso campo, <strong><strong>da</strong>s</strong> pessoas que, realmente, ouv<strong>em</strong> a rádio,ouv<strong>em</strong> os conteúdos que são repassados por essa programação. Que pe<strong>na</strong>que, hoje, esse período que a gente está vivendo... Agora, a gente t<strong>em</strong>estratégias políticas de como fazer política um pouco descontextualiza<strong><strong>da</strong>s</strong>,porque separa de vários acontecimentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. É um períodoeleitoral, <strong>em</strong> que estão prefeito e vereadores, e muitas pessoas seafastam para dizer<strong>em</strong> que estão fazendo a dita política.Eu sinto falta desse público, porque eles são uns dos sujeitos quetêm uma voz fun<strong>da</strong>mental nesse debate. Eles poderiam relatar com maisproprie<strong>da</strong>de, sugerir propostas mais concretas.Parabenizo a UFPA pelas pesquisas e estudos que t<strong>em</strong> feito arespeito <strong>da</strong> comunicação, acompanhado os projetos de assentamentos eacampamentos, e conhec<strong>em</strong> bastante a reali<strong>da</strong>de, aqui, <strong>da</strong> região.E dizer, também, que a maioria dos sujeitos que moram no campo,hoje, não estão presentes, não tão pelo fato de não ser interessante ess<strong>em</strong>omento, mas porque nós precisamos... Eu acho que é uma coisaimportante falar: precisamos criar estratégias de como esse público podeparticipar desses momentos.A gente sabe que, aqui, a locomoção, as estra<strong><strong>da</strong>s</strong> são ruins. Eu vejodesde o início, quando eu entrei, aqui, o pessoal fala: “Está sendotransmitido via internet”. Só que o si<strong>na</strong>l de internet, aqui, <strong>na</strong> nossa regiãopraticamente não é tão bom, não é? Si<strong>na</strong>l de celular, no campo, às vezes,você t<strong>em</strong> que subir ou <strong>em</strong> cima de uma... Não vou dizer uma castanheira,para não exagerar tanto, mas você t<strong>em</strong> que an<strong>da</strong>r quilômetros, você t<strong>em</strong>que pegar um ponto e, assim mesmo, a voz fica falhando, não é?Mas falar dessas dificul<strong>da</strong>des para vocês, para que possam entendertanto as pessoas que estejam nos ouvindo, por outros meios decomunicação, de que esses sujeitos que estão aqui e que precisam falar,potencializar esse debate, que talvez não vão ter essa oportuni<strong>da</strong>de, nãoé? Pedir, já de início, que a gente repense até o fi<strong>na</strong>l dessa plenária apossibili<strong>da</strong>de, porque eu acredito que essa aproximação é um ensaio deuma longa conversa, que a gente possa pensar <strong>em</strong> um outro momento,<strong>em</strong> uma outra plenária, <strong>em</strong> que essas discussões possam ser feitas maisclaramente.Eu parabenizo o movimento que vocês estão fazendo nos estados.Eu acho que já é um engatinhar desse projeto. Vocês vão ter sugestões,creio que muito ricas, se esse for, realmente, o objetivo <strong>da</strong> EBC, não é?Vocês vão ter muitos conteúdos a ser<strong>em</strong> repassados, muitas informaçõesdo nosso Brasil, que a gente conhece pouco, ain<strong>da</strong>, pela dimensão que é,SA/ehc 38


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012mas também pela falta de oportuni<strong>da</strong>de que é se <strong>da</strong>r a esses sujeitos avoz, o falar.Eu ouvi, <strong>em</strong> outros momentos, que os conteúdos que sãorepassados têm algumas dificul<strong>da</strong>des não só de chegar até a essaspessoas, mas de conhecer, realmente, a reali<strong>da</strong>de deles, não é? Mas nãoé pelo fato de que essas pessoas não queiram. A gente sabe que a gentequer. Mas como chegar lá, como viabilizar, como a gente ter um contatomais próximo, tanto de Brasília como <strong><strong>da</strong>s</strong> outras regiões?E o Estado do Pará, creio que a Amazônia, são vários estados, umadiversi<strong>da</strong>de muito grande, muito rica. E que a comunicação, ela meio quepadrão, o que você houve falar no sudeste do Pará, você ouve falar no suldo Pará, você, talvez, pode ouvir falar até <strong>em</strong> Ma<strong>na</strong>us, não é? É umacoisa, assim, muito... É muito padrão, ain<strong>da</strong>.Eu acho que, além disso... Eu tinha uma outra pergunta a fazer,mas... Se eu conseguir pegar até lá, eu me reinscrevo, mas para falar éisso, não é? Como a gente pode viabilizar? Como a gente pode viabilizaresses sujeitos a estar<strong>em</strong> participando?Uma <strong><strong>da</strong>s</strong> coisas que foram coloca<strong><strong>da</strong>s</strong>, também, a questão <strong>da</strong>política, porque disse que o radio, esse rádio de on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas, ele está umpouco escasso, quase... São pessoas já b<strong>em</strong> antigas, com bastante i<strong>da</strong>de,que conservam o seu, ain<strong>da</strong>, porque também não têm acesso.Então, acho, assim, um pouco complicado falar de uma coisa quevocê, talvez, n<strong>em</strong> conheça muito b<strong>em</strong>. Então, esse ensaio, aqui, ele é ricopor isso. E é lamentável, porque a gente não tenha a participação dessepúblico, que são essenciais, a voz deles, para esse momento.É só isso. Talvez, eu retorno para me inscrever, só para... Obriga<strong>da</strong>.[palmas]SRA. BETH BEGONHA: Caminhamos para as últimas participações.Eu queria convi<strong>da</strong>r a Francisca Oliveira, para estar, aqui, ocupando atribu<strong>na</strong>, e fazendo parte dessa nossa audiência pública. Ela que é <strong>da</strong> RádioBerokan FM.SRA. FRANCISCA OLIVEIRA: O meu bom dia a todos. Eu querodizer que é uma honra estar participando dessa plenária com a RádioNacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia.Eu gostaria de perguntar quantos representantes de rádioscomunitárias estão presentes, representando suas rádios, nessa plenária?Então, eu não me apresentei. Eu sou a Francisca Oliveira. Soudiretora presidente de uma rádio comunitária que se chama Berokan FM,que leva o nome do rio, que é o Rio Maria.E quero dizer que, desde criança, eu já acompanhava a RádioBerokan. Aliás, a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia. Me sinto, assim, muito feliz<strong>em</strong> conhecer o diretor, <strong>em</strong> conhecer o pessoal que organiza aSA/ehc 39


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012programação que vai para lá, apesar de que, agora, a gente, participandode uma rádio comunitária, não t<strong>em</strong> mais aquele mesmo acesso que teriaantes. Mas, durante muito t<strong>em</strong>po, desde o amanhecer ao anoitecer, era aRádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia. Eu aprendi a conviver, a conhecer todos oslocutores pelo nome. Então, era, assim, um carinho muito importante, queeu acredito que a gente traz esse carinho e vai levar durante to<strong>da</strong> umavi<strong>da</strong>, o carinho pela equipe <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia. E dizer,também, que essa iniciativa é b<strong>em</strong>-sucedi<strong>da</strong>, é parabeniza<strong>da</strong> por todos osouvintes.A Rádio Comunitária Berokan FM, ela surgiu logo quando foi liberadoo si<strong>na</strong>l, <strong>da</strong>í a equipe já organizou e já conseguiram montar aRádio Comunitária Berokan FM, <strong>em</strong> Rio Maria.A gente t<strong>em</strong> muitas dificul<strong>da</strong>des. E eu gostaria de perguntar, aqui,para a equipe <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, com o segmento <strong>da</strong> rádiocomunitária, se a audiência caiu, ou o que aconteceu, ou se t<strong>em</strong> umintercâmbio, se t<strong>em</strong> como manter um intercâmbio com a rádiocomunitária. Porque eu acredito, assim, que a rádio comunitária, ela deveser, mais ou menos, filha, não é? Porque ela t<strong>em</strong> o mesmo gênero, elat<strong>em</strong> o mesmo gosto de se fazer ouvir, como a rádio comunitária.E eu gostaria, ain<strong>da</strong>, de perguntar, como a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong>Amazônia, ela poderá estar fortalecendo a programação musical, aprogramação jor<strong>na</strong>lística <strong>da</strong> rádio comunitária, no que diz... Cultural,ambiental, direitos humanos, assim por diante.Quando eu falo do cultural, esse ano, a gente organizando aprogramação... Resolv<strong>em</strong>os estar... Como que se diz? Generalizando, nãoé? Gênero de música para ca<strong>da</strong> horário. E a gente percebeu a grande falta<strong>da</strong> música cultural. O horário de música cultural veio, ficou, assim, meiovazio. A gente gostaria de saber como a rádio pode estar contribuindopara fortalecer o espaço cultural.Outra coisa, também, que eu gostaria de saber é como a RádioNacio<strong>na</strong>l pode estar contribuindo com a formação dos radialistas. Atéporque diz: a rádio comunitária, ela não t<strong>em</strong>, assim, um caráter de estarprofissio<strong>na</strong>lizando ou com a programação apresenta<strong>da</strong> por profissio<strong>na</strong>is <strong>da</strong>comunicação, porque é uma rádio popular e, então, os apresentadores é opessoal do movimento, é o pessoal <strong><strong>da</strong>s</strong> associações e, às vezes, fica umpouco difícil a gente estar levando aquela linguag<strong>em</strong> adequa<strong>da</strong>, no sentido<strong>da</strong> formação e <strong>da</strong> informação para o ouvinte.Eu gostaria de saber, ain<strong>da</strong>, qual o ca<strong>na</strong>l direto, isso para se manteruma informação. Aliás, é isso, qual o ca<strong>na</strong>l direto para se manter umainformação, assim, com a....? Ou seja, manter um diálogo com a RádioNacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia. Até porque a rádio comunitária, ela transmite aVoz do Brasil, ela transmite programas como o Prosa Rural, e asinformações que vêm <strong><strong>da</strong>s</strong> agências que são liga<strong><strong>da</strong>s</strong> ou produzi<strong><strong>da</strong>s</strong> pelaVoz, pela Rádio Nacio<strong>na</strong>l.SA/ehc 40


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Eu acredito que é isso, não é? É um pouco do que eu pude estarrelacio<strong>na</strong>ndo, aqui. Muitos colegas já falaram, que já cont<strong>em</strong>plou o que agente poderia, também, estar perguntando, aqui.SRA. BETH BEGONHA: Chamamos, então, o nosso último inscrito,sendo que o ‘Pipoca’ pediu a reinscrição. Então, essa é a últimaparticipação; <strong>da</strong> primeira vez, no caso, do Alano Cavalcante, isso, queparticipa <strong>da</strong> nossa audiência pública do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC sobre aRádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia e comunicação <strong>na</strong> Região Norte.SR. ALANO CAVALCANTE: Olá, gente, bom dia. O meu nome éAlano Cavalcante. Eu sou comunicador de rádio, aqui, de Marabá. Eutrabalho <strong>na</strong> Itacaiú<strong>na</strong>s AM. E nós... Nós... Eu levei para o rádio... Nóslevamos para o rádio, a equipe que me aju<strong>da</strong>, a comunicação de umaforma um tanto diferencia<strong>da</strong>. Nós deixamos de lado aquela comunicaçãoformal e profissio<strong>na</strong>l, eclética, e lá, <strong>na</strong> rádio, ‘nós fala, assim, uns tr<strong>em</strong>meio diferente, uns negócio arrumado’. Toca ‘umas mo<strong>da</strong> sertanejajeitosa’ mesmo, sabe?E, graças a Deus, nós conseguimos êxito com isso. Fiz<strong>em</strong>os umaprogramação diferencia<strong>da</strong>, saímos <strong>da</strong>quela formali<strong>da</strong>de: “Olá, muito b<strong>em</strong>,bom dia, sejam muito b<strong>em</strong>-vindos”. E ‘nós diz’ assim: “Aô, pessoal!Aumenta o som do rádio, que agora vai esbagaiar o tr<strong>em</strong> tudo, agora”. Émais ou menos por aí.Eu queria dizer <strong>da</strong> satisfação de estar aqui, junto dessa equipe dosuniversitários, dos presidentes, do pessoal formado aí. Talvez, o meuvocabulário, talvez, o meu raciocínio não atinja aquilo que vocês estãodiscutindo, aqui, porque eu não tenho n<strong>em</strong> formação, não tenho n<strong>em</strong>segundo grau, tá bom?E eu também queria dizer <strong>da</strong> satisfação de estar diante <strong>da</strong> equipe aí,que compõ<strong>em</strong> a Rádio Nacio<strong>na</strong>l de Brasília, <strong>da</strong> Amazônia, do Rio deJaneiro. Eu já conheci, pessoalmente, Luciano Barroso, Luiza Inez. Estivenos estúdios <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l de Brasília, enquanto ouvinte, e eu fuimoleque criado ouvindo rádio. A minha mãe, lavadeira, pendura o radinhode pilha no jirau de lavar roupa, e eu tinha que ficar ali perto, porque elatinha que me vigiar. Então, eu era obrigado a ouvir o rádio, e aquilo foi...Apesar de não ter a voz do rádio, mas eu tenho muita força de vontadepara fazer rádio.E eu paguei para trabalhar <strong>na</strong> rádio. Primeiro, eu paguei, comprei ohorário. E, depois, graças a um diretor, foi reconhecido o trabalho, ele mechamou e, hoje, eu sou carteira assi<strong>na</strong><strong>da</strong> e faço rádio dessa forma.Então... Ah, e eu queria dizer à Beth que é muito bom te ouvir.Muito bom te ouvir, que voz. [risos]Gente, eu queria perguntar ao pessoal aí, eu vim parar aqui meiopor acaso. Eu estava ouvindo o programa do meu amigo Cristian Silva,que a gente trabalha <strong>na</strong> mesma rádio, quando foi falado sobre o assunto.SA/ehc 41


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Eu estava tomando banho, tomando banho, tentando ouvir, assim,rapidinho, então eu achei que era uma espécie assim de um Congresso,de um simpósio, sabe? Aí, eu falei: “Eu vou lá nesse negócio”. E aí, eu vimpara cá, cheguei aqui, vi o que negócio tomou outro rumo, é umaaudiência pública. Será que vão man<strong>da</strong>r me prender eu? E agora, como éque vai ser?Então, gente, eu queria perguntar para vocês o seguinte: seexiste... Se não existe, eu queria deixar como sugestão, porque <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>falas</strong>que foram feitas, aqui, parece que só a moça que me antecedeu que sepreocupou com o que eu vou dizer agora. Se existe uma forma de chamaro comunicador à sua responsabili<strong>da</strong>de. Porque, assim, como eu falei paravocês, eu fiz todo esse trajeto para chegar aqui, no que eu vou dizer,porque, como eu disse, eu paguei para fazer rádio. Então, alguém foi lá ereconheceu: “Pô, esse cara faz um negócio diferente, vamos botar essecara, aqui, de volta <strong>na</strong> rádio”. Me reconheceram, colocaram carteiraassi<strong>na</strong><strong>da</strong>, eu recebo por isso, apesar de ter uma vi<strong>da</strong> independente dorádio, eu tenho outra vi<strong>da</strong>, eu sou vendedor, representante e tal.Mas, assim, de que forma que a organização, a EBC, estápreocupa<strong>da</strong> <strong>em</strong> chamar o comunicador de rádio para que ele venha atomar ciência <strong>da</strong> sua responsabili<strong>da</strong>de? Se exist<strong>em</strong> projetos assim, decongressos, de encontros, de simpósios, para que o comunicador de rádiosinta o peso <strong>da</strong> sua responsabili<strong>da</strong>de e saber o que ele vai fazer <strong>na</strong> rádio,para não ficar como o nosso amigo lá, de Uruará, disse assim: “A rádio setornou um negócio comercial, e a gente precisa ser mais cultural, precisaser mais informativo”.Eu fiquei... Eu fiquei, assim, pensativo sobre o que os universitários,os professores, aqui, falaram, o pessoal <strong>da</strong> facul<strong>da</strong>de, muito interessante.É uma proposta muito legal. Mas vale l<strong>em</strong>brar o que o moço lá, eu nãoestou vendo a placa, aqui, agora, o Nelson, ponderou, porque, realmente,ninguém liga o rádio para ouvir a cultura. O pessoal quer ouvir ‘Eu querotchu, eu quero o tchá’, o parapapá e a cerveja está gela<strong>da</strong>. Infelizmente,gente. Infelizmente.Ninguém liga o rádio <strong>na</strong> Rádio Cultura, <strong>na</strong> TV Cultura... No t<strong>em</strong>poque eu morei <strong>em</strong> Brasília, eu gostava muito de ouvir a Nova Brasil FM,uma música totalmente diferencia<strong>da</strong>. Apesar de que o meu horário éexclusivamente sertanejo e toca mo<strong>da</strong> raiz, caipira, viu, amigo de Uruará?‘Nós fala’ muito sertanejo lá, viu? Então, é muita mo<strong>da</strong> raiz, muita músicaque fala do boiadeiro, do sentimento do sertanejo, do apaixo<strong>na</strong>do, queaquele grande amor que ele sentia foi <strong>em</strong>bora e tal, aquela dor decotovelo mesmo. É como diz aí, é a dor do chifre, mais ou menos assim.Então, assim, que proposta que a EBC t<strong>em</strong> para trazer ocomunicador a conhecer a sua responsabili<strong>da</strong>de, ele estar atrás domicrofone, de fazer um negócio legal, uma informação, por mais que sejacultural, como eu faço. Mas, assim, eu fico perdido no meio do negócio.SA/ehc 42


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Eu não tenho ninguém para me orientar, para saber que rumo que ocomunicador está tomando.Para vocês ter<strong>em</strong> uma ideia <strong>da</strong> coisa, nós estamos falando decomunicação, mas eu não sei cadê o comunicador. Dos locutores e dosapresentadores e comunicadores que eu conheço, aqui, de Marabá, euestou vendo, aqui, o Cristian Silva. Eu não estou vendo ninguém <strong>da</strong> FM,ninguém <strong>da</strong> AM. Eu não estou vendo aqui o Zeca Moreno, o AntônioMarcos. Eu não estou vendo o Fabiano Moreira. Eu não estou vendo oElson Gomes. Eu não estou vendo o Lelysson(F) [02:36:47] Oliveira. Cadêo pessoal que faz a comunicação?Então, assim, de que forma que a gente pode envolver esse povo,integrar, trocar um e-mail, trocar uma informação, para que ocomunicador, de fato, faça, <strong>em</strong> si, a comunicação. Que se há esse projeto,eu queria que fosse... Tor<strong>na</strong>sse público, e a gente se envolver com ele,não é?E cont<strong>em</strong>plando a palavra <strong>da</strong>quele outro rapaz que estava, aqui, quet<strong>em</strong> a barba assim, e a palavra do Nelson, cont<strong>em</strong>plando isso aí, eu queriaperguntar o seguinte. O meu t<strong>em</strong>po já estourou, não é, Beth? Desculpa.Para fi<strong>na</strong>lizar, perguntar: existe a possibili<strong>da</strong>de de criar um espaço <strong>na</strong>srádios do Brasil inteiro igual ao horário político? Porque o horário político égratuito e obrigatório. Ah, está ali, o rapaz, ali, <strong>da</strong> barba, ali. É gratuito eobrigatório, não é ver<strong>da</strong>de? Não, é o outro rapaz <strong>da</strong> barba lá. [risos]O horário político é gratuito e obrigatório. Eu tenho certeza que se ohorário político fosse comprado pelos políticos e colocado, assim, numhorário assim aleatório aí, que não fosse obrigado a entrar <strong>em</strong> cadeia efosse pe<strong>na</strong>lizado e tudo, eu tenho certeza que o pessoal ia continuarouvindo ‘Eu quero tchu, eu quero tchá’. Tenho certeza disso.Então, assim, t<strong>em</strong> um jeito de fazer, tor<strong>na</strong>r um espaço cultural?“Olha, to<strong>da</strong> rádio t<strong>em</strong> que ter uma hora de cultura aí. Um negócio deinformação. Uma coisa legal para o povo”. Mas é obrigatório.Muito obrigado. Desculpa pelo t<strong>em</strong>po estourado. Foi um prazer estarcom vocês.SRA. BETH BEGONHA: Bom, e para encerrar as participações, vouchamar o ‘Pipoca’, o Eldenilson Monteiro, que volta, porque ele pediu parafalar mais uma vez, comentar a fala anterior dos nossos integrantes <strong>da</strong>Mesa.SR. ELDENILSON MONTEIRO: Na ver<strong>da</strong>de, não era comentar. Éque eu esqueci de fazer uma coisa que era importante. Porque, <strong>na</strong>ver<strong>da</strong>de, as <strong>falas</strong> estão se compl<strong>em</strong>entando, não é... Eu não vimquestio<strong>na</strong>r por quê. Eu vim questio<strong>na</strong>r porque eu quero entender, não é?E, ao mesmo t<strong>em</strong>po, me integrar no processo, e o movimento estádisposto, inclusive, a isso, porque quanto mais a gente estiver nessaSA/ehc 43


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012dinâmica de estratégia, t<strong>em</strong> que ocupar todos esses espaços possíveis deatuação, não é? Então é tranquilo, assim.Agora, t<strong>em</strong> uma coisa que a gente faz no movimento, que a gentepensa muito, que é a preocupação com a educação. E a gente t<strong>em</strong> umaproposta que é fazer com que os nossos assentamentos se torn<strong>em</strong>...Erradiqu<strong>em</strong> o a<strong>na</strong>lfabetismo. Então, os companheiros nossos, oscamponeses que têm... Muitos não sab<strong>em</strong> ler e escrever. Nós estamosfazendo uma tentativa forte de tirar um dia e dizer assim: “Olha, esseassentamento, aqui, botar uma bandeira lá, é livre do a<strong>na</strong>lfabetismo”.Uma propagan<strong>da</strong> que, para a gente, é uma causa, que a gente acha que onosso povo t<strong>em</strong> que, no mínimo, ter condição de, no mínimo, a aprendera ler e escrever e, automaticamente, a usar as consequências do processoeducativo, não é? Para se tor<strong>na</strong>r<strong>em</strong> seres, sujeitos, de fato, para fazer acoisa pelas próprias mãos.Então, a gente queria ver nessa possibili<strong>da</strong>de, também. Como é queé... ? Porque eu l<strong>em</strong>bro... Eu falo pela minha infância, lá <strong>em</strong> Bragança.Tinha um programa que era do governo federal, no t<strong>em</strong>po <strong>da</strong> ditaduramesmo, que era de educação pela rádio, não é? Aí, eu não sei como é quea gente pode ver, aqui, juntando um novo melhoramento pe<strong>da</strong>gógico dosprofessores, <strong><strong>da</strong>s</strong> universi<strong>da</strong>des, <strong>da</strong> turma que está liga<strong>da</strong> comcomunicação e todo mundo. Se a gente pode pensar um grande programagrande programa que a Rádio Nacio<strong>na</strong>l, que a EBC possa aju<strong>da</strong>r, também,a constituir uma relação. Que possa ser possível <strong>da</strong> gente ir para o interiore fazer, continuar fazendo esse trabalho de educação. Porque mobilizaçãos<strong>em</strong> educação, para a gente, é meio complicado, não existe. Tanto que –aprendendo com o Nelson um pouco, não é? – eles fizeram isso, elesestão educando o povo o t<strong>em</strong>po todo a ser isso que a gente critica.Então, a gente vai ter que fazer um trabalho duro de tambémeducar o povo a ser... A lutar pela sua própria liberação. Então, é umatarefa nossa. Eu acho que a rádio pode... A Rádio Nacio<strong>na</strong>l, a EBC podecontribuir com isso. A gente podia ver como é que a gente pode, também,fazer uma articulação, nesse sentido, com a própria universi<strong>da</strong>de e tal.Como que a gente pode... Que t<strong>em</strong>, agora, o Fórum de Educação doCampo e tal. Como que a gente pode pensar isso, entendeu?É claro que não é para <strong>da</strong>r a resposta, é a gente ver como que agente vai se articulando. Então, eu quis trazer isso de volta.E, agora, escutando o pessoal... Só para fechar um pouquinho. Eume l<strong>em</strong>brei <strong>da</strong> experiência nossa, <strong>da</strong> rádio comunitária nossa, que é aPalmares FM, não é? Rádio Comunitária Camponesa Palmares FM. Nóst<strong>em</strong>os um conjunto de rádios, aqui, <strong>na</strong> região, tudo comunitária eclandesti<strong>na</strong>, porque a gente não consegue tirar o... Não conseguelegalizar, vai tocando.SA/ehc 44


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Mas t<strong>em</strong> uma coisa que a gente aprendeu. Não é o povo, de fato...“Ah, porque o povo gosta de escutar.” Isso não é ver<strong>da</strong>de. O povo escutao que colocam para ele escutar.Três experiências práticas nossa, lá <strong>na</strong> Palmares. Não tinha <strong>na</strong>quelaregião, só tinha uma tal de Arara Azul, ain<strong>da</strong> t<strong>em</strong>, mas eles não faziamprograma sertanejo. Nós fiz<strong>em</strong>os o programa sertanejo, com músicacaipira, não com esse sertanejo universitário, não é? Mas botava,também, universitário. Mas potencializava. Por quê? Porque o nosso povogosta <strong>da</strong> música caipira de raiz. Botamos. Uma s<strong>em</strong>a<strong>na</strong> depois, a rádiodeles lá estava criando uma rádio de música caipira, de música sertaneja.A gente... Eles não tinham programa de... Eles não tinhamprograma religioso. A gente fez um programa religioso, porque no nossoassentamento tinha um monte de religião, a gente juntou o pessoal,disse: “Bora fazer um programa <strong>em</strong> que a gente junte as religiões” e tal...Fiz<strong>em</strong>os um programa religioso. Dois meses depois, a rádio deles tinhaum programa religioso.Eles não tinham programa de músicas paraenses, como a gentefala. Na ver<strong>da</strong>de, paraense é uma complicação, porque Pará, isso aquitudo é Pará, não é? Mas as músicas que <strong>na</strong>quela região lá, onde aAdelaide mora... Porque eu acho o Pará um celeiro... Eu estou fechando,só para pegar essa experiência. É um celeiro de produção musical, que agente... Infelizmente, se os músicos paraenses soubess<strong>em</strong> sacar isso... Aminha terra, porque eu <strong>na</strong>sci lá, não é? Ver<strong>da</strong>de. Isso. [risos]Se os músicos paraenses foss<strong>em</strong> mais unidos, nós estávamosdesapontando <strong>em</strong> um monte de lugar. O probl<strong>em</strong>a é a disputa inter<strong>na</strong>que, infelizmente, não faz. Mas o celeiro musical que existe nesseestado... A gente começou a pegar esse material e começou a fazer... Ummenino lá, um menino nosso, de 14 anos, começou a fazer um programaque era só de lançamento. Só que a gente começou a sacar quelançamento, para a gente, é: t<strong>em</strong> lançamento antigo e novo, porque opovo não escutava. Vamos lançar a música do Chico Buarque, que nuncatocou. É lançamento. E, ao mesmo t<strong>em</strong>po, estava tocando AmyWinehouse e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, lançou Lia Sofia e Cia.No outro período, a rádio começou a fazer a mesma coisa, ou seja,nós começamos a pautar a rádio comercial. Então, esse negócio de que opovo gosta, não é? O povo não escuta. Essa que é a questão.Agora, para a gente, só foi possível fazer isso depois de um <strong>em</strong>batetr<strong>em</strong>endo, inclusive, dentro <strong>da</strong> própria rádio, e de formação política, e deformação <strong>em</strong> técnica e qualificação, que isso é um outro ca<strong>na</strong>l, também,que a gente pode fazer como que vai fazer. É possível aju<strong>da</strong>r a nossacompanheira<strong>da</strong>, aqui? Como ele falou, agorinha: não t<strong>em</strong> qualificaçãopara esse negócio.É possível aju<strong>da</strong>r esses meninos a elaborar melhor o programa? Porex<strong>em</strong>plo, teve uma turma nossa que está começando a elaborarSA/ehc 45


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012radionovela. Para trazer de volta a radionovela. Por que não? O meninofoi, inclusive, com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> TV aí, <strong>da</strong> cultura do Pará, não é? Elesfizeram uns programazinhos e uma outra enti<strong>da</strong>de lá, e fizeram um montede... Aprenderam a fazer novas técnicas. E o menino começou adesenvolver isso. Vai ser bom, eu não sei no que vai <strong>da</strong>r, mas...Experimentar técnicas de qualificação, fazer radionovela, fazer não sei oque mais, inventar outras coisas que a rádio pode trazer de volta.Então, isso só pode ser possível se tiver formação política, também,e técnica, também, não é? Porque é uma... Ter uma TV com decisão, nãoé?Só para poder, porque eu fiquei escutando, me l<strong>em</strong>brei disso. Maseu queria falar <strong>da</strong> educação. Desculpa aí. Obrigado, também.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Termi<strong>na</strong>mos, Beth?SRA. BETH BEGONHA: Termi<strong>na</strong>mos, então, a participação dosinscritos. E eu passo a palavra para a A<strong>na</strong>, para que ela conduza para asconsiderações <strong>da</strong> Mesa.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>. Eu tenho a impressãoque as perguntas, nesse segundo momento de contribuições, são muitoespecíficas, não é? Perguntas e contribuições, sugestões. Então, eugostaria de... Eu acho que qu<strong>em</strong> deve falar é o Bráulio. Não é, Bráulio? Eo Nelson, evident<strong>em</strong>ente. Começaríamos com o Bráulio. Tá, Bráulio, tá?SR. BRÁULIO RIBEIRO: Vou controlar, aqui, mais ou menos, ot<strong>em</strong>po para não estourar muito.Bom, vamos lá. Eu queria começar por uma questão mais geral,mais ampla, que dialoga um pouco com a fala do Nelson e com ascontribuições que o Evandro e outros companheiros, aqui, também,colocaram. Qual é o papel <strong>da</strong> EBC nessa luta pela d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong>comunicação?Eu entendo que a EBC, ela é fruto <strong>da</strong> luta pela d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong>comunicação. Ela é resultado desse processo. Ela t<strong>em</strong> um papel... Qual éo papel <strong>da</strong> EBC? Fazer comunicação pública. Qu<strong>em</strong> faz a luta pelad<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong> comunicação é a socie<strong>da</strong>de. E a socie<strong>da</strong>de conquistoua EBC como instrumento do processo de d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong> comunicaçãodo país. A luta pela d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong> comunicação, ela não vaiacontecer, ela está acontecendo, e a EBC é uma expressão concretíssimadesse processo no Brasil.Cabe à EBC uma responsabili<strong>da</strong>de <strong>em</strong> d<strong>em</strong>ocratizar a informação e acomunicação no Brasil? S<strong>em</strong> sombra de dúvi<strong>da</strong>. Mas a gente vai cumpriresse papel como? Fazendo comunicação pública. Criando os instrumentosque nós... E eu acho que essa audiência pública nos trouxe uma série deel<strong>em</strong>entos para a gente voltar para casa e construir projetos e planos deação para fortalecer o trabalho que a EBC está fazendo. Mas eu enxergo aEBC como fruto dessa luta, que é <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, fun<strong>da</strong>mentalmente.SA/ehc 46


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012E aí, pegando o bonde aqui <strong>na</strong> fala do ‘Pipoca’. O ‘Pipoca’, asintervenções dele são s<strong>em</strong>pre muito ricas, assim, muito vivas, não é?Quando o ‘Pipoca’ fala desses três ex<strong>em</strong>plos <strong>da</strong> rádio comunitária, lá doassentamento deles, provocando mu<strong>da</strong>nças <strong>na</strong> programação de uma rádiocomercial. Eu acho que esse é o trabalho que a EBC... Se pretende fazer.Eu acho que essa é a meta que a EBC t<strong>em</strong> para ela: é se transformarnuma referência de comunicação de tal maneira que a gente comece ainfluenciar todo o modelo de comunicação no Brasil. É só esse o desafio.No caso do ‘Pipoca’, é uma reali<strong>da</strong>de, ali, peque<strong>na</strong>, micro, e para aEBC é, simplesmente, a comunicação no Brasil inteiro. A nossa... O nossocampo, vamos dizer assim, de disputa, são to<strong><strong>da</strong>s</strong> as televisões priva<strong><strong>da</strong>s</strong>,os grandes monopólios de mídia priva<strong>da</strong>, no Brasil, que a EBC estáquerendo disputar, querendo disputar referência, querendo disputaraudiência, querendo disputar a leitura do mundo. É só esse o desafio <strong>da</strong>EBC. Então, eu acho que é b<strong>em</strong> pequenininho.Eu acho que a gente t<strong>em</strong> um longo caminho pela frente, mas euacho que a peque<strong>na</strong> experiência que o ‘Pipoca’ coloca, aqui, lá doassentamento dele, é inspirador para o trabalho que a gente t<strong>em</strong> quefazer. É essa disputa que a gente quer fazer. É exatamente o que a rádiodo assentamento do ‘Pipoca’ fez, é o que a gente quer fazer.Como é que a gente pode fazer isso? E aí, tentando responderpragmaticamente algumas questões, aqui, coloca<strong><strong>da</strong>s</strong>. A gente precisaqualificar os comunicadores <strong>da</strong> comunicação pública e os comunicadores<strong>da</strong> comunicação comunitária, <strong>da</strong> comunicação popular, no Brasil. Isso étarefa <strong>da</strong> EBC? A EBC t<strong>em</strong> uma importante parte e responsabili<strong>da</strong>de nessatarefa.A EBC foi a primeira <strong>em</strong>presa de comunicação a firmar,recent<strong>em</strong>ente, um convênio com o Ministério <strong><strong>da</strong>s</strong> Comunicações e aArpub, que é a Associação <strong><strong>da</strong>s</strong> Rádios Públicas do Brasil. Esse convênio,ele t<strong>em</strong> exatamente essa proposta: juntar comunicadores comunitários ecomunicadores de rádios públicas <strong>em</strong> s<strong>em</strong>inários de qualificação e decapacitação. E a EBC... O Ministério, fi<strong>na</strong>lmente, conseguiu um recurso –viu, Adelaide? – que era uma <strong><strong>da</strong>s</strong> nossas críticas, também, ao primeiroformato do projeto, que não tinha recursos, a princípio. Mas o Ministérioconseguiu alguns recursos para esse projeto e, este ano, a EBC já vairealizar três ofici<strong>na</strong>s de capacitação com comunicadores comunitários noRio de Janeiro, <strong>em</strong> Brasília, e estamos estu<strong>da</strong>ndo onde, aqui, <strong>na</strong> Amazôniaa gente deve fazer uma ofici<strong>na</strong> de capacitação, também, juntandocomunicadores de rádios públicas e comunicadores comunitários.E quando eu falo juntando, é juntando mesmo, porque não é a rádiopública ensi<strong>na</strong>ndo a rádio comunitária a fazer comunicação, não. É a rádiopública e a rádio comunitária estu<strong>da</strong>ndo e aprendendo a fazercomunicação pública, comunicação ci<strong>da</strong>dã. Então, eu acho que esseconvênio é um pontapé inicial importante. O convênio está aqui.SA/ehc 47


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012Bom, então, esse convênio... E esse tipo de trabalho é um trabalhode longo prazo, porque o que o Nelson colocava, <strong>na</strong> fala dele, e que euacho que o companheiro também, que viajou 20 horas para estar aqui, láde uma rádio comunitária, também colocou, é o seguinte: existe umacultura de comunicação no país... Em qualquer país, <strong>em</strong> qualquer lugar, ahistória <strong>da</strong> sua, <strong>da</strong> comunicação <strong>na</strong>quele país estabelece um modo, umaforma de ver comunicação, uma dinâmica. É isso.Por que o locutor do rádio no Brasil fala de uma determi<strong>na</strong><strong>da</strong>maneira, se comunica de um determi<strong>na</strong>do jeito? Isso é uma forma...Ninguém ensinou essa... Não existe uma escola <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de locutores derádio, no Brasil. Mas se percebe que os locutores de rádio, todos elesatuam, mais ou menos, de uma mesma maneira, se comunicam de ummesmo jeito. Onde que está essa formação? Na cultura <strong>da</strong> comunicação,no Brasil. E é essa cultura que t<strong>em</strong> que ser mu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Só que vocês sab<strong>em</strong>que mu<strong>da</strong>r a cultura é um negócio muito d<strong>em</strong>orado, muito complicado, ea gente vai levar um t<strong>em</strong>po para conquistar isso.Bom, para encaminhar para o fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> minha fala, eu queria fazeruma referência, aqui, também ao debate sobre o novo marcoregulatório... Não, desculpa, rapidinho, antes, antes, só falar um pouco,aqui, <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia.Nós t<strong>em</strong>os um desafio gigante de fazer essa <strong>em</strong>issora, a RádioNacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, continuar sendo um veículo importante para essaregião e para a população dessa região, nos próximos anos. O desafio, eleestá, inclusive, além <strong>da</strong> EBC, está <strong>na</strong> própria razão e <strong>na</strong> própriamanutenção desse tipo de transmissão chamado on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas. As on<strong><strong>da</strong>s</strong>curtas... E foi coloca<strong>da</strong>, aqui, a dificul<strong>da</strong>de, hoje, de você comprar umrádio de on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas é ape<strong>na</strong>s uma <strong><strong>da</strong>s</strong> dificul<strong>da</strong>des que esse tipo derádio, esse tipo de transmissão está enfrentando. A troca de umtransmissor, de um único transmissor custar R$ 10 milhões, mesmo parauma <strong>em</strong>presa grande, uma <strong>em</strong>presa federal como a EBC, não é umdinheiro fácil de você reservar e de você gastar.A gente sabe que qualquer orçamento, ele é limitado para asnecessi<strong>da</strong>des de uma <strong>em</strong>presa com o tamanho <strong>da</strong> EBC. Então, disputar,inter<strong>na</strong>mente, o orçamento <strong>da</strong> EBC, e nós precisamos não de um, a genteprecisa de dois. A gente precisa de R$ 20 milhões. Não é uma disputafácil, no momento <strong>em</strong> que as on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas passam por uma discussão.Então, eu queria deixar registrado, aqui, eu acho que para aspessoas que estão aqui, vieram, se depuseram, hoje, a discutir o papel <strong>da</strong>comunicação pública <strong>na</strong> Região Norte, que a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia,de uma maneira ou de outra, seja pela continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> transmissão <strong><strong>da</strong>s</strong>on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas, seja por outras formas de comunicação que vão serinventa<strong><strong>da</strong>s</strong> e que a gente vai inventar, ela vai continuar fazendo,cumprindo esse papel de integrar a Região Amazônica pela comunicaçãopública.SA/ehc 48


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012SR. EDUARDO CASTRO: Estamos inventando uma segun<strong>da</strong>-feira,não, Sr. Bráulio?SR. BRÁULIO RIBEIRO: Exatamente. Estamos inventando umasegun<strong>da</strong>-feira, que é a Rede Pública de Comunicação. A Rede Pública deRádios <strong>da</strong> Amazônia. Essa é uma forma de fazer a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong>Amazônia continuar viva, e não só a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, as<strong>em</strong>issoras públicas, que faz<strong>em</strong> comunicação <strong>na</strong> região, continuar<strong>em</strong> vivase falando para essa região.Então, é um compromisso nosso. Eu acho que essa gestão jáafirmou isso, <strong>em</strong> alguns momentos, é um compromisso <strong>da</strong> EBC continuarfazendo comunicação pública para e com a Região Amazônica.E aí, por fim mesmo, para termi<strong>na</strong>r, o marco regulatório. Eu fiqueiimpressio<strong>na</strong>do, muito b<strong>em</strong> impressio<strong>na</strong>do com a fala... Desculpa, euesqueci. É do Antônio, não é? Antônio. Com a fala do Antônio sobre areferência <strong>da</strong> Argenti<strong>na</strong> no processo do marco regulatório.Eu acho que se a gente chegar <strong>na</strong> metade do caminho do que asocie<strong>da</strong>de argenti<strong>na</strong> conseguiu, <strong>em</strong> termos de conscientização, do papel<strong>da</strong> comunicação como um direito <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, a gente vai fazer umarevolução nesse país. Uma revolução. Os caras, eles colocaram 60 milpessoas <strong>na</strong> rua, no dia <strong>da</strong> votação do novo marco regulatório, <strong>na</strong> frente doSe<strong>na</strong>do Federal, para garantir a aprovação <strong>da</strong> lei do novo marcoregulatório. Sessenta mil pessoas.Então, eu acho que a gente está muito distante, e é isso que oNelson colocou, aqui, <strong>na</strong> fala, que a outras pessoas, também, aqui,colocaram, a comunicação pública t<strong>em</strong> que ser uma pauta <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Equando ela se tor<strong>na</strong>r, de fato, uma pauta dos movimentos sociais,inclusive... A gente que... Eu que faço parte de uma enti<strong>da</strong>de, que m<strong>em</strong>ilito no campo <strong>da</strong> d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong> comunicação, os movimentossociais, eles têm lá a pauta <strong>da</strong> educação, a pauta <strong>da</strong> reforma agrária, apauta <strong>da</strong> d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong> educação, t<strong>em</strong> uma série de pautas.A comunicação, normalmente, entra com um viés muitoinstrumental <strong>na</strong> pauta de reivindicação dos movimentos sociais brasileiros.É a comunicação como instrumento para potencializar outras pautas, masain<strong>da</strong> não há a comunicação como pauta estratégica, como luta dosmovimentos. E eu acho que quando... É esse caminho é que a gente estáfazendo. A EBC é fruto desse trabalho e a gente t<strong>em</strong> a contribuir, mas nãoape<strong>na</strong>s, a gente t<strong>em</strong> que, realmente, contar com a apropriação <strong>da</strong>d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> pela socie<strong>da</strong>de brasileira. É isso.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>. Eu, de comum acordocom o Nelson Breve, vou passar a palavra, primeiro, para o Dr. Eduardo.Senão ele rouba to<strong><strong>da</strong>s</strong> as tuas <strong>falas</strong>, não é, Eduardo?SR. NELSON BREVE: [pronunciamento fora do microfone]SA/ehc 49


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012SR. EDUARDO CASTRO: Obrigado pela consideração, presidentes.Obrigado.Eu queria ressaltar isso. Eu já não me contive, aqui, enquanto oBráulio estava falando, porque eu tenho muito claro que a EBC... Rede,para EBC, o conceito de rede, ele é muito diferente do que ele é para as<strong>em</strong>issoras comerciais, e eu trabalhei por 13 anos numa grande <strong>em</strong>issoracomercial de rede, de rádio e de televisão, que foi a Bandeirantes. Então,eu tenho um nítido... Uma níti<strong>da</strong> compreensão do que é a rede para uma<strong>em</strong>issora comercial e do que deve... E tenho uma níti<strong>da</strong> imagi<strong>na</strong>ção doque ela deve ser, para nós, <strong>na</strong> militância <strong>da</strong> comunicação pública.A EBC, para mim, ela é a rede <strong><strong>da</strong>s</strong> redes. E a gente t<strong>em</strong> queconstruir isso. Ela é a rede <strong><strong>da</strong>s</strong> redes. Ela é uma rede de rádio que reúne<strong>em</strong>issoras estaduais <strong>na</strong> Amazônia. Mas ela é uma rede de rádio quetambém participa <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>em</strong>issoras universitárias. E faz com que a rede de<strong>em</strong>issoras universitárias esteja liga<strong>da</strong> à rede de <strong>em</strong>issoras estaduais. E afutura – t<strong>em</strong>os certeza, trabalhamos para isso – rede de <strong>em</strong>issorascomunitárias.E, como as <strong>em</strong>issoras comunitárias, elas não pod<strong>em</strong> reunir-se <strong>em</strong>rede, mas elas pod<strong>em</strong> receber o nosso material e pod<strong>em</strong> receber omaterial, por ex<strong>em</strong>plo, aqui, no estado, <strong>da</strong> Rádio Cultura, <strong>da</strong> rede <strong>da</strong>Rádio Cultura, e pod<strong>em</strong> receber <strong><strong>da</strong>s</strong> universi<strong>da</strong>des que têm as suas<strong>em</strong>issoras de rádio e que têm as suas <strong>em</strong>issoras de televisão. Essa é uma<strong><strong>da</strong>s</strong> dinâmicas que eu digo <strong>da</strong> rede <strong><strong>da</strong>s</strong> redes.A outra é a rede... Isso para televisão. Para o rádio, eu acho que dágente dá um passo importantíssimo, segun<strong>da</strong>-feira, e, justamente, aqui,<strong>na</strong> Amazônia, não é? Que é a Rede Pública de Rádios <strong>da</strong> Amazônia. Mas jácom essa visão. Não é... Nós não estamos criando uma junção de rádiospara transmitir o que nós transmitimos. A ideia não é essa. A ideia éaumentar o número de pessoas que têm acesso à nossa programação eaumentar o número de pessoas que têm acesso à programação <strong><strong>da</strong>s</strong><strong>em</strong>issoras que quer<strong>em</strong> fazer rede conosco, seja no programa cultural, sejano programa de música, seja no jor<strong>na</strong>lismo. Mas é, é ir e voltar. Mas essaé uma <strong><strong>da</strong>s</strong> redes, que é a rede no ar, rede de rádio, rede de televisão.Mas essas outras redes, fora do ar... Ah, internet... Eu uso aexpressão sermos um hub – que é <strong>da</strong> aviação, não é? – local de junção, éum nó onde reúne as pontas para transmissão entre si <strong><strong>da</strong>s</strong> informações.Um hub <strong><strong>da</strong>s</strong> informações cria<strong><strong>da</strong>s</strong> e difundi<strong><strong>da</strong>s</strong>, a partir <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.O nosso Outro Olhar, que o Guilherme... Estava <strong>na</strong> televisão e,agora, estamos levando para o portal, não é <strong>na</strong><strong>da</strong> mais do que isso, éuma boco<strong>na</strong> para retransmitir aquilo que nos chega. Não somos nós queproduzimos. A gente faz a medição entre esse conteúdo e a tal <strong>da</strong>qualificação profissio<strong>na</strong>l. Porque a gente... Muitas vezes, a gente recebeconteúdo, que ele não é ruim, mas ele não transmite aquilo que elepretende transmitir, ele chega com dificul<strong>da</strong>des de áudio e vídeo, ou eleSA/ehc 50


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012chega com dificul<strong>da</strong>des, inclusive, com relação ao Código Pe<strong>na</strong>l, não é?Ele chega fazendo uma ofensa a alguém que não se defende, ou ele chegacometendo uma injúria, e isso a gente não pode permitir que vá ao ar,porque a gente não pode <strong>da</strong>r voz ao crime que estaria sendo cometido. Agente t<strong>em</strong> que ir ao outro lado, para perguntar se o sujeito não quer sedefender. Enfim, é o hub, é também essa rede. Mas é a rede no âmbito <strong>da</strong>educação para o negócio <strong>da</strong> comunicação pública, é a rede para aeducação, para a difusão <strong>da</strong> informação e do que é a comunicaçãopública.O Bráulio falou desse acordo fechado, esse convênio. Aliás, <strong>na</strong><strong>da</strong>mais difícil que assi<strong>na</strong>r um convênio com o gestor público, não é? Coisinhacomplica<strong>da</strong>. Convênio é duro. Mas a gente t<strong>em</strong> esse convênio com oMinistério <strong><strong>da</strong>s</strong> Comunicações, com a Arpub. A gente t<strong>em</strong> outros convêniosde qualificação profissio<strong>na</strong>l, e é uma iniciativa que <strong>na</strong>sce desde a posse doNelson como presidente, que é a criação <strong>da</strong> Escola Nacio<strong>na</strong>l deComunicação Pública. O que é? Já, hoje, com o apoio <strong>da</strong> Unesco, que éum programa <strong>em</strong> gestação. A criança já está <strong>na</strong> barriga <strong>da</strong> mãe.O que é a Escola Nacio<strong>na</strong>l de Comunicação Pública se não uma redede troca de informações para qualificação profissio<strong>na</strong>l? Uma qualificaçãoprofissio<strong>na</strong>l que envolve funcionários <strong>da</strong> própria EBC, que envolvefuncionários de <strong>em</strong>issoras dos estados, que envolve não funcionários, mascolaboradores, eventualmente, colaboradores do campo, <strong>em</strong> geral, <strong>da</strong>comunicação pública, <strong><strong>da</strong>s</strong> comunitárias. Enfim, é uma rede, é um hub, éum lócus para a troca de informações entre si.E, também, <strong>na</strong> institucio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de. Também nessa participaçãopolítica <strong>da</strong> defesa do que é a comunicação pública, do entendimento doque é a comunicação pública, do entendimento de que <strong>na</strong> lógica <strong>da</strong>comunicação pública... E entra... E aí, eu concordo ple<strong>na</strong>mente com o queo Bráulio disse, nós não somos a política pública, nós somos resultado <strong>da</strong>política pública. Nós somos filhos diretos <strong>da</strong> conferência, do Fórum <strong><strong>da</strong>s</strong>TVs Públicas, não é? E outros filhos virão <strong><strong>da</strong>s</strong> conferências <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is decomunicação, que a gente espera que, ca<strong>da</strong> vez mais, venham aacontecer. Nós somos resultado, nós somos expressão <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, <strong>da</strong>necessi<strong>da</strong>de dela de se comunicar, ou seja, a gente não faz.Então, eu brinco lá, eu falo assim: “A única iniciativa...”. “O quevocês vão fazer?” Falo assim: “A única coisa que eu faço é colocar o meuCPF à disposição”. Já está. Isso eu já fiz. A minha parte, eu já fiz. Agora, éa nossa parte. É o que nós, juntos, vamos fazer, e que vamos conseguirfazer. Primeira coisa é mobilizar a socie<strong>da</strong>de para o entendimento de quea necessi<strong>da</strong>de de comunicação não é uma necessi<strong>da</strong>de funcio<strong>na</strong>l, não éprecisa estar <strong>na</strong> pauta do MST para o MST ter uma rádio. Não. É porqued<strong>em</strong>ocratizar a informação é um direito de todos. Não é para... T<strong>em</strong> queestar <strong>na</strong> pauta <strong>da</strong>... Como que é a...? A turma <strong>da</strong>... A enfermag<strong>em</strong>, quet<strong>em</strong> um movimento muito forte, lá <strong>em</strong> Brasília, não é? O movimentosanitarista. Não é porque a gente t<strong>em</strong>... Sim, t<strong>em</strong>os, também, que educarSA/ehc 51


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012as pessoas, através <strong>da</strong> comunicação pública, para... Como disse, b<strong>em</strong>disse a Regi<strong>na</strong>, aqui, para a prevenção de probl<strong>em</strong>as de saúde.Mas não é só por isso. É porque é um direito <strong><strong>da</strong>s</strong> pessoas, é o direitode falar e o direito de ser ouvido. Então, precisa subir <strong>na</strong> pauta dereivindicação. Não é lá <strong>em</strong>baixo. “É fora FMI.” Antigamente, era: “ForaFHC, fora FMI e pela comunicação livre”. Não, não é lá no fim. É lá <strong>em</strong>cima, porque isso é direito humano. Isso é necessário que esteja dentro<strong>da</strong> nossa pauta s<strong>em</strong>pre. Não é só por causa <strong>da</strong> EBC e não é só por causado MST, ou por causa dos sanitaristas, ou por causa de qualquer que sejao grupo organizado que esteja fazendo a sua reivindicação. Não é só paraele falar e para ele ser ouvido. É para todo ser<strong>em</strong>.Porque, hoje, a gente não... A reali<strong>da</strong>de, posta há 70 anos, não éessa para nós. A reali<strong>da</strong>de posta é de grupos privados tomando conta <strong>da</strong>comunicação. E ain<strong>da</strong> somos... Como disse o Nelson, quando a gente vê ográfico, a gente é desse tamanhinho, mas a gente já está lá. Porque agrande primeira conquista, conversando, aqui, com o Guilherme, comodisse o Nelson... Nesse campo, relaciono, sei lá, de dez anos para cá,vamos lá.Primeira grande conquista é a rádio comunitária. Ser<strong>em</strong>regulamenta<strong><strong>da</strong>s</strong>. “Ah, não é do jeito que a gente quer, não é do jeito quea gente precisa, é só um quilowatt de raio, não pode fazer rede e coisa etal.” É uma grande conquista. Existe. ‘Bora’ melhorar.EBC, segun<strong>da</strong>. T<strong>em</strong> um monte de probl<strong>em</strong>as, a gente sabe quantose tantos. Vamos <strong>em</strong>bora melhorar. Já existe. T<strong>em</strong> que existir. Vamosmelhorar. E, agora, a rede... Essa rede <strong><strong>da</strong>s</strong> redes, essa... As outras redesque eu digo, aqui, que eu acho que também é um bom caminho para quea gente consiga se fortalecer entre os entes <strong>da</strong> comunicação pública, enão só a EBC. A EBC não substitui a política de comunicação pública, nãoé?A EBC é parte do todo, a EBC... Aqui, Marabá, a gente chegou afalar... Eu e Adelaide falamos sobre isso: “Vamos pedir um ca<strong>na</strong>l pelaEBC, para colocar <strong>em</strong> Marabá, para ser TV Brasil, aqui?”. Não, nós vamostentar resolver, junto ao Ministério <strong><strong>da</strong>s</strong> Comunicações, uma maneira que aEBC peça o ca<strong>na</strong>l, mas que seja para ser operado pela Funtelpa, paraque--SRA. ADELAIDE OLIVEIRA: Gravaram, hein?SR. EDUARDO CASTRO: Então...SRA. ADELAIDE OLIVEIRA: Está vendo, não é? Eu e eleamarrados, agora.SR. EDUARDO CASTRO: Não, mas há uma--SRA. ADELAIDE OLIVEIRA: Pod<strong>em</strong> nos cobrar.SA/ehc 52


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012SR. EDUARDO CASTRO: Não, mas isso já está lá. [risos] Isso jáestá lá. Porque não é... Isso também, porque é importante, não é? Não ésó o Pará... E, aqui, eu falo com todo respeito: não é só o Pará que t<strong>em</strong>um movimento de música forte, o Pará que t<strong>em</strong> essa... São váriasculturas juntas. A gente escuta isso no Brasil inteiro, gente, porque éver<strong>da</strong>de. O Brasil é essa reunião de culturas e necessi<strong>da</strong>des de expressãocultural forte e diversifica<strong>da</strong>. E, também, não isso é a TV Cultura do Paráque t<strong>em</strong> essa dificul<strong>da</strong>de de chegar <strong>em</strong> alguns lugares.Até nós t<strong>em</strong>os no Rio Grande do Sul, nós t<strong>em</strong>os <strong>em</strong> Santa Catari<strong>na</strong>,falando pontualmente, nós t<strong>em</strong>os <strong>na</strong> Bahia, nós t<strong>em</strong>os... Eu acho que só oAcre que está b<strong>em</strong> resolvido, <strong>em</strong> termos de <strong>em</strong>issoras públicas <strong>em</strong> todo oestado. Ou seja, é uma dificul<strong>da</strong>de que a gente não abre mão. Nós nãoabrimos mão <strong>da</strong> existência <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>em</strong>issoras públicas dos estados, <strong>da</strong>existência do fortalecimento <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>em</strong>issoras universitárias, <strong><strong>da</strong>s</strong>comunitárias e assim por diante.Era isso que eu queria falar. Falar sobre esse fortalecimento <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comunicação pública. Não só aqui, a EBC é importante,mas é como parte, não como um todo. Obrigado.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Eu vou passar a palavra para oNelson e, depois, eu consulto os conselheiros se quer<strong>em</strong> fazer algumaintervenção, para agente poder encerrar, tá? Nelson.SR. NELSON BREVE: Bom, o Bráulio, aqui, ele falou do acordoassi<strong>na</strong>do, recent<strong>em</strong>ente, com o MiniCom e a [ininteligível] [03:47:48]. Dia25 está fazendo um ano, gente. É isso, a vi<strong>da</strong> é dura. É um ano, dia 25,agora. Não é recent<strong>em</strong>ente. Agora, se você for ver a perspectiva histórica,é recent<strong>em</strong>ente, porque t<strong>em</strong> coisa que d<strong>em</strong>ora muito mais e, às vezes,não consegue resolver. E com a gente cobrando, o Bráulio sabe. “Como éque está o acordo? Como que está o caso <strong><strong>da</strong>s</strong> rádios comunitários com oMEC? Como é que está?” “Vai, não, an<strong>da</strong>.” “Está bom, vai, avançou umpouco, não avançou”. O MEC, não, perdão, o MiniCom, o Ministério <strong><strong>da</strong>s</strong>Comunicações.Então, a gente está tentando, está batalhando para a genteconseguir. Estamos preocupados com essa questão <strong>da</strong> capacitação, viu,Alano? Eu acho que o Antônio colocou isso, também, o Francisco e tal.Então, estamos preocupados com essa questão. E, por isso, o Edu falou.Estava marcado, aqui, para falar, ele já falou, a questão <strong>da</strong> EscolaNacio<strong>na</strong>l de Comunicação Pública. A gente está investindo, junto com aUnesco, <strong>na</strong> formatação de uma escola, justamente, para <strong>da</strong>r conta disso.A gente precisa explicar para os comunicadores que a comunicaçãopública é um direito. Quer dizer, a comunicação é pública porque ela é umdireito para essas duas coisas sagra<strong><strong>da</strong>s</strong>, o direito de dizer, que é aliber<strong>da</strong>de de expressão, e o direito de saber, que é o direito de acesso àcomunicação. Isso aqui está... S<strong>em</strong> isso, não há d<strong>em</strong>ocracia. Por quê?Porque o ci<strong>da</strong>dão, todo ele, to<strong><strong>da</strong>s</strong> as pessoas de um determi<strong>na</strong>do país,SA/ehc 53


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012elas não têm como exercer a sua ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Se elas não saber<strong>em</strong>(sic) detudo, as coisas como elas são, não como elas são inventa<strong><strong>da</strong>s</strong>, porque areali<strong>da</strong>de é uma construção social, não é? Vocês sab<strong>em</strong> disso, qu<strong>em</strong>t<strong>em</strong>... Os fatos e versões dos conflitos históricos, aqui, do Pará, areali<strong>da</strong>de é uma construção social. E se ela não for construí<strong>da</strong> com umaenti<strong>da</strong>de que esteja com a missão de prover esse direito ao saber e provero direito ao dizer dos movimentos e <strong><strong>da</strong>s</strong> pessoas... Todos têm o direito,como o Edu b<strong>em</strong> l<strong>em</strong>brou. Então, estamos trabalhando para isso.A questão do povo argentino com marco regulatório. Sabe como éque 60 mil pessoas... Por que é que 60 mil pessoas foram para frente doCongresso? Para poder assistir futebol de graça e não ter que pagar pelatelevisão do Clarin, não ter que pagar o pai-per-wiew do Clarin. Foi porisso que eles foram para as ruas.A nossa lei também tinha a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> TV pública passar ofutebol de graça, só que não tinha 60 mil pessoas, <strong>na</strong> frente do CongressoNacio<strong>na</strong>l, pressio<strong>na</strong>ndo o Congresso. E aí, houve um acordo para servotado e foi vetado, certo? Houve um acordo. Se não, não passava a lei.Então, é melhor passar a lei do que não passar <strong>na</strong><strong>da</strong>. Passou a EBC, s<strong>em</strong>o futebol. Agora, a gente t<strong>em</strong> que pagar dez milhões para ter a Série C,não é? Podia receber a Série A, B, C, D de graça.Bom, por isso que a questão do espectro... Viu, Antônio? A questão<strong>da</strong> disputa do espectro, ela é fun<strong>da</strong>mental. E, agora, a gente estátentando... Na TV, gente... A gente está batalhando, batalhando,batalhando por um tal de um operador <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> rede digital, paratentar ver se a gente amplia o espectro. Nós estamos batalhando muito,para ver se a gente consegue um espaçinho, agora, no digital. O a<strong>na</strong>lógicojá era. Também o a<strong>na</strong>lógico vai acabar. Também não sei quando, mas umdia ele acaba.Agora o digital, a gente está tentando cavar o espaço do setorpúblico lá. É o que a Argenti<strong>na</strong> colocou <strong>na</strong> lei dela, 2/3 do espectro ou éestadual, ou é público, ou são dos movimentos sociais, ou são públicos?Não, não é. Se a gente conseguir salvar 10% lá, a gente já pode seconsiderar feliz, porque já foi ocupado. É usucapião. Já está... Entendeu?Já tomaram, ocuparam e a nossa Constituição, infelizmente, quando elacolocou a compl<strong>em</strong>entari<strong>da</strong>de do setor estatal, público e privado, ela dámarg<strong>em</strong> ao setor privado a achar que é dele mesmo o espectro e não é oserviço público. O serviço público é nós, só, agora, que t<strong>em</strong> a EBC, quet<strong>em</strong> as estatais, as públicas dos estados.Então... Mas <strong>na</strong> discussão do rádio digital, eu acho que eraimportante a gente tentar, também, ver como é que é o espaço <strong>na</strong>questão do rádio. E eu gostei do que a Ag<strong>da</strong> falou. Nós estamos ládiscutindo, Bráulio, do ponto de vista do que a gente acha, <strong><strong>da</strong>s</strong>informações técnicas, do que é melhor. Nós t<strong>em</strong>os que ouvir. Nós t<strong>em</strong>osque ir <strong>na</strong>queles assentamentos lá, do ‘Pipoca’, para a gente ouvir deles,para a gente saber o que é mais importante para eles. Porque a genteSA/ehc 54


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012ficar discutindo, ideologicamente, se o melhor é o DRM ou sei lá, o outro.“Ah, esse <strong>da</strong>qui é dos Estados Unidos. Eu não gosto dos Estados Unidos.Eu quero esse modelo.” “Ah, esse modelo, aqui, é um modelo que vaigarantir a garantir o usucapião <strong><strong>da</strong>s</strong> priva<strong><strong>da</strong>s</strong>. Eu quero é abrir mais paralá.” Mas é importante.Mas e o povo? O que adianta eu construir to<strong>da</strong> uma lógica, eu fazertodo um investimento se eu não tenho mais os receptores que vão pegara minha frequência? Se as pessoas já não estão mais nessa, ou seja, oBrasil se urbanizou. A gente t<strong>em</strong> que levar isso <strong>em</strong> conta. Nós t<strong>em</strong>os quechegar até ao último ci<strong>da</strong>dão que está s<strong>em</strong> informação. Isso é ver<strong>da</strong>de.De algum jeito. N<strong>em</strong> que seja para eu levar o radinho para ele e entregar<strong>na</strong> mão. “Olha, só t<strong>em</strong> essa frequência aqui, você pega isso aqui... Só issoque você consegue, mas está aqui, você t<strong>em</strong> esse direito e acabou”.Agora, será que a nossa estratégia de investir 20 milhões, <strong>em</strong> doistransmissores de on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas, é a melhor, tendo <strong>em</strong> vista a situação quefoi nos relata<strong>da</strong> aqui <strong>em</strong> relação às FMs? Inclusive, FMs comunitárias, nãoé, nesse caso. E aí eu l<strong>em</strong>bro dessa questão do que o Evandro falou <strong><strong>da</strong>s</strong>rádios fecha<strong><strong>da</strong>s</strong>, equipamento, etc. Evandro, eu não sei se você sabe, <strong>na</strong>Cúpula dos Povos, lá <strong>na</strong> Rio+20, a A<strong>na</strong>tel, por força <strong>da</strong> lei, porque, <strong>na</strong>ver<strong>da</strong>de, se um agente público vê algo fora <strong>da</strong> lei e ele não tomanenhuma providência, ele, depois, é responsabilizado por isso. Então, osagentes públicos foram lá e fecharam uma rádio que estava funcio<strong>na</strong>ndo,ali, <strong>na</strong>s imediações do aeroporto e tal. Eu não vou discutir aqui se t<strong>em</strong>risco, não t<strong>em</strong> risco. Isso é uma situação polêmica, mas o fato é: nãohavia legalmente aquela... Aquela rádio não poderia existir. E a A<strong>na</strong>tel, osfiscais <strong>da</strong> A<strong>na</strong>tel, estavam lá, <strong>em</strong>penhados <strong>em</strong> cumprir, fazer cumprir alei, senão a lei poderia se voltar contra eles por prevaricação. E elesqueriam fechar a rádio Cúpula dos Povos. O Ministério <strong><strong>da</strong>s</strong> Comunicações,imediatamente, nos procurou, e nós conseguimos fazer com que, assim,nós conseguimos... O Edu, que estava lá, conseguiu arrumar a solução de<strong>em</strong>prestar um transmissor não sei de onde, de trazer para cá e pá, pá, umtransmissor legal, porque um transmissor ilegal, ele é ilegal. Ele é ilegal,está fora <strong>da</strong> lei. “Ah, não, mas t<strong>em</strong>os o direito <strong>da</strong> comunicação. Nãot<strong>em</strong>os direito <strong>da</strong> comunicação?”. T<strong>em</strong>os direito, mas a lei está aí. Vamosmu<strong>da</strong>r a lei. A lei não está boa? Vamos mu<strong>da</strong>r a lei. Agora, fazer aoarrepio <strong>da</strong> lei e querer que o poder público seja conivente é duro.Então, nós aju<strong>da</strong>mos a viabilizar aquela rádio. Era uma rádiot<strong>em</strong>porária. Não estou aqui dizendo que não pod<strong>em</strong>os viabilizar to<strong><strong>da</strong>s</strong> asrádios que estão aí <strong>na</strong> clandestini<strong>da</strong>de, nesse país, ou fora <strong>da</strong> lei, certo?Mas to<strong><strong>da</strong>s</strong> aquelas que conseguir<strong>em</strong> entrar para ser dentro <strong>da</strong> lei...Porque, também, nós não pod<strong>em</strong>os apoiar rádios que estejam ilegais, ouseja, qualquer tipo de aju<strong>da</strong> que eu dê para qu<strong>em</strong> está fora <strong>da</strong> legali<strong>da</strong>de,eu também entro... Eu fico fora <strong>da</strong> legali<strong>da</strong>de. E eu sou punido comoagente público. E aí v<strong>em</strong> a questão dos recursos fi<strong>na</strong>nceiros. A gente queraju<strong>da</strong>r muita gente, tanto as estaduais, as comunitárias, tudo isso requerrecursos fi<strong>na</strong>nceiros. E eu l<strong>em</strong>bro que é o seguinte: a nossa lei nos deuSA/ehc 55


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012recursos fi<strong>na</strong>nceiros, e nós, até hoje, não conseguimos ter acesso. Eu nãosei se vocês sab<strong>em</strong>, a nossa lei previu uma contribuição para o fomento àcomunicação pública. É 5% do Fistel, que é o Fundo de Fiscalização <strong><strong>da</strong>s</strong>Telecomunicações, ou seja, as grandes <strong>em</strong>presas de telecomunicações,elas, quando foram privatiza<strong><strong>da</strong>s</strong>, foi previsto um fundo. E, hoje, o entãodeputado, hoje, se<strong>na</strong>dor Walter Pinheiro, colocou como relator, e, depois,acolhido, aqui, pela nossa presidente, que auxiliou o nosso se<strong>na</strong>dor <strong>na</strong>nossa lei... Há uma contribuição... A contribuição de fomento àcomunicação pública, equivalente a 5% do total de recursos desse fundo.Acontece que o setor de telecomunicações entrou <strong>na</strong> Justiça, e a Justiçanão julga a ação, e ele deposita <strong>em</strong> juízo.Então, nós t<strong>em</strong>os um volume enorme de recursos. Um bilhão eduzentos e cinquenta milhões de reais que foram depositados <strong>em</strong> juízo.São 350 milhões por ano. Eu já falei com vários gover<strong>na</strong>dores, já falei issono nosso Fórum de rede, eu já disse para todo mundo <strong>da</strong> comunicaçãopública. Vocês precisam olhar para isso. Por quê? Porque a nossa lei prevêque 75% desses recursos são nossos, mas 25% são para os outros meios<strong>da</strong> comunicação pública. E já existe uma proposta <strong>da</strong> TV Câmara, TVSe<strong>na</strong>do, TV Justiça de que esses 25%, 2,5% é <strong>da</strong> A<strong>na</strong>tel para fiscalizar...Para intermediar essa... Administrar esses recursos, o recebimento dessesrecursos, e os outros 22,5% há uma proposta já, sugeri<strong>da</strong>, porque issopode ser regulamentado por Decreto Presidencial, sugeri<strong>da</strong> para que seja7,5% para a TV Câmara, 7,5% para a TV Se<strong>na</strong>do, 7,5% para a TV Justiça.Justo, ter recursos é para a comunicação pública. Agora, eu acho quetambém as <strong>em</strong>issoras públicas estatais, também as comunitárias,deveriam ir lá brigar para que esses recursos também foss<strong>em</strong> distribuídospara elas. Poderíamos ter a condição até, no caso <strong><strong>da</strong>s</strong> comunitárias, <strong>da</strong>gente... desses recursos ser<strong>em</strong> distribuídos via EBC, formando uma redecom a EBC. Ou seja, ter um controle nosso <strong>em</strong> relação à formação <strong>da</strong>rede, para que isso fosse legal, justo etc., essa distribuição. Agora, estálá, gente. Se não an<strong>da</strong>r, se não mobilizar, se não correr, se não man<strong>da</strong>rcarta, entendeu, se não ir pressio<strong>na</strong>r as telefônicas para que elasliber<strong>em</strong>... Por quê? Viu, Evandro, para audiovisual, principalmente oregio<strong>na</strong>l, que vocês estão produzindo, agora t<strong>em</strong> recurso, porque as telesliberaram 12% desse recurso. Quando elas conseguiram as concessõesque lhes foram <strong>da</strong><strong><strong>da</strong>s</strong> para a lei <strong>da</strong> tevê paga, recent<strong>em</strong>ente, elasconcor<strong>da</strong>ram <strong>em</strong> abrir mão e já depositaram. O <strong>da</strong> Condecine, no fomentoao audiovisual, eles não depositaram <strong>em</strong> juízo, não. Eles já creditaram, jáentrou <strong>na</strong> conta. Da Ancine ain<strong>da</strong> não porque isso passa pelo governo etal, d<strong>em</strong>ora um pouquinho para chegar lá. Mas a Ancine já vai ter cerca deR$ 400 milhões a mais, porque eles não estão <strong>da</strong>ndo tudo, não é, ou sósubstituíram, <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de. Na ver<strong>da</strong>de, o fundo do audiovisual, ele pegavárias contribuições e tal, e essas que são R$ 820 milhões, o fundo para oano que v<strong>em</strong> cresceu R$ 400 milhões. Então, estou presumindo que elesestão botando só a metade dos recursos lá. O resto vai para superavitSA/ehc 56


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012primário, como já era antes, né? O Fistel também não vai parafiscalização, vai para pagar os encargos fi<strong>na</strong>nceiros <strong>da</strong> União.Então, essa contribuição, eles aceitaram. Agora, eles não têm maiscomo não aceitar a nossa. Agora, se não tiver mobilização, se ninguém forlá reclamar, ninguém for ligar para os call centers <strong><strong>da</strong>s</strong> telefônicas,reclamando por que é que eles não recolh<strong>em</strong> a nossa contribuição,entendeu, não vai acontecer <strong>na</strong><strong>da</strong>.Sessenta mil <strong>na</strong> rua já aju<strong>da</strong>. [risos] Eu sei que eu já estourei o meut<strong>em</strong>po para caramba, e eu vou só fechar... Desculpe qu<strong>em</strong> eu nãoresponder aqui. Eu queria só falar para o ‘Pipoca’ que eu topo a gentetentar encontrar uma coisa para apoiar a questão do a<strong>na</strong>lfabetismo zeronos assentamentos. Vamos conversar, e aí estamos aqui à disposição paraa gente... O Ricardo Lima, que está ali, ó, está vendo? Ele vai entrar deférias agora, mas pode procurá-lo, que ele vai ser o responsável portentar a gente viabilizar isso. Certo?E, por último, fazer essa plenária com a... Essas plenárias que forampropostas pela Ag<strong>da</strong>, para a gente entender melhor, e a gente ter amelhor proposta que a gente puder ter, que aten<strong>da</strong> às pessoas que sãobeneficia<strong><strong>da</strong>s</strong> desse direito, que a gente está provendo.E... Só dizer que a diferença, viu, ‘Pipoca’, entre comunicaçãopública e estatal é isso aqui, ó. Aqui a gente presta contas para asocie<strong>da</strong>de. Nós t<strong>em</strong>os um Conselho Curador que 2/3 dele sãorepresentantes <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil. E é esse Conselho Curador que nos fazcumprir com essa obrigação de vir aqui prestar contas para a socie<strong>da</strong>de eouvir a socie<strong>da</strong>de e encontrar as melhores formas para que a gente façaaquilo que, realmente, é a nossa missão: prover a socie<strong>da</strong>de desses doisdireitos: o direito de saber e o direito de dizer.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>, Nelson. Osconselheiros, eu tenho ple<strong>na</strong> confiança no poder de síntese dos três. Porfavor, conselheiro Paulo.SR. PAULO DERENGOSKI: Posso falar? Bom, <strong>em</strong> primeiro lugar,como conselheiro <strong>da</strong> Empresa Brasileira de Comunicações, é uma alegriaestar aqui, participando, <strong>em</strong>bora o número... Quero parabenizar a todosos que aqui se manifestaram. Principalmente nós vi<strong>em</strong>os aqui mais paraouvir. Achei as opiniões, <strong>em</strong>bora não muito numerosas, bastante intensas,e, para nós, muito importantes, para o nosso trabalho. Também a Mesadeu contribuições importantes, principalmente o nosso presidente Nelson,o nosso Eduardo, a Regi<strong>na</strong>, tudo isso provando que t<strong>em</strong> um grandeconhecimento sobre o assunto.Eu venho lá de Santa Catari<strong>na</strong>, também viajei 20 horas para chegaraqui, e devo dizer que esse probl<strong>em</strong>a se repete <strong>em</strong> muitos outros estados,mas eu gostaria de tocar <strong>em</strong> dois pontos rapi<strong>da</strong>mente. Vou ser o maisbreve possível.SA/ehc 57


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012A Amazônia, para nós, é um ícone, é uma grife, é uma preocupação<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l; não é só de vocês aqui, não. É de nós todos, gaúchos,catarinenses, para<strong>na</strong>enses, paulistas. E não só sob o ponto de vista <strong>da</strong>expansão <strong>da</strong> rede de comunicações, mas principalmente <strong>em</strong> defesa <strong>da</strong>nossa soberania brasileira sobre esse vasto território, que, hoje, a meuver, é uma opinião minha, é uma presa, é uma cobiça inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l muitograve, muito séria. Estão aí as mineradoras estrangeiras, aí, levando tudo,a nossa riqueza, deixando 1 a 3% do que recolh<strong>em</strong> aqui para ascomuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong>qui. Os povos indíge<strong>na</strong>s estão bastante esquecidos, nãosó aqui, mas no Brasil todo. Eu venho lá do Sul, onde a <strong>na</strong>ção Guarani é,hoje, uma <strong>na</strong>ção de mendigos, uma <strong>na</strong>ção completamente destituí<strong>da</strong> dosseus valores tradicio<strong>na</strong>is, domi<strong>na</strong><strong>da</strong> por enti<strong>da</strong>des religiosas e afins.Então, essa preocupação existe aqui.Os portugueses, quando ocuparam a Amazônia, deram os nomes<strong><strong>da</strong>s</strong> ci<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Amazônia para mostrar que elas eram pertencentes àcomuni<strong>da</strong>de luso-brasileira, deram o nome de suas ci<strong>da</strong>des, Belém,Tapajós e Santarém, e é preciso que nós, brasileiros, também façamosesse papel, defendendo a Amazônia como dos brasileiros e parteintegrante desse nosso país, sob pe<strong>na</strong> de, no futuro, viermos a perdê-la.Obrigado.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Conselheira Ima, por favor.SRA. IMA CÉLIA VIEIRA: Eu gostaria de parabenizar a todos osparticipantes dessa Audiência Pública. Dizer que o Conselho Curador é umColegiado que t<strong>em</strong> uma ferramenta permanente, estável, que a socie<strong>da</strong>decivil pode dialogar dentro <strong>da</strong> EBC. Dizer, também, que a Amazônia t<strong>em</strong>um representante nesse Conselho Curador, que sou eu. Sou Ima Vieira,trabalh<strong>em</strong> <strong>em</strong> Belém, no Museu Paraense Emilio Goeldi, e vocês pod<strong>em</strong>contar com a minha colaboração <strong>em</strong> qualquer de suas ações ereinvindicações ao Conselho, que é o espelho, que é, digamos assim, avoz <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil <strong>na</strong> EBC.E vir aqui para conversar sobre rádio e sobre comunicação pública,para mim, foi muito importante e interessante, e eu gostaria que vocês...Qu<strong>em</strong> não leu, lesse o livro do Benedicto Monteiro, “Verde Vagomundo”,<strong>em</strong> que ele, através do rádio, não é, que é o poder instituído, ele dialogacom to<strong>da</strong>... nesse seu livro, e que ele t<strong>em</strong> um contato com o mundoexterior, o principal perso<strong>na</strong>g<strong>em</strong>. Benedicto Monteiro escreveu esse livro<strong>na</strong> cadeia, quando ele foi preso, ele era um preso político, foi preso <strong>na</strong>ditadura, um dos mais importantes escritórios paraenses, e o rádio t<strong>em</strong>uma importância fun<strong>da</strong>mental, e ali ele já relatava isso, <strong>na</strong> Amazônia, né?E eu acho que eu considerei, assim, to<strong><strong>da</strong>s</strong> as colocações muito lúci<strong><strong>da</strong>s</strong>,muito importantes para o Conselho Curador, anotei algumas delas. Agente leva essa avaliação de vocês, essas d<strong>em</strong>an<strong><strong>da</strong>s</strong>, ao Conselho, <strong>na</strong>próxima reunião, e parabenizar também à equipe, à A<strong>na</strong>, a todos queparticiparam dessa reunião importante, pelas respostas que deram, pelosesclarecimentos, e, como disse uma <strong><strong>da</strong>s</strong> participantes, isso aqui, <strong>na</strong>SA/ehc 58


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012ver<strong>da</strong>de, foi um ensaio... Considerando o tamanho <strong>da</strong> região, foi umensaio para que nós volt<strong>em</strong>os aqui, talvez <strong>em</strong> outros lugares, e possamosver o que é que vocês estão d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>ndo, quais são os anseios, quais sãoos probl<strong>em</strong>as, e essa participação com os movimentos sociais foi muitorico.Obriga<strong>da</strong>.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Conselheiro Guilherme Strozi.SR. GUILHERME STROZI: Bom, rapi<strong>da</strong>mente também, gente. Omeu nome é Guilherme Strozi. Atualmente, eu sou o representante dosfuncionários no Conselho Curador. Corroboro ple<strong>na</strong>mente com o que aconselheira Ima disse. Isso aqui está acontecendo, essa Audiência Públicaestá acontecendo, porque a Empresa Brasil de Comunicação possui umConselho Curador, com a maioria <strong><strong>da</strong>s</strong> pessoas ali dentro representando asocie<strong>da</strong>de brasileira. Então, a socie<strong>da</strong>de brasileira, conforme foiextr<strong>em</strong>amente b<strong>em</strong> dito <strong>na</strong> Mesa, é que força a Empresa Brasil deComunicação a ser uma <strong>em</strong>presa a serviço do ci<strong>da</strong>dão, e não a serviço dogoverno <strong>da</strong> vez, ou de qualquer outro grupo de interesse comercial eprivado.Então, é bastante interessante que esses 15 representantes <strong><strong>da</strong>s</strong>ocie<strong>da</strong>de brasileira sejam cobrados mesmo dentro do Conselho Curador.É baca<strong>na</strong> que a gente estimule ca<strong>da</strong> vez mais a socie<strong>da</strong>de a participar dosenvolvimentos que estão sendo debatidos ali no Conselho. Por quê?Porque o Conselho debate o que a Empresa Brasil de Comunicação estáfazendo. Então, <strong>na</strong><strong>da</strong> mais justo de que a socie<strong>da</strong>de brasileira acompanhe,ca<strong>da</strong> vez mais, esse serviço. O Conselho Curador t<strong>em</strong> um site:www.conselhocurador.ebc.com.br. Ali vocês têm acesso a to<strong><strong>da</strong>s</strong> as atas,que são debati<strong><strong>da</strong>s</strong> dentro do Conselho Curador, e, mais que isso, vocêspod<strong>em</strong> assistir às reuniões do Conselho Curador ao vivo, pelo site. Então,bom, o que está sendo debatido? Como é que os meus representantes <strong><strong>da</strong>s</strong>ocie<strong>da</strong>de estão argumentando <strong>em</strong> relação ao meu favor? Entrar dentrodo site do Conselho Curador e começar a observar isso lá dentro, de umaforma mais frequente. Queria l<strong>em</strong>brar, também, esses espaços departicipação aberta que a EBC já t<strong>em</strong>, que é o quadro Outro Olhar, <strong>da</strong> TVBrasil. Você t<strong>em</strong> um vídeo por celular, consegue manifestar, por meioaudiovisual, a representação cultural <strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong>de ou algo que vocêqueira <strong>da</strong>r a sua visão do que é notícia? Envie para a TV Brasil. E, agora,mais do que isso, porque a gente está trabalhando numa plataforma web,uma plataforma de internet. Então, o que você quiser contribuir para aEBC, e isso não precisa necessariamente estar voltado para a notícia. Oportal <strong>da</strong> EBC - www.ebc.com.br - aceita contribuições <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civilsobre d<strong>em</strong>an<strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, do que acontece ao nosso redor. Se você tiver<strong>em</strong> po<strong>em</strong>a e a gente estiver fazendo um especial <strong>na</strong> rádio sobre ocarimbo, e você t<strong>em</strong> um carimbo, e você t<strong>em</strong> um po<strong>em</strong>a sobre o carimbó,envia para a gente. Só que, se você também quiser relatar as agressõesque estão sendo sofri<strong><strong>da</strong>s</strong> pelos movimentos sociais, aqui, no Pará, enviaSA/ehc 59


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012para a gente também. A gente t<strong>em</strong> uma linha editorial, é importante que,às vezes, as pessoas conheçam, que a EBC não pode divulgar tudo queela quiser. A gente segue os preceitos, como foi dito aqui <strong>na</strong> Mesa, devalorização do ser humano, de d<strong>em</strong>ocratização <strong>da</strong> cultura. Então, dentrodesses limites, que são b<strong>em</strong> amplos, a gente pode divulgar o que asocie<strong>da</strong>de quer.E, também... E aí, eu, como representante dos funcionários dentro<strong>da</strong> EBC, não posso deixar de pensar algo que eu considero bastanteimportante: a Amazônia, talvez, seja uma <strong><strong>da</strong>s</strong> regiões mais importantesdo planeta Terra, hoje. A Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, há 35 anos, 36,35, v<strong>em</strong>, com essa concepção de que a Amazônia merece to<strong>da</strong> a atençãodo poder público, realizando uma comunicação pública volta<strong>da</strong> para essaregião. A Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia é feita por trabalhadores <strong>da</strong>Empresa Brasil de Comunicação, lotados todos <strong>na</strong> capital do país, Brasília.Então, eu acho que, como representantes dos funcionários, euqueria chamar a atenção para que, se a gente quer uma otimização desseserviço <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, para ela contribuir para aformação do ci<strong>da</strong>dão, os trabalhadores <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazôniatambém precisam ser valorizados. A equipe é muito peque<strong>na</strong> para <strong>da</strong>rconta dessa missão gigantesca, que é a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia.Então, a equipe <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia também precisaria seramplia<strong>da</strong>. To<strong><strong>da</strong>s</strong> as questões particulares que vocês estão colocando aqui,a Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia pode ser coloca<strong>da</strong> também como focodesse debate. Porque ela também é peque<strong>na</strong>, ela também... Apesar <strong>da</strong>nossa sede <strong>na</strong> EBC, <strong>em</strong> Brasília, agora estar uma sede maravilhosa, comrecurso, com uma infraestrutura extr<strong>em</strong>amente interessante, ela é movi<strong>da</strong>por pessoas. E são poucas as pessoas que têm essa capacitação para falarsobre a Amazônia <strong>da</strong> forma como ela realmente precisa ser fala<strong>da</strong>. Não éfácil você falar dessa região para qualquer comunicador que sai <strong>da</strong>universi<strong>da</strong>de. E ain<strong>da</strong> mais estando <strong>em</strong> Brasília, distante <strong>da</strong>qui. Então, éimportante que a <strong>em</strong>presa também se debruce para que a Rádio Nacio<strong>na</strong>l<strong>da</strong> Amazônia tenha uma capacitação nos seus profissio<strong>na</strong>is para conversarcom qu<strong>em</strong> está aqui, vivendo <strong>na</strong> região. As pessoas que faz<strong>em</strong> a rádio é,<strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de, o elo de comunicação entre o que se quer e o que se esperade uma comunicação pública para uma região tão rica como essa. Então,é necessário também que a gente pense, como já foi dito, também, porvárias pessoas, que o comunicador precisa ser melhor entendido nessegrupo de atores que contribu<strong>em</strong> para essa comunicação.E eu também queria agradecer a presença de todos e l<strong>em</strong>brar que agente vai ter uma outra Audiência Pública, também, para falar decomunicação, <strong>em</strong> Porto Alegre, no fi<strong>na</strong>l do ano. É isso, obrigado.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>, conselheiro. O últimorecado do Bráulio e, depois, vamos encerrar.SR. BRÁULIO RIBEIRO: Gente, só l<strong>em</strong>brar que a gente, agora noperíodo <strong>da</strong> tarde, ain<strong>da</strong> t<strong>em</strong> a oportuni<strong>da</strong>de de aprofun<strong>da</strong>r algumas dessasSA/ehc 60


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012questões coloca<strong><strong>da</strong>s</strong> aqui, inclusive pensar concretamente algumas ideias,começar a avançar <strong>em</strong> algumas propostas, que é a ideia dos GTS <strong>na</strong> parte<strong>da</strong> tarde, não é? Então, a gente vai fazer uma saí<strong>da</strong> agora para o almoçoe nós vamos voltar para cá, eu, o Antonio, a presidenta do Conselho, vãoestar aqui a Lucia<strong>na</strong>, coorde<strong>na</strong>dora <strong>da</strong> <strong>em</strong>issora, vários m<strong>em</strong>bros <strong>da</strong>Empresa Brasil vão continuar aqui no período <strong>da</strong> tarde, para as pessoasque quiser<strong>em</strong> voltar, a gente vai se reunir e vai aprofun<strong>da</strong>r algumasquestões, tirar algumas resoluções, priorizar algumas propostas,sist<strong>em</strong>atizar aquilo que foi dito para a gente levar um trabalho maisamadurecido, já, para Brasília.Então, fica aí o convite, a proposta que a gente volte para cá, parafazer esse grupo de trabalho no período <strong>da</strong> tarde.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>. Que horas que vai ser,Bráulio?SR. BRÁULIO RIBEIRO: Às duas e trinta, presidente.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Tá bom. Bom, só me cabeagradecer e eu vou fazer isso <strong>em</strong> nome do ‘Pipoca’, porque, afi<strong>na</strong>l decontas, ele participou de tudo. Em teu nome, tá, muito obrigado a todosos participantes, as contribuições que foram muito lúci<strong><strong>da</strong>s</strong>, muito ricas.Acho que é um momento indutor de novas possibili<strong>da</strong>des com acomuni<strong>da</strong>de, com o Conselho. E eu gostaria de... Eu me comprometo amaterializar essas contribuições, levar para o Conselho, como aconselheira Ima mencionou anteriormente, porque, afi<strong>na</strong>l de contas, nóssomos representantes <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Então, vocês precisam nos aju<strong>da</strong>r acumprir b<strong>em</strong> a nossa missão também. Muito obriga<strong>da</strong>.Eu só queria, assim, antes de... Eu não queria encerrar essaAudiência Pública, eu queria pedir para a Beth Begonha encerrar, <strong>em</strong>nome do Conselho, <strong>em</strong> nome <strong>da</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, <strong>em</strong>reconhecimento ao teu trabalho e ao teu veículo, o veículo que vocêrepresenta. Obriga<strong>da</strong>, Beth.SRA. BETH BEGONHA: Muito obriga<strong>da</strong>, presidente, por me<strong>em</strong>ocio<strong>na</strong>r.Eu queria só dizer aos meus companheiros aqui e aos integrantes doConselho que eu comecei a minha vi<strong>da</strong> como radialista <strong>na</strong> Amazônia, <strong>na</strong>Rádio Nacio<strong>na</strong>l de Porto Velho. Então, estar aqui me <strong>em</strong>ocio<strong>na</strong> muito. E osprobl<strong>em</strong>as que eles viveram, eu os conheço perfeitamente b<strong>em</strong>, asdificul<strong>da</strong>des de se fazer comunicação <strong>na</strong> região amazônica.Eu gostaria de, <strong>em</strong> nome do Conselho, agradecer a todos aquelesque permitiram que nós fizéss<strong>em</strong>os essa audiência, Re<strong>na</strong>n, Neílson,Raimundo, Carlos Augusto, <strong>na</strong> parte <strong>da</strong> transmissão, a Leidiane, a Jane, oMelqui, no cerimonial, muito obriga<strong>da</strong>.Gostaria também de dizer aos queridos participantes que nós t<strong>em</strong>os,hoje, já um ca<strong>na</strong>l <strong>na</strong> internet. Nós sab<strong>em</strong>os muito b<strong>em</strong> que n<strong>em</strong> todosSA/ehc 61


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012têm acesso à internet, mas, quando vai <strong>na</strong> ci<strong>da</strong>de, sai <strong>da</strong> roça, vai <strong>na</strong>ci<strong>da</strong>de, passa <strong>na</strong> lan house, e nós t<strong>em</strong>os hoje já a possibili<strong>da</strong>de deinteração, nós t<strong>em</strong>os a Rádio Agência Nacio<strong>na</strong>l. O endereço é:radioagencia<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.ebc.com.br. Ah, meu Deus, t<strong>em</strong> que esperar? Ah,então, deixa eu aproveitar, então, que não está aqui, gente, e falar sómais um momento <strong>da</strong> nossa Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, que nós, lá,desenvolv<strong>em</strong>os um trabalho de grande contato com os nossos ouvintes.Nós somos pautados constant<strong>em</strong>ente pelos nossos ouvintes. Então, deixaros nossos e-mails, não é? O <strong>da</strong> Amazônia Brasileira, que é o programaque eu apresento, que eu produzo e conduzo, é aamazoniabrasileira@ebc.com.br. Também, o Jor<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, que éum produto maravilhoso que t<strong>em</strong>os lá e que também, <strong>em</strong> grande parte,t<strong>em</strong> a sua pauta feita pelos nossos ouvintes. Hã? Ah, e t<strong>em</strong> a central doouvinte. Ó, ja@ebc.com.br, para o Jor<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, e acentraldoouvinte@ebc.com.br. Estamos prontos para o endereço? Não?Bom, eu vou passando aqui os nomes, tá? L<strong>em</strong>brando também queaqueles que ain<strong>da</strong> não têm muita prática pod<strong>em</strong> só colocar esse nomenum site de pesquisa, no Google ou <strong>em</strong> qualquer outro, que a gente acabaaparecendo. É radioagencia<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.ebc.com.br. Esse é o nosso veículoque disponibiliza o material de áudio que nós produzimos <strong>em</strong> to<strong><strong>da</strong>s</strong> as<strong>em</strong>issoras EBC.Nós t<strong>em</strong>os a Agência Brasil, que é o nosso veículo de notícias pelainternet: agenciabrasil.ebc.com.br. E t<strong>em</strong> o Portal <strong>da</strong> EBC, esse portal queestá se criando, que é muito legal, que é esse onde você pode receber oconteúdo, você pode disponibilizar o conteúdo, que é ebc.com.br. Comoeu digo s<strong>em</strong>pre, para aqueles que não estão muito familiarizados, vocêcoloca num site de pesquisa para encontrar, “Rádio Agência Nacio<strong>na</strong>l”, vaiaparecer a Agência Brasil, aparece lá e Portal EBC. Com certeza você vaichegar às nossas pági<strong>na</strong>s.Eu não sei se nós vamos conseguir ain<strong>da</strong> fazer a projeção, Mário.Qu<strong>em</strong>? Ai, o Re<strong>na</strong>n. O Re<strong>na</strong>n resolve tudo. Olha, gente, dizer... Aproveitaresse momento para dizer <strong>da</strong> importância dessa nossa Rádio Nacio<strong>na</strong>l,dizer que nós que faz<strong>em</strong>os essa rádio no dia a dia somos apaixo<strong>na</strong>dos porela, sab<strong>em</strong>os <strong>da</strong> importância que esse veículo t<strong>em</strong> para a nossacomuni<strong>da</strong>de, inclusive comuni<strong>da</strong>des indíge<strong>na</strong>s, que o Paulo ressaltou, queencontram <strong>na</strong> Rádio Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, talvez, o maior ponto de apoio<strong>da</strong> verbalização <strong><strong>da</strong>s</strong> suas necessi<strong>da</strong>des, <strong>da</strong> expressão dos seus conflitos.As <strong>na</strong>ções indíge<strong>na</strong>s têm muito pouco espaço <strong>na</strong> mídia tradicio<strong>na</strong>l, mas lásomos todos acolhidos, somos todos amazôni<strong><strong>da</strong>s</strong>. Acho que agora vai?Agora vai. Então, agora, gente, som e imag<strong>em</strong>, tá?Olha, radioagencia<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.ebc.com.br. Vocês pod<strong>em</strong> ver, olha... Aíestão matérias dos nossos jor<strong>na</strong>is, de áudio. Nós t<strong>em</strong>os uma parte só deentrevistas, t<strong>em</strong>os uma parte especial. Sobe um pouquinho, um banner,onde nós faz<strong>em</strong>os campanha. Olha, inclusive os nossos 35 anos. Aí está odocumentário, um radiodocumentário, com a história <strong>da</strong> rádio. A nossaSA/ehc 62


Reunião do Conselho Curador <strong>da</strong> EBC – Marabá – 14.09.2012campanha contra o escalpelamento, os jogos paraolímpicos, coberturasespeciais. Olha, 90 anos do rádio no Brasil. E as notícias do dia, notíciasdos jor<strong>na</strong>is e entrevistas, muito interessantes, no caso <strong>da</strong> Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong>Amazônia, pautas que você só vê <strong>na</strong> Nacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Amazônia, tá?Olha, vamos passar para a Agência Brasil? Pod<strong>em</strong>os? A AgênciaBrasil é o nosso veículo de notícias <strong>na</strong> internet. Aí nós t<strong>em</strong>os textos...Todo esse conteúdo, gente, é livre. Você pode baixar os áudios lá <strong>na</strong>Rádio Agência, você pode salvar, s<strong>em</strong>pre creditando, dizendo: “Olha,matéria <strong>da</strong> Rádio Agência, matéria <strong>da</strong> Agência Brasil”. Mas todo esseconteúdo pode ser utilizado para aqueles que precisam de veículos parabotar uma notícia. Hã? Você pega muita notícia <strong>da</strong>í, não é? O ‘Pipoca’, o‘Pipoca’ é estrela, né? O ‘Pipoca’ domi<strong>na</strong>. [risos]E, agora, t<strong>em</strong>os o portal <strong>da</strong> EBC, que é esse portal que está <strong>em</strong>construção. Inclusive, olha lá, versão Beta, você pode interagir, você podedizer como que está sendo a sua relação com esse portal, que está <strong>em</strong>construção. Aqui nós t<strong>em</strong>os um pouco de tudo. E, no futuro, ter<strong>em</strong>os ummuito de tudo, porque a ideia é que esse portal venha a comportar todoesse enorme volume de produtos que nós t<strong>em</strong>os <strong>na</strong>s diversas <strong>em</strong>issoras.Então, aqui você também pode participar com os uploads, não só ésó baixar, você pode subir também as matérias, os vídeos. É um portalque dialoga com a socie<strong>da</strong>de, como está fazendo o Conselho Curadornessa audiência.Quero agradecer, mais uma vez, pelo convite, pela alegria de estaraqui, à A<strong>na</strong> Fleck, agradecer ao presidente, por estar aqui, também,prestigiando a Amazônia. Meus queridos Bráulio e Lucia<strong>na</strong> e a todos quenos deram a honra dessa presença.Muito obriga<strong>da</strong>.SRA. PRESIDENTE ANA FLECK: Obriga<strong>da</strong>, Beth. Eu não posso ir<strong>em</strong>bora s<strong>em</strong> manifestar, <strong>em</strong> público, o meu agradecimento profundo aoAntonio Biondi e à Maria<strong>na</strong> Martins, por nossos companheiros do ConselhoCurador, por to<strong>da</strong> essa... esse evento todo, essa produção to<strong>da</strong>.Obriga<strong>da</strong>, Maria<strong>na</strong>, obriga<strong>da</strong>, Antonio. Boa tarde a todos. Obriga<strong>da</strong>,gente.[palmas]SA/ehc 63

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