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Prêmio Sen. José Ermírio de Moraes - Academia Brasileira de Letras

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Discurso do Acadêmico Alberto Venancio Filho<br />

Coinci<strong>de</strong>ntemente o livro surge no ano em que se comemora o centenário<br />

da obra, após ter-lhe a Aca<strong>de</strong>mia tributado, no ano passado, um ciclo <strong>de</strong> conferências.<br />

O trabalho <strong>de</strong> Manif Zacharias tem uma singularida<strong>de</strong>, porque examina aspecto<br />

polêmico e controvertido da obra do gran<strong>de</strong> escritor.<br />

Manif Zacharias mostra que sempre teve pelo Os sertões fascínio muito gran<strong>de</strong>.<br />

Lembra que leu o livro pela primeira vez na mocida<strong>de</strong>, aos <strong>de</strong>zoito anos, e<br />

aí pô<strong>de</strong> perceber as dificulda<strong>de</strong>s para enten<strong>de</strong>r a linguagem complicadíssima,<br />

cheia <strong>de</strong> expressões técnicas, científicas ou regionalistas. Por isso, como tantos<br />

outros, passou pela rama a primeira parte, “A Terra”, um pouco mais adiante<br />

“O Homem”, para afinal empolgar-se pela “A Luta”.<br />

Confinado e incomunicável na prisão, em 1964, releu o livro, fez a leitura<br />

<strong>de</strong>vassando página por página, esmiuçando frase por frase e dissecando linha<br />

por linha. E assim pô<strong>de</strong> aquilatar suas exatas proporções, a genialida<strong>de</strong> do autor<br />

e a portentosa fecundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu talento: “Levou-me Eucli<strong>de</strong>s da Cunha<br />

ao âmago <strong>de</strong> nossa terra e <strong>de</strong> nossa gente. Transportou-me por veredas íngremes,<br />

ao mais recôndito <strong>de</strong> nossos sertões e da alma brasileira.”<br />

Posteriormente, há quatro anos, ao elaborar um dicionário <strong>de</strong> correções vocabulares,<br />

empreen<strong>de</strong>u terceira leitura da obra e chegou à conclusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver<br />

divulgar Os sertões entre a nossa intelectualida<strong>de</strong>, sobretudo na juventu<strong>de</strong> estudiosa.<br />

E foi assim pensando que, com novos estudos, pesquisas inumeráveis,<br />

resultaram neste livro.<br />

Wilson Martins afirma:<br />

O monumental levantamento <strong>de</strong> Manif Zacharias corrige e completa, por um lado,<br />

todos os trabalhos parciais, tópicos ou exemplificativos até agora existentes – e, quanto<br />

a isso, além <strong>de</strong> torná-los peremptos, <strong>de</strong>squalifica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo os que vierem a aparecer –<br />

enquanto, por outro lado, põe em evidência esta verda<strong>de</strong> elementar: o estilo literário é<br />

<strong>de</strong>finido pela sintaxe, pela semântica e não pelo vocabulário.<br />

Os críticos <strong>de</strong>ixaram-se <strong>de</strong>slumbrar pelas exteriorida<strong>de</strong>s – como nos casos <strong>de</strong> Antônio<br />

Vieira, Rui Barbosa ou Guimarães Rosa – sem perceber que o vocabulário servia<br />

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